sábado, 21 de junho de 2014

Delmas Howe

Delmas Howe é um pintor e muralista americano, nascido em 1935, cujo trabalho é essencialmente figurativo e retrata figuras míticas e arquetípicas, num estilo neoclássico e realista, quase sempre de uma forma fortemente homoerótica.
Após a formatura no ensino médio fez um trabalho de graduação na Universidade Estadual de Wichita e um trabalho de pós-graduação na Universidade de Yale e durante vários anos deu aulas na Students League de Nova York, enquanto trabalhava como músico profissional.  O seu trabalho está nas coleções de vários museus, incluindo o Museu Albuquerque de Arte e História, onde a sua pintura "As Três Graças"
de 1978 está em exibição permanente  e no Museu de Arte do Novo México.

De entre os seus inúmeros trabalhos foi difícil fazer uma selecção criteriosa...



































quarta-feira, 18 de junho de 2014

Les Ballets Trockadero de Monte Carlo

Les Ballets Trockadero de Monte Carlo é uma companhia de bailado americana constituída por dançarinos “drag” que parodia as convenções e clichés do romântico bailado clássico.
Foi fundada por Peter Anastos, Natch Taylor e Anthony Bassae em Nova York em 1974, produzindo pequenos shows nocturnos em locais muito especiais da Broadway.
O seu primeiro show foi em 9 de setembro de 1974, num sótão da Rua 14, no coração da Broadway. O atual diretor artístico é Tory Dobrin.
 Depois de receber críticas favoráveis na “The New Yorker”, foi descoberto por um público mais vasto.
Os "Trocks" começaram a percorrer o mundo, com compromissos prolongados em muitas grandes cidades. Em 2008, eles tocaram no “Royal Variety Perfomance”, na presença do príncipe Carlos.
 Os bailarinos retratam ambos os papéis: masculino e feminino num estilo bem-humorado, que combina paródias de ballet, com peças clássicas destinadas a mostrar as habilidades técnicas dos artistas.
Muito do humor resulta de ver bailarinos travestidos interpretando papéis normalmente reservados para as mulheres, vestindo tutus e dançando em pontas.
Assisti há poucos anos a um espectáculo memorável desta Companhia no CCB.
Deixo aqui dois vídeos, um com aspectos da própria Companhia e outro com um extracto célebre do bailado “O Lago dos Cisnes”


sexta-feira, 13 de junho de 2014

Feira do Livro

Na passada segunda feira, eram três horas quando cheguei ao Marquês de Pombal para a minha visita anual à Feira do Livro.
Este ano iniciei a visita pelos alfarrabistas, onde gasto sempre muito tempo, a "farejar" tudo e a não encontrar nada do que procurava; depois é a habitual pergunta se tem este, aquele ou aqueloutro e sempre debalde.
Aliá, haver, havia; havia "O Medo" do Al Berto, ao qual tiveram a ousadia de me pedir em duas bancas seguidas 110 e 120 euros e havia os "Textos Malditos" do Luís Pacheco a um preço também proíbitivo.
Apenas comprei numa babca que há logo no início da Feira e que não é de alfarrabistas mais um livro que jamais lerei (compro um por ano) e faltam-me apenas dois...
Trata-se do vol.XV da "História de Portugal" do Veríssimo Serrão
que eu tive a má sorte de começar a adquirir há largos anos, e que se até ao Estado Novo, é razoável, se torna intragável a partir daí, com uma ideologia do autoe perfeitamente fascizante, que me recuso a ler e mesmo a possuir. A obra tem 18 volumes e destes, pelo menos um terço é gasto neste período. Já comprei o último e com este que adquiri agora, faltam-me o XVI e o XVII, pelo que daqui a dois anos, tenho a obra completa e já a poderei vender - não faltarão compradores, presumo...
Depois lá fui subindo e entrei no "universo Leya"; comprei 7 livros, mas ao pagar informaram-me que em cada quatro, o mais barato era grátis, pelo que fui buscar um outro livro.
Tive a sorte de apanhar como "Livro do Dia" num dos seus pavilhões, um livro fabuloso, os "Contos" de Miguel Torga
que inclui todos os seus livros de contos publicados: "Os Bichos", "Contos da Montanha", "Novos Contos da Montanha", "Rua" e "Pesras Lavradas", por uma pechincha. Maravilha!!!
Também aqui comprei vários livros de Mário Cláudio




todos a um bom preço, aliás como um romance de Armando Silva Carvalho


e ainda um clássico de Jack Kérouac que há muito desejava possuir


O livro que fui buscar para completar os oito foi um que pode ser eventualmente interessante



