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segunda-feira, 2 de fevereiro de 2015

Auf wiedersehen

E a história repete-se, mais uma vez...
É a altura de voltar a dizer adeus.
Apesar de eu estar certo que ainda este ano vou reencontrar o Déjan, custa sempre esta despedida. Não sei quando e onde será, mas quase certo que não será em Portugal nem na Sérvia, talvez de novo aqui, ou quem sabe num outro ponto da Europa – Amsterdão, Paris, Berlim...quem sabe.
O Déjan tem um contrato de seis meses, até final de Junho, e até lá terá que fazer um novo exame e sendo aprovado, poderá fazer um contrato definitivo.
De qualquer forma, poderá sempre renovar este actual contrato por mais seis meses.
Esse exame, que antes parecia um bicho de sete cabeças, não será tanto assim, pois ao longo deste período ele vai aprendendo, na prática, cada vez mais.
Vamos ver...
Entretanto os seus planos para os próximos tempos – 5/6 anos – passam por continuar aqui em Olpe, já que tem aqui excelentes condições, não só no hospital, com uma forte valência de Psiquiatria, a área que ele, não direi escolheu, mas na qual acabou por ficar e da qual gosta muito, mas também porque ele tem um apartamento quase no hospital – até ligação interna tem, embora seja um edifício totalmente independente, com um preço muito bom, cerca de 200 euros por mês, numa cidade calma, mas que tem à sua volta, a uma distância de 70 kms, cidades como Colónia, Dusseldorf, Dortmund e outras, todas servidas por uma excelente rede de auto estradas sem portagens.
A partir do momento em que ele tem um carro tudo é mais fácil.
Mas a sua vida aqui é muito árdua, pois o trabalho é muito e exige muito dos médicos.
Está integrado numa boa equipa, tendo como colegas directas uma médica grega e outra romena.
É com elas que ele contacta mais e com uma outra médica, sérvia, que está noutro departamento, mas vive no mesmo prédio de apartamentos.
Além disso tem uma grande amiga croata, jornalista em Siegen, uma cidade já consideravelmente grande, a 30 kms daqui.
Até Junho não deverá ter férias e depois, quando as tiver é natural que vá até Belgrado, mas como já tem o apartamento arrendado, terá que ficar em casa do irmão e claro que não poderei ir ter com ele nessa altura.
 Esta minha visita desenrolou-se de uma forma completamente diferente de todas as outras, já que pela primeira vez, ele não estava sempre disponível.
 Antes, ele estudava ou ainda no final do curso ou já depois no Goethe Institut em Belgrado, ou estava de férias a meio do estágio (quando veio a Portugal, em Outubro de 2013).
Agora eu sabia dessa condicionante e vim só para poder estar com ele sempre que possível.
Claro que passei muito tempo só, mas não me queixei e vinha preparado para isso, com livros, filmes, etc.
A ele custava-lhe mais pois se martirizava por estar ali a dois passos e não poder estar comigo e ficava triste por eu ter vindo de propósito e não podermos partilhar todos os momentos – mas a vida é mesmo assim!
Houve uma vez que me custou muito, confesso, pois estivemos 26 horas seguidas separados, há dois dias atrás – entrou às 14,30 e só acabou o serviço pelas 16,30 do dia seguinte...
 De resto, e como já referi, Olpe é uma pequenina cidade, muito pacata, muito católica e conservadora, com um centro muito interessante, mas que “morre” quando a noite cai; apesar disso, os restaurantes e os poucos bares estão com gente.
E claro o tempo não ajuda nada – muito frio e a nevar sempre de há uma semana até hoje.
Para se viver aqui tem mesmo que se trabalhar pois pouco há que fazer.
Tem um belíssimo lago

que quando o tempo está bom deve ser uma maravilha e tem uma excelente piscina, perto do lago, agora, aquecida como é óbvio.
Mas eu preferiria viver aqui do que em Siegen, que apesar de ser uma cidade grande, universitária, tem um centro banal e gente esquisita...
Fiquei com vontade de regressar talvez no Verão, ou no Outono, com outras condições atmosféricas. E como afirmei no início, há uma certeza – não vamos estar de novo 15 meses sem nos encontrarmos.
Auf wiedersehen, mein lieber.

