quinta-feira, 18 de julho de 2013

Eduardo VIII - Duque de Windsor

Acabei de ler mais um interessante livro que fala sobre o papel de algumas pessoas, que sendo gays tiveram algum impacto na História.
Trata-se do livro de Paul Tournier “ Os Gays na História”, e logo no início o autor explica o critério das suas escolhas, pois como parece óbvio, a “oferta” era muita; assim, ele apenas escolheu personagens masculinos, à excepção de um curto episódio sobre a figura bíblica de Ruth, e também, com excepção dos vultos culturais da Renascença, escolheu personalidades que de uma forma mais ou menos directa tiveram algum impacto na História.
Assim, encontramos referências a alguns homossexuais suficientemente conhecidos como tais: Sócrates, Alexandre, Júlio César, Adriano, David, Leonardo da Vinci, Miguel Ângelo, Shakespeare, Edward II de Inglaterra, Carlos XII da Suécia, Ludwig II da Baviera ou T.E.Lawrence, bem como outros menos conhecidos, como alguns reis e príncipes medievais (Jaime de Aragão, João II e Henrique IV de Castela), e um rei consorte espanhol – Francisco de Bourbon.
Mas mais interessantes são aquelas personagens de que há fortes indícios da sua homossexualidade, mas não certezas: S.João (o apóstolo favorito de Cristo), S.Paulo e Santo Agostinho, Voltaire e Robespierre, Lincoln, e Hitler.
Deixei propositadamente para o fim, uma das personagens que maior interesse me despertou – Eduardo VIII de Inglaterra, mais conhecido como Duque de Windsor e tio da actual rainha Isabel II.
Eduardo era filho de Jorge V e seu eventual sucessor.
No entanto, a sua vida foi cheia de pormenores muito curiosos e alguns pouco conhecidos.
Desde cedo Eduardo mostrou duas facetas da sua vida; por um lado, era conhecida a sua simpatia pela Alemanha e mormente por Hitler, então em plena ascenção política (anos 30) e por outro lado o seu gosto por pessoas do mesmo sexo, tendo um caso amoroso durante muitos anos com o seu secretário Dudley Metcalfe.
Sabendo Hitler da sua homossexualidade, e sendo ele um futuro rei de Inglaterra, este assunto preocupava o rei seu pai e os serviços secretos ingleses, que o vão visitar à sua residência oficial de Fort Belvedere,
para lhe exigirem um casamento antes de ser rei, para assim “apagar” essa imagem.
Ora nessa sua residência, o Duque de Winsor dava festas muito badaladas e recebia hóspedes variados, entre os quais apareceu um casal americano, os Simpson.
A uma certa altura o casal começou a deteriorar o seu casamento que acabou em divórcio e o Duque começou a ser um acompanhante preferencial de Wallis, a divorciada senhora Simpson.
Quando é feita essa proposta de casamento ao Duque, ele aceita com uma condição, que o casamento fosse com Wallis Simpson e fosse um casamento branco, ou seja, não consumado, deixando ao critério da senhora se ela quisesse ter um filho ou não (claro por interposta pessoa).
Entretanto em 1936 morre Jorge V e a Inglaterra vê-se com um rei – Eduardo VIII, com 42anos, solteiro e sem noiva.
A solução é o tal casamento, mas Wallis é divorciada e americana, e não só os súbditos a não aceitariam como rainha como o próprio Arcebispo de Cantuária, chefe da igreja inglesa não o permitiria, pelo que 11 meses depois, Eduardo VIII, abdica do trono, “por amor”, a favor do seu irmão Jorge VI, pai de Isabel II. Casa com a senhora Simpson em França, e curiosamente o padrinho de casamento é o seu secretário e amante
e passam a viver em França.
A vida sexual entre os dois era inexistente e a uma certa altura Wallis traz para a sua residência, um playboy americano amigo e bissexual, Jimmy Donahue, que contentava os dois duques sexualmente.
A coroa britânica nunca aceitou este casamento e o Duque apenas foi autorizado a visitar Londres por altura da morte da sua avó, Mary.
Mais tarde, houve uma certa abertura de Isabel II para resolver esta questão e os restos mortais daquele que foi rei por 11 meses, como Eduardo VIII, estão sepultados, como os da Duquesa, em Windsor.

