terça-feira, 28 de julho de 2009

"A homofobia não existe"


Este é um texto tirado da revista espanhola Zero, e embora o ache eivado de uma filosofia muito subjectiva e talvez utópica, pois a realidade da homofobia não pode ser tratada assim, com tanta benevolência e superficialidade, não quero deixar de o transcrever aqui, dado a sua originalidade.

“Desde já há que afirmá-lo, claramente: a homofobia não existe!

Homofobia é o nome que damos à actuação de algumas pessoas no nosso contexto social. É um nome muito útil para fazer análises sociais - eu mesmo a uso, por vezes – mas não existe como entidade própria.

A homofobia não existe, o que existe são pessoas com actuações homofóbicas; algumas pessoas pensarão que esta distinção é pouco importante, mas estão equivocadas. Se algo não existe, devemos questionar-nos o que é que realmente existe, para saber para onde devemos dirigir a nossa acção.

A homofobia não existe. O que existem são pessoas com comportamentos homofóbicos; portanto devemos dirigir as nossas forças para modificar as pessoas homofóbicas: é a única maneira de transcender a homofobia; e os homofóbicos, como as serpentes, também são perfeitos. As serpentes são perigosas: por isso são serpentes perfeitas; não serve de nada censurá-las por porem em perigo a nossa vida: faz parte da sua natureza, são uma expressão perfeita da natureza. Também os homofóbicos são perfeitos: não podem ser de outra forma dado o seu nível evolutivo. A homofobia é uma conduta que algumas pessoas se vêem obrigadas a exercer porque não podem aceitar um amor diferente do maioritário; encontram-se tolhidas perante uma visão rígida da realidade; são pessoas com um subdesenvolvimento importante, na sua capacidade de amar; dessa pequenez emocional só podem morder para tentarem defender-se, visto que vivem a diferença como algo que os agride. Desta sua visão do mundo, não podem actuar de forma diferente: a sua acção é perfeita segundo o seu nível de evolução.

Os homofóbicos são a oportunidade que as pessoas GLBT têm de transformar a realidade e actualizar o seu potencial; as pessoas homofóbicas são o ginásio quotidiano que nos chama a actuar e assim, actuando, incrementar a nossa musculatura espiritual, o nosso amor, a nossa inteligência e a nossa energia.

Não se trata de negar a existência das pessoas homofóbicas, mas sim de actualizar a nossa inteligência para compreender o seu nível evolutivo, para entender de que maneira vêem o mundo e desenhar inteligentemente uma forma para as ajudar a evoluir.

Tão pouco se trata de aceitar que nos amachuquem; da mesma forma como nos mantemos precavidos aos lacraus e às serpentes, devemos usar a energia que temos para que essas pessoas nos causem o menor dano possível.

Finalmente também devemos usar o amor que possuímos para os transformar; trata-se de actuar inteligente e energicamente, mas de coração aberto para acolher a evolução, a transformação destas pessoas; precisamente porque somos amor, queremos incorporar nele aqueles que nos odeiam – a homofobia é um ódio social muito claro – com a intenção de que consigam transcender o seu actual inferno; quando o conseguirem, serão mais livres, mais conscientes e mais felizes.

Quando este desejo de vê-los libertos do seu inferno, for o nosso motor, a mudança para uma sociedade não homofóbica será possível.”

sexta-feira, 24 de julho de 2009

Surpresa e Satisfação


Foi com alguma surpresa e muita satisfação que li aqui o desafio que Miguel Vale de Almeida resolveu aceitar, ao estar incluído, e num lugar de destaque, nas listas do PS ao Parlamento, por Lisboa, como independente.

Este facto tem várias leituras: pela primeira vez estará na AR um deputado assumidamente homossexual, e mais que isso, defensor desde sempre das causas LGBT; o facto de MVA estar na lista do PS é um sinal inequívoco das intenções de legislar sobre o casamento entre pessoas do mesmo sexo, pois caso contrário, nunca MVA teria aceite este desafio; é uma inteligente manobra política para retirar votos ao BE, até aqui o único partido com assento na AR que defendeu convictamente esses casamentos.

Fico agora a aguardar os argumentos da população LGBT deste país que se negava a votar PS por não acreditar que essas propostas fossem mesmo para a frente.

Ao Miguel um enorme abraço de parabéns e mais uma vez demonstra que não é só com palavras, mas com acções, que as coisas se mudam.

Todo o meu apoio.

quarta-feira, 22 de julho de 2009

Tunísia 3

Para finalizar a reportagem da minha viagem à Tunísia, e já com algum atraso, venho hoje falar das restantes visitas efectuadas; fizemos uma excursão de um dia a Tunis, capital, tendo sido dada preferência (quanto a mim mal) à Medina, em detrimento de outras partes da cidade, que apenas avistámos do autocarro, e num dos extremos da Medina lá visitámos uma praça da cidade, a qual tem as chamadas “portas de França”;

fomos também a uma pequena e encantadora cidade , bem perto de Tunis, muito procurada pelos turistas, e em que o branco e o azul dominam – Sidi Bou Said;

e ainda nesse dia visitámos as ruínas de Cartago, mas apenas do período romano, já que os romanos arrasaram todo e qualquer vestígio da civilização cartaginesa; ali eram as grandes termas romanas.
Numa outra visita, fomos a Sousse, situada em pleno centro da principal região costeira turística; é uma cidade interessante, talvez a segunda do país e perto tem uma enorme marina, muito bem “apoiada” por um bonito conjunto de residências e hotéis – um luxo! O seu nome é Port El Kantaoui.


É natural desta região, o actual presidente, que está omnipresente em toda a Tunísia; não há local, grande ou pequeno, onde não haja retratos do senhor, curiosamente todos retratando-o ainda na idade em que foi eleito, há quase 20 anos (uma espécie de “Retrato de Dorian Gray”).

Finalmente, e no dia anterior ao regresso fui visitar Monastir, a cidade perto da qual estava situado o meu hotel, apenas a 7 Kms . É uma cidade pequena e bonita, que tem como principal atracão, além da parte turística, a mesquita onde está sepultado Habib Bourguiba, o primeiro presidente e que é chamado o pai da Pátria, já que a ele se deve a independência do país, um dos primeiros países de África a serem descolonizados pelos franceses, e sem complicações como sucedeu mais tarde com a Argélia.

sábado, 18 de julho de 2009

Yes, its for you, Déjan


I can wait another day until I call you
You've only got my heart on a string and everything a-flutter
But another lonely night might take forever
We've only got each other to blame
It's all the same to me love
'Cause I know what I feel to be right

No more lonely nights
No more lonely nights
You're my guiding light
Day or night I'm always there

May I never miss the thrill of being near you
And if it takes a couple of years
To turn your tears to laughter
I will do what I feel to be right

No more lonely nights
Never be another
No more lonely nights
You're my guiding light
Day or night I'm always there
And I won't go away until you tell me so
No I'll never go away

Yes, I know what I feel to be right
No more lonely nights
Never be another
No more lonely nights
You're my guiding light
Day or night I'm always there

And I won't go away until you tell me so
No I'll never go away

And I won't go away until you tell me so
No I'll never go away

no more lonely nights... no more...