sábado, 24 de janeiro de 2015

OLPE


Pois cá estou eu em Olpe, na região oeste da Alemanha, mais concretamente na Renânia do Norte . Vestfália, região rica e industrializada e por onde, como o nome sugere, corre o Reno.
Depois de um voo sem sobressaltos até Dusseldorf, pela TAP e que era uma das duas alternativas que eu tinha para chegar de avião perto desta cidade (a outra era Colónia), começou o problema de chegar a Olpe.
O Déjan já me tinha avisado de que sem ser por estrada (acessos magníficos), esta cidade, aliás como muitas outras cidades de pequena dimensão, na Alemanha, têm um péssimo serviço de transportes públicos.
Por autocarro parece que o único contacto é para Siegel, mais a sudeste e de comboio é necessário utilizar três diferentes comboios para ali chegar, quatro, se considerarmos o super-moderno transporte rápido entre o terminal e a estação de Dusseldorf – aeroporto
Depois uma primeira ligação até Bochum, e da qual perdi o primeiro comboio por falta de informação, tendo que aguardar 30 minutos pelo seguinte, depois um outro de Bochum até Finnentrop e daqui num comboio tipo automotora que anda devagar e “pára em todas” até Olpe (estação terminal).
Isto resumido, para fazer uma distância de 78 kms, demorei quase 4 horas...(vá lá todos os comboios eram confortáveis e quentinhos).
Chegado a Olpe, e segundo informações do Déjan seriam cerca de 10 minutos a pé até ao Hospital
( o apartamento dele é mesmo junto ao hospital), mas eu já devia saber que 10 minutos para o Déjan nunca serão menos de meia hora para mim.
Mas enfim, perguntando aqui e ali lá cheguei ao “Café com Leche”
mesmo ao lado dos apartamentos dos médicos e onde deveria esperar por ele.
Estava com uma fome dos diabos e ataquei uma sandes daquelas que”tem tudo”...e entretanto o Déjan apareceu...
Pois, foi muito bom rever alguém que já faz parte da minha vida há 9 anos e que não via desde Outubro de 2013.
Foi só entrar na porta ao lado e no 5º.piso lá estava o apartamento que lhe está destinado, e que é um quarto grande, com uma mesa enorme, dois sofás, uma cadeira e um banquito, dois móveis, um guarda – roupa uma boa televisão e um pequeno frigorífico; a cama é pequena para os dois, mas que todos os males sejam esses...
 Um quarto de banho com poliban, muito razoável e no corredor do andar (6 quartos) há uma cozinha comum com um grande frigorífico, fogão com forno e micro-ondas e uma mesa, claro.
Há ainda uma divisão com máquinas de lavar e secar roupa e onde estão os utensílios de limpeza. Enfim, bastante bom, a 1 min. do trabalho (é só atravessar o átrio das traseiras e está-se no hospital) e com uma renda mensal de 200 euros, o que é óptimo (menos de 7 euros por dia), e com aquecimento sempre ligado, pode estar-se de calções e tee-shirt em toda aquela zona.
Para almoçar vou ao bar-restaurante do hospital
que é público, acessível em preços e com excelente comida, tendo já feito uma boa amizade com uma das funcionárias de lá.
O jantar ou vamos comer a algum lado, coisas rápidas ou compramos comida feita e aquecemos em casa e comemos na cozinha.
O Déjan trabalha muito e aflige-se imenso por não me dar mais tempo, mas eu já sabia que era assim e ele também e é óptimo saber que está ali ao lado e que chega “dali a pouco”.
Ele está no serviço de “Psiquiatria”, que adora, e onde está integrado numa equipa de 7 pessoas, mas sucede que, de momento, dois estão de férias e outros dois estão doentes, pelo que lhe cabe a ele e a duas colegas (uma grega e uma romena) assegurar todo o serviço.
É um vai-vem e é um serviço difícil (agora mesmo me ligou dizendo que um dos seus pacientes tentou uma vez mais o suicídio, mesmo lá no hospital...
Eu passo o tempo que estou só, ou no quarto, ao computador e a ler (abençoado “Salto Mortal”, do qual já li mais de 450 páginas das quase 900 que o livro tem) e passeio...
É tempo de falar de Olpe!
É uma cidade pequenina, ou melhor com um centro pequenino, que se percorre num ai, mas depois tem várias colinas com casas, presumo que meramente residenciais.
A população será de pouco mais de 30.000 habitantes, que se veem por todo o lado, nas lojas, nos cafés, nos centro comerciais, mas que desaparecem quase por completo quando a noite cai...
Depois das 9 horas quase não se vê viv'alma e está quase tudo fechado, havendo alguns restaurantes (poucos) abertos e um ou outro Café-Bar, apenas um com movimento real - o  Goldener Lower