Como apêndice uma curiosa foto...

terça-feira, 16 de julho de 2013

Pierre et Gilles

Embora as primeiras obras de Pierre et Gilles datem de alguns anos antes, as suas estratégicas formais parece terem-se fixado naturalmente nos anos setenta do século passado.
Pierre tira fotografias sobre as quais Gilles pinta.
A evolução das tecnologias não teve o mais pequeno efeito sobre a obra da dupla, que se tem mantido à margem das facilidades proporcionadas pelos retoques digitais ou das formas de duplicação propiciadas pelo computador.
Há um ritmo constante de novas imagens sem períodos, focadas sobre matérias específicas. São temas vastos e intemporais, muitas vezes interligados, do amor, da morte, da mitologia e da religião.
As imagens de Pierre et Gilles são feitas no estúdio da cave da sua casa, atingindo a vida física no mesmo espaço em que o sujeito posa.
Um dos seus hábitos é fotografarem gente célebre, sendo imensa a galeria de personalidades já retratadas.


Apresento aqui alguns dos seus trabalhos que mais apreciei, certo de que outras escolhas seriam muito válidas, mas também procurar cobrir vários ângulos do tipo de fotos que publicam.





















sábado, 13 de julho de 2013

Reencontro em Lisboa

Pois é, desta é que foi de vez.
Finalmente e depois de sucessivos adiamentos devidos  à vida do Déjan que mudou muito por causa do estágio que está a fazer, finalmente chegámos à escolha de datas e os bilhetes estão comprados: chegará a Lisboa à noitinha de 9 de Outubro e aqui permanecerá até 24 do mesmo mês.
Depois de oito meses separados a completar nessa altura, estaremos de novo juntos, pouco tempo antes do nosso oitavo aniversário.
Vão ser dias bons, passados quase sempre aqui em Lisboa com uma ida aqui ou ali, mas acima de tudo, um com o outro e sem o fantasma de exames.
Antes pelo contrário, iremos decerto falar no seu futuro, lá para princípios de 2014, na Alemanha, onde eventualmente acontecerá o nosso posterior reencontro.
Gostaria de aproveitar a presença dele aqui para promover aquele jantarinho, de "lançamento" do livro do Miguel, de que falei no post sobre o seu livro, e que não tendo o alcance nem a preocupação de um jantar de blogs, será aberto a quem quiser estar presente e que portanto será a 12 ou 19 de Outubro, data a confirmar com o Miguel e no sítio do costume - o Guilho!
Mas disso falaremos mais detalhadamente mais tarde.
Deixem-me ficar a sonhar com este Outono que promete, apesar de todas as crise, ter duas semanas de muita felicidade.

quinta-feira, 11 de julho de 2013

"Sinais de Fogo"

