domingo, 1 de dezembro de 2013

Pairando...

Como disse no meu último post, este blog não seria encerrado, mas “cessaria funções”, apenas reabrindo para alguma coisa de uma maior importância.

Há por assim dizer duas semanas que nada aqui ponho, e tenho no entanto lido os blogs que acompanho, (nem todos), pois comecei alfabeticamente de trás para a frente e o constante movimento bloguístico ainda não me permitiu chegar acima do “D”…
Tenho comentado minimamente, quando uma postagem me chama por esse comentário.

E agora, que sucedeu, de tão importante que justifique esta entrada?. 
Nada verdadeiramente importante, apenas meia dúzia de coisas que eu gostaria de referir com maior destaque do que aquele que as redes sociais permitem.
E assim, este vai ser um longo post e variado nos assuntos versados.

Começo por falar de saúde, da minha e não só, pois eu, que sou diabético
desde há uns anos (entre outras patologias, onde avulta uma angina de peito), tive no Verão uma desagradável surpresa com os resultados anormalmente altos da glicémia o que fez com  que, finalmente,tivesse tomado juízo no que respeita à alimentação e à movimentação física; entretanto fui aceite na Associação dos Diabéticos e parece que já começa a haver resultados positivos…

Pior é um problema que muito me afectou, pois um amigo de infância, daqueles com quem almoço aqui em Lisboa, todos os meses, um ano mais velho que eu, foi sujeito a uma cirurgia para eliminar um tumor maligno no cérebro,
 isto depois de há três meses atrás ter tido o mesmo problema na próstata (casos completamente não relacionados). 
Estas coisas tocam-me muito fundo e vou-me abaixo psicologicamente. 
As coisas parecem terem corrido bem, mas ainda não há relatórios da biópsia…

Mas deixemos as coisa mais desagradáveis, pois também há referências a factos muito positivos:
Conheci dois amigos que por acaso não têm relação com a blogo, mas que são muito porreiros e é sempre bom aumentar o grupo de amigos se a Amizade é boa e não interesseira em qualquer aspecto. 

Mas, no que respeita a conhecimentos, o facto mais relevante foi ter conhecido finalmente a minha Amiga virtual de há muitos anos, a “Justine” do blog “Quarteto de Alexandria”.
Claro que não foi surpresa nenhuma o imenso prazer que tive nesse encontro, que teve lugar na Gulbenkian, onde fomos ver uma maravilhosa exposição que merece ser vista por toda a gente, pois é magnífica -  "O Brilho das Cidades - A Rota do Azulejo”, uma viagem pelo mundo do azulejo, no tempo e nos mais diversificados locais.
Após a visita, uma muito interessante conversa fez-me apenas concluir o que já sabia – a Justine é uma pessoa de uma grande sensibilidade, possuidora de uma cultura muito acima da média e com uma vivência e experiência de vida notáveis. Foi o nosso primeiro encontro, mas não o último, estou certo.

Entretanto, eu que por vezes me desleixo com o que de bom acontece em Lisboa, no campo cultural, não só visitei uma excelente exposição (e atenção que outra deveras interessante está agora a começar no Museu Nacional de Arte Antiga),


fui alertado por um amigo da Covilhã sobre um concerto do John Grant em Lisboa, e apenas isso aconteceu na véspera do mesmo, ou seja na passada quinta feira, e o concerto foi ontem, sexta, no S.Jorge, às 23 horas. 
Foi um concerto integrado no Vodafone Mexefest,
 um festival com múltiplos concertos em variados locais lisboetas, circunscritos à zona entre o Marquês de Pombal e o Rossio. 
Paga-se uma importância fixa (40 euros) e com uma pulseira em troca do bilhete tem-se acesso a todos os eventos.
Claro que o meu interesse era o John Grant, mas já que tinha oportunidade assisti também na mesma sala, mas antes, um concerto de Márcia, que não conhecia, e que trouxe dois convidados para dois duetos cada – Samuel Úria e António Zambujo; claro que a duração dos concertos é reduzida e quase nunca ultrapassa uma hora, pelo que se fica a pedir mais e assim, eu que nunca tinha ouvido o Zambujo ao vivo fiquei com vontade de o ouvir durante mais tempo. 
Márcia e Samuel cumpriram…

Quanto a John Grant é um dos meus ídolos desde que ouvi duas músicas dele no excelente filme “Weekend”, aliás os dois maiores êxitos do seu primeiro disco – “I wanna go to Marz” e “Queen of Denmark”. 
Foi com este último tema que ele fechou um concerto memorável, talvez o melhor concerto a que já assisti.
Além destes dois temas sobressaem outros dois, de que muito gosto: “Where dreams go to die” e “Greatest mother fucker”, de que aqui deixo o vídeoclip.
A sala rebentava pelas costuras e pelo entusiasmo do público, contagiando os próprios músicos, acredito que Grant regresse a Lisboa em breve para um concerto mais alargado.

Mas, e porque tinha direito a isso, esta noite mesmo, fui ver outro concerto, completamente diferente e no qual depositava muitas esperanças, nada defraudadas, antes pelo contrário – superou em muito as minhas expectativas. 
Num ambiente interessante, a Sociedade de Geografia, a fadista de que toda a gente fala e da qual eu só conhecia a poderosa voz: Gisela João!

E que concerto…ela é fogo, ou melhor é um vulcão! 
Canta com a voz, sim, mas também canta com o corpo, o corpo que ela movimenta constantemente em gestos pouco ou nada convencionais numa fadista; talvez os puristas do fado não gostem muito da forma como ela se apresenta, já que quanto à voz, ela é intocável, mas para mim a revelação mais que positiva está mesmo nessa postura dela em que se entrega de corpo e alma aos temas que interpreta. 
Mostrar aqui um vídeo apenas com o som da sua voz era talvez bastante, mas Gisela merece mais, pelo que escolhi um vídeo ao vivo, realizado na FNAC

e onde ela interpreta alguns dos fados mais marcantes do seu repertório e do qual destaco um que por razões evidentes me fez vir as lágrimas aos olhos e me fez imediatamente após o final falar com o Déjan e dizer-lhe que da próxima vez que ele vier a Portugal, iremos assistir, onde quer que seja a um concerto de Gisela João. 
Fiquei rendido.