Como já disse, é uma cidade em que é quase obrigatório ter carro, não porque as distâncias sejam longas (antes pelo contrário), mas porque sem carro é difícil chegar e partir daqui.
Com automóvel será uma maravilha, com ligações por auto estrada sem portagens para todo o lado e com várias cidades a curta distância, tudo menos de 100 kms – Colónia, Dusseldorf, Dortmund, Hagen, Siegel, Bochum...
Assim o Déjan vai comprar um carro em segunda mão, mas em boas condições, provavelmente um Ford Fiesta e que lhe custará cerca de 600/700 euros...
Claro que só o vai utilizar para sair de Olpe, mas alarga-lhe os horizontes...
Entretanto há que dizer que a comunidade que aqui vive é muito conservadora, essencialmente católica, vive bem, apresenta-se bem e tem excelente nível de vida.
São simpáticos e eu quase poderia resumir a uma palavra esta cidade, a um termo, que claro não desejo que seja redutor e essencialmente não seja mal interpretada – é uma cidade “clean”!
“Clean” não no sentido oposto ao de “sujo”, mas sim porque aqui não há pobreza de espécie alguma, não há racismo porque não há negros, os muçulmanos existem mas passam desapercebidos e embora haja muita gente de fora a viver aqui, sentem-se bem integrados; por exemplo no hospital que é enorme trabalham imensos estrangeiros – aqui neste 5º.andar está um árabe, um ucraniano, uma polaca e não sei mais quem – todos médicos, é óbvio...
Noto o Déjan perfeitamente integrado, gostando verdadeiramente do que faz e sei que é bastante estimado, não pensando num futuro próximo sair de Olpe e parece ser a Psiquiatria a sua especialidade preferida – aliás o hospital, com muitas valências tem na Psiquiatria a área mais importante.
Em Olpe há uma igreja magnífica, a St.Martinus Kirch, com uma porta fabulosa
católica e a cuja paróquia pertence o hospital que tem o mesmo nome. Por dentro é moderna, minimalista e com vitrais belíssimos
Ao contrário, há aqui um edifício, pseudo-moderno, que é um “mamarracho” e destoa do resto da cidade – é a “Rathaus” (Câmara Municipal)
 Entretanto hoje tem nevado todo o dia e com uma temperatura bem suportável (2º) foi maravilhoso andar a ver o centro coberto de neve


É muito curiosa esta minha experiência de viver duas semanas numa cidadezinha alemã típica e ficar a conhecer algo mais do mundo...
 Mas, o que interessa mesmo é poder estar todos os dias com o Déjan, que na próxima sexta-feira me vai pagar um jantar “como deve ser”, pois só uma vez na vida se começa a ganhar um ordenado e logo de mais de 2200 euros...