Jorge de Sena (Lisboa, 2 de Novembro de 1919 Santa Bárbara, Califórnia,  4 de Junho de 1978)  foi poeta, crítico, ensaísta, ficcionista, dramaturgo, tradutor e professor universitário português.
Filho único de Augusto Raposo de Sena, natural de Ponta Delgada e comandante da marinha mercante, e de Maria da Luz Teles Grilo de Sena, natural da Covilhã e dona-de-casa. Ambas as famílias eram da alta burguesia, a paterna de suposta linhagem aristocrática de militares e altos funcionários, e a materna de comerciantes ricos do Porto. Segundo relata no seu conto Homenagem ao Papagaio Verde, teve uma infância recolhida, solitária e infeliz, o que fez com se tornasse introspectivo, observador e imaginativo.
Fez a instrução primária e os primeiros anos do liceu no Colégio Vasco da Gama. Concluiu os estudos secundários no Liceu Camões, onde foi aluno de Rómulo de Carvalho. Era um jovem que lia avidamente, tocava piano e escrevia poemas. Na Faculdade de Ciências de Lisboa, fez os exames preparatórios com as notas mais elevadas.
Sena nutria a ideia algo romântica de se tornar oficial da marinha, seguindo as pisadas do pai. Em 1938, aos 17 anos, entrou para a Escola Naval como 1º do seu curso. A 2 de Outubro de 1937 , iniciou a sua viagem de instrução a bordo do navio escola Sagres. Visitou os portos de S. Vicente, Santos, Lobito, Luanda, S. Tomé e Dakar, chegando a Lisboa no final de Fevereiro de 1938 . O contacto com a imensidão do oceano, a azáfama da vida a bordo e o movimento e mudança constantes agradaram ao jovem Sena, mas nem tudo correu bem. Segundo o relato de um antigo camarada de curso, naquele ano a viagem de instrução foi excepcional e particularmente dura e exigente em termos de preparação e destreza física, copiando o modelo da marinha alemã. Na parte teórica do curso Sena era brilhante, mas em termos atléticos era medíocre e apesar dos muitos esforços que fez não conseguiu satisfazer as elevadas expectativas do comandante do curso, que parecia nutrir um ódio de estimação pelo cadete contemplativo e intelectual. No final da viagem, foi comunicado a Sena que iria ser proposta a sua exclusão da Marinha por lhe faltarem as "necessárias qualidades" para oficial. Sena ficou profundamente frustrado e desgostoso com esta rejeição e o seu afastamento definitivo de um modo de vida que tanto almejava.
Apesar da sua inclinação natural para a literatura, o sobredotado Sena decidiu frequentar o curso de Engenharia Civil, iniciando-o em Lisboa e concluindo-o no Porto, em 1944, com a ajuda financeira dos seus amigos Ruy Cinatti e José Blanc de Portugal. O curso pouco o entusiasmou, mas durante todo esse tempo escreveu bastantes poemas, artigos, ensaios e cartas. Desde os 16 anos que escrevia e em 1940, sob o pseudónimo de Teles de Abreu, publicou os seus primeiros poemas na revista Cadernos de Poesia, dirigida por Cinatti, Blanc de Portugal e Tomás Kim. Em 1942, publica o seu primeiro livro de poemas, Perseguição, que não impressiona muito o seu amigo e crítico João Gaspar Simões e Adolfo Casais Monteiro considera-o um livro revelador mas difícil.
Em 1947, Sena inicia a sua carreira de engenheiro, que durou 14 anos. Trabalhou como engenheiro civil na Câmara Municipal de Lisboa, na Direcção-Geral dos Serviços de Urbanização e na Junta Autónoma das Estradas (JAE), onde permanecerá até ao seu exílio para o Brasil em 1959.
Em 1940, no Porto, Jorge de Sena conhece e torna-se amigo de Maria Mécia de Freitas Lopes (irmã do crítico e historiador literário Óscar Lopes), começando a namorar em 1944 e casando-se em 1949. Jorge de Sena e Mécia de Sena tiveram nove filhos. Mecia, sua incansável companheira e enérgica colaboradora, apoiando o escritor nas inúmeras crises que lhe surgiram ao longo de uma vida por vezes atribulada.
Trabalhava incansavelmente, para sustentar a crescente família. Além do seu absorvente trabalho diurno na JAE (que lhe possibilitou viajar e conhecer o Portugal profundo), Sena também se dedicava à direcção literária em editoras, à tradução e revisão de textos, ocupações que lhe roubavam precioso tempo para a investigação literária e a para a sua obra. A banalidade e a pequenez do quotidiano no Portugal de Salazar das décadas de 1940 e 1950 atormentam-no, bem assim como a mediocridade, a mesquinhez e a intriga dos meios literários, a opressão política, a censura literária, resultando num ambiente de trabalho sufocante e absolutamente frustrante, mas que não deixam de o inspirar para o poema É tarde, muito tarde na noite…
Durante esses anos publica várias obras: O Dogma da Trindade Poética – Rimbaud (1942), Coroa da Terra, poesia (1946), Páginas de Doutrina Estética de Fernando Pessoa(organização), 1946, Florbela Espanca (1947), Pedra Filosofal poesia (1950), A Poesia de Camões (1951), etc.
A sua situação como escritor e cidadão estava a tornar-se insustentável. Como escritor, não tinha tempo livre para escrever, apenas o podia fazer de modo insuficiente e limitado à noite e aos domingos. Também o facto de não pertencer a nenhum círculo académico e a falta de apoio institucional lhe frustrava qualquer pretensão de poder vir a editar alguma obra mais ambiciosa. Por outro lado, a sua participação numa tentativa revolucionária abortada em 12 de Março de 1959, colocou-o em posição de prisão iminente, no caso muito provável de algum dos conspiradores presos pela PIDE denunciar os que ainda se encontravam livres.
Em Agosto de 1959, viajou até ao Brasil, convidado pela Universidade da Bahia e pelo Governo Brasileiro a participar no IV Colóquio Internacional de Estudos Luso-Brasileiros. Tendo sido convidado como catedrático contratado de Teoria da Literatura, em Assis, no Estado de S. Paulo, aproveitou essa oportunidade e aceitou o lugar, iniciando assim o seu longo exílio. Ele faz amizade com o poeta Jaime Montestrela, que dedicou o seu livro Cidade de lama. Por motivos profissionais teve de adoptar a cidadania brasileira.
Não foi contudo um exílio libertador. Sentia saudades da pátria, apesar do rancor perene que nutria pela pequenez, mesquinhez e falta de reconhecimento nacionais que o atormentariam até ao final da vida.
Em 1961, Jorge de Sena foi ensinar Literatura Portuguesa na Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras de Araraquara. Em 1964, depois de vencer alguns preconceitos académicos pelo facto de ser licenciado em Engenharia, Jorge de Sena defendeu a sua tese de doutoramento em Letras (Os Sonetos de Camões e o Soneto Quinhentista Peninsular), tendo obtido os títulos académicos "com distinção e louvor".
O período de seis anos que passou no Brasil foi muito produtivo. Finalmente, tinha toda a disponibilidade para se dedicar à sua obra com a devida profundidade e profissionalismo. Poesia, teatro, ficção, ensaísmo e investigação. Parte do romance Sinais de Fogo e a totalidade dos contos Novas Andanças do Demónio foram escritos neste período.
A degradação da situação política no Brasil, com a instalação de uma ditadura militar a partir de Março de 1964, fez com que Jorge de Sena, mais do que nunca avesso a prepotências, aceitasse um convite para ensinar Literatura de Língua Portuguesa na Universidade de Wisconsin, para partir para os Estados Unidos em Outubro de 1965. Em 1967 foi nomeado catedrático do Departamento de Espanhol e Português da referida universidade.
De 1970 até 1978 foi catedrático efectivo de Literatura Comparada na Universidade da Califórnia, em Santa Barbara. Apesar da satisfação de ensinar e da amizade que os alunos lhe dedicavam, Sena não foi feliz. Queixava-se da "medonha solidão intelectual da América" onde não havia "convívio intelectual algum" e da esterilidade e espírito burguês do meio académico, que não se interessava pela sua obra.
Quando se deu o 25 de Abril Jorge de Sena ficou entusiasmado e queria regressar definitivamente a Portugal, ansioso de dar a sua colaboração para a construção da democracia. Sena visitou Portugal, contudo, nenhuma universidade ou instituição cultural portuguesa se dignou convidar o escritor para qualquer cargo que fosse, facto que muito o desiludiu e amargurou, decidindo continuar a viver nos Estados Unidos, onde tinha a sua carreira estabelecida.
Jorge de Sena morreu em 4 de Junho de 1978, aos 58 anos, de cancro. Em 11 de Setembro de 2009, os seus restos mortais foram trasladados de Santa Barbara, Califórnia, para o cemitério do Prazeres em Lisboa, depois de uma cerimónia de homenagem na Basílica da Estrela, com a presença de familiares, amigos e entidades oficiais.

