Mostrar mensagens com a etiqueta partilhas. Mostrar todas as mensagens
Mostrar mensagens com a etiqueta partilhas. Mostrar todas as mensagens
quarta-feira, 28 de janeiro de 2015
"Salto Mortal"
Eu adoro ler e na minha juventude, entre os 16 anos e a minha ida para a tropa eu li muito e diversifiquei muito as minhas leituras.
Durante a vida militar,não tinha nem tempo nem disposição para ler e quando a acabei, entrei na euforia de ler os jornais e revistas e lia-os de fio a pavio, não me restando tempo para ler livros e até comecei a acumular jornais atrasados, o que era ridículo.
Foram anos e anos perdidos de leitura que hoje lamento profundamente e que só começaram a ser compensados de alguma forma, depois de já reformado, ter deixado um part-time que tive uns anos, como delegado de vendas do Círculo de Leitores.
Assim, quando me cansei de andar de casa em casa, e resolvi mesmo parar de trabalhar, recomecei a ler e verifiquei que tinha “montanhas” de livros que tinha adquirido ao longo dos anos, para ler.
Mas e entretanto houve muitos livros que me começaram também a interessar e eis-me não a ler o que tinha em casa mas principalmente o que ia (e vou) adquirindo.
Desde há cerca de quatro anos que leio quase compulsivamente, mas com um enorme prazer e ando com uma média de leitura bastante interessante (cerca de 60 livros por ano).
Dos muitos livros que tenho adquirido, vários há que me despertam particular interesse, estando nesse caso os romances históricos e os livros relacionados com as actividades LGBT.
Foi assim que comprei um livro enorme, mais de 800 páginas, do qual muito ouvi falar e de uma autora célebre mas da qual nunca havia lido nada – trata-se do livro “Salto Mortal” de Marion Zimmer Bradley, da qual me recordava do êxito que tinha tido com a série “As Brumas de Avalon”.
Tenho uma mania talvez idiota, no que se refere aos livros que tenho para ler, e que também acontece nos muitos filmes que tenho para ver (outro bom vício) e que se traduz em não ler o que tenho mais interesse, mas o que está na lista ordenada conforme vou tendo os livros, e que só tem excepção quando alguém me empresta um livro, o qual tem natural prioridade, para que o possa devolver com brevidade.
Ora sucede que me apareceu, nessa natural ordenação, neste momento “O Salto Mortal”, quando eu tinha planeada uma viagem de duas semanas à Alemanha para estar com o Déjan, que estando a trabalhar me deixaria algum tempo disponível para a leitura.
Ainda estava no final de um outro livro quando cheguei, mas terminei-o em dois dias e assim lá fui à minha “aventura” de ler um livro de 878 páginas.
E não é que li o livro numa semana?
O único problema que o livro me deu foi ter um volume enorme, incómodo para o transportar até um café ou para ler na cama; de resto, nem dei por ele...
“O Salto Mortal” poderá não ser o melhor livro que já li, mas entra sem hesitação no grupo muitíssimo restrito daqueles livros que sempre enumero quando me questionam quais os livros de que mais gostei.
E porquê?
Primeiro que tudo pelo tema, o amor entre dois homens, ambos jovens, embora um sendo ainda menor, e ambientado num mundo que sempre me fascinou – o circo.
Penso não ser único a procurar num livro (ou mesmo num filme) algo que de uma forma ou outra tenha um pouco a ver comigo, e quando tal acontece, o livro (ou o filme) mais me interessa.
Neste livro eu encontrei alguns pontos em que isso acontece, nomeadamente no ponto principal e que é viver um amor difícil.
Claro que as circunstâncias são bem diversas mas o fulcro que é o amor ser mais forte que as contrariedades, esse está lá; e até algumas das contrariedades não serão totalmente diferentes, pois se em 2015 o relacionamento entre dois homens é visto de uma maneira muito diferente do que nos anos 40 e 50 do século passado, continua a haver uma homofobia grande e aqui refiro-me principalmente ao facto do Déjan ser sérvio e no seu país, a homossexualidade ser vista quase pior que nos EUA nos anos atrás referidos.
Há depois outros pequenos pontos de identidade comigo que são referidos no livro, um deles que é raro ver tão bem definido como eu o sinto e tem a ver com a fidelidade num relacionamento (homossexual).