sábado, 17 de janeiro de 2015

Viagens 15 - Berlim

Estando a dois dias de partir para a Alemanha por um período de duas semanas, em que estarei na região da Renânia do Norte- Vestfália
 vou aqui recordar outras duas viagens (entre outras) que efectuei a este país, e referentes a visitas a Berlim.
Ambas as viagens foram efectuadas com o Duarte e a primeira delas ocorreu em Dezembro de 1990, ou seja cerca de um ano após a queda do muro e três meses depois da reunificação da Alemanha.
Imagina-se facilmente o imenso interesse que a cidade de Berlim tinha nesse momento.
Os restos do muro eram ainda numa grande extensão
 e podia ver-se em diversos locais a terra de ninguém que havia na antiga RDA nas zonas perto do muro.
Ainda funcionava como ponto de grande interesse turístico o famoso posto fronteiriço conhecido como “Check Point Charlie”
e o comércio de coisas relativas à União Soviética e à RDA junto às Portas de Brandeburgo era diversificado e muito interessante – vendia-se de tudo – recordo que comprei um pedacinho do muro, autenticado (?), e um daqueles gorros de pele muito quentinhos, com orelhas e que tinha um emblema com a foice e o martelo no centro

Descer a Unter den Linden
a grande avenida da ex- Berlim Leste, ainda com todos os edifícios intactos (a embaixada soviética era imponente) e aqueles hotéis com criadas uniformizadas a servir o chá nos restaurantes eram deslumbrantes.
Foi um privilégio ter conhecido ainda essa Berlim, que hoje está completamente remodelada.
Posso afirmar que apesar de Berlim Leste ser uma cidade uniformizada segundo os padrões de vida soviéticos, com aqueles monstros de betão todos semelhantes a servirem de apartamentos, na parte mais próxima das Portas de Brandenburgo, havia e continua a haver os mais belos e grandiosos locais de toda a cidade de Berlim, extremamente bem conservados depois de reconstruídos (Berlim foi arrasada no final da II GG) e a merecerem visitas demoradas.
Berlim na sua parte oeste, era uma grande cidade, moderna, com motivos de grande interesse também, nomeadamente a sua principal avenida, a Kurfurstendamm
mais conhecida como “Ku'damm” e que tem como ex-libris as ruínas da torre da antiga igreja do Kaiser Wilhelm, destruída durante a guerra.
Toda a cidade fervilha de vida, com um comércio fabuloso e uma vida nocturna deslumbrante.
Nós ficámos hospedados num hotel bastante bom e central e passámos ali o ano, tendo celebrado a meia noite num bar célebre que havia mas já não existe e é pena – o “Andreas Kneipe”, que era um autêntico local de culto gay.
Visitámos variadíssimos locais nocturnos todos de ambiente gay e com as mais variadas tendências.
E claro que apanhámos um frio de rachar.

Esta visita foi de curta duração e daí termos ficado com vontade de regressar com mais tempo.
Isso veio a acontecer em 2004, pois entretanto conhecemos um casal gay alemão – o Heinz, médico reformado e o Peter, que com ele trabalhara, e que compraram uma casa na Parede, onde passavam metade do ano (o Inverno), mas que mantinham a sua casa em Berlim e que nos convidaram para lá ficarmos hospedados durante a nossa visita. 
Aliás, na parte final desta nossa segunda visita a Berlim, juntaram-se a nós e também na casa do Heinz e do Peter os nossos comuns amigos João e o Carlos, de Almada

Então pudemos visitar muito melhor Berlim, com guias muito competentes e pudemos aquilatar a enorme evolução que a cidade teve nesses 14 anos, nomeadamente na zona perto das Portas de Brandenburgo
de um lado e doutro. 
No antigo lado oriental, os antigos edifícios deram lugar a prédios modernos e é hoje uma da zonas mais importantes da cidade (a embaixada russa está no mesmo sítio, claro, mas sem os símbolos comunistas de antigamente).
Recordo que nessa altura se estava a construir perto a nova embaixada americana e estava quase concluído o moderno Memorial de homenagem aos judeus mortos na guerra