(Postagem sugerida pela amizade do Paulo Vasco, a quem envio um abraço.)

quinta-feira, 16 de julho de 2009

Sexo e música

Talvez não saibam mas os grandes compositores clássicos também tinham , como qualquer humano, uma natural necessidade sexual; só que nem todos conseguiam nesse campo o mesmo desempenho que os levou a compor as grandes obras que os celebrizaram.
Sendo assim, e conforme a sua “pujança” sexual houve quem os dividisse em quatro grandes categorias; à primeira, ficaram ligados aqueles que não “davam conta do recado” e dessa categoria a que chamaremos os IMPOTENTES, o exemplo máximo será Bach com a sua famosa “Toccata e fuga”



Numa segunda categoria, estariam aqueles que “cumpriam os mínimos” ou quase…serão os SEMI-POTENTES e tomemos como exemplo Schubert com a sua obra máxima “A Sinfonia Incompleta”



Já com um desempenho bastante meritório vem a terceira categoria, a dos chamados POTENTES, e aqui um bom exemplo será Stravinsky, com o seu conhecido “Pássaro de Fogo”




Finalmente, aqueles cujas façanhas sexuais só têm comparação à obra que nos deixaram; serão para sempre lembrados como os POTENTISSIMOS, e aqui não há opção para exemplo; terá que ser obrigatoriamente Beethoven, pois após a primeira, a segunda, a terceira, a quarta, a quinta…a sexta… a sétima (uffff…), e a oitava, ainda conseguiu ter forças para a “Nona Sinfonia”…e com coros!!!!





Podem entretanto deliciar-se com as fantasias… musicais destes quatro grandes compositores.

terça-feira, 14 de julho de 2009

Transcrição


Aqui transcrevo na integra o texto que Miguel Vale de Almeida publicou há dois dias no seu blog “Os tempos que correm”, sob o título Talvez não sejamos muitos e muitas…

Porque, nas suas premissas reflecte o pensar de “muitos e muitas”, apesar de eventualmente não concluírem como MVA, porque concordo quase em decalque das premissas anunciadas e porque até sou dos que adiro á sua conclusão, tem todo o cabimento a transcrição desta reflexão no meu blog.

O momento político português é grave e tem que ser equacionado na base do que “não se quer”, e tão mais importante do que ser esta reflexão válida para as próximas eleições legislativas, ela é também extremamente válida para a eleição autárquica em Lisboa, pois mais Santana Lopes, NÃO, por favor!

“TALVEZ NÃO SEJAMOS MUITOS E MUITAS…… mas existimos. Somos as pessoas que, no espectro político-partidário, tal como ele se apresenta (e não o que idealizaríamos), se colocam entre o PS e o Bloco. Não gostamos do PS-centrão, com políticas neo-liberais no trabalho e na economia, e com um séquito de pessoas predispostas ao tráfico de influências. Gostamos do PS quando se apresenta do lado da igualdade, da liberdade, da modernidade. Não gostamos do Bloco quando descai para a demagogia, quando arrebanha as pulsões populistas, ou quando aposta no “correr por fora” desresponsabilizando-se do governo da coisa pública. Gostamos do Bloco quando se apresenta … do lado da igualdade, da liberdade, da modernidade. Alguns e algumas de nós circulam em espaços criados para suprir esse ponto intermédio: em torno de Alegre, em torno de Roseta. Não é o meu caso. Porque acho que sem máquina e sem diversidade de composição social não há transformação política. Mas estejamos lá ou não, estejamos no PS ou não, estejamos no Bloco ou não, partilhamos uma série de preocupações: sentimos que o sistema político português está prisioneiro de uma lógica de grande centro que cedeu demasiado ao neo-liberalismo e que um sintoma disso são as ligações ao poder económico e o tráfico de influências; cortámos há muito com a esquerda revolucionária, mas recusámos a terceira via, acreditando que é possível uma social-democracia que aposte no papel do estado e dos serviços públicos na garantia de igualdade de oportunidades no quadro de uma economia de mercado regulada e com espaço e incentivo para formas de economia solidária e cooperativa; defendemos acima de tudo a liberdade, e esta mede-se na capacidade de garantir opções e escolhas, diversidade, reconhecimento e direitos. Somos pela escolha na interrupção voluntária da gravidez, somos pela diversidade cultural no país e pelo acolhimento dos imigrantes, somos pela plena igualdade no acesso ao casamento civil por parte de casais do mesmo sexo, somos pela despenalização do consumo de drogas, pela laicidade o estado e pela liberdade religiosa, pela efectiva igualdade de género; somos reformistas, no sentido em que queremos transformações concretas na segurança social, na saúde, na justiça, na educação que, com base na valorização dos serviços públicos e na dignificação dos profissionais, melhorem as chances de boa vida para o maior número possível de pessoas, no tempo da sua vida, sem fazer a mudança depender do agudizar de contradições que possam levar, num futuro distante, a uma sociedade perfeita – em que não acreditamos. Não desejamos que as coisas estejam mal para podermos justificar as lutas, desejamos que elas melhorem mesmo e quanto mais cedo melhor; somos pela inovação, pelo conhecimento, pela capacidade inventiva e criadora, pela sustentabilidade energética, pela ecologia – e achamos que estas áreas oferecem o melhor potencial para o futuro económico do país, ao mesmo tempo promovendo o conhecimento, gerador de liberdade; somos por um país que mede o seu valor pelo que faz agora pelos seus cidadãos e pelas suas cidadãs, nascidos ou não aqui, falantes ou não de português, e não pelos mitos do passado, recusando o medo, o atavismo e a violência simbólica das nostalgias do salazarismo ou das utopias revolucionárias. Somos por uma União Europeia assente numa verdadeira representação democrática dos seus cidadãos, com uma verdadeira Constituição e com políticas que ajudem os países mais pobres a aproximarem-se da média comunitária. Somos pela dignificação do sistema político, trazendo para ele novas pessoas, abrindo espaços e diversidades de opiniões, exigindo accountability, e não somos pelo corte definitivo entre a cidadania e a representação ou por alternativas caudilhistas, presidencialistas ou que se deixem seduzir por suspensões da democracia. Em finais de Setembro vamos ter de decidir em quem votamos. Sabemos que não votamos num PSD cuja líder simboliza praticamente tudo o que de negativo foi aqui elencado – uma política que aposta na negatividade e apela aos piores instintos de receio, fechamento, e honrada pobreza. E muitos e muitas de nós estamos tentad@s a votar à esquerda do PS para punir políticas concretas – laborais ou educativas, nomeadamente. Mas mais do que esses argumentos, racionais, espanta-me a onda emotiva que se instalou, para lá das queixas justas, através da repugnância em relação à figura de Sócrates, pintada com as cores da arrogância e do autoritarismo. Ela assenta, a meu ver, num equívoco de percepção: a ideia de que um líder de esquerda deveria ser ou uma figura de bonomia (Alegre?) ou de inflamação revolucionária (Louçã?) – mas nunca uma figura que governa no seu estilo próprio e sem obedecer a um guião estético ou a um folclore de referências específico. Nesse sentido, Sócrates não “bate certo” com o guião cultural português (daí as acusações, como as de autoritarismo e arrogância, que não conseguem, a meu ver, acertar no alvo). Neste momento de crise (que obriga o PS a pensar os erros da deriva neo-liberal da terceira via e do centrão), de desgaste do governo, de acumulação de asneiras por muitos ministros; neste momento de criação de um clima de “derrota” (estabelecida pelos mecanismos retóricos e publicitários de uma comunicação social que em Portugal, ao contrário do resto da Europa, é estruturalmente conservadora); neste momento em que o PS pode (e deve) ver-se obrigado a pensar à esquerda e a pensar em diálogos com muitos cidadãos e cidadãs das várias esquerdas, é o momento de escolher por onde passa a linha divisória entre esquerda e direita. Pessoalmente não acredito que ela passe entre o PS e o Bloco. Acredito que ela passa entre o PSD e o PS. Não quero o regresso do PSD, muito menos do PSD personificado por Manuela Ferreira Leite ou Santana Lopes. Não concordo com várias das políticas deste governo PS que agora termina. Não vi, ainda, o Bloco sair da lógica do “quanto mais dificuldades e tensões sociais melhor”, que o leva a apostar mais no “correr por fora” do que a valorizar as ideias e modos de uma das suas correntes fundadores (a que pertenci), a Política XXI. Mas vejo pela primeira vez, no PS e sobretudo em Sócrates, sinais de um projecto de modernização para o país que se diferencia quer da tentação miserabilista da maior parte da direita, quer da tentação revolucionária da maior parte da esquerda. Justamente num dos piores momentos por que aquele partido passa, e sem qualquer intenção de aderir de novo, enquanto filiado, a um partido, votarei pela primeira vez na vida no PS.”