Como muita gente sabe, sou avesso a citações de livros, mas aqui abro uma excepção e passo a citar:
“Sabes? Pergunto-me se saberás. Essas coisas em relação à fidelidade, esquecer todos os outros...isso é para os adolescentes ainda verdes, ou para os papás e as mamãs que estão a criar os filhos, e para quem a interferência de alguém podia dar cabo da vida aos miúdos. Para os homens, tentar jogar esse jogo, não dá resultado. Talvez duas mulheres o possam fazer, não sei. Mas para os homens, não serve. Se tentarem ser muito castos e fiéis, e nunca tocar em mais ninguém, e tiverem ciúmes, vão acabar por se odiar um ao outro. Eu sei que é assim porque já tentei viver assim uma vez. Não podem pertencer um ao outro dessa maneira. Tu não és propriedade dele assim como ele não é propriedade tua. Eu quero-te. É tão simples como isso. Achas que isso vai realmente tirar alguma coisa ao Matt?”
Isto tem muito a ver com a minha velha teoria de que a verdadeira fidelidade está centrada na mente e no coração e não propriamente no sexo.
Por isso eu sempre me considerei fiel nas poucas relações realmente importantes que tive, mesmo sendo uma delas uma relação aberta, comummente aceite por ambos (não, não é a actual...)
Mas o livro é também muito mais.
Fala-nos do mundo mágico do circo, e principalmente do mundo dos trapezistas.
Eu pouco sabia deste particular mundo e a forma como a autora nos transmite toda a mística que envolve essa magia de o homem poder “voar” é absolutamente arrebatadora e mostra um trabalho de pesquisa assombroso pois ela vai a pormenores incríveis nas suas descrições.
Um outro tema abordado é a questão familiar.
Não havendo aqui aquele lado mafioso que encontramos noutras famílias de origem italiana radicadas nos EUA, o lado da união, da fortaleza familiar que aqui encontramos é maravilhoso.
E depois as personagens e são múltiplas, tão bem definidas, e tão complexas algumas delas são, nos seus confrontos e nos seus afectos – uma maravilha.
Um livro que recomendo, sem quaisquer reservas, e a toda a gente, pois até na descrição de algumas cenas intimas, MZB tem o cuidado extremo de nunca ir demasiado longe e é até bastante púdica e o livro só ganha com isso.
Ainda bem que trouxe comigo o Kobo, e assim já li com grande prazer o pequeno livro do Miguel "Fados" e estou finalmente a ler a edição também da Index de "O Corredor de Fundo" da Patricia Nell Warren.
sábado, 24 de janeiro de 2015
OLPE
Pois cá estou eu em Olpe, na região oeste da Alemanha, mais concretamente na Renânia do Norte . Vestfália, região rica e industrializada e por onde, como o nome sugere, corre o Reno.
Depois de um voo sem sobressaltos até Dusseldorf, pela TAP e que era uma das duas alternativas que eu tinha para chegar de avião perto desta cidade (a outra era Colónia), começou o problema de chegar a Olpe.
O Déjan já me tinha avisado de que sem ser por estrada (acessos magníficos), esta cidade, aliás como muitas outras cidades de pequena dimensão, na Alemanha, têm um péssimo serviço de transportes públicos.
Por autocarro parece que o único contacto é para Siegel, mais a sudeste e de comboio é necessário utilizar três diferentes comboios para ali chegar, quatro, se considerarmos o super-moderno transporte rápido entre o terminal e a estação de Dusseldorf – aeroporto
Depois uma primeira ligação até Bochum, e da qual perdi o primeiro comboio por falta de informação, tendo que aguardar 30 minutos pelo seguinte, depois um outro de Bochum até Finnentrop e daqui num comboio tipo automotora que anda devagar e “pára em todas” até Olpe (estação terminal).
Isto resumido, para fazer uma distância de 78 kms, demorei quase 4 horas...(vá lá todos os comboios eram confortáveis e quentinhos).
Chegado a Olpe, e segundo informações do Déjan seriam cerca de 10 minutos a pé até ao Hospital
( o apartamento dele é mesmo junto ao hospital), mas eu já devia saber que 10 minutos para o Déjan nunca serão menos de meia hora para mim.
Mas enfim, perguntando aqui e ali lá cheguei ao “Café com Leche”
mesmo ao lado dos apartamentos dos médicos e onde deveria esperar por ele.
Estava com uma fome dos diabos e ataquei uma sandes daquelas que”tem tudo”...e entretanto o Déjan apareceu...
Pois, foi muito bom rever alguém que já faz parte da minha vida há 9 anos e que não via desde Outubro de 2013.
Foi só entrar na porta ao lado e no 5º.piso lá estava o apartamento que lhe está destinado, e que é um quarto grande, com uma mesa enorme, dois sofás, uma cadeira e um banquito, dois móveis, um guarda – roupa uma boa televisão e um pequeno frigorífico; a cama é pequena para os dois, mas que todos os males sejam esses...