Quando cheguei ao cimo, isto é, com meia feira ainda para ler, já não podia "com uma gata pelo rabo" e eram sete e meia.
Comi uma bucha e tomei um café e ataquei a descida pelo outro lado.
Comprei aqui e ali, mais um Kérouac

uma longa entrevista de Jean Genet, em forma de livro


um interessante Mishima que ainda não tinha

e num pavilhão onde tenho encontrado algumas boas surpresas de temática LGBT, um livro um pouco "às escuras"

Depois e antes de entrar no outro gigante da feira, a "Porto Editora", descobri uma série de livrinhos que terão tanto de obscuros como de interessantes, dum autor curiosamente meu conterrâneo, Manuel da Silva Ramos, e que os escreveu em parceria com o já conhecido Alface, e que foram uma pechincha



Havia por lá outros títulos deste autor, que se gostar destes, procurarei mais tarde.
Confesso que não tinha qualquer vontade de comprar mais nada e a visita à "Porto Editora" foi a correr, pois eram quase 10 horas e eu estava "quase a falecer", como diz o Ricardo Araújo Pereira...
Mas ainda tive uma grata surpresa, pois encontrei uma nova edição...de " O Medo" do Al Berto...a 32 euros, quase um achado!

 Mas, ainda melhor, o empregado, muito atencioso, disse-me que este livro será "livro do dia" no domingo, dia de encerramento da feira, ao preço de 20 euros.............
Assim , depois de amanhã, cedinho vou dar lá um pulo e trazer o livro.
Ufaaaaaaaaaaaaaaaa!!!

quarta-feira, 11 de junho de 2014

Quando os diálogos se transformam em silêncios

 

Li esta frase há pouco, num blog que gosto muito e do qual sou, com muita pena minha, um dos raros comentadores.
Trata-se de "Fragmentos Culturais", um daqueles blogs em que se escreve sobre coisas interessantes e onde se continua a explanar as ideias e os acontecimentos em textos tão grandes quanto o necessário e onde se pretenderia um diálogo, quase inexistente, com o leitor/comentador.
Há muito que falo nisto e sou um saudoso do tempo em que a blogosfera era assim.
Hoje, e com raras excepções, a blogosfera é um sucedâneo das redes sociais, com notícias avulso que não passam de "fait divers" ou de "acontecimentos pessoais" com pouco relevo para os demais (isto porque há exemplos de acontecimentos pessoais que podem ser de interesse público).
E há um divórcio entre quem lê e quem comenta - uma abissal diferença de visitas e de comentadores.
E se há pessoas que comentam pouco todos os blogs que seguem, também há aqueles que preferem comentar os blogs de postagem rápida - não dá trabalho, e geralmente tem "lucros" , pois representam uma contrapartida na aceitação dos seus próprios blogs.
Há mesmo alguns bloguistas que até há pouco eram assíduos comentadores, que têm bons blogs, e que eu continuo a seguir e a comentar porque os assuntos são interessantes e que actualmente se colocam na cómoda e, para mim triste, coluna dos "silêncios"...Não é preciso referir nomes, pois eles sabem quem são.
Enfim, mais um desabafo e cada vez mais me assalta a questão - valerá a pena?

domingo, 8 de junho de 2014

"La Vie d'Adèle"

Vi recentemente o filme “La Vie d’Adèle” realizado pelo tunisino Abdellatif Kechiche, em 2013 e que entre outros prémios venceu a Palma de Ouro do Festival de Cannes do ano passado. 
Tem duas interpretações portentosas, da já conhecida Léa Seydoux, mas principalmente da muito jovem Adèle Exarchopoulos e algumas cenas verdadeiramente fortes, embora perfeitamente integradas na acção do filme. 
A vida de Adèle muda quando ela encontra Emma, uma rapariga de cabelo azul, que lhe permite descobrir o desejo e afirmar-se como mulher e como adulta. Perante os outros ela procura-se a si própria, perde-se, mas acaba por se encontrar através do amor e da perda.
É um filme excelente e que me fez recordar entre outros o melhor filme lésbico que já vi – “Aimée & Jaguar”, um filme alemão datado de 1999, realizado por Max Färberböck e interpretado por Maria Shrader e Juliane Köhler e cuja acção se passa em Berlim durante a II G.G.
Mostra-nos uma intensa e perigosa relação amorosa entre uma mulher casada com um oficial nazi e uma jovem judia integrada num movimento activista anti-nazi.
Foi um filme que vi num Festival de Cinema LGBT, de Lisboa, no velho cinema Roma e que muito me marcou.