sábado, 11 de julho de 2009

A hora da partida


“A hora da partida soa quando

Escurece o jardim e o vento passa,

Estala o chão e as portas batem, quando

A noite cada nó em si deslaça.

A hora da partida soa quando

As árvores parecem inspiradas

Como se tudo nelas germinasse.

Soa quando no fundo dos espelhos

Me é estranha e longínqua a minha face

E de mim se desprende a minha vida.”

(Sophia de Mello Breyner Andresen)


Para ti, meu amor, as palavras de Sophia, pois eu não tenho palavras para te dizer o vazio que sinto dentro de mim, embora me sinta feliz por saber quanto nos amamos.

Até Novembro, em Belgrado…até logo!

quarta-feira, 8 de julho de 2009

A Beira Litoral e não só...

Tínhamos um programa bastante agradável para o fim de semana e conseguimos cumpri-lo razoavelmente; fazendo base em Leiria, apenas por haver alojamento acessível e estar central em relação onde queríamos ir, partimos na manhã de sexta feira com o tempo bom para viajar, sem grande calor, mas sem chuva e com céu azul ou pouco nublado; a primeira paragem foi Alcobaça para visitar o famoso Mosteiro, tendo o Déjan apreciado sobretudo os túmulos de Pedro e Inês, cuja história lhe contei.

Daí seguimos para a Nazaré, tendo ido primeiro ao “Sítio” para as fotos da praxe,
e depois almoçámos maravilhosamente numa transversal da marginal.

Após um passeio para digerir a feijoada de marisco, rumámos à Batalha e por lá vimos o esplendor do gótico manuelino;

depois de alguns enganos devidos à já habitual má sinalização das estradas portuguesas, lá chegámos ao nosso hotel, e descansámos um pouco antes de partir para Pombal, onde nos esperava o amigo Leman, que nos levou por uma curiosa estrada pela montanha até à sua encantadora casa familiar (o Déjan gostou de ver o Portugal rural, menos turístico)…

O jantar, muito cuidadosamente preparado pelo nosso anfitrião foi no jardim, pois o tempo estava agradável; muita conversa e mais um bom amigo que conheci; aliás o Leman é senhor de uma vasta cultura e tem histórias muito interessantes; deixou-nos em Pombal, de onde rumámos a Leiria para um merecido descanso, não antes de darmos uma volta pela noite leiriense, deveras animada.

Na manhã de sábado rumámos à minha saudosa praia da meninice e juventude, a Figueira da Foz e devo confessar que me entristeceu ver tão pouca gente num sábado de Julho; a Figueira está um pouco decadente e apenas a zona de Buarcos parece ter verdadeira animação; subimos à serra da Boa Viagem e almoçámos no centro; depois rumámos à cidade dos doutores, onde eu não ia há para aí uns 15 anos; e que bonita está Coimbra! Era o feriado municipal, a 4 de Julho e a animação cultural nas ruas era grande.

Visitámos detalhadamente a Universidade (a Biblioteca Joanina é um espanto!)
e depois baixámos à Sé Velha, subimos à Sé Nova e passeámos no Jardim da Sereia; descemos depois até à baixa, onde nos encontrámos com o amigo Félix e com ele passeámos por toda aquela zona; depois foi esperar na esplanada junto à Igreja de Santa Cruz que aparecesse o amigo que faltava, o Miguel (Innersmile), que vinha cansado depois de um dia difícil para ele, mas depressa recuperou e tivemos os 4 um animado jantar nas margens do Mondego. Depois foram as despedidas de ambos e o regresso a Leiria para dormir.