Como não me emocionar com a sua interpretação intensa de um fado com esta letra?


Nem um poema, nem um verso, nem um canto

Tudo raso de ausência, tudo liso de espanto
Amiga, noiva, mãe, irmã, amante
Meu amigo está longe
E a distância é tão grande

Nem um som, nem um grito, nem um ai
Tudo calado, todos sem mãe nem pai
Amiga, noiva, mãe, irmã, amante
Meu amigo está longe
E a tristeza é tão grande

Ai esta mágoa, ai este pranto, ai esta dor
Dor do amor sozinho, o amor maior
Amiga, noiva, mãe, irmã, amante
Meu amigo está longe
E a saudade é tão grande.

Para finalizar, uma referência ao próximo acontecimento a que vou estar presente com uma imensa satisfação; é no próximo sábado, dia 7, pelas 22 horas, no Bar “O Século” , o lançamento do livro “O Corredor de Fundo”, traduzido pelo João Máximo e editado pela INDEX ebooks, do João e do Luís Chainho, de um dos mais importantes livros da literatura LGBT de sempre, “The Front Runner” de Patricia Nell Warren.


domingo, 17 de novembro de 2013

Até sempre...

Tenho pensado muito nesta questão da blogosfera, como ela está hoje, o que ela foi há pouco tempo atrás, mas principalmente o que ela foi e é hoje, para mim.
Estou em pleno gozo de uma pausa, que confesso pensaria mais curta e na qual me estou a sentir muito bem. E pondero, com uma cada vez mais forte razão, prolongá-la ou mesmo torna-la definitiva.
A blogosfera foi para mim algo de muito importante, e peço desculpa de generalizar, o que é sempre perigoso, mas esta blogosfera de agora não me satisfaz.
Perdeu-se aquele entusiasmo que havia de partilhar, comentar, expor ideias e entusiasmos.
Hoje, na grande maioria dos casos os blogs são um repositório de casos banais, muitas vezes repetidos à exaustão com coisas de interesse muito relativo.
Claro que há excepções, e quero realçar um blog, talvez o único dos tempos passados que mantém inalterados ao longo de todos estes anos a mesma teia e se mantém igual a si próprio – o “Innersmile” do Miguel! Honra lhe seja feita.
Não esqueço um outro blog (e estou a ir por um caminho que não quereria, que é pessoalizar demais esta postagem) que devo referir, por ser do mesmo tipo de o do Miguel e trata-se de um blog que não pertence ao “grupo” que se tem formado na blogosfera e que é uma das razões que adiante irei desenvolver; trata-se do blog da Justine,“O Quarteto de Alexandria”.
Esse “grupo” de que falo e no qual me integro, mas do qual me escapo para outros blogs com interesse, fecha-se em torno de si próprio, comenta-se a si próprio e não vai mais além, muito raramente…
Por vezes aparece alguém com um blog novo que se integra, é “aceite” e nada mais.
E muitos blogs vivem disso, dessa “vivência conjunta”, muitas vezes repetida e pouco ousam além disso.
Há nesse grupo, por uma razão ou outra, blogs que deveriam expandir-se porque são blogs de muito valor e necessitariam de uma maior amplitude de divulgação, como o da Margarida, do Mark e até muito recentemente uma reformulação do blog do Ribatejano.
Há outros blogs que têm interesses específicos e que sempre têm um interesse próprio em qualquer pessoa que os conheça.
Como é sabido, leio muitos blogs (demasiados) embora alguns, a maior parte, a título meramente informativo ou porque os acho interessantes no seu conteúdo quer político-social, quer pictórico ou qualquer outro e dos quais retiro por vezes coisas interessantes quer para o meu Pinterest, um dos meus hobbies preferidos, quer pequenas anotações que não resisto a partilhar nas redes sociais, mas que não justificam uma postagem no blog.
Também este menor interesse actual pela blogosfera não é reflexo de falta de motivos para manter o blog activo, longe disso; mas sim uma inércia que está a tornar-se cada vez mais permanente.
Não me vejo a andar afogueado a ler os posts que sigo, para os comentar muitas vezes com lugares comuns, só porque assim “deve ser”.
Na minha lista (interminável) de postagens a ler, no “Feedly”, começando alfabeticamente do “z” para o “a”, ainda não passei do “d”, pois há sempre mais e mais posts a ver.
Curiosamente, tenho aqui e ali comentado um ou outro post e quando o faço é com enorme satisfação e nunca por obrigação, e é assim que devia ser.
Recordo-me quando há um par de anos, talvez um pouco mais, o espírito de partilha na blogo era enorme e se chegava aos 100 comentários com facilidade, mas sem a tal obrigação; claro que o número de blogs era inferior em quantidade, mas infinitamente superior em qualidade – foram ficando pelo caminho…
Portanto, este não será um post de encerramento do “Whynotnow”, mas apenas uma satisfação a quantos me seguem de que só aqui virei de tempos a tempos, como só vos visitarei nas mesmas circunstâncias. Continuarei a ler-vos, sempre que me seja possível.
Daí, o abandono do “até já ou “até logo” para um mais ambíguo "até sempre".

quarta-feira, 6 de novembro de 2013

E vão sete...