Como não é muito comum, deixo aqui uma referência a vários filmes com temática lésbica que tiveram assinalável êxito, sem qualquer encadeamento cronológico.













E também assinalar uma série sobre o mesmo tema e que continua a ser a série de referência sobre o lesbianismo – “The L World” (2004-2009).


Para quem esteja interessado nos dois filmes referidos, podem visioná-los completos no "You Tube"
"A Vida d'Adèle" ...........https://www.youtube.com/watch?v=FAAXfReT4pQ
"Aimée & Jaguar"...........https://www.youtube.com/watch?v=AYSUE2YY-yU

quarta-feira, 4 de junho de 2014

Alfred Henry Maurer

Alfred Henry Maurer nasceu em 1868 em Nova York , filho dum litógrafo alemão, Louis Maurer.
Aos dezasseis anos, Maurer deixou os estudos para trabalhar no estúdio litográfico de seu pai.
Em 1897, depois de estudar com o escultor John Quincy Adams Ward e com o pintor William Merrit Chaser, Maurer foi para Paris e lá permaneceu durante quatro anos, onde se juntou a um círculo de artistas norte-americanos e franceses dedicados ao realismo.
Numa breve viagem a Nova York, no princípio do século XX e determinado a provar ao seu céptico pai, que poderia pintar, Maurer criou a que seria, para muitos, a sua obra mais famosa: "Um arranjo"
Esta pintura ganhou variadíssimos prémios.
Aos trinta e seis anos, em Paris, desviando-se de todos os estilos considerados “aceitáveis”, Maurer mudou os seus métodos de forma acentuada e desde então adoptou o cubismo e o fauvismo, que mais tarde o tornaram internacionalmente conhecido.
Voltou para a casa de seu pai pouco antes da I Grande Guerra e durante 17 anos Maurer começou a pintar no sótão de seu pai e não conseguiu a aclamação dos críticos.
Como um modernista, fez amizade com muitos artistas de vanguarda americanos como Arthur Dove, Marsden Hartley, John Marin e outros, durante o século XX, até sua morte em 1932, tendo-se suicidado por enforcamento.
Exibia os seus quadros regularmente na Society Of Independrn Artists em Nova York e da qual foi nomeado director em 1919.
Hoje é extremamente difícil de adquirir ou ver uma das obras de Maurer, já que a maioria do seu trabalho ainda está na posse de privados No entanto o Museu Memorial Hall, em Filadélfia, a Phillips Memorial Gallery, em Washington DC, a colecção Barnes em Merion e o Whittney Museum of American Art , em Nova York, conservam exemplos das suas obras.

























domingo, 1 de junho de 2014

Eugénio de Andrade

Eugénio de Andrade é um dos maiores nomes das letras portuguesas contemporâneas, tendo-se distinguido essencialmente como poeta.
Pessoalmente, é junto com Sophia, Botto, Florbela, Pessoa e Camões um dos expoentes máximos e que releio variada vezes.
Algumas breves referências à sua vida e obra, retiradas da Wikipédia.