Um quarto de banho com poliban, muito razoável e no corredor do andar (6 quartos) há uma cozinha comum com um grande frigorífico, fogão com forno e micro-ondas e uma mesa, claro.
Há ainda uma divisão com máquinas de lavar e secar roupa e onde estão os utensílios de limpeza. Enfim, bastante bom, a 1 min. do trabalho (é só atravessar o átrio das traseiras e está-se no hospital) e com uma renda mensal de 200 euros, o que é óptimo (menos de 7 euros por dia), e com aquecimento sempre ligado, pode estar-se de calções e tee-shirt em toda aquela zona.
Para almoçar vou ao bar-restaurante do hospital
que é público, acessível em preços e com excelente comida, tendo já feito uma boa amizade com uma das funcionárias de lá.
O jantar ou vamos comer a algum lado, coisas rápidas ou compramos comida feita e aquecemos em casa e comemos na cozinha.
O Déjan trabalha muito e aflige-se imenso por não me dar mais tempo, mas eu já sabia que era assim e ele também e é óptimo saber que está ali ao lado e que chega “dali a pouco”.
Ele está no serviço de “Psiquiatria”, que adora, e onde está integrado numa equipa de 7 pessoas, mas sucede que, de momento, dois estão de férias e outros dois estão doentes, pelo que lhe cabe a ele e a duas colegas (uma grega e uma romena) assegurar todo o serviço.
É um vai-vem e é um serviço difícil (agora mesmo me ligou dizendo que um dos seus pacientes tentou uma vez mais o suicídio, mesmo lá no hospital...
Eu passo o tempo que estou só, ou no quarto, ao computador e a ler (abençoado “Salto Mortal”, do qual já li mais de 450 páginas das quase 900 que o livro tem) e passeio...
É tempo de falar de Olpe!
É uma cidade pequenina, ou melhor com um centro pequenino, que se percorre num ai, mas depois tem várias colinas com casas, presumo que meramente residenciais.
A população será de pouco mais de 30.000 habitantes, que se veem por todo o lado, nas lojas, nos cafés, nos centro comerciais, mas que desaparecem quase por completo quando a noite cai...
Depois das 9 horas quase não se vê viv'alma e está quase tudo fechado, havendo alguns restaurantes (poucos) abertos e um ou outro Café-Bar, apenas um com movimento real - o Goldener Lower
Como já disse, é uma cidade em que é quase obrigatório ter carro, não porque as distâncias sejam longas (antes pelo contrário), mas porque sem carro é difícil chegar e partir daqui.
Com automóvel será uma maravilha, com ligações por auto estrada sem portagens para todo o lado e com várias cidades a curta distância, tudo menos de 100 kms – Colónia, Dusseldorf, Dortmund, Hagen, Siegel, Bochum...
Assim o Déjan vai comprar um carro em segunda mão, mas em boas condições, provavelmente um Ford Fiesta e que lhe custará cerca de 600/700 euros...
Claro que só o vai utilizar para sair de Olpe, mas alarga-lhe os horizontes...
Entretanto há que dizer que a comunidade que aqui vive é muito conservadora, essencialmente católica, vive bem, apresenta-se bem e tem excelente nível de vida.
São simpáticos e eu quase poderia resumir a uma palavra esta cidade, a um termo, que claro não desejo que seja redutor e essencialmente não seja mal interpretada – é uma cidade “clean”!
“Clean” não no sentido oposto ao de “sujo”, mas sim porque aqui não há pobreza de espécie alguma, não há racismo porque não há negros, os muçulmanos existem mas passam desapercebidos e embora haja muita gente de fora a viver aqui, sentem-se bem integrados; por exemplo no hospital que é enorme trabalham imensos estrangeiros – aqui neste 5º.andar está um árabe, um ucraniano, uma polaca e não sei mais quem – todos médicos, é óbvio...
Noto o Déjan perfeitamente integrado, gostando verdadeiramente do que faz e sei que é bastante estimado, não pensando num futuro próximo sair de Olpe e parece ser a Psiquiatria a sua especialidade preferida – aliás o hospital, com muitas valências tem na Psiquiatria a área mais importante.