Do lado de cá, a antiga zona do muro, agora totalmente demolido à excepção de um pequeno pedaço que ficou como recordação
embora esteja assinalado no solo toda a sua localização, foi transformada na mais sofisticada e moderna zona de Berlim, com edifícios de uma arquitectura arrojada e magníficos numa zona à volta de Postdamer Platz

Mas foi também possível ver todos os monumentos da antiga Berlim Leste, como a Catedral
a Alexanderplatz com a Torre de Televisão de onde se tem uma panorâmica fabulosa da cidade
 a Ópera

 o Museu Bode

o Altes Museum
a Alte Nacionalgalerie
 e também da parte ocidental, nomeadamente o Reichstag (Parlamento)
 a Ponte de Oberbaum
e outros, além das Portas de Brandenburgo e das ruínas da Ku'Damm já referidas.
E claro o magnífico Palácio de Charlottenburg

A vida nocturna não podia ser esquecida e não hesito em considerar hoje em dia Berlim como um dos principais centros gays da Europa; fomos a bares que nunca pude pensar existirem, com cenas “eventualmente chocantes” mesmo para mentes muito abertas, passadas naqueles quartos escuros em que tudo era permitido e por vezes nem sequer eram muito escuros...


Aproveitámos e fizemos duas visitas a outras cidades, qualquer delas memorável – Potsdam
ali bem perto, com um local assombroso de belo, o Palácio de Sanssouci
 mas toda a cidade maravilhosa.

E fomos a uma das mais belas cidades alemãs, Dresden, que tal como Berlim, foi arrasada no final da guerra e totalmente reconstruída posteriormente, situada nas margens do Elba

São tantos e tão belos os monumentos desta cidade que é difícil enumerá-los todos, mas refiro todo o centro histórico, com relevo para a Ópera Estadual da Saxónia
o Zwinger

a Fraunkirche
o Desfile dos Príncipes
a Catedral Católica

eu sei lá, uma das mais belas cidades em que já estive.
Demos ainda um salto a um lugar muito perto de Dresden e muito bonito, banhado também pelo Elba – Pillnitz, com o seu Castelo e Parque

Mas e como não há bela sem senão, houve quase no final da nossa estadia um caso bastante aborrecido. Como já disse estivemos em casa dos nossos amigos Heinz e Peter Heinz é um médico ginecologista reformado e os seus pais foram assassinados pelos russos no final da guerra; daí um ódio de morte a tudo o que é comunista, que se poderia compreender em parte se não fosse tão exacerbado ao ponto de ser nalguns casos ridículo.
Por exemplo, na Alemanha tudo o que há de bom se deve apenas aos alemães ocidentais e a reunificação foi a pior coisa que a Alemanha podia ter feito já que toda a zona antes pertencente à RDA não valia nada e já em Dresden houve uma pega entre mim ele pois para ele não dava valor algum ao fabuloso trabalho de reconstrução da cidade efectuado durante a existência da RDA.
Os monumentos de Berlim Leste eram desvalorizados e os comentários a tudo o que era de esquerda em qualquer parte do mundo constantes.
Poucas vezes tenho visto alguém tão da extrema direita. Mas eu era visita e a maior parte das vezes fingia não ouvir...
Até que uma noite estávamos em casa a ver televisão e apareceu o então presidente Bush, personagem que nunca foi da minha simpatia e eu comentei que não gostava do tipo...O que eu fui dizer.......Ele começa com uns disparates perfeitamente desadequados do meu comentário e de repente está a falar de Portugal, que o nosso país era uma merda, que só estávamos na UE e éramos algo desenvolvidos porque a Alemanha nos ajudava, que não prestávamos para nada, enfim, mesmo sendo visita senti-me profundamente ofendido até porque eles tinham escolhido Portugal para viver a sua reforma no Inverno como lhe fiz ver. Nada o demoveu e senão faltasse apenas um dia para nos virmos embora, eu teria mesmo saído lá de casa.