O poeta nasceu na freguesia de Póvoa de Atalaia – Fundão (bem perto da minha terra), em 19 de Janeiro de 1923. Fixou-se em Lisboa aos dez anos, com a mãe, que entretanto se separara do pai.
 Frequentou o Liceu Passos Manuel e a Escola Técnica Machado de Castro, tendo escrito os seus primeiros poemas em 1936, o primeiro dos quais, intitulado Narciso, publicou três anos mais tarde.
Em 1943 mudou-se para Coimbra, onde regressa depois de cumprido o serviço militar convivendo com Miguel Torga e Eduardo Lourenço.
Tornou-se funcionário público em 1947 exercendo durante 35 anos as funções de Inspector Administrativo do Ministério da Saúde.
Uma transferência de serviço levá-lo-ia a instalar-se no Porto em 1950, numa casa que só deixou mais de quatro décadas depois, quando se mudou para o edifício da extinta Fundação Eugénio de Andrade, na Foz do Douro.
Durante os anos que se seguem até à data da sua morte, o poeta fez diversas viagens, foi convidado para participar em vários eventos e travou amizades com muitas personalidades da cultura portuguesa e estrangeira, como Joel Serrão, Miguel Torga, Afonso Duarte, Carlos Oliveira, Eduardo Lourenço, Joaquim Namorado, Sophia de Mello Breyner Andresen, Teixeira de Pascoaes, Vitorino Nemésio, Jorge de Sena, Mário Cesariny, José Luís Cano, Angel Crespo, Luis Cernuda, Jaime Montestrela, Marguerite Yourcenar, Herberto Helder, Joaquim Manuel Magalhães, João Miguel Fernandes Jorge, Óscar Lopes, e muitos outros. Apesar do seu enorme prestígio nacional e internacional, Eugénio de Andrade sempre viveu distanciado da chamada vida social, literária ou mundana, tendo o próprio justificado as suas raras aparições públicas com «essa debilidade do coração que é a amizade».
Recebeu um sem número de distinções, entre as quais o Prémio da Associação Internacional de Críticos Literários (1986), Prémio D. Dinis da Fundação Casa de Mateus (1988), Grande Prémio de Poesia da Associação Portuguesa de Escritores (1989) e Prémio Camões(2001).
A 8 de Julho de 1982 foi feito Grande-Oficial da Ordem Militar de Santiago da Espada e a 4 de Fevereiro de 1989 foi agraciado com a Grã-Cruz da Ordem de Mérito.
 Faleceu a 13 de Junho de 2005, no Porto, após uma doença neurológica prolongada.

Estreou-se em 1939 com a obra Narciso, torna-se mais conhecido em 1942 com o livro de versos "Adolescente".
A sua consagração acontece em 1948, com a publicação de "As mãos e os frutos", que mereceu os aplausos de críticos como Jorge de Sena ou Vitorino Nemésio.
A obra poética de Eugénio de Andrade é essencialmente lírica, considerada por José Saramago como uma poesia do corpo a que se chega mediante uma depuração contínua.
Entre as dezenas de obras que publicou encontram-se, na poesia, "Os amantes sem dinheiro" (1950), "As palavras interditas" (1951), "Escrita da Terra" (1974), "Matéria Solar" (1980), "Rente ao dizer" (1992), "Ofício da paciência" (1994), "O sal da língua" (1995) e "Os lugares do lume" (1998).
Em prosa, publicou "Os afluentes do silêncio" (1968), "Rosto precário" (1979) e "À sombra da memória" (1993), além das histórias infantis "História da égua branca"(1977) e "Aquela nuvem e as outras" (1986). Foi também tradutor de algumas obras, como dos espanhóis Federico García Lorca e Antonio Buero Vallejo, da poetisa grega clássica Safo (Poemas e fragmentos, em 1974), do grego moderno Yannis Ritsos, do francês René Char e do argentino Jorge Luis Borges.
Em Setembro de 2003 a sua obra "Os sulcos da sede" foi distinguida com o prémio de poesia do Pen Clube Português.

 O poema dele que aqui deixo é do seu livro “Obscuro Domínio” e é um dos muitos em que ele mostra bem e com o seu cunho pessoal a sua orientação sexual que nunca procurou esconder.

 NAS ERVAS

Escalar-te lábio a lábio,
Percorrer-te: eis a cintura
O lume breve entre as nádegas
E o ventre, o peito, o dorso
Descer aos flancos, enterrar

Os olhos na pedra fresca
Dos teus olhos,
Entregar-me poro a poro
Ao furor da tua boca,
Esquecer a mão errante
Na festa ou na fresta

Aberta à doce penetração
Das águas duras,
Respirar como quem tropeça
No escuro, gritar
Às portas da alegria,
Da solidão.

Porque é terrível
Subir assim às hastes da loucura,
Do fogo descer à neve.
Abandonar-me agora
Nas ervas ao orvalho -
A glande leve.