sexta-feira, 23 de agosto de 2013

Cinemas de Lisboa - 8

O “Salão Lisboa"
é talvez o mais conhecido dos cinemas chamados “piolhos” desta cidade. Construído e abrindo portas em 1916 teve várias transformações na sua fachada sendo a última datada de 1932.
Foi um cinema extremamente popular, pois estava situado no bairro da Mouraria,  em pleno Martim Moniz; com uma programação essencialmente constituída por filmes de acção, teve sempre um público muito jovem.
Fechou em 1972 e tive o prazer de ainda aí ver uma meia dúzia de filmes.*
Hoje é um armazém de revenda que mantem a fachada e inclusive, o nome.

O cinema Restelo, na Av.Vasco da Gama, abriu na década de 50 para servir a população da zona ocidental da cidade
era bastante vasto, com plateia e dois balcões e tinha uma entrada bastante original preenchida com bastantes plantas exóticas, principalmente cactos.
Teve obras de remodelação nos anos setenta e acabou por encerrar na década de oitenta.
No  seu lugar, está agora um moderno edifício, que alem de um Pingo Doce alberga também outros serviços como a Entidade Reguladora dos Serviços Energéticos.

O Max Cine tinha uma particularidade muito curiosa: a cabine de projecção estava isolada e situava-se no exterior do cinema. Tentou ser um cinema de estreia mas não o conseguiu.
Situava-se na Rua Barão de Sabrosa e surgiu nos anos 30
Curiosamente foi vendido em 1968 à paróquia de S.João Evangelista, que ali erigiu num novo edifício a sua igreja.

O Cinema Promotora situado em Alcântara, no Largo do Calvário
 fazia parte de uma instituição com fins culturais chamada “Sociedade Promotora de Educação Popular”.
Curiosamente as exibições de cinema começaram logo no início do século XX, tendo passado por sucessivas melhorias até à construção em 1929 de um edifício próprio para a exibição de cinema e que funcionou até meados da época de oitenta. Actualmente continua a promover actividades culturais, estando ali instalados além da Videoteca de Lisboa, um pequeno auditório, onde se exibiu curiosamente o primeiro filme do 1º.Festival de cinema Gay e Lésbico de Lisboa (1996), uma ludoteca e uma biblioteca especializadas em meios audiovisuais.

O “Cine Oriente” abriu as suas portas em 1935, na Av.General Roçadas, em Penha de França
.Era um típico cinema de bairro histórico, um dos chamados cinemas piolho de Lisboa, com cadeiras de madeira e matinés muito concorridas, não tendo conseguido sobreviver à febre dos centros comerciais e encerrou em 1970, dando origem a uma estação de Correios (quem sabe se não será uma das que vai encerrar por este (des)governo…

O Cinema Arco-Íris era um pequeno cinema de reprise, situado no mesmo edifício do Coliseu dos Recreios, no lado direito da porta de entrada.

 Pensa-se que poderá existir desde a década de quarenta mas só há referências concretas acerca do cinema cerca de 1960. Por volta dos anos 80 passou a ser um bar de “Peep Show”, chamado Bar 25
tendo sido depois um café, uma livraria, uma loja de discos e hoje parece ser um dos muitos restaurantes daquela zona.

O cinema Palatino surgiu em 1931 na zona de Santo Amaro, concebido para receber espectáculos de teatro e de cinema, possuindo excelentes condições e era um espaço amplo
. Fechou as portas em 1974, tendo sido demolido e é hoje um prédio de habitação

* Depois do comentário da Margarida seria impossível numa postagem como esta não acrescentar este vídeo sobre o "Salão Lisboa". Aqui fica este magnífico vídeo que tem todo o cabimento aqui, com um beijinho agradecido à Margarida.

segunda-feira, 19 de agosto de 2013

Cinemas de Lisboa - 7

Continuo hoje a falar de cinemas de reprise, talvez os mais famosos, e decerto alguns muito importantes como cinemas de bairro liboetas.
O Chiado Terrasse
na conhecida rua da PIDE, vizinho do S.Luís  foi o primeiro cinema de Lisboa a ser construído para passar cinema, em 1908 tendo sido considerada uma das mas importantes salas lisboetas. Passou por várias fases, com espectáculos de vária ordem
mas desde os anos 30 que passou a exibir filmes de reprise, tendo encerrado portas em 1972 e é hoje uma agência bancária

O cinema Pathé tem uma história atribulada com uma constante mudança de nomes. Quando abriu, perto de Arroios, noa anos 20, chamava-se Pathé; mas na década de trinta com a introdução do cinema sonoro, teve importantes obras e passou a chamar-se Imperial
Foi durante muitos anos uma das melhores salas de reprise de Lisboa, mas na década de 70 foi tomada a decisão de demolir o edifício e construir outro novo e modernizado, voltando ao nome de Pathé
e curiosamente passou a ser cinema de estreias, mas nos anos 80 começou a perder público tendo encerrado em 1987. No início dos anos 90 funcionou como discoteca, mas acabou por fechar. Encontra-se actualmente abandonado tendo servido para acolher os sem-abrigo.

No princípio dos anos 30 foi construído o Cinema Paris
na rua Domingos Sequeira, que liga a Estrela a Campo de Ourique, um belo cinema em Art Deco, para projecção de cinemas de reprise. Foi dos mais importantes cinemas de bairro de Lisboa, mas como tantos outros acabou por encerrar portas no final dos anos 70 estando hoje num estado de degradação total.