Foi extremamente desagradável e as nossas relações nunca mais foram boas; vimos-nos duas ou três vezes aqui em Portugal, sempre com discussões pelo meio e actualmente nada sei deles.

quarta-feira, 7 de janeiro de 2015

Viagens 14 - Belgrado

Em Setembro de 2006, depois de uma escala em Colónia (Alemanha) aterrei pela primeira vez no Aeroporto Nikola Testa, em Belgrado, capital da Sérvia.
Já tinha estado em Belgrado, muitos anos antes, ainda capital da Jugoslávia, vindo então de comboio, desde Atenas e confesso que por motivos que já relatei antes essa estadia não tinha sido muito agradável.
Mas agora, a situação era bem diferente, e os motivos da viagem, não eram uma escala mais num inter-rail juvenil, mas sim ir ao encontro de alguém.
Desde nove meses antes, mantinha contacto virtual com uma pessoa que “mexeu” muito comigo, e era imperioso para ambos um conhecimento real e assim lá fui eu ter com o Déjan

Foi a primeira de várias viagens a esta cidade, à qual me ligam agora laços que ultrapassam em muito a pessoa que ali me levou nessa data.
O Déjan estava à minha espera no aeroporto, e foi com um misto de alegria e timidez que nos vimos e cumprimentámos pela primeira vez; tomámos um taxi para a sua casa, no centro da cidade e durante o longo percurso, poucas palavras trocámos, apenas um imenso sorriso transparecia em ambos e os nossos dedos mindinhos estiveram sempre apertados até chegarmos à Kneza Milosa (assim se chama a avenida onde ele morava)
 e que desde já adianto ser talvez a mais importante da cidade, já que faz a ligação da entrada norte com o centro da cidade – é uma longa avenida – e na sua parte final, onde se situava a casa do Déjan, estão locais muito importantes, como a sede do Governo, as traseiras da Presidência da República, vários ministérios e acaba junto ao Parlamento, além de ter variadas embaixadas (EUA, Canadá, Croácia e outras).
O apartamento era pequeno, mas acolhedor e quando a porta do mesmo se fechou atrás de nós, libertámos toda a timidez e num só momento tivemos a certeza da importância e do bom que esta viagem iria representar nas nossas vidas futuras.
Foram duas semanas maravilhosas em que além de ir descobrindo o Déjan, fui descobrindo uma cidade fascinante nas suas diferenças, uma cidade que ele me foi mostrando, fervilhando de vida, com características muito próprias e que me levaram a conhecer melhor aquele povo, tão especial, e nalguns aspectos bastante parecido com o nosso

Mas foi ao longo de posteriores viagens que ali fiz que melhor fui conhecendo a cidade dos dois rios, o Danúbio e o Sava, das suas muitas pontes, dos muitos cafés e bares cheios de gente
de Verão e de Inverno, das gentes que tanto podem mostrar sinais de carência, como mostram que sabem vestir bem e viver a vida.
Agora, o Déjan deixou de viver em Belgrado, arrendou o seu apartamento e apenas lá voltará para férias e ficará em casa do irmão, pelo que não sei quando voltarei lá, com muita pena minha
Apenas em dois aspectos os nossos futuros encontros fora de Belgrado são positivos: por um lado não temos que (fora de casa) fazer teatro sobre os sentimentos que nos unem – a Sérvia é terrivelmente homofóbica; e por outra, ir à Alemanha ou a outra cidade europeia é sempre mais fácil e barato, já que evita uma escala, sempre penosa.
Mas jamais esquecerei Belgrado!