Não, não se assustem…ainda não é o regresso!
É apenas uma lembrança de uma data – 6 de Novembro de 2006 – quando aqui deixei neste mesmo blog, mas na parte tristemente e estupidamente apagada, um primeiro post, que tinha esta minha imagem.
Hoje, sete anos depois, não posso deixar passar em claro este dia, até porque durante estes sete anos, toda a muita gente que por aqui foi passando, me deu motivos de muita satisfação e alegria; obrigado a todos vocês que me fizeram acreditar na partilha e principalmente na Amizade.
Graças a este blog, tenho hoje muitos amigos, mas acima de tudo uma meia dúzia de grandes Amigos.
Até sempre e continuo a dizer: até breve.

sábado, 26 de outubro de 2013

Até já, até logo, até depois...

O prometido é devido.
Comecei por folgar nos comentários, não deixando no entanto de lado algumas excepções, aqui e ali.
E agora a folga alarga-se às postagens.
Vou parar. Até quando? A resposta está no título...
Mas vou continuar por aí, lendo-vos, seguindo-vos, sabendo dos vossos anseios, das vossas curiosidades, dos vossos amores, das vossas vidas e dos vossos gostos.
E vou continuar, sem aquela obrigação de o fazer, a "cometer" excepções e deixando um comentário que a sensibilidade não me deixe calar.
A blogosfera é algo que é impossível eu largar definitivamente; ao longo destes anos, "apadrinhei" vários blogs e empurrei várias pessoas para entrarem neste mundo.
Aqui fiz muitos e alguns grandes amigos.
Para esses, não há folgas...
Deixo-vos com um vídeo muito belo, deixo-vos com a Bethânia, com o Pessoa e com o Menino, em quem continuo a acreditar, apesar de ter deixado de acreditar naqueles que se servem d'Ele e não o servem.
Fiquem bem...

quinta-feira, 24 de outubro de 2013

Alone again...


Did I disappoint you or let you down?
Should I be feeling guilty or let the judges frown?
‘Cause I saw the end before we’d begun,
Yes I saw you were blinded and I knew I had won.
So I took what’s mine by eternal right.
Took your soul out into the night.
and may be over but it won’t stop there,
I am here for you if you’d only care.
touched my heart you touched my soul.
you changed my life and all my goals.
And love is blind and that I knew when,
My heart was blinded by you.
I’ve kissed your lips and held your head.
Shared your dreams and shared your bed.
I know you well, I know your smell.
I’ve been addicted to you.

Goodbye my lover.
Goodbye my friend.
You have been the one.
You have been the one for me. (bis)

I am a dreamer but when I wake,
You can’t break my spirit – it’s my dreams you take.
And as you move on, remember me,
Remember us and all we used to be
I’ve seen you cry, I’ve seen you smile.
I’ve watched you sleeping for a while.
I’d be the father of your child.
I’d spend a lifetime with you.
I know your fears and you know mine.
We’ve had our doubts but now we’re fine,
And I love you, I swear that’s true.
I cannot live without you.

Goodbye my lover.
Goodbye my friend.
You have been the one.
You have been the one for me.



VOLIMTE Déjan!
See you soon, my love
See you always, in my mind!

domingo, 20 de outubro de 2013

Um jantarinho de amigos

Com o intuito duplo de “fazer a apresentação” do livro do Miguel “Elvis sobre a baía de Guanabara e outras histórias”
e proporcionar um convívio entre o Déjan e alguns dos meus amigos, tivemos ontem um agradável jantar no habitual “Restaurante Guilho”, na Amadora.
Éramos 13 mas ninguém se manifestou supersticioso e tudo correu muito bem.
Estiveram presentes, alem de mim e do Déjan, o Duarte, a Margarida, o Mark, o Ribatejano, o Paulo e o Zé, o Miguel, e o João Máximo e o Luís.
De realçar também a presença pela primeira vez nos nossos convívios do João Eduardo , do blog “Banda Larga” e do João Jorge, um amigo do Ribatejano; ambos se integraram muito bem no ambiente e decerto voltarão ao nosso convívio.
Como um dos assuntos mais falados foi “livros”, trocaram-se “encomendas” entre mim, o Miguel e a Margarida, pelo que a minha colecção de livros para ler aumentou muito consideravelmente.
O Déjan esteve bem e penso ter conquistado a simpatia das pessoas que ainda o não conheciam (a maioria).
O Mark fez-nos rir a todos com as suas aventuras no metropolitano (e mais não digo, hehehe…).
Obrigado a todos pela vossa presença.

quarta-feira, 16 de outubro de 2013

Um salto lá cima...

Desde que o Déjan cá tem vindo, tenho procurado mostrar-lhe o que de mais belo há em Portugal e neste momento ele conhece quase todo o território continental português; falta apenas a zona interior a norte da Covilhã, ou seja a Beira Alta e Trás-os-Montes.
Nesta viagem, não sendo possível uma deslocação a essa região e porque um grande amigo, aqui dos blogs me desafiou para ir “lá cima” jantar com ele, decidi fazer uma curta viagem e mostrar ao Déjan as poucas coisas que ele ainda não conhecia na região perto da costa e uma preciosidade, mais para o interior.
Assim, domingo de manhã, lá fomos até Aveiro, cidade muito bonita, com a sua famosa Ria que lhe confere o nome de Veneza portuguesa; há muito lá não ia e surpreendeu-me o movimento turístico no centro.
É uma cidade que merece uma visita sem dúvida, e não foram uns pingos de chuva que lhe tiraram o encanto. Aí almoçámos um belo leitão à moda da bairrada…
Depois demos um salto à Costa Nova, apreciar as suas características casas com riscas coloridas, e aqui sim, foi preciso esperar uma “aberta” na chuva copiosa para ver e fotografar as casas.
E então fomos até o “poiso” que escolhemos para pernoitar, o Ibis de Gaia, situado na Afurada, muito catita e a um preço muito interessante.
deu para descansar até irmos até ao cais de Gaia (um saltinho), onde tínhamos encontro marcado com o Ima, do blog “00.15”, ou seja “Meia noite e um quarto”, e com quem jantámos.
A sua simpatia juntou-se à simpatia do Déjan, e o resultado só poderia ter sido um agradabilíssimo jantar, no Restaurante Adão, em que sempre sou recebido muito bem e onde se come lindamente.
 Eles debateram-se com umas “iscas de bacalhau”
acompanhadas com arroz da água do feijão e eu defrontei-me com bravura com umas “tripas à moda do Porto”.
O jantar acabou passava da meia noite e só foi pena a noite estar tão chuvosa que não nos permitiu gozar a paisagem da Ribeira.