O Lys
numa das esquinas da Av.Almirante Reis, não longe dos Anjos foi um magnífico cinema de reprise que teve um percurso algo semelhante ao do Pathé/Imperial. Foi inaugurado em 1930 e nele eram exibidos em sessões de reprise os grandes êxitos logo após terem deixado as salas de estreia
Depois de grandes obras, passou a chamar-se Roxy e abriu em 1973 como cinema de estreias
Depois foi a normal decadência tendo fechado em 1988. Hoje é um edifício que alberga escritórios e uma sapataria

Na Av.Pedro Álvares Cabral, logo a seguir ao Rato havia um dos meus cinemas preferidos dos primeiros tempos que vivi em Lisboa, por ser o mais perto de minha casa, por ser barato, (via dois filmes por “tuta e meia”) e era muito original por causa das suas cadeiras, que eram de verga, pelo que o Jardim Cinema
que era este o seu nome, era também conhecido pelo “Palhinhas”
nos últimos tempos parece que chegou a chamar-se Monte Carlo, sendo posteriormente sido um enorme salão de jogos
depois serviu de estúdio de televisão e agora parece vir a ser uma leiloeira…

O cinema Rex
localizava-se na Rua da Palma tendo iniciado as exibições cinematográficas em 1929, tendo encerrado nos anos 60, sendo depois sido reaberto em 1968 como Teatro Laura Alves, o qual por sua vez encerrou portas em finais dos anos 80, embora ainda reabrisse novamente noa nos 90 tendo estado em actividade durante alguns anos. Depois do seu encerramento definitivo, foi uma pensão, chamada Noite Cristalina
que foi destruída em 2012 por um incêndio. Hoje o edifício foi recuperado e é esta a sua imagem actual.

Situado no bairro da Graça, o Cinema Royal foi considerado um dos mais belos cinemas de Lisboa
e foi inaugurado no final de 1929, tendo encerrado no início dos anos 80, sendo hoje uma loja da cadeia Pingo Doce
mas mantendo a fachada original e penso ainda lá existir o famoso e belo relógio que o cinema tinha.

quarta-feira, 14 de agosto de 2013

Cinemas de Lisboa - 6

Hoje faço uma ronda por cinemas um pouco diferentes, alguns dos quais tiveram outras actividades além do cinema.

O Cine-Teatro Capitólio é um edifício classificado de importância arquitectónica internacional. Localiza-se no Parque Mayer, um antigo recinto de diversões de Lisboa inaugurado em 1922. Luís Cristino da Silva, um dos arquitectos mais proeminentes do século XX português e considerado por especialistas como o introdutor do modernismo em Portugal foi o autor do projecto deste edifício.
Neste espaço houve de tudo um pouco, desde cinema de estreia, de categoria B, a cinema de reprise e até no seu final nos anos 80, a cinema pornográfico. Mas claro que muitas revistas à portuguesa ali se exibiram, como também zarzuelas e outros espectáculos musicais.
Tinha um terraço superior onde se projectavam também filmes, havia espectáculos musicais e no final da sua exploração foi transformado num rinque de patinagem e discoteca.
Hoje está muito degradado, mas há um plano de recuperação para este belo edifício, hoje denominado Teatro Raul Solnado, que variadas vezes ali actuou.

 Também dentro da mesma traça arquitectónica modernista é o edifício do Cinearte, no Largo de Santos.
Foi inaugurado em 1940 com um célebre filme de Frank Capra e mais tarde passou a cinema de reprise
.Esteve fechado durante a década de 80 e reabriu transformado em teatro, com duas salas e bar, onde funciona com regularidade a companhia de Teatro “A Barraca”, onde se destaca a grande comediante Maria do Céu Guerra

O Cinema Municipal esteve integrado na Feira Popular que funcionou nas décadas de 40 e 50 em Palhavã, onde agora estão os belos jardins da Gulbenkian e o Centro de Arte Moderna. Este cinema foi inaugurado em 1951 num edifício hoje não existente
e passou para Entrecampos, acompanhando a Feira Popular, tendo funcionado com cinema durante a década de 60.
Foi depois transformado em teatro, com a denominação de Teatro Vasco Santana, onde funcionou durante muitos anos uma das melhores companhias de teatro portuguesas, o Teatro Estúdio e onde vi excelentes peças. Mais tarde e com o fim dessa companhia de teatro, o edifício passou a chamar-se Auditório Ana Bola, mas acabou por ser destruído com o fecho da Feira Popular.

Uma sala com um percurso muito curioso situava-se no Rego, mais propriamente na Rua da Beneficiência e começou por chamar-se Cine Bélgica, inaugurado em 1928, passando filmes de reprise.
Em 1968 passou a chamar-se Cinema Universitário, dada a proximidade da Cidade Universitária e em 1973 mudou de nome novamente, para Cinema Universal, passando a pertencer à empresa Animatógrafo, de Cunha Teles e que logo após o 25 de Abril se tornou o templo do cinema revolucionário do PREC. Em 1980 uma nova fase desta sala aconteceu com a sua transformação numa das mais famosas salas de concertos de Lisboa para o público juvenil – o “Rock Rendez Vous” que durou até 1990.
O edifício foi entretanto demolido e hoje naquele local está um edifício moderno onde está instalado um café cujo dono ainda mantém o culto do passado daquele lugar tendo como decoração fotos dos variados usos da sala ao longo dos anos.

Um outro cinema diferente desta nossa Lisboa foi o Cinema Lumiar, no início da Calçada de Carriche, e cujo edifício ainda lá está para venda.
Foi inaugurado em 1968 e tinha ecran para projecções em 70 mm.
Tinha uma programação essencialmente baseada em produções asiáticas e acabou por encerrar em 1977
Ao contrário dos restantes, este cinema não teve outras actividades.