Domingo de manhã, saímos cedo pois teríamos que vir a buscar o Duarte a casa para rumarmos à terra onde “o mar é mais azul”, e aí tivemos juntamente com outros amigos o prazer de ser recebidos lindamente pelo Tong e pelo Cara metade, que nos proporcionaram um magnífico churrasco no agradável terraço

com uma vista maravilhosa; ainda parámos no regresso, em Mafra para tirar fotos lindas ao Convento, num inesquecível pôr do Sol.


sexta-feira, 3 de julho de 2009

Dias Felizes

Depois de uns primeiros dois dias nublados, em que aproveitámos para eu suprir uma grave lacuna cultural, visitámos o belíssimo Palácio da Ajuda,
o sol voltou e pudemos fazer o que o Déjan mais gosta em Lisboa: passear na Baixa! Voltou a tirar fotos que já tinha tirado, voltámos a calcorrear ruas e praças; passámos por um local, ainda não visto por mim, e muito menos por ele e que visitámos, tendo constituído uma agradável surpresa: o MUDE, Museu de Design, na rua Augusta; tanto a exposição permanente, de design, no rés do chão, quer a exposição dos cartazes políticos são excelentes;

descansámos as pernas numa das agradáveis esplanadas das traseiras da estação do Rossio.
Ontem tivemos o prazer de receber aqui em casa as nossas amigas de sempre, a Cristina e a Alice e hoje foi um dia em cheio: fomos ver o primeiro treino do Benfica ao centro de estágio do Seixal e o Déjan delirou ao ver ao vivo aqueles craques;

fizemos uma directa ao Parque das Nações, e depois de uma refeição apressada assistimos no Pavilhão Atlântico a um magnifico concerto, dedicado à cura da leucemia, com nomes famosos e duetos muito pouco esperados: Camané a cantar com Mariza, Rui Veloso a cantar com Luís Represas e acima de tudo, o fabuloso José Cura a cantar sózinho e a cantar com cada um deles. Também Pedro Caldeira Cabral deslumbrou com a sua guitarra portuguesa.
Um final impressionante com todos a cantar em conjunto a música intemporal: "Imagine"!!! Lindo.
Amanhá rumamos a Leiria, Coimbra, Figueira e outras terras que falam da nossa história e do nosso povo; temos combinados encontros gastronómicos com o Miguel (Innersmile), com o Félix e com o Leman!
Depois virão notícias.

segunda-feira, 29 de junho de 2009

Um fim de semana diferente

E eis que a ansiedade terminou, pois o Déjan chegou bem e lindo como sempre; fomos almoçar ao sempre simpático "Guilho", onde recordei o óptimo "jantar dos bloguistas" e depois seguimos para casa, onde entre beijos e abraços trocámos recordações, entre as quais as célebres alianças, "made in Tunísia";
depois de um merecido descanso fomos jantar a uma daquelas esplanadas nas traseiras dos "pastéis de Belém", com 3 bons amigos

e daí seguimos para o Arraial junto à Torre de Belém, que, apesar de alguma chuva, esteve excelente de gente e de amigos

perdi a conta a quanta gente falei e apresentei o Déjan, apesar de muita malta dos blogs já o conhecer "de vista"; e muita gente ficou por encontrar, pois também não estivémos até muito tarde, pois estávamos completamente feitos num oito...
Hoje, domingo, com o tempo que esteve, só deu mesmo para ficar na boa "sorna" apenas intervalada com uma saída rápida.
Mas há bons planos para os próximos dias...

sexta-feira, 26 de junho de 2009

Neste dia em que te espero


Esperança e desespero de alimento

Me servem neste dia em que te espero

E já não sei se quero ou se não quero

Tão longe de razões é meu tormento.


Mas como usar amor de entendimento?

Daquilo que te peço desespero

Ainda que mo dês - pois o que eu quero

Ninguém o dá se não por um momento.


Mas como és belo, amor, de não durares,

De ser tão breve e fundo o teu engano,

E de eu te possuir sem tu te dares.


Amor perfeito dado a um ser humano:

Também morre o florir de mil pomares

E se quebram as ondas no oceano.


(Sophia de Mello Breyner Andresen «Soneto à moda de Camões»)


Neste dia em que te espero, Déjan, renovo todo o amor ausente, mas sempre presente. És a força da minha vida e sinto-te tão seguro como eu dessa realidade bela que é a entrega mútua de dois corações. Amo-te! Volim te!

domingo, 21 de junho de 2009

Passado e presente 14: "Belgrado - uma cidade, um país, um povo"

Agora que o Déjan está a chegar, e porque nos últimos tempos recebi um comentário de uma amiga que escreve um blog só de viagens, aliás belíssimo, e porque estive a falar com outra amiga que tem ido variadas vezes a Belgrado e conhece bem a cidade e as suas gentes, apeteceu-me “desenterrar” estas duas entradas publicadas no meu anterior blog e “perdidas”, entretanto…Haverá uma outra parte que apenas aqui não ponho para não tornar esta postagem demasiado extensa.
Estas entradas foram originalmente publicadas em 11 e 15 de Novembro de 2006.



"Fui recentemente, pela segunda vez na minha vida a Belgrado, curiosamente uma cidade capital de dois diferentes países, nessas visitas. Há anos, capital da ex-Jugoslávia, no seu imediato pós-Tito, e agora da Sérvia.
Foi uma visita atribulada, essa primeira vez, pois tinha sido infantilmente roubado, durante a noite, na travessia ferroviária desde Atenas, ficando privado de qualquer documentação, do bilhete e de dinheiro, como é óbvio. Assim sendo, foi quase só o tempo ocupado com a ida à embaixada portuguesa, para resolver o problema, e pouco tempo restou para ver a cidade, da qual relembro essencialmente um bonito parque, com uma óptima panorâmica da confluência do rio Sava, que atravessa a cidade, com o Danúbio, que também banha as suas margens.
Recordo, nesses tempos já longínquos, que era a primeira vez que visitava um país da área comunista, pese embora um comunismo pouco ortodoxo e algo terceiro-mundista, à imagem do seu líder até então, o Marechal Tito.
Não foi fácil a comunicação com as pessoas, pois não encontrei muita gente a falar inglês, o francês era praticamente desconhecido e eu, de alemão e russo era e sou completamente ignorante. Ainda por cima, existia um segundo alfabeto, o cirílico, o que para mim era igual a hieróglifos...
Mas, lá me fui "desenrascando", e pude ficar com uma ideia de um país de contrastes, se é que se pode ter a imagem de um país apenas com uma fugaz visita a uma cidade, mesmo que seja a sua capital.
Um povo afável, mas algo fechado e é curioso que fiquei com uma impressão, talvez pouco definida, mas que o tempo, infelizmente se encarregou de me explicar, de que era um povo com alguns problemas...