Em Olpe há uma igreja magnífica, a St.Martinus Kirch, com uma porta fabulosa
católica e a cuja paróquia pertence o hospital que tem o mesmo nome. Por dentro é moderna, minimalista e com vitrais belíssimos
Ao contrário, há aqui um edifício, pseudo-moderno, que é um “mamarracho” e destoa do resto da cidade – é a “Rathaus” (Câmara Municipal)
Entretanto hoje tem nevado todo o dia e com uma temperatura bem suportável (2º) foi maravilhoso andar a ver o centro coberto de neve
Mas, o que interessa mesmo é poder estar todos os dias com o Déjan, que na próxima sexta-feira me vai pagar um jantar “como deve ser”, pois só uma vez na vida se começa a ganhar um ordenado e logo de mais de 2200 euros...
sábado, 17 de janeiro de 2015
Viagens 15 - Berlim
Estando a dois dias de partir para a
Alemanha por um período de duas semanas, em que estarei na região
da Renânia do Norte- Vestfália
vou aqui recordar outras duas
viagens (entre outras) que efectuei a este país, e referentes a
visitas a Berlim.
Ambas as viagens foram efectuadas com o
Duarte e a primeira delas ocorreu em Dezembro de 1990, ou seja cerca
de um ano após a queda do muro e três meses depois da reunificação
da Alemanha.
Imagina-se facilmente o imenso
interesse que a cidade de Berlim tinha nesse momento.
Os restos do
muro eram ainda numa grande extensão
e podia ver-se em diversos
locais a terra de ninguém que havia na antiga RDA nas zonas perto do
muro.
Ainda funcionava como ponto de grande
interesse turístico o famoso posto fronteiriço conhecido como
“Check Point Charlie”
e o comércio de coisas relativas à União
Soviética e à RDA junto às Portas de Brandeburgo era diversificado
e muito interessante – vendia-se de tudo – recordo que comprei um
pedacinho do muro, autenticado (?), e um daqueles gorros de pele
muito quentinhos, com orelhas e que tinha um emblema com a foice e o
martelo no centro
Descer a Unter den Linden
a grande
avenida da ex- Berlim Leste, ainda com todos os edifícios intactos
(a embaixada soviética era imponente) e aqueles hotéis com criadas
uniformizadas a servir o chá nos restaurantes eram deslumbrantes.
Foi um privilégio ter conhecido ainda
essa Berlim, que hoje está completamente remodelada.
Posso afirmar que apesar de Berlim
Leste ser uma cidade uniformizada segundo os padrões de vida
soviéticos, com aqueles monstros de betão todos semelhantes a
servirem de apartamentos, na parte mais próxima das Portas de
Brandenburgo, havia e continua a haver os mais belos e grandiosos
locais de toda a cidade de Berlim, extremamente bem conservados
depois de reconstruídos (Berlim foi arrasada no final da II GG) e a
merecerem visitas demoradas.
Berlim na sua parte oeste, era uma
grande cidade, moderna, com motivos de grande interesse também,
nomeadamente a sua principal avenida, a Kurfurstendamm
mais
conhecida como “Ku'damm” e que tem como ex-libris as ruínas da
torre da antiga igreja do Kaiser Wilhelm, destruída durante a
guerra.
Toda a cidade fervilha de vida, com um
comércio fabuloso e uma vida nocturna deslumbrante.
Nós ficámos hospedados num hotel
bastante bom e central e passámos ali o ano, tendo celebrado a meia
noite num bar célebre que havia mas já não existe e é pena – o
“Andreas Kneipe”, que era um autêntico local de culto gay.
Visitámos variadíssimos locais
nocturnos todos de ambiente gay e com as mais variadas tendências.
E claro que apanhámos um frio de
rachar.
Esta visita foi de curta duração e
daí termos ficado com vontade de regressar com mais tempo.
Isso veio a acontecer em 2004, pois
entretanto conhecemos um casal gay alemão – o Heinz, médico
reformado e o Peter, que com ele trabalhara, e que compraram uma casa
na Parede, onde passavam metade do ano (o Inverno), mas que mantinham
a sua casa em Berlim e que nos convidaram para lá ficarmos
hospedados durante a nossa visita.
Aliás, na parte final desta nossa
segunda visita a Berlim, juntaram-se a nós e também na casa do
Heinz e do Peter os nossos comuns amigos João e o Carlos, de Almada
Então pudemos visitar muito melhor
Berlim, com guias muito competentes e pudemos aquilatar a enorme
evolução que a cidade teve nesses 14 anos, nomeadamente na zona
perto das Portas de Brandenburgo
de um lado e doutro.
No antigo lado
oriental, os antigos edifícios deram lugar a prédios modernos e é
hoje uma da zonas mais importantes da cidade (a embaixada russa está
no mesmo sítio, claro, mas sem os símbolos comunistas de
antigamente).