Na manhã de segunda, partimos de Gaia com chuva forte, que foi amenizando à medida que íamos rumando a Sul e assim visitámos sem qualquer problema climatérico aquela maravilha que se chama o “Palácio Hotel do Bussaco”, tendo inclusivamente visitado algo do seu interior.

Fomos almoçar numa pensão simpática do Luso e regressámos a Massamá, onde chegámos cansados mas satisfeitos.

Obrigado, Ima, pela tua companhia tão amiga e simpática.

sábado, 12 de outubro de 2013

E agora?

Sim, é verdade, tenho tido menos tempo e há uma excelente razão para tal, a presença do Déjan aqui; mas, não é apenas a falta de tempo, para não estar a comentar os blogs que acompanho e há já dias em que não os visito...
Há também alguma saturação, devo confessá-lo, desta minha blogo-dependência que ocupa grande parte do meu tempo.
Sigo demasiados blogs, sei isso perfeitamente e por vezes, aqueles que costumo comentar, admito que o faço de uma forma quase automática, porque não digo senão banalidades, eu que defendo que os comentários são num blog a chave da partilha.
Daí, e para já suspendo os comentários que costumo fazer, aliás como presumo muita gente tem feito, pois há diversas pessoas que comentavam o meu blog com assiduidade e agora nem aparecem...
Mas, e embora não me faltem motivos mais que suficientes para postagens eventualmente interessantes, vou também, não de imediato, mas muito em breve, suspender o meu blog.
Digo suspender e não encerrar, pois toda a gente sabe que será impossível estar muito tempo longe da blogo, apesar de ela ser muito diferente, e muito menos interessante do que era há 2 ou 3 anos.
Por ora, até porque está um jantar programado para o próximo sábado, vou continuar por aqui por mais uns dias, e depois...relaxo, e meto "férias".
Por vezes, é mesmo necessário, para que o encerramento não seja definitivo.

quinta-feira, 10 de outubro de 2013

"Nothing compares 2U"


It's been seven hours and fifteen days
Since you took your love away
I go out every night and sleep all day
Since you took your love away
Since you've been gone I can do whatever I want
I can see whomever I choose
I can eat my dinner in a fancy restaurant
But nothing I said nothing can take away these blues,
Because nothing compares
Nothing compares to you

It's been so lonely without you here
Like a bird without a song
Nothing can stop these lonely tears from falling
Tell me baby where did I go wrong
I could put my arms around every boy I see
But they'd only remind me of you
I went to the doctor guess what he told me
Guess what he told me
He said girl you better try to have fun
No matter what you do
But he's a fool '
cause nothing compares
Nothing compares to you

 All the flowers that you planted mama
In the backyard
All died when you went away
I know that living with you baby was sometimes hard
But I'm willing to give it another try
Nothing compares
Nothing compares to you

Sim, o Déjan está aqui comigo e vão ser duas semanas de cumplicidades e de ternuras; mas também há coisas a conversar principalmente sobre o seu futuro pois ele está numa fase muito importante da sua vida.
Iremos rever Lisboa, iremos rever e conhecer amigos e iremos dar um salto a Aveiro e a Gaia, voltar a jantar olhando o casario da Ribeira...
Sim, o Amor vale a pena, mesmo quando sofrido, porque..."Nothing compares 2U".

segunda-feira, 7 de outubro de 2013

"Putas de Lisboa"

Três personagens rodam a noite de Lisboa em busca de clientes: uma prostituta, um prostituto e um travesti brasileiro.
Manuela, Pedro e Samanta contam as suas aventuras e desventura, situações engraçadas e mesmo hilariantes à mistura com momentos dramáticos e menos felizes.
Depois encontram-se os três numa sala da Judiciária: foram «caçados» e aguardam interrogatório. Entre rivalidades e afinidades, surge logo ali uma grande amizade, entrecortada por momentos musicais.
Depois do enorme sucesso na passada temporada, com oito meses de lotações esgotadas no Teatro Estúdio Mário Viegas e mais 4 meses no Teatro Casa da Comédia, volta à cena a irreverente comédia de Ricardo Bargão, "Putas de Lisboa".
Agora, no Auditório Carlos Paredes, em Benfica, e depois de Ana Paula Mota e Sofia Nicholson terem integrado o elenco, seria a vez da cantora Paula Sá encarnar a prostituta, acompanhada do estreante Luis Nogueira no papel de prostituto e de Márcio de Oliveira, interpretando o travesti brasileiro.
 Simplesmente na representação a que assisti, (a última, aliás), por motivos que desconheço, Paula Sá foi substituída no papel de prostituta pelo próprio encenador, Ricardo Bargão, pelo que em palco estavam três homens.
E Ricardo Bargão esteve muito bem, diga-se de passagem, apesar de caber a Márcio de Oliveira a melhor representação.
Espectáculo muito divertido, com alguma interacção com o público e em que estive particularmente interventivo, deu para passar uma hora e meia em que se esqueceram crises e troikas, embora a peça tenha, já que se baseia em factos reais, momentos que nos fazem pensar em todos aqueles e aquelas que pelas ruas de Lisboa, vão fazendo a sua vida, nem sempre fácil, como se poderia supor pelo tom de comédia que impera durante quase toda a representação.
Uma linguagem bem libertina, mas ao mesmo tempo tão libertária e um nu integral fazem com que a peça seja para adultos.