Voltei a Belgrado em Setembro último, e desta vez aí permaneci quase duas semanas, o que foi suficiente para ficar com uma ampla visão da mesma, visitando os locais mais turísticos, mas também alguns outros menos conhecidos, devido à companhia sempre agradável e conhecedora de alguém que nela habita há vários anos.
É uma cidade de contrastes, confirmei. Alguns prédios degradados convivem, nas principais avenidas, com belíssimos exemplos de uma arquitectura rica e muito bem conservada.
Vasta, na sua área, bastante populosa (perto de dois milhões de habitantes), visitei pela primeira vez, na margem esquerda do Sava, a "nova Belgrado", com as suas amplas avenidas, modernos prédios de habitação, hotéis e zonas comerciais.
Passeei-me pela extensa e sempre muito concorrida, dia e noite, zona pietonal, com uma quantidade e diversidade enorme de cafés, restaurantes e esplanadas aprazíveis.
Recordei locais da minha anterior visita, como a já "gasta" estação ferroviária central, e o alindado parque da cidade, junto aos rios, que continua a ser o local de passeio e visita mais popular.
Fui conhecer o majestoso e previamente auto imaginado mausoléu de Tito...
Vi a enorme catedral de S.Sava, a maior igreja ortodoxa que existe, e que apenas recentemente, teve a sua atribulada construção, finalizada. Mas preferi a simplicidade da igreja de S.Marcos, onde me foi dado observar pela 1ª vez, com alguma minúcia uma religião afinal tão próxima do catolicismo, que por aqui se pratica.
Vivi a cidade , no seu dia a dia e habitei uma das suas principais avenidas, aquela que "ostenta" ainda hoje os sinais de uma acção punitiva, que visou não só Belgrado, mas vastas áreas da Sérvia, essencialmente pontes e importantes unidades económicas do país.Estes bombardeamentos cirúrgicos foram efectuados pela NATO, com o objectivo, atingido, de certa forma, de forçar, em 1999 o então presidente Milosevic a aceitar a permanência das Nações Unidas no Kosovo, situação que ainda hoje se mantém num impasse difícil de resolver.

Mas a contestação interna a Milosevic foi também enorme, e forçou mesmo a sua demissão, após as esmagadoras manifestações populares, que terminaram com o seu abandono do poder em Outubro de 2000.

É lamentável, ver, ainda hoje, numa mesma avenida, prédios esventrados pelos "rockets" americanos, lado a lado com magníficos edifícios governamentais; sinais de uma violência que tanto marcou a Sérvia no final do século passado, consequências de uma guerra fratricida, que a ninguém beneficiou e a todos penalizou.
Emergiram nos Balcãs novos países, alguns de fracas capacidades económicas, outros ajudados pela conivência de grandes potências europeias, com a Alemanha à cabeça, que sempre se opôs à formação de uma "grande Sérvia", e assim nasceu um novo mapa europeu, a juntar ao desmembramento da antiga URSS, no final da década de 90.
O povo, esse, foi quem mais sofreu, como sempre sucede. Mas já tanto tinha sofrido nessa cruel e mortífera guerra, que teve, a meu ver, como primeiro e máximo culpado, mesmo após ter desaparecido, o Marechal Tito, o qual para seu poder pessoal, formou e manteve uma fictícia união de etnias, religiões e viveres, que se chamou um dia Jugoslávia.
Dessa guerra, desses acontecimentos, espero vir a escrever algo, um dia destes.”

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sábado, 20 de junho de 2009

Tem problemas???? Está safo...






Por mail, o amigo Sérgio (A teoria do Kaos), enviou-me, entre outras estas preciosidades.
Aproveitem...
Afinal, nos tempos de crise, rir um pouco é bem salutar.

quinta-feira, 18 de junho de 2009

Isto diz-me respeito


Eu aderi. Porque não tu???
Visita o blog...

(nesta versão do vídeo, já apareço eu, eheheh...)

terça-feira, 16 de junho de 2009

Quantos galileus têm que ser mortos?


Não é meu hábito fazer transcrições de textos de outros blogs, e ainda menos, integralmente, embora já o tenha feito uma ou duas vezes, a última foi de um texto do Luís Galego (Infinito Pessoal).

Volto a fazê-lo agora e justifico-o por duas razões, ambas fortes: a primeira, é óbvia, porque se trata de um texto muito bom, bem escrito, actual e com o qual concordo por inteiro. A segunda, porque o blogue que a publicou – “Natcho Box” – é um blog interessantíssimo, a que muito pouca gente parece prestar atenção; pelo menos, parece-me ser eu o único comentador, o que é uma pena, pois o seu autor, um jovem estudante do Porto, parece-me dotado de uma grande cultura e personalidade e tem um âmbito alargado de temas, alguns tratados ao de leve, com frases certeiras e curtas, outros, como o da música, que eu nunca comento, por desconhecimento apenas, bastante desenvolvidos, e de vez em quando com uma exposição fotográfica apurada e exaustiva de certas figuras masculinas que são da sua preferência (eu tenho outros gostos, mas por isso o mundo não cai); enfim, é um blog que merece uma maior divulgação e é com o maior prazer que aqui o apresento.

“É um facto reconhecido o recente fenómeno do crescimento do racismo/xenofobia nos países da Europa Ocidental. Tal fenómeno é visível na crescente visibilidade dos partidos de extrema-direita. O caso da liberal Holanda é prova disso. Mas será que esse súbito (?) crescimento será assim tão recente? Quais as razões que potencializam essa subida da extrema-direita em países tão liberais, como por exemplo, a Holanda?


Detesto iniciar um texto com um cliché mas, em certa parte, é uma realidade: a História é cíclica e tende-se a repetir.
Basta olharmos os factos históricos em todas as suas dimensões – cultural, social, económica – para nos darmos conta que os eventos históricos, no que se refere às ideologias (conservadora/liberal) que transportam, não obedecem a uma linhagem contínua mas antes a uma espécie de ondulação, ora reaccionária, ora libertária.
Da libertinagem sadia dos impérios greco-romanos à ascensão do cristianismo (que se aproveitou e muito bem, das invasões bárbaras), da ascensão do cristianismo e do surgimento da idade das trevas (Idade Média), com tudo a que isso tinha direito (Inquisição, por exemplo) ao Renascimento, do Renascimento à expansão marítima nacionalista dos impérios europeus (com Portugal e Espanha lá no meio), da expansão nacionalista à indagação dos cânones pré-estabelecidos, ao confronto ciência versus religião (O “Contrato Social” de Rosseau), do Absolutismo barroco (Napoleão, Luíses qualquer coisa) ao Iluminismo e à Revolução Francesa (Liberdade, Igualdade, Fraternidade), da Revolução Francesa e da queda do Ancient Régime aos nacionalismos bárbaros que desencadearam a I Grande Guerra, da I Grande Guerra à Belle Epoque dos anos 20 (a emancipação da mulher, o álcool, o jazz, o cabaret burlesco), da Belle Epoque à crise económica e financeira do Wall Street em NY, 1930 (o pico da II Guerra Mundial) trazendo consigo a ascensão do nazismo italiano e alemão (Salazar em Portugal, Franco em Espanha, Vargas no Brasil) e uma das piores catástrofes da Humanidade: o Holocausto.

Do Holocausto aos movimentos de contracultura dos anos 60 nos USA (movimento dos direitos civis de mulheres, negros, homossexuais; descontentamento face à guerra do Vietname; ascensão do flower power hippie com os Beatles e Rolling Stones a darem uma ajuda).

Dos movimentos de contracultura à iminência da ameaça nuclear da Guerra Fria, da Guerra Fria à libertinagem sexual dos anos 80 (o punk e o disco de mão dadas, o sexo hardcore e a sida). Já nos anos 80 a direita de Tatcher (UK) e Reagan (EUA) faziam das suas. Depois os anos 90 e os discursos do multiculturalismo. Um 11 de Setembro de 2001 leva um Bush conservador ao poder, Obama barrou-lhe o caminho e agora, uma crise mundial. Está traçado o panorama oscilante onde os acontecimentos considerados mais relevantes da História, focados essencialmente na Sociedade Ocidental, têm lugar.

É uma visão estruturalista, eu sei, mas faz algum sentido. Esse sentido nas coisas nos levanta uma questão crucial: o que é que o futuro nos reserva? Não vou recorrer da Maya para pressupor uma série de coisas mas posso sempre tentar.
Ficamos no ponto da Crise Mundial. Partamos dela para nos aventurarmos na sempre irreverente ciência da futurologia e elaborarmos as possibilidades de um cenário.

A crise do Wall Street dos anos 30 estabeleceu as condições necessárias para a ascensão do nazismo na Alemanha e na Itália. Uma análise mais crítica e desconstrutivista permitia-nos concluir que um dos culpados dessa crise foi o capitalismo mas não. A população estava demasiada revoltada e não tinha tempo para reflexões, precisava de respostas rápidas, urgentes, concretas e eficazes.
A somar a essa realidade, uma população sem emprego, pobre, descontente, revoltada precisava de um bode expiatório. De preferência, um grupo minoritário que contrarie a norma dominante. Hitler sugeriu um: os judeus.

Hitler não era burro. Os judeus tinham jeito para os negócios, logo, dinheiro (aliás, esse é um dos estereótipos mais comuns associados aos judeus, naquela época). De referir que o estado alemão precisava de dinheiro para concretizar os planos militaristas do seu tresloucado líder, na sua ganância para conquistar o mundo.

Curioso que os novos yuppies do século XXI sejam agora os homossexuais (a importância crescente do comércio rosa e as críticas do extrema-direita aos homossexuais chamando-os de lobby – como o lobby judeu –), mas os homossexuais tem essencialmente uma imagem, deveras, clean e capitalista para serem o alvo preferencial dos grupos neonazis actuais embora a crescente mobilização e aquisição de direitos fundamentais para os homossexuais como o de casar e o de constituir família torna-os uma ameaça (preservação da família tradicional, valorização do aspecto biológico para a manutenção da herança genética).

Continuando nos judeus. Se dantes eram os judeus, agora é a Islamofobia que guia cegamente os movimentos neonazis. Aumenta o fosso sociedade decente (= ocidentais; não árabes) vs sociedade primitiva (= muçulmanos).

A crise faz reaparecer os discursos pró-salazaristas. Basta irem de bus e reparam. Discursos como “esses imigrantes vêem para aqui roubar os nossos empregos” são o prato do dia. Eles são sempre os responsáveis pela crescente onda de violência (carjacking, crimes da noite, assaltos violentos a joalharias, supermercados, farmácias, bancos e estações de serviço) mesmo que os estudos nos provem o contrário.
Em suma, as crises económicas potencializam discursos reaccionários de direita. Mesmo que perante as evidências a possibilidade da culpa seja do capitalismo desregrado e irresponsável. Mesmo que os estados não hesitem, um segundo se quer, a nacionalizar os bancos para salvaguardarem a economia.

Não há valores morais quando a base para a manutenção dos mesmos falta (Já viram o filme “O Senhor das Moscas”?), e essa base é o dinheiro. É o dinheiro que nos gere muitos dos nossos comportamentos, quer queiramos quer não. O dinheiro representa o acesso aos bens essenciais e sem esses bens a nossa vida/existência está comprometida. Por isso toca a atacar os imigrantes (como se os imigrantes não representassem mais de 10% do nosso PIB ou como se existissem milhões e milhões de portugueses noutros países, nomeadamente, França ou Canadá).

A mentalidade conservadora (direita e Religião) está fortemente enraizada na dimensão da Natureza e essa dimensão tem que ver com o mito das origens (Adão e Eva). Qualquer mudança é um perigo. Representa uma reviravolta com o estabelecido. Cheira e sabe a futuro. Expressões comuns, normalmente, em pessoas mais idosas, como “no meu tempo é que era”, leva-nos ao passado, ao primitivismo cavernoso. Transporta-nos a Adão e Eva. Brancos, heterossexuais e com o homem, à imagem e semelhança de Deus, a liderar o processo da evolução (Eva surge depois e é ela a culpada do pecado da imperfeição, da desobediência, do acesso à liberdade individual).

A realidade biológica é fruto de todo o tipo de preconceitos. Há um século não se pensava que os negros eram incapazes de ter o mesmo nível de intelectualidade de um branco só porque tinha uma cor de pele diferente? Para depois se descobrir que o problema era cultural… Mesmo que, hoje em dia, a ciência comprove que há mais genes que separam o ser humano branco do ser humano nórdico do que o homem branco e homem negro, há sempre qualquer coisa a dizer que não parece que seja assim.
Chegou-se a argumentar que as mulheres não poderiam votar porque estariam muito ligadas à metafísica, logo não sabiam discernir a Razão (que o Homem possuía em doses modestas) da Emoção (Mulheres – Reprodução – Natureza – Deus).
A esmagadora maioria das pessoas têm determinados preconceitos e estereótipos que, de certa forma, são necessários q.b. mas não se pense que isso sirva para legitimar ódios infundados. Quando não temos consciência deles nem capacidade de desconstrução aí é mau.

Temos que ter espírito crítico e inconformista para escavarmos fundo e perceber como as coisas (inclusive os factos históricos) foram meramente contingentes. Não é esse o espírito que sempre caracterizou a esquerda liberal? Quantos Galileus têm que ser mortos para percebermos isso?
De facto, tomando como linha de raciocínio a minha frase acima mencionada: a História é cíclica mas nós podemos fazer com que ela nunca mais se repita.”

domingo, 14 de junho de 2009

Tunísia 2 - Kairouan






A cidade de Kairouan, está no limite do sahel tunisino; isto é, considera-se o sahel a zona costeira, mas não apenas a zona junto à costa; também inclui as regiões que distam até cerca de 70/80 quilómetros da costa.

Kairouan fica no interior norte da Tunísia, a cerca de 70 quilómetros a ocidente de Sousse, que fica no litoral leste. Kairouan é a cidade sagrada da Tunísia e a quarta do Islão, a seguir a Meca, Medina e Jerusalém.

Neste ano de 2009, esta cidade é a capital mundial do Islão, sucedendo a Alexandria.

Apesar da transferência da capital política para Tunes no século XII, Kairouan continuou a desempenhar o papel de capital espiritual do Magrebe, com os seus treze séculos de cultura islâmica. A cidade foi inscrita pela UNESCO em 1988 na lista dos locais que são Património da Humanidade.

A sua grande atracão turística é Grande Mesquita, onde está o túmulo de um dos grandes santos do islamismo; claro que apenas se pode espreitar essa sala e a uma distância considerável; caso curioso, há uns indivíduos à porta da sala que levam as câmaras dos turistas e tiram as fotos para os mesmos.

Também muito famosos são os tapetes aqui executados; tive oportunidade de visitar uma loja de venda de tapetes, em que nos mostraram tapetes maravilhosos e a preços muito acessíveis (aqui não há regateio); a Medina é bastante interessante e foi aqui que comprei o prato que referi anteriormente

Foi nesta cidade que foram rodadas várias cenas do filme de Spielberg “Os Salteadores da Arca Perdida”.

quinta-feira, 11 de junho de 2009

Gal e Elis

Por sugestão de um comentador "anónimo" que já não é anónimo e que tem um excelente gosto musical, e porque não tendo blog não pode postar este vídeo, faço-o em seu nome. Porque é muito bonito, porque me diz muito, porque reúne duas Senhoras da MPB e, da mesma forma que ele me chamou a atenção, peço que oiçam a beleza do improviso final, que é razoávelmente longo...
Obrigado, amigo.

quarta-feira, 10 de junho de 2009

Quem me manda ser carneiro?


Não fazia tenção de fazer compras na Tunísia, além das habituais lembranças pequenas que se trazem dos sítios visitados, tipo imanes para o frigorífico ou algum objecto característico. Por outro lado, muito tinha ouvido falar nas “medinas” (parte mais antiga nas cidades árabes, apinhadas de lojas onde tudo se vende e principalmente se regateia) e o nosso guia tinha feito avisos para evitar entrar sozinhos nessas lojas, devendo ter sempre alguém conhecido por perto. Já tinha visitado a medina de Tunes , a maior e perfeitamente caótica, com “ruas” estreitas e escuras, onde as pessoas de cruzam num movimento constante, com lojas de tudo um pouco e com constantes e por vezes demasiados apelos à compra, falando todas as línguas para indagarem a nossa proveniência, e ao descobrirem que somos portugueses vem o inevitável: Cristiano Ronaldo, Figo e até Eusébio; curiosamente houve alguém que referiu Sampaio (fiquei atónito…); lá me ia safando com um lacónico “plus tard” e saí da Medina sem gastar um “tusto”.

Depois visitei a medina de Kérhouan, menos barulhenta, mais civilizada e calma, e ao ver um prato de louça, verdadeiramente bonito, parei (estava acompanhado de um amigo); claro que o homem não me largou mais e disse-me o preço, cerca de 35 dinares; disse-lhe que não estava interessado e afastei-me; pois voltou a ter comigo e fez a pergunta que sempre fazem, e que é quanto queremos dar, à qual respondi que só dava 15; depois de me chamar isto e aquilo, claro que trouxe o prato por 15 dinares, menos de 9 euros.

Visitei ainda a medina de Sousse, a maior depois de Tunes e bastante boa; íamos quatro e comprei porque gostei duas tee-shirts, não estampadas, mas bordadas, iguais, mas de cores diferentes (uma para mim e outra para o Déjan), as duas por 10 dinares, após um primeiro preço de 30 dinares cada; estava a transformar-me num regateador nato…

Como um dos meus acompanhantes queria comprar umas pulseiras para a filha, parámos nalguns sítios com esse tipo de artigos e num deles vi um anel que gostei muito, mas que nem de perto ou longe estava nos meus planos; mas gostei mesmo do anel e num bom impulso de carneiro, uma ideia germinou nesta cabeça: encontrar outra igual! O homem não tinha mas pediu-me para esperar um pouco e mandou um puto algures; disse aos meus amigos para não se afastarem e perguntei o preço; o homem, sabidão disse que era preciso pesar; pesar o quê, perguntei eu? A prata, disse ele; ri-me e vinha-me embora e o homem alcançou-me; eu disse-lhe que aquele anel não era para ser pesado, que não tinha prata e ele que me dissesse o preço. Pediu 42 dinares; claro que me afastei sabendo que ele não me largaria; assim foi e achei ridículo, mas ofereci-lhe 20 dinares…pelos dois anéis; quase me bateu e decerto me mandou para o c***** em árabe, mas acabou por ceder. Francamente satisfeito com o negócio, entrei na loja para ver se os dois anéis eram realmente iguais e ele meteu-os num saquinho amarelo; dei-lhe uma nota de 20 dinares e então sucedeu o inesperado: numa mão segurou bem a nota e na outra o saco com os anéis e começou a exigir-me mais 5 dinares: ele puxava, eu puxava, ele dizia com tom ameaçador que tinha que ser (e era uma besta de homem) e eu então comecei a gritar alto e bom som o nome dos meus amigos que não deviam estar longe: mal eles apareceram, o homem largou o saco com os anéis e eu vim-me embora, ainda assustado com o tipo a chamar-me “ladrão capitalista”…

E assim comprei duas lindas alianças, para eu e o meu Déjan trocarmos daqui a duas semanas aqui em Lisboa; claro que foi tudo tão rápido na minha cabeça que nem sequer pensei se o Déjan estaria de acordo com a ideia; mas está e adorou ver a foto das alianças que vamos enfiar nos anelares um ao outro numa cerimónia só nossa, sem testemunhas. Vai ser lindo…quem me manda ser carneiro?

segunda-feira, 8 de junho de 2009

É bom ser pinguim...



Dois pinguins machos "gays" chocaram um ovo abandonado e agora estão criando o filhote como se fossem pais adoptivos, informou o zoológico de Bremerhaven, no norte da Alemanha.

O zoológico entregou aos machos Z e Vielpunkt o ovo, que havia sido rejeitado pelos pais biológicos, depois que o casal foi observado tentando chocar uma pedra.




Segundo o zoológico, o casal parece feliz criando o filhote, nascido há quatro semanas.

O zoológico de Bremerhaven ficou conhecido em 2005 por conta de seus planos de "testar" a orientação sexual de pinguins com características homossexuais.

Na época, três casais de pinguins machos foram vistos tentando cruzar um com o outro, e tentando chocar pedras, entre eles Z e Vielpunkt.

O zoológico chegou a providenciar quatro fêmeas em uma tentativa de levar a espécie ameaçada a se reproduzir, mas o plano foi logo abandonado depois de causar revolta entre defensores dos direitos gays, que acusaram o zoo de interferir no comportamento dos animais.

Presente de Páscoa

Os seis pinguins "gays" permanecem no zoológico, e segundo a instituição, "Z e Vielpunkt aceitaram o ‘presente de Páscoa' e começaram a chocá-lo imediatamente".

"Desde o nascimento do filhote, eles vêm se comportando do modo que você esperaria de um casal heterossexual. Os dois pais felizes passam os dias protegendo, cuidando e alimentando seu filhote adoptado."

Os pinguins de Humboldt são normalmente encontrados na costa do Peru e do Chile, mas segundo a agência de notícias AFP, sua população vem decrescendo por causa da pesca intensiva na região.

O comportamento "gay" entre pinguins machos já havia sido observado, inclusive alguns teriam criado filhotes adoptivos.

O comportamento homossexual é bastante documentado entre várias espécies animais, mas não é compreendido em detalhes, afirma o professor Stuart West, um biólogo especializado em evolução da Universidade de Oxford.

Segundo West, algumas teorias indicam que a actividade homossexual pode servir objectivos diferentes - no caso dos macacos bonobos, por exemplo, poderia estar relacionada à ligação social e ao estabelecimento da dominância. Em algumas espécies de pássaros, fêmeas se juntam para criar os filhotes.

Outros animais podem simplesmente exibir uma "tendência a acasalar", enquanto outros podem, como seres humanos, gostar de sexo sem fins para procriação.

"A homossexualidade não é incomum entre os animais", declarou o zoológico de Bremerhaven.

"Sexo e acasalamento no nosso mundo não necessariamente têm algo a ver com reprodução."

quinta-feira, 4 de junho de 2009

"The best men"

Vi esta curta no último "Queer Festival" e foi uma das que mais gostei. Fala de amizade, de amor, de felicidade e de como, por vezes, é difícil alcançá-la.
Quem não conhece, espero que goste; quem já viu, decerto gostará de rever...




terça-feira, 2 de junho de 2009

Tunísia 1







Pois como é costume dizer-se, “não há bem que sempre dure, nem mal que nunca acabe”; e neste caso, no meu regresso da Tunísia, não poderia encontrar melhor resumo do que este popular adágio.

Foram sete dias, o tempo exacto para não cansar e para ter uma imagem (não completa, é claro), de um país, de um povo, de uma história com 3000 anos e de uma cultura, de que pouco sabia.

Ia de pé atrás, como afirmei e por várias razões, e algumas delas confirmaram-se…; sendo uma viagem oferecida, teria que me “adaptar” às circunstâncias da mesma e a pior foi, de longe, ser uma viagem de grupo, estilo “carneirada”, que eu gosto muito pouco, com pessoas com quem tenho pouca ou nenhuma afinidade; pessoas muito diferentes de mim e posso dizer que das cerca de 170 pessoas do grupo, apenas me relacionei, no máximo, com cerca de uma dúzia…e não sou, antes pelo contrário um bicho de mato… Mas pessoas que meia hora antes de abrir o restaurante já estão na fila, com medo que lhes falte a comida, que se zangam se  estamos mais 5 minutos aqui ou ali, que olham para Cartago e dizem “que viemos aqui fazer, isto são só pedras…” e coisas do género, não pertencem ao meu mundo.

Ao contrário do que pensava, fui a diversos sítios e pude ver várias coisas, e não fiquei de papo para o ar, a apanhar sol e a banhar-me nas deliciosas águas mediterrânicas; ao ponto de ter chegado cá…cansado!

Fiquei num hotel de 4 ****, na zona balnear de Skanés, muito perto de Monastir e a pouca distância de Sousse, que junto com Hamammet, constituem a parte turística mais importante da costa central da Tunísia.

Este hotel, cujo sítio na Internet tinha visitado antes de partir, punha-me algumas reticências, aliás como outros hotéis da mesma categoria, pois um 4**** lá, não é equiparado a um 4**** aqui, de forma alguma; se na questão da limpeza nada tenho a dizer (uffff…), já a alimentação é muito má (abundância não é qualidade) e o buffet era repetitivo até à exaustão, e de fraca qualidade; as bebidas (não incluídas) chegavam ao fim da refeição, o stock de talheres era limitado, o pessoal “esforçado” (estou a ser simpático), ao pequeno almoço, a manteiga era margarina, iogurte nunca os vi…enfim, mau mesmo. O pessoal da recepção também não era senão prestável, mas havia coisas muito boas: uma bela praia privativa, uma boa piscina bem tratada, uma outra piscina interior excelente e com jacuzzi;  sauna, hamman e outros agradáveis pormenores, como dois outros restaurantes bem melhores e não excessivamente caros, dois bares, uma discoteca, internet (falei e “vi” o meu Déjan todas as noites) .

O povo, atencioso, falando quase todos francês, alguma pobreza visível, mas não tão notória como em Marrocos, a religiosidade sempre presente e a omnipresença do presidente, em cartazes espalhados por todo o lado; podia notar-se a presença de muita polícia e até alguns à paisana, podendo qualquer pessoa ser abordada na rua por uma patrulha: uma “democracia musculada”…

Hoje deixo aqui algumas fotos do hotel e depois falarei dos locais que visitei.