Recordo que nessa altura se estava a
construir perto a nova embaixada americana e estava quase concluído
o moderno Memorial de homenagem aos judeus mortos na guerra
Do lado de cá, a antiga zona do muro,
agora totalmente demolido à excepção de um pequeno pedaço que
ficou como recordação
embora esteja assinalado no solo toda a sua localização, foi transformada na mais sofisticada e moderna zona de Berlim, com edifícios de uma arquitectura arrojada e magníficos numa zona à volta de Postdamer Platz
embora esteja assinalado no solo toda a sua localização, foi transformada na mais sofisticada e moderna zona de Berlim, com edifícios de uma arquitectura arrojada e magníficos numa zona à volta de Postdamer Platz
Mas foi também possível ver todos os
monumentos da antiga Berlim Leste, como a Catedral
a Alexanderplatz
com a Torre de Televisão de onde se tem uma panorâmica fabulosa da
cidade
a Ópera
o Museu Bode
o Altes Museum
a Alte Nacionalgalerie
e também da parte ocidental, nomeadamente o Reichstag (Parlamento)
a Ponte de Oberbaum
e outros, além das Portas de Brandenburgo e das ruínas da Ku'Damm já referidas.
E claro o magnífico Palácio de Charlottenburg
o Museu Bode
o Altes Museum
a Alte Nacionalgalerie
e também da parte ocidental, nomeadamente o Reichstag (Parlamento)
a Ponte de Oberbaum
e outros, além das Portas de Brandenburgo e das ruínas da Ku'Damm já referidas.
E claro o magnífico Palácio de Charlottenburg
A vida nocturna não podia ser
esquecida e não hesito em considerar hoje em dia Berlim como um dos
principais centros gays da Europa; fomos a bares que nunca pude
pensar existirem, com cenas “eventualmente chocantes” mesmo para
mentes muito abertas, passadas naqueles quartos escuros em que tudo
era permitido e por vezes nem sequer eram muito escuros...
Aproveitámos e fizemos duas visitas a
outras cidades, qualquer delas memorável – Potsdam
ali bem perto, com um local assombroso de belo, o Palácio de Sanssouci
mas toda a cidade maravilhosa.
ali bem perto, com um local assombroso de belo, o Palácio de Sanssouci
mas toda a cidade maravilhosa.
E fomos a uma das mais belas cidades
alemãs, Dresden, que tal como Berlim, foi arrasada no final da
guerra e totalmente reconstruída posteriormente, situada nas margens
do Elba
São tantos e tão belos os monumentos
desta cidade que é difícil enumerá-los todos, mas refiro todo o
centro histórico, com relevo para a Ópera Estadual da Saxónia
o Zwinger
a Fraunkirche
o Desfile dos Príncipes
a Catedral Católica
eu sei lá, uma das mais belas cidades em que já estive.
o Zwinger
a Fraunkirche
o Desfile dos Príncipes
a Catedral Católica
eu sei lá, uma das mais belas cidades em que já estive.
Demos ainda um salto a um lugar muito
perto de Dresden e muito bonito, banhado também pelo Elba –
Pillnitz, com o seu Castelo e Parque
Mas e como não há bela sem senão,
houve quase no final da nossa estadia um caso bastante aborrecido.
Como já disse estivemos em casa dos nossos amigos Heinz e Peter
Heinz é um médico ginecologista
reformado e os seus pais foram assassinados pelos russos no final da
guerra; daí um ódio de morte a tudo o que é comunista, que se
poderia compreender em parte se não fosse tão exacerbado ao ponto
de ser nalguns casos ridículo.
Por exemplo, na Alemanha tudo o que há
de bom se deve apenas aos alemães ocidentais e a reunificação foi
a pior coisa que a Alemanha podia ter feito já que toda a zona antes
pertencente à RDA não valia nada e já em Dresden houve uma pega
entre mim ele pois para ele não dava valor algum ao fabuloso
trabalho de reconstrução da cidade efectuado durante a existência
da RDA.
Os monumentos de Berlim Leste eram
desvalorizados e os comentários a tudo o que era de esquerda em
qualquer parte do mundo constantes.
Poucas vezes tenho visto alguém tão
da extrema direita. Mas eu era visita e a maior parte das vezes
fingia não ouvir...
Até que uma noite estávamos em casa a
ver televisão e apareceu o então presidente Bush, personagem que
nunca foi da minha simpatia e eu comentei que não gostava do
tipo...O que eu fui dizer.......Ele começa com uns disparates
perfeitamente desadequados do meu comentário e de repente está a
falar de Portugal, que o nosso país era uma merda, que só estávamos
na UE e éramos algo desenvolvidos porque a Alemanha nos ajudava, que
não prestávamos para nada, enfim, mesmo sendo visita senti-me
profundamente ofendido até porque eles tinham escolhido Portugal
para viver a sua reforma no Inverno como lhe fiz ver. Nada o demoveu
e senão faltasse apenas um dia para nos virmos embora, eu teria
mesmo saído lá de casa.