sábado, 5 de outubro de 2013

Jordan & Devon

Eu nem sou um grande apologista do acto a que chamamamos casamento, seja ele entre heterossexuais ou homossexuais, a não ser por facilidades legais; prefiro o "casamento" de sentimentos e de vivências, sem a necessidade de um "papel".
Apoiei sem reservas a legalização do casamento entre pessoas do mesmo sexo, pois qualquer pessoa deve ter as mesmas oportunidades e regalias, independentemente das suas afirmações sexuais.
Tenho várias pessoas que conheço que já deram esse passo, embora ainda não tivesse ido a nenhuma cerimónia, e não o lamento, pois essas cerimónias, quando acontecem devem ser intimas.
Mas, acima de tudo, conheço e tenho uma imensa felicidade nisso, muitas pessoas de ambos os sexos que estão "casad@s" há muito tempo, numa comunhão de amor.
Mas, porque esta cerimónia que aqui mostro no vídeo é toda ela muito bonita, sendo um hino ao amor, mas também à amizade de quem a partilhou com os noivos (familiares e amigos), aqui a partilho e não posso deixar de mencionar que também eu pertenço aos felizardos que amam e são amados.
Volim te, Déjan!

quarta-feira, 2 de outubro de 2013

Vamos jantar juntos e conhecer um livro?

No próximo dia 19 deste mês, um sábado, vai realizar-se um novo jantar no mesmo restaurante – “O Guilho”, na Amadora. 
Não sera um novo jantar de blogs (esse terá lugar em Maio próximo), e terá características diferentes.
A razão deste jantar é dupla: pretende ser ao mesmo tempo o lançamento informal do livro do Miguel Botelho – “Elvis sobre a baía de Guanabara e outras histórias”, da editora “Index ebooks”, com a presença do autor e dos editores, como é óbvio; e por outro lado, estando cá o Déjan, é uma forma de ele confraternizar com pessoas amigas.
Assim sendo, desde já convido todos os amigos, bloguistas ou não, a juntarem-se a nós e disfrutar de um agradável convívio.
Não vou estar naquele stress dos outros jantares sobre o número de participantes, até porque não haverá um menu específico (cada um comerá o que quiser, constante do cardápio da casa, que tem preços simpáticos). 
Claro que terei de dar um número aproximado de pessoas ao restaurante, para preparar a mesa, já que será um jantar sentado, devido a não esperar um número tão grande de pessoas como nos jantares dos blogs.
Podem fazer os vossos planos pessoais para que, querendo, possam estar presentes, e comunicar-me a vossa decisão atempadamente; será sempre um prazer a vossa companhia.

segunda-feira, 30 de setembro de 2013

17º. Queer Lisboa Festival - Balanço final

E pronto, terminou mais um Queer Lisboa, o 17º, e que se tem vindo a afirmar de ano para ano, como um dos melhores festivais de cinema em Portugal e também um importante festival no panorama internacional dos festivais de temática LGBT.
Sou um assíduo frequentador deste festival e só falhei um, num ano em que estava na altura em Belgrado. Por isso, quando sai a programação é com alvoroço que durante umas horas consulto todos os filmes, tentando ver o maior número de filmes que me interessam.
 Este ano, assim foi e como é impossível ver tudo, por uma questão de critério, deixei de fora os filmes de temática lésbica, muitas das curtas que tinham um carácter demasiado experimentalista, e por opção deixei de fora as sessões tardias de forte componente pornográfico, pois cada vez me interessam menos.(e cada vez há mais sexo explícito em filmes não pornográficos).
 Já fiz três postagens sobre filmes exibidos neste festival, uma sobre o curioso filme de abertura “Continental”, outra sobre o melhor filme que vi em todo o Queer, “E agora, lembra-me” e finalmente sobre a sessão dupla de filmes do Travis Mathews, e que estranhamente não mereceu quase nenhum reparo de quem me segue…
 De uma forma global, e referindo-me apenas aos filmes que vi, foi um festival muito positivo, com alguns picos de alto nível e uma que outra decepção, que não ofusca em nada o brilho do mesmo.
 Na principal competição, das longas metragens, vi quase tudo, tendo pena de não ter visto um dos filmes que mais interesse teve, pelo que ouvi dizer e que até ganhou o prémio do público, “Facing Mirrors”, um filme iraniano de Negar Azarbayjani.

Houve para mim dois filmes muito bons: “Free Fall”, filme alemão de Stephen Lecant, vencedor do Teddy Bear, em Berlim, este ano e que pode ser uma espécie de “Brokeback Mountain”, mas passado numa instituição especial, a polícia e que nos mostra que a homofobia também existe em alto grau em países mais evoluídos, como é o caso da Alemanha.


O outro filme foi o polaco “ In the name of…”, com um conteúdo sempre muito polémico do confronto entre as regras religiosas e o intimo de um homem que é padre. É um filme realizado por uma mulher, Malgoska Szumowska (curiosamente já outra realizadora tinha mostrado um filme sobre o mesma tema – Antónia Bird, com “The Priest”), muito forte, muito belo e que faz pensar muito.

Os restantes filmes que vi nesta secção foram “Silent Youth”, de Malcolm Ingram, com demasiados “silêncios”; “Floating Skyscrapers”, interessante filme polaco, com um tema agora muito na berra – o dilema de um homem bissexual, entre a sua relação heterossexual e a descoberta do seu “outro lado” (que já tinha acontecido em “Free Fall”); um outro filme com o mesmo dilema, mas neste caso o relacionamento heterossexual era não sexual foi o excelente “The Comedian”, filme inglês de Tom Shkolnick (israelita), e que deu merecidamente o prémio do melhor actor a Edward Hogg.