Foi um dos mais influentes intelectuais portugueses do século XX, com vasta obra de ficção, drama, ensaio e poesia, além de importante epistolografia com figuras tutelares da literatura portuguesa e brasileira. A sua obra de ficção mais famosa é o romance autobiográfico Sinais de Fogo, adaptado ao cinema em 1995 por Luís Filipe Rocha. Grande parte da sua obra foi publicada postumamente pelos cuidados da viúva, Mécia de Sena.

Acabei de ler à dias o romance “Sinais de Fogo” de Jorge de Sena, do qual já tinha lido com muito agrado uma colectânea de contos sob o título “Os Grão Capitães”.
Este romance, em que a personagem principal, Jorge, tem muito de autobiográfico, passa-se na sua maior parte na Figueira da Doz, uma praia onde passei grande parte dos Verões da minha infância e da minha juventude; e se bem que a época seja diferente (finais dos anos 30 do século passado), não diferiria muito da Figueira dos anos 50/60 que eu conheci.
È um livro nem sempre fácil, devido às muitas considerações filosóficas que o autor vai entremeando com o decorrer da acção, mas com um elevado valor intelectual, podendo sem qualquer dúvida considerar-se talvez o mais importante ou pelos menos dos mais importantes marcos da literatura portuguesa da segunda metade do século XX.
 Com uma inesperada e nada contida narração sexual, tem, ouso dizê-lo, das mais ousadas narrativas sexuais jamais escritas em português, desde o mundo da prostituição, ao amor heterossexual puro (?), ás orgias, ao sexo homossexual, enfim, para todos os gostos, mas nunca gratuito ou deslocado.
No meio de toda a acção está a Guerra Civil Espanhola, a confirmação da ditadura portuguesa, a ascensão do nazismo e todos os fenómenos daí advindos na formação humana e política do Jorge.
O livro pode considerar-se inacabado, pois haveria várias hipótese finais que nunca chegaram a ver a luz do dia; apesar de tudo é um longo romance, com cerca de 600 páginas.
Deste romance foi realizado um filme, por Luís Filipe Rocha, em 1995 tendo Diogo Infante como protagonista, cujo trailer aqui deixo.
E também deixo o primeiro vídeo de uma magnífica série de cinco episódios, apresentados na RTP 2, sob o título genérico de Grandes Livros, e que merece ser visto na íntegra (está no You Tube). Curiosamente as cenas do filme aqui apresentadas não são do filme do LFRocha.  
Um livro memorável que merece a atenção de quem se interessa por ler, mas também por quem se interessa por um período tão interessante da nossa História recente.