Foi extremamente desagradável e as
nossas relações nunca mais foram boas; vimos-nos duas ou três
vezes aqui em Portugal, sempre com discussões pelo meio e
actualmente nada sei deles.
quarta-feira, 7 de janeiro de 2015
Viagens 14 - Belgrado
Em Setembro de 2006, depois de uma escala em Colónia (Alemanha) aterrei pela primeira vez no Aeroporto Nikola Testa, em Belgrado, capital da Sérvia.
Já tinha estado em Belgrado, muitos anos antes, ainda capital da Jugoslávia, vindo então de comboio, desde Atenas e confesso que por motivos que já relatei antes essa estadia não tinha sido muito agradável.
Mas agora, a situação era bem diferente, e os motivos da viagem, não eram uma escala mais num inter-rail juvenil, mas sim ir ao encontro de alguém.
Desde nove meses antes, mantinha contacto virtual com uma pessoa que “mexeu” muito comigo, e era imperioso para ambos um conhecimento real e assim lá fui eu ter com o Déjan
Foi a primeira de várias viagens a esta cidade, à qual me ligam agora laços que ultrapassam em muito a pessoa que ali me levou nessa data.
O Déjan estava à minha espera no aeroporto, e foi com um misto de alegria e timidez que nos vimos e cumprimentámos pela primeira vez; tomámos um taxi para a sua casa, no centro da cidade e durante o longo percurso, poucas palavras trocámos, apenas um imenso sorriso transparecia em ambos e os nossos dedos mindinhos estiveram sempre apertados até chegarmos à Kneza Milosa (assim se chama a avenida onde ele morava)
e que desde já adianto ser talvez a mais importante da cidade, já que faz a ligação da entrada norte com o centro da cidade – é uma longa avenida – e na sua parte final, onde se situava a casa do Déjan, estão locais muito importantes, como a sede do Governo, as traseiras da Presidência da República, vários ministérios e acaba junto ao Parlamento, além de ter variadas embaixadas (EUA, Canadá, Croácia e outras).
O apartamento era pequeno, mas acolhedor e quando a porta do mesmo se fechou atrás de nós, libertámos toda a timidez e num só momento tivemos a certeza da importância e do bom que esta viagem iria representar nas nossas vidas futuras.
Foram duas semanas maravilhosas em que além de ir descobrindo o Déjan, fui descobrindo uma cidade fascinante nas suas diferenças, uma cidade que ele me foi mostrando, fervilhando de vida, com características muito próprias e que me levaram a conhecer melhor aquele povo, tão especial, e nalguns aspectos bastante parecido com o nosso
Mas foi ao longo de posteriores viagens que ali fiz que melhor fui conhecendo a cidade dos dois rios, o Danúbio e o Sava, das suas muitas pontes, dos muitos cafés e bares cheios de gente
de Verão e de Inverno, das gentes que tanto podem mostrar sinais de carência, como mostram que sabem vestir bem e viver a vida.
Agora, o Déjan deixou de viver em Belgrado, arrendou o seu apartamento e apenas lá voltará para férias e ficará em casa do irmão, pelo que não sei quando voltarei lá, com muita pena minha
Apenas em dois aspectos os nossos futuros encontros fora de Belgrado são positivos: por um lado não temos que (fora de casa) fazer teatro sobre os sentimentos que nos unem – a Sérvia é terrivelmente homofóbica; e por outra, ir à Alemanha ou a outra cidade europeia é sempre mais fácil e barato, já que evita uma escala, sempre penosa.
Mas jamais esquecerei Belgrado!
Já tinha estado em Belgrado, muitos anos antes, ainda capital da Jugoslávia, vindo então de comboio, desde Atenas e confesso que por motivos que já relatei antes essa estadia não tinha sido muito agradável.
Mas agora, a situação era bem diferente, e os motivos da viagem, não eram uma escala mais num inter-rail juvenil, mas sim ir ao encontro de alguém.
Desde nove meses antes, mantinha contacto virtual com uma pessoa que “mexeu” muito comigo, e era imperioso para ambos um conhecimento real e assim lá fui eu ter com o Déjan
Foi a primeira de várias viagens a esta cidade, à qual me ligam agora laços que ultrapassam em muito a pessoa que ali me levou nessa data.