Fraco foi o filme do português Tiago Leão, realizado numa co-produção com a Espanha, “Noches de espera”, sobre a vida de uma série de jovens, gays e lésbicas, na noite madrilena – muito sexo e drogas e pouco cinema.
Também não vi o filme chileno “Joven y Alcolada”, que deu a Alícia Rodriguez o prémio da interpretação feminina.
Deixei para o fim o filme que nos chegou da Geórgia, “A Fold in my Blanket”, de Zaza Rusadze, uma das maiores desilusões do festival, na minha opinião, que apenas tinha como interesse a beleza dos dois intérpretes e com um argumento bastante ambíguo, mesmo quanto ao interesse LGBT. Para surpresa minha, e parece que não só minha foi o vencedor do festival…

Quanto a documentários, em concurso, vi apenas três filmes: o já falado “Interiors. Leather Bar”.
Um filme português de Rui Mourão, com uma ideia muito original e interessante, mas desbaratada pela forma como foi filmada, mas mesmo assim interessante – “O Carnaval é um palco, a ilha é uma festa”, filmado na ilha Terceira nos Açores.
E um decepcionante “Uncle Bob” do americano Robert Oppel, talvez o pior filme que vi no festival.
O prémio acabou por ir para um filme que não vi – “Born Naked” de Andrea Esteban, da Espanha.

Como referi, vi poucas curtas a concurso; além de “In their room, London”, de que já falei, uns desinteressantes “Frisk”, “Open Letter”, “Gasp”, e “Sebastien’s Night Out” e dois filmes muito curiosos, o brasileiro “Vestido de Laerte” e principalmente “O nylon da minha aldeia”, baseado num conto do escritor português Possidónio Cachapa, que também realizou o filme.

Não vi o filme vencedor que foi uma animação sueca “Benjamim Flowers”.
Ainda em competição, um novo tipo de curtas, denominado “filmes de escola”, em que competiam alguns filmes portugueses, dos quais vi três; um muito mau, “As flores do mal” e os outros dois deveras interessantes, um deles ganhou o prémio nesta categoria para filmes portugueses, “Depois dos nossos ídolos”, de Ricardo Penedo
e o outro vai merecer-me um comentário mais alargado num próximo post.
Trata-se de “O segredo segundo António Botto”, da dupla Rita Filipe/Maria João Freitas,
 sobre o relacionamento entre António Botto e Fernando Pessoa; era um dos grandes interesses para mim, neste festival, e gostei muito (apenas lamento não ter assistido ao filme sobre Gore Vidal, projectado à mesma hora).
Outros filmes que vi, desta secção foram “Si j’étais un homme”, interessante, e “Atomes” que venceu o prémio desta categoria.

Uma outra secção muito interessante com filmes não a concurso é a secção “Panorama”.
Vi, além do já referido noutro post “E agora, lembra-me”, as curtas metragens portuguesas “O Corpo de Afonso” do João Pedro Rodrigues, uma encomenda da “Guimarães 2012” e revi o premiado (no Indie Lisboa deste ano e noutros festivais) “Gingers”, de António da Silva, o qual muito me agradou.
 E ainda nesta secção um dos grandes pontos altos deste festival, um filme maravilhosamente belo, que só vai estrear nos EUA agora em Outubro, mas que eu vou comprar o DVD quando ele existir; trata-se de “Five Dances”, passado no mundo do ballet, com uma pequena companhia de 5 elementos e uma maravilhosa história de amor. Excelentes bailarinos e uma banda sonora fantástica fazem deste filme algo imperdível.


Na secção “Queer Art” vi uma boa curta, “10 Men”, exibida como complemento do “Five Dances” e uma outra curta algo surrealista do brasileiro Gustavo Vinagre, sobre o poeta cego e sadomasoquista Glauco Mattoso e que se chama precisamente “Filme para poeta cego”.
Vi ainda uma longa metragem francesa, algo onírica, “Rencontres d’aprés minuit”.

No último dia, depois da proclamação dos vencedores, que foi para mim decepcionante, foi exibido como filme de encerramento um muito bom e forte filme israelita sobre o relacionamento entre um jovem estudante palestiniano e um também jovem advogado israelita, com um conteúdo muito político, foi um excelente final para um excelente festival.


Uma nota para um Workshop a que assisti, sobre duas diferentes situações: uma delas é realização de uma série, sobre “bears”, realizada pelo André Murraças e com a participação do meu amigo Luís Mota e mais dois bears e que se chama “Barba Rija”.

E a outra é a produção de dois novos filmes do António da Silva: “Artistas – objectos de desejo” e um outro sobre homens gays de S.Francisco acima dos 40 anos.
O que têm de comum estas obras é que se tratam de obras para as quais é necessário fundos monetários; se no caso dos filmes do António da Silva, ele cobre as despesas por meio de “donates” da visão “on line” desses filmes, já na produção do André é necessário angariar o montante necessário para realizar o primeiro episódio da série.

quinta-feira, 26 de setembro de 2013

Travis Mathews no "Queer Lisboa"

Travis Mathews (nascido em 1975) é um realizador e argumentista americano, principalmente trabalhando dentro do género do cinema documental.
 Abertamente gay, Mathews vive e trabalha em S. Francisco e até agora realizou a curta “I want your love” que eu mostrei há dias aqui no blog, e que foi filmada em 2010, tendo posteriormente feito uma longa metragem dessa curta, em 2012,
sendo os seus únicos filmes de ficção, tendo anteriormente apresentado vários documentários: em 2004, “Do I Look Fat?”, a série “In Their Room”, primeiro de S.Francisco (2009), depois Berlim (2011) e agora Londres (2013).
Mas o seu filme mais conhecido é aquele que codirigiu este ano, com James Franco, “Interior. Leather Bar”, sobre uma sequência suprimida do polémico filme de William Friedkin “A Caça”, com Al Pacino (1980), passada no interior de um bar gay.
Foram estes dois filmes, a curta “In Their Room – London” e “Interior. Leather Bar” que foram apresentados na terça feira no Queer Lisboa, com a presença do realizador Travis Mathews, que teve uma curta intervenção, bastante divertida, antes da apresentação dos filmes, numa sala quase lotada.
Sem dúvida que o Queer Lisboa deste ano tem tido noites muito especiais e é cada vez mais um acontecimento cinematográfico culturalmente muito importante do nosso país.