domingo, 7 de julho de 2013

Clássicos da dança no feminino

Este post pretende homenagear os grandes nomes da dança feminina, no cinema e refiro-me como é óbvio a  nomes clássicos, já que no cinema mais moderno, muitos outros nomes poderíamos acrescentar.
E nem sequer estou a pretender que estes serão os nomes mais importantes, pois outros haveria que aqui não estão, como Betty Grable ou Cyd Charrisse por exemplo; e poderíamos mesmo contestar a inclusão de Carmen Miranda, essencialmente uma cantora, ou mesmo de Rita Hayworth, acima de tudo,uma actriz.
São de qualquer forma cinco excelentes vídeos, onde além das já citadas Carmen Miranda e Rita Hayworth, podemos encontrar as realmente fabulosas bailarinas que foram Eleonor Parker (aqui acompanhada pelo genial Fred Astaire), Ann Miller e principalmente Ginger Rogers.
Saborear estas preciosidades é bom em tempo de calor e de crise.
Qualquer dia virão os homens...








quarta-feira, 3 de julho de 2013

Um país surreal

Não gosto muito de escrever postagens sobre a situação política, mas o que aconteceu em Portugal, a nível político é tão patético, tão surreal, que merece uma referência.
Numa pincelada rápida, o que se passou foi que segunda feira, Vitor Gaspar pede a sua demissão da pasta das Finanças numa elaborada carta enviada ao primeiro ministro. Nela não aponta uma causa directa mas farta-se de mandar pistas e não estarei muito longe da verdade se disser que a razão desse pedido de demissão assenta num somatório de pressupostos: ele já não acreditava na eficácia da sua política que falhou em todos os campos; ele tinha uma crescente oposição dentro do próprio governo, não só do outro partido da coligação, o CDS, mas de vários ministros do PSD.
Os grupos parlamentares que sustentam a coligação estão cada vez mais “rebeldes” e chegam a aprovar no Parlamento 6 medidas apresentadas pelo PS; a desconvocação da greve dos professores só foi conseguida com concessões que criam um perigoso precedente nos regimes de mobilidade da função pública aprovados sob pressão da troika. E ainda foi apanhado na armadilha montada por Teixeira dos Santos que o “entalou” com a questão dos Swapps.
Razões pois de sobra para Gaspar se ir embora, e como não deixa saudades, há a possibilidade de Passos Coelho resolver vários casos de uma vez só com a escolha de um novo ministro que implemente uma política orçamental e económica diferente, como por exemplo Paulo Macedo.
Mas o primeiro ministro mostra uma vez mais que é tudo menos um político e nomeia a pior pessoa possível, Maria Luis Albuquerque
que não só é a garantia de uma política inalterada, como é uma pessoa marcada por fortes suspeitas de políticas financeiras de risco quando gestora da Refer.
Portas, líder do outro partido da coligação, vai aos arames e pede a demissão, havendo uma grande confusão sobre o timing em que a apresentou, mas o facto é que essa demissão é comunicada ao silva de Belém, em cima da hora da tomada de posse da nova ministra das Finanças, acto verdadeiramente triste e bem demonstrativo de como é ridícula e apavorante a “pequena política portuguesa”.
Findo esse chocante episódio, PC reúne com o Governo em S.Bento e vai num instantinho à reunião da comissão política do seu partido a comunicar que no seu discurso ao país irá dizer que não de demite.
Num inacreditável palavreado, comunica essa sua decisão ao país e cúmulo dos cúmulos diz que não aceita a demissão de Portas, pelo que não pediu a sua exoneração ao silva e Belém, e que fará TUDO para que este governo não caia porque isso blá, blá, blá, blá, já sabemos de cor e salteado as consequências que ele invoca.
O que faz PC tomar esta atitude? Ele sabe que se ele se demitir, haverá eleições antecipadas, provavelmente a 29 de Setembro, coincidindo com as autárquicas e sabe que sendo assim, o PSD quase desaparece na contagem dos votos. Não se demitindo, procura ganhar tempo, para inviabilizar a coincidência de datas e vai procurar culpabilizar Portas e o seu partido da crise política.
Aguardam-se os próximos capítulos que prometem ser tão escandalosos como estes aqui relatados.
E o silva? O que faz? NADA!!!!!
O silva é um zero à esquerda, perdeu toda a decência mínima para ser PR. E pode ser, e deve ser, acusado de ter uma imensa quota parte neste “imbróglio” político.
Para piorar a situação, Seguro não é um homem que dê garantias de “salvar o barco”, embora possa ou pelo menos o tente, bater o pé na EU para que Portugal não seja o primeiro país a sair do euro e provocar com isso um efeito dominó de consequências dramáticas.
E nós, ficaremos melhor? De forma alguma e os tempos que aí vêm serão não só difíceis como têm sido, mas também extremamente incertos.
Mas resta-nos a consolação que fizemos o que devíamos ter feito para mandar estes bandalhos para a “p*** que os p****”.

domingo, 30 de junho de 2013

Guilherme de Melo

Morreu Guilherme de Melo.
Mais que um escritor de grande mérito – li por assim dizer toda a sua obra – foi um ser humano excepcional, sempre amigo do seu amigo e amigo de quem precisava. Foi a primeira pessoa a dar a cara como homossexual, aqui em Portugal, sem medo, como sem medo desafiou uma Lourenço Marques muito tradicional, onde era um jornalista de grande prestígio, ao assumir de uma forma quase mesmo provocatória, a sua orientação sexual, como relata admiravelmente no seu melhor livro “ A Sombra dos Dias”.
Aparecia com o seu namorado de então, um bombeiro, em debates televisivos quando não era fácil (ainda hoje não é), aparecer publicamente a defender os direitos dos que não escolheram uma vida sexual diferente da maioria das outras pessoas e sempre o fez com veemência sim, mas de uma forma contida, educada e aprazível.
A sua carreira jornalística no “Notícias de Lourenço Marques”, enquanto viveu em Moçambique e depois aqui em Lisboa no “Diário de Notícias” foi um exemplo para tantos que agora dão uma péssima imagem do que é ser jornalista.
Até sempre, Amigo!

sexta-feira, 28 de junho de 2013

Viagens 10 - Espanha aqui tão perto - (Andaluzia)

Em Outubro de 1976, fui colocado em Serpa, para dar aulas na Escola Preparatória local e aí permaneci até final do primeiro período escolar de 1979/80, até ao Natal de 1979, ou seja cerca de três anos, um pouco mais naquela linda vila (hoje cidade) alentejana.
Foram anos de fácil integração pois aquela gente sabe bem receber e em pouco tempo me familiarizei com a terra e com as gentes. Morava numa zona especialmente adaptada para receber professores, na residência de uma Senhora que dava aulas na mesma escola que eu e que tinha  três quartos duplos, uma casa de banho e uma pequena cozinha onde podíamos cozinhar e comer.
Situava-se no Largo do Corro 
local central, logo ali perto do Hospital, de quem era director um médico de quem me tornei amigo e que possuía a mais bela casa de Serpa.
Era um homem culto, rico e mulherengo, com quem eu geralmente apanhava boleia quase todos os fins de semana, saindo sexta feira ao fim da tarde e regressando cedinho na segunda, para iniciar as aulas semanais.
Serpa está situada na região raiana, distando da fronteira de Ficalho, apenas pouco mais de 20 kms, e daí, por uma estrada manhosa, é certo, era um “saltinho” até Sevilha.
Daí que durante a minha estadia foram várias as idas a esta bela cidade, quase sempre no carro da minha maior amiga, a Manuela, que era um delicioso 2 CV, vermelho, conhecido por “BU” devido às letras da sua matrícula.
Sevilha é uma cidade linda, cheia de coisas para ver, desde monumentos, a casas maravilhosas, com o Guadalquivir a meio, muito calor e uma gente que recebia bem, mas também roubava melhor: não me lembro de encontrar alguém que não fosse roubado em Sevilha.
Uma vez fomos numa excursão, um grupo alargado de professores das duas escolas, até Sevilha, parando nas grutas de Aracena, que mereciam uma visita
e daí ainda seguimos até Algeciras, visitando Gibraltar
e atravessando o estreito demos um salto a Marrocos, para visitar a cidade espanhola de Ceuta.
Claro, que enquanto andávamos a visitar Sevilha, a camioneta estacionada bem perto da polícia, foi assaltada e feita uma “limpeza geral” aos bens que estavam no seu interior.
Em Ceuta andei pela primeira e única vez, de camelo, o que achei curioso e porco ao mesmo tempo, pois saí de lá a cheirar a bedum, que fartava.
Mas foram várias as incursões a Espanha nesse tempo, tendo conhecido Huelva
Cádiz e Jerez de la Frontera e também a Isla Cristina a poucos quilómetros de Vila Real de Santo António, onde passámos um Carnaval deveras divertido.
Tive pena de nunca ter assistido às festas da Virgen del Rossio, perto de Huelva, a maior concentração cigana de toda a Espanha e uma das maiores do mundo, e que curiosamente era simultaneamente uma festa muito gay, com uma grande concentração nessa festa anual, realizada num dos primeiros fins de semana de Pentecostes.
Mas das muitas e variadas viagens feitas à Andaluzia, quando estive em Serpa, recordo duas em especial: a primeira, quando no célebre BU, vínhamos de regresso para a fronteira eu, o Zé (esteve presente neste último jantar de blogs, como meu convidado), a Manuela e a Ana Cristina e porque nos atrasámos demos com a fronteira fechada.
Sim, porque naquela altura a fronteira fechava penso que à meia noite, e assim tivemos que procurar local para dormir em Rosal de la Frontera, uma aldeia fronteiriça que não tem qualquer hotel ou pensão; mas lá arranjámos um quarto com duas camas numa casa qualquer e dormimos eu e o Zé numa cama e elas noutra; não, não aconteceu nada do que pensam pois o Zé sempre foi hétero e embora sabendo de mim, pois compartilhávamos o mesmo quarto na referida casa em Serpa, nunca houve nada entre nós.
Mas naquela noite deu-nos para a barracada e começámos a fazer uma chinfrinada a imitar sons de orgasmos, nós e elas e aquilo deu uma barracada das antigas pois os donos da casa quiseram expulsar-nos, chamando-nos nomes muito feios, como podem imaginar.
 Lá os convencemos que tinha sido um brincadeira e conseguimos descansar umas horas.

A outra viagem foi bem mais especial.
O tal médico meu amigo, convidou-me no final do ano lectivo a ir com ele e com a sua namorada de então, uma moça muito bonita de Lisboa, a passar duas semanas a Torremolinos, perto de Málaga e que era (ainda é) uma estância de férias muito famosa.
Sabendo que eu não tinha dinheiro para umas férias assim, disse-me que eu ficava no mesmo quarto deles, que era uma suite num dos melhores hotéis da cidade, havendo uma privacidade garantida, pois era tão grande a suite que era como que houvesse dois quartos num só.
O hotel, bem central, tinha praia privativa, almoçávamos sempre no hotel, pois era regime de meia pensão e ao jantar quase sempre ia jantar com eles, sem nunca pagar um tostão…
Claro que depois de jantar, eu ia à minha vida e eles iam todas as noites para uma famosa discoteca, que a mim não me dizia rigorosamente nada.
Preferia outro género de discotecas, e muitas havia em Torremolinos, e divertia-me muito e bem, todas as noites, chegando ao hotel às tantas, já eles estavam recolhidos.
Claro que eles não sabiam que eu era gay e assim não lhes dizia por onde andava realmente nem com quem, mas passado pouco tempo conheci um jugoslavo (é minha sina, está visto), o Ivica, lindo de morrer e com quem comecei a encontrar-me todas as noites.
O pior é que não tínhamos sítio para “estar”, pois era impensável levá-lo ao meu hotel e ele estava com a família num outro hotel, também.
Nada que a praia não resolvesse, às tantas da manhã…
Arranjei uma peta para os meus amigos, o médico e a namorada, dizendo que tinha conhecido uma jugoslava, para me esquivar a ir com eles para aquela discoteca onde eles iam todas as noites (penso que se chamava “Rolls Royce”), mas eles diziam para trazer a jugoslava comigo, pois seria divertido estarmos os quatro na discoteca a conversar e dançar.
Havia de ser bonito…
Quando nos viemos embora houve choro na despedida, entre mim e o Ivica, promessas de amor eterno, como em todas as paixonetas de Verão.
Claro que durante uns tempos trocámos postais, que foram escasseando até tudo ficar na poeira do tempo.
O Déjan acha imensa piada a esta história, que se passou quando ele tinha para aí uns 5 anos…
Mais tarde, vim a conhecer muito melhor toda a Costa do Sol andaluza, tendo inclusive passado duas semanas de férias, já com o Duarte, em Marbella
e visitámos nessa altura, de novo Torremolinos mas tinha perdido algum encanto. Foi também nessas férias que visitámos Málaga
Córdova
e Granada, entre outros sítios.
Curiosamente ainda tenho uma foto do hotel onde ficámos em Córdova, que era óptimo e eu era um bocadinho mais novo e mais magro…

terça-feira, 25 de junho de 2013

O livro do Miguel

Não sei exactamente por onde começar…
São cinco e meia da manhã e acabei agora mesmo de fazer algo impensável apenas algumas horas atrás – ler pela primeira vez na vida um e-book!
Tudo aconteceu quando ontem à noite, ao dar uma vista de olhos pelos blogs que sigo, deparei com a postagem acabada de ver no blog da Margarida, e dei comigo a escrever-lhe um comentário lacónico “estou quase tentado a ler um e-book pela primeira vez na vida…”.
Estava a fechar o PC quando reparei que um filme do qual estou a fazer o download no e-Mule estava a receber muito bem e portanto não quis fechar logo o computador; mas porque já tinha fechado tudo da net, excepto o e-Mule, e para preencher o tempo fui à área de trabalho e abri o atalho do Adobe Digital Editions, onde tinha posto durante a tarde o e-book que o João Máximo me tinha enviado (como sempre) do livro do Miguel, ontem mesmo editado, mesmo sabendo ele que eu iria comprar o livro na Bubock para o ler fisicamente, como gosto e sempre faço (até tínhamos falado nisso, ao telefone).
E dei comigo a começar a ler um livro, cujo título é um bocado estranho – “Elvis sobre a baía de Guanabara e outras histórias”, de um autor que eu conheço muito bem, e que faz o favor de ser meu amigo – o Miguel. Li a primeira história – “Furadouro”, e li mais duas, tendo a terceira um título deveras interessante para mim,  “Rua de S.Marçal”, porque foi nessa rua que eu vivi os meus primeiros quatro anos lisboetas.
E quando a terminei, dei por mim a pensar em tudo o que eu vivi nessa rua e adjacentes, e pensei que ainda um dia iria escrever sobre essa rua, também…
Talvez porque esses pensamentos me tivessem ocupado a mente, talvez por ser tarde, verifiquei que as fontes do download, tinham secado, e assim sendo, fechei o computador e fui dormir.
Como é meu hábito, o sono para mim é completamente irregular e assim acordei pelas 4 e 20 da madrugada e de imediato fui abrir o PC, não para ver algo dos blogs, do correio electrónico, ou repor o e-Mule a fazer downloads; fui deliberadamente continuar a leitura do livro do Miguel.
E não consegui parar!!!
Li tudo, tudinho e como Carneiro que sou aqui estou a dizer isto tudo e que se resume em poucas palavras: acabei de ler um dos mais belos livros que já li em toda a minha vida.
 Não, não digo isto porque o Miguel é meu amigo, digo-o convictamente porque o livro é para mim, absolutamente maravilhoso.
Eu não sou um grande crítico literário e até tenho alguma inveja em ler belíssimas criticas na bloga a livros lidos, nomeadamente do Miguel.
Tenho dificuldade em dizer porque gosto ou não gosto, tenho alguma inércia de procurar trechos que evidenciem o valor de um livro, enfim, aprecio muito e fico com uma ideia precisa daquilo que vou lendo, mas sem o expressar, sem desenvolver as ideias com que fiquei.
Neste caso, estes contos são de tal maneira intensos por um lado, e tão maravilhosamente descritivos por outra, que fiquei rendido, total e inequivocamente rendido.
Seria maravilhoso deixar aqui uma impressão de cada um, mas não o farei e a obra vale pelo todo, porque não há contos melhores ou piores, são todos bons e devem ser lidos como um todo, uma laranja sumarenta e doce, com os seus gomos apetecíveis.
No entanto há dois contos que realço, e por razões diversas.
Um é “Chez Toi” por aquilo que ele representa para o Miguel; é um conto muito pessoal, o mais pessoal de todos eles, atrever-me-ia mesmo a dizer.
O outro é o último – “Quatro Canções”, subjectivamente o meu preferido e objectivamente um conto memorável. Além do mais, não no desfecho, mas no seu início, tem muito a ver com vivências minhas… Para finalizar faço um apelo: por favor leiam este livro!
É imprescindível para qualquer pessoa que goste de ler, para quem tiver sensibilidade, para quem goste de sentimentos e de formas diversas de os viver.
E lanço desde já aqui um desafio, ao João e ao Luís, que em boa hora “deram à luz” este livro, para num futuro próximo, numa data a combinar com o Miguel, (e depois de eu e mais algumas pessoas terem adquirido o livro físico), de fazer um jantar de apresentação formal deste livro.
Não será um jantar de blogs, de forma alguma, mas sim um encontro que tem como objectivo único reunir pessoas que tenham lido e gostado deste livro e também , é óbvio daquelas pessoas que estejam interessadas em lê-lo.
Contem comigo, e decerto com a Margarida para pormos esta iniciativa de pé.