O Déjan estava à minha espera no aeroporto, e foi com um misto de alegria e timidez que nos vimos e cumprimentámos pela primeira vez; tomámos um taxi para a sua casa, no centro da cidade e durante o longo percurso, poucas palavras trocámos, apenas um imenso sorriso transparecia em ambos e os nossos dedos mindinhos estiveram sempre apertados até chegarmos à Kneza Milosa (assim se chama a avenida onde ele morava)
e que desde já adianto ser talvez a mais importante da cidade, já que faz a ligação da entrada norte com o centro da cidade – é uma longa avenida – e na sua parte final, onde se situava a casa do Déjan, estão locais muito importantes, como a sede do Governo, as traseiras da Presidência da República, vários ministérios e acaba junto ao Parlamento, além de ter variadas embaixadas (EUA, Canadá, Croácia e outras).
O apartamento era pequeno, mas acolhedor e quando a porta do mesmo se fechou atrás de nós, libertámos toda a timidez e num só momento tivemos a certeza da importância e do bom que esta viagem iria representar nas nossas vidas futuras.
Foram duas semanas maravilhosas em que além de ir descobrindo o Déjan, fui descobrindo uma cidade fascinante nas suas diferenças, uma cidade que ele me foi mostrando, fervilhando de vida, com características muito próprias e que me levaram a conhecer melhor aquele povo, tão especial, e nalguns aspectos bastante parecido com o nosso
Mas foi ao longo de posteriores viagens que ali fiz que melhor fui conhecendo a cidade dos dois rios, o Danúbio e o Sava, das suas muitas pontes, dos muitos cafés e bares cheios de gente
de Verão e de Inverno, das gentes que tanto podem mostrar sinais de carência, como mostram que sabem vestir bem e viver a vida.
Agora, o Déjan deixou de viver em Belgrado, arrendou o seu apartamento e apenas lá voltará para férias e ficará em casa do irmão, pelo que não sei quando voltarei lá, com muita pena minha
Apenas em dois aspectos os nossos futuros encontros fora de Belgrado são positivos: por um lado não temos que (fora de casa) fazer teatro sobre os sentimentos que nos unem – a Sérvia é terrivelmente homofóbica; e por outra, ir à Alemanha ou a outra cidade europeia é sempre mais fácil e barato, já que evita uma escala, sempre penosa.
Mas jamais esquecerei Belgrado!
sexta-feira, 2 de janeiro de 2015
2014 - O meu ano literário
Li em 2014, 66 livros (ou melhor, serão
70, já que um está desdobrado em três, e se considerarmos o meu).
Foi um bom ano literário e não só em quantidade,mas também à
qualidade.
Neste aspecto qualitativo e segundo as
estrelas atribuídas por mim a esses livros no Goodreads, apenas três
obtiveram a cota mínima (uma estrela), quatro obtiveram duas
estrelas (ainda assim negativa), doze estiveram num nível médio –
três estrelas; já num plano elevado houve 36 livros a que atribuí
quatro estrelas e a onze dei mesmo o máximo, as cinco estrelas que
se aproximam da obra prima.
Daí poder desde já afirmar que a
grande decepção do ano foi o livro de Lobo Antunes “Que farei
quando tudo arde”
No campo oposto os dois melhores livros
que li foram, no lado de autores portugueses, o livro de Norberto
Morais - “O Pecado de Porto Negro”
injustamente preterido no
prémio Leya, e no plano de autores estrangeiros o surpreendente
“Stoner” de John Williams
Uma referência à surpresa positiva do
ano, um livro que eu julgava ser um livrinho apenas agradável e me
“encheu as medidas” - “Agora ou Nunca” de Tom Spanbauer
A nível de autores, houve dois de que
li quatro livros cada – o brasileiro Caio Fernando Abreu
e o autor
do meu género preferido, o romance histórico: Allan Massie
Li dois livros de bastantes autores:
Frederico Lourenço, Phillipe Besson, João Ubaldo Ribeiro, José
Régio, Mário Cláudio e Ana Cristina Silva.
De realçar que a maioria dos livros
lidos são escritos por autores da língua portuguesa (31 nacionais e
7 brasileiros), contra 28 estrangeiros.
Uma referência a ter lido apenas dois
livros de poesia, um de banda desenhada e dois de teatro.
Li (e vi) cinco livros sobre fotografia
(todos eles de grande nível), um livro muito interessante de
pequenas histórias de autores anónimos ou quase, e apenas um
pequeno ensaio.
Houve ainda três livros de viagens.