Foi apresentada em primeiro lugar, a curta metragem "In Their Room - London".
“In Their Room” é uma série de documentários sobre gays, quartos e intimidade. A série mostra os quartos dos homens, onde se veem fazendo de tudo, desde o mais banal ao (a maior parte das vezes) erótico. Complementando a natureza reveladora de suas atividades diárias há entrevistas confessionais sobre fantasias, que excitam,  e vulnerabilidades. O throughline da série destaca as maneiras pelas quais os homens gays em culturas diferentes lidam com conexão, intimidade e solidão no mundo moderno. 
Numa época de acelerada aceitação de gays e visibilidade, é chocante que muitas destas histórias estão sendo deixadas ficar numa situação irregular. A minha inspiração para a série veio em grande parte dessa frustração. Se as representações da minha vida e da vida dos meus amigos são em grande parte invisíveis na media eu pensei que eu deveria  gravar essas histórias antes de serem perdidas ou esquecidas. Eu faço isso da melhor maneira que possa concentrar-se em algo pareça autêntico, moderno e sem censura”, afirma Travis Mathews. 

A série é concebida como um projeto de longo prazo, com episódios recentes filmados em San Francisco e Berlim, e agora, Londres.
  

O episódio de Berlim foi apresentado no Queer do ano passado.

Depois, o prato forte, a longa metragem.
Este documentário tem tido grande êxito e é a pré-imaginarão desses 40 minutos suprimidos ao filme que servem de ponto de partida para uma exploração mais ampla da liberdade sexual e criativa.

Note-se que este filme “Interior. Leather Bar” vai ser apresentado brevemente nas salas do país, no que se prevê seja algo polémico, pois há sexo explícito no filme, o que é salutar no cinzentismo nacional…

segunda-feira, 23 de setembro de 2013

"E agora, lembra-me"

"Viver com HIV e VHC (hepatite C) não é uma novidade para Joaquim Pinto, que contraiu os vírus há cerca de 20 anos. 
Será, no entanto, com espanto de novidade que percorremos as quase três horas de "E Agora? Lembra-me", filme autobiográfico em que acompanhamos um ano da vida de Joaquim, entre o campo onde vive, os ensaios clínicos em Madrid, o amor por Nuno, os cães, os amigos, as memórias e, como que condensando todos, o seu mundo interior, que espoleta em tantas direcções quantas consegue a consciência humana. 
Um filme que é uma partilha. "Quando me estava a preparar para este tratamento (em Madrid), percebi que praticamente não havia filmes actuais sobre o HIV feitos na primeira pessoa. Eu achei que era altura de alguém fazer um filme na primeira pessoa", conta-nos Joaquim. 
É, de facto, assim que acontece, com Joaquim a contar a história ao longo de todo o filme. 
Narrador presente e participante, que não inibe nunca a câmara: "Acho que o cinema tem a ver com exposição, tem a ver com luz, tem a ver, precisamente, com o mostrar alguma coisa. E também acho que não tenho nada a esconder." 
A sequência do filme decorre tal qual um diário de bordo, em jeito cronológico, onde podemos seguir Joaquim ao ritmo do tratamento a que se submeteu, um estudo clínico com medicamentos ainda não aprovados: "O filme foi feito na altura em que eu estava a fazer este tratamento muito complicado, com efeitos psicológicos muito pesados. Muitas vezes, fiquei surpreendido com o material que tínhamos filmado, porque devido a esses efeitos não me lembrava de muitas coisas."
 Se "E Agora? Lembra-me" surge também como exercício de memória - onde a narrativa de mistura, sem ordem aparente, entre desabafos quotidianos e episódios da vida de Joaquim -, isso não se deverá nem aos efeitos secundários dos medicamentos nem ao cansaço produzido por eles. 
Joaquim explica: "Há muitas pessoas que passam por situações extremas na sua vida que implicam uma reflexão. Muitas vezes, isso tem outro lado, que é o de permitir fazer um certo balanço não só em relação ao passado, mas em relação ao que é a vida, ao que é estar vivo." 
É assim que balançamos para cá e para lá, à boleia de João César Monteiro, Kurt Raab, Raul Ruiz, Guy Hacquenghem, Henri Alekan, Serge Daney, Copi, Claudio Martinez, amigos e companheiros de trabalho de Joaquim Pinto que aqui integram, sem dúvida, o seu panteão. 
"A doença teve em mim um efeito imediato que foi o de me ajudar a distinguir o que é realmente essencial. Por outro lado, teve o efeito de me aproximar das pessoas com quem, de facto, tenho alguma coisa a ver. E, se calhar, de afastar as amizades que eram só circunstanciais." 
Nuno Leonel, marido de Joaquim, é uma das "personagens" constantes no filme, um pilar presente/ausente que dizia ter coisas mais importantes para fazer do que participar no filme. "Cuidar de nós", conta Joaquim no filme. E, a nós, explica-nos: "Nos primeiros meses estive mais ou menos sozinho. Acho que há um momento de viragem que se percebe no filme, um momento em que o Nuno se aproxima e, a partir daí, o filme passa a ser feito pelos dois." 
Muitas das filmagens estiveram a cargo de Nuno Leonel, como faz questão de deixar claro Joaquim: "Não fui só eu a fazer o filme. Foi feito em colaboração total com o Nuno." 
"E Agora? Lembra-me" é também um filme sobre os sinais num mundo que Joaquim reconhece estar cego, por sermos, como diz, constantemente bombardeados com solicitações. 
"Há sempre coisas inesperadas e o mais importante é estarmos atentos aos sinais que diariamente nos iluminam, e não os negar." 
Uma crença na simplicidade das coisas, como nos diz, que não apresenta como manifesto ou revolta, mas como partilha: 
"O que quis fazer com este filme é dar espaço às pessoas, sem lhes dizer 'eu penso isto ou aquilo'. Quis, sim, partilhar um bocadinho as minhas dúvidas. Se este sentimento de inquietação positiva puder ser transmitido, eu acho óptimo."