Aqui fica a lista completa dos livros
lidos, por ordem de leitura:
“Três Tristes Tigres” (Guillermo
Cabrera Infante)
“Praia Lisboa” (Henrique Levy)
“Tibério” (Allan Massie)
“Viagens” (Paul Bowles)
“A Segunda Morte de Anna Karenina”
(Ana Cristina Silva)
“Girassóis” (Caio Fernando Abreu)
“Uma Gota de sangue” (José Régio)
“A Casa dos Budas Ditosos” (João
Ubaldo Ribeiro)
“O Instituto Smithsonian” (Gore
Vidal)
“Instantâneos” (Margarida Leitão)
“A Photographer's Life: 1990-2005
(Annie Leibovitz)
“Gens du Barroso- Histoire de une
Belle Humanité” (Gérard Fourel/Antero de Alda)
“Partilha-te” (Vários)
“O Crepúsculo do Mundo” ( Allan
Massie)
“Morangos Mofados” (Caio Fernando
Abreu)
“Cartas Vermelhas” (Ana Cristina
Silva)
“EuroNovela” (Miguel Vale de
Almeida)
“Augusto” (Allan Massie)
“António” (Allan Massie)
“USA Wild West: Oeste Selvagem
Americano” ( João Máximo/Luís Chaínho)
“Fun Home” (Alison Bechdel)
“Morte em Pleno Verão e Outros
Contos” (Yukio Mishima)
“Vivian Maier: Street Photographer”
( Vivian Mayer/John Maloof/ Allan Sekula/Geof Dyer)
“Helen Levitt” (Helen Levitt/Walker
Evans)
“Castelo de Sombras” (Judith
Teixeira)
“Mister Norris Muda de Comboio” (
Christopher Isherwood)
“Irving Penn: Small Trades (Virginia
Heckert/Anne Lacoste)
“Amor que se faz Homem” (Henrique
Pereira)
“O Mar por Cima” (Possidónio
Cachapa)
“Carta de Sócrates a Alcibíades,
seu Vergonhoso Amante” (Miguel Real)
“A Breve e Assombrosa Vida de Oscar
Wao ( Junot Diaz)
“Sedução” (José Marmelo e Silva)
“Noites de Anto: Alegoria em Sete
Quadros)
“As Raízes do Futuro” (José
Régio)
“O Essencial sobre Eugénio de
Andrade” - Luís Miguel Nava
“A Metarclândia” ( Carlos Alves)
“Histórias para Esquecer” ( Manel
Zé) – 3 vol.
“A Seco” (Augusten Burroughs)
“O Físico Prodigioso” (Jorge de
Sena)
“Nas tuas Mãos” (Inês Pedrosa)
“Crónicas de Bons Costumes”
(Guilherme de Melo)
“O Pecado de Porto Negro” (Norberto
Morais)
“Retrato de Rapaz” (Mário Cláudio)
“Um Eléctrico Chamado Desejo e
Outras Peças” (Tennesse Williams)
“Diabruras de um Gay Assumido”
(Alexia Wolf)
“Melhores Contos: Caio Fernando
Abreu” (Caio Fernando Abreu)
“Em Nome do Desejo” (João Silvério
Trevisan)
“Queer” (William S. Burroughs)
“Qual é a minha ou tua língua- Cem
Poemas de amor de outras Línguas” (Jorge Sousa Braga)
“A Canção de Tróia” ( Collen
McCullough)
”Uma Casa na Escuridão” (José
Luís Peixoto)
“Uma Outra Voz” (Gabriela Ruivo
Trindade)
“Moçambique – Para a Mãe se
Lembrar como Foi” - Manuela Gonzaga)
“Stoner” (Jonh Williams)
“Onde Andará Dulce Veiga?” (Caio
Fernando Abreu)
“Outras Vozes, Outros Lugares”
(Truman Capote)
“ O Albatroz Azul” (João Ubaldo
Ribeiro)
“Sangue do meu Sangue” (Michael
Cunningham)
“Assustando os Unicórnios”
(Lawrence Schimel)
“30 Dias em Sidney” (Peter Carey)
“As Aventuras de um Garoto de
Programa” (Phill Andros)
“Internato” (João Gaspar Simões)
“Em Tempos de Guerra” (Phillipe
Besson)
“Um Instante de Abandono” (Phillipe
Besson)
“Agora ou Nunca” (Tom Spanbauer)
“A Formosa Pintura do Mundo”
(Frederico Lourenço)
“Que Farei Quando Tudo Arde?”
(António Lobo Antunes)
“A Máquina do Arcanjo” (Frederico
Lourenço)
Finalmente e sem falsa modéstia, foi
este ano que foi publicado pela INDEX ebooks o meu livro “Ilha de
Metarica – Memórias da Guerra Colonial.
Subscrever:
Mensagens (Atom)