 Este é um texto do jornal “i”, mas eu quero dizer algo mais.

Este filme marcou-me profundamente e em vários sentidos.
É um filme culturalmente brilhante, com pormenores técnicos fabulosos; é um filme profundamente comovedor e corajoso onde o realizador expõe a sua doença, os seus problemas, mas também as suas dúvidas e o seu amor (a figura de Nuno é fundamental).
Poucas vezes tenho visto cães filmados com tanto amor, sim, não me enganei, e os quatro cães são importantes no filme.
A um nível pessoal, achei uma coincidência a referência a uma pessoa que tão bem conheci, a Jo e a dois filmes que marcaram a minha vida: “A imitação da vida”, o primeiro filme que eu comentei num jornal, no início dos anos 60, quando estudava em Castelo Branco e a espantosa cena de Laura Betti, quando é enterrada viva a seu pedido no filme “Teorema” de Pasolini.
As citações maravilhosas de tanta gente, de Santo Agostinho a Ruy Belo, as referências muito bem “delineadas” a personalidades como Marx, Freud, e tantos outros.
As constantes alusões à Bíblia, à religiosidade do Nuno e a sua (do Joaquim) visão do Catolicismo, tão parecida à minha…
As recordações do passado, desde a infância, às viagens e estadias em países diferentes, a constante alusão aos Pais, aliás o seu Pai, com mais de 90 anos esteve presente na sala.
A actualidade do momento em que vivemos, a crise aqui e no mundo, os fogos, numa palavra, um olhar atento à realidade actual.
Enfim, e eu espero que o Joaquim viva muitos anos, mas este filme é desde já um testamento da sua vida e obra.

Não posso esquecer que este filme ganhou um dos mais importantes festivais de cinema, na sua última edição, Locarno.


É obrigatório que este filme maravilhoso possa ter uma exibição comercial para que possa ser apreciado por muita gente pois é um acto de verdadeira Cultura.
E agora, Joaquim?
Obrigado, a ti e ao Nuno!
Sim vamos lembrar-nos, é impossível esquecer este filme.

sábado, 21 de setembro de 2013

Steve Ostrow e a "Continental Baths"

Começou o Festival Queer e devo confessar que não me agradou muito a ideia de ter como filme de abertura um documentário.
Sala cheia, palavras de circunstância e finalmente o filme; “Continental”, de Malcolm Ingram
foi o filme escolhido e quando acabou tive de me render e aplaudir este documentário, que me deu a conhecer factos e pessoas que desconhecia e que foram influentes, na época (finais da década de sessenta até meados da década de setenta), dando início a uma era de libertação sexual e estilos de vida alternativos que, até hoje, nunca foi igualado.

Os Continental Baths eram uma sauna gay na cave do Hotel Ansonia em Nova Iorque
inaugurados em 1968 por Steve Ostrow. Eram publicitados como uma reminiscência da "glória da Roma Antiga". O documentário mostra o clube, desde o auge da sua popularidade até ao início da década de 1970
Os Continental Baths tinham uma pista de dança, um salão de cabaret, salas de sauna,  uma piscina e tinham capacidade para 1.000 homens, estando abertas 24 horas por dia.
Um guia gay da década de 1970 descreveu os Continental Baths como um lugar que "revolucionou a cena das saunas de Nova Iorque"
 Tinham um sistema de alerta que avisava os clientes para a chegada da polícia. Havia também uma clínica para doenças sexualmente transmissíveis, um dispensador de A200 (um shampoo contra piolhos) nos chuveiros e lubrificante KY à venda nas máquina automáticas.
Aliás houve várias rusgas da polícia, com prisões e que só terminaram (por sugestão da própria polícia), com o pagamento de avultadas quantias por parte do dono, mostrando como a polícia era corrupta. Steve Ostrow
Quem teve a ideia de abrir estes Continental Baths foi um homem extraordinário, chamado Steve Ostrow.

Ele e a sua mulher meteram mãos à obra e fizeram deste local um dos mais míticos locais gay de Nova Iorque, como o foram o Stonewall ou o Studio 54.
Ostrow é uma personagem fascinante: casado, pai de dois filhos, após o nascimento deles a mulher não satisfazia sexualmente e ela própria viveu uma crise que a levou a tornar-se freira.
Não se contentando em explorar as instalações  apenas como local para sexo, e se havia sexo naqueles banhos…ele criou principalmente aos fins de semana, espectaculos  com diversos artistas, já que ele próprio era um artista (cantava ópera muito bem). E assim passaram por lá grandes nomes, entre eles destacando-se uma cantora que ali iniciou a sua carreira – Bette Midler.
Pelas suas performances nos Baths, Bette Midler era conhecida por Bathouse Betty. Foi nos Continental Baths, acompanhada ao piano por Barry Manilow (que, como os clientes, por vezes, se vestia apenas com uma toalha branca à cintura), que Bette Midler criou a sua persona de palco, a Divine Miss M.
  (a qualidade deste vídeo é bastante deficiente) 

A frequência era variada, entre gays e heterossexuais, tornando-se o local um dos mais famosos, onde se podiam encontrar Andy Wharol, Nureyev, que o utilizava essencialmente para encontros sexuais, Mick Jargger e tantos outros.
Um dos grandes momentos dos Continental Baths aconteceu quando Ostrow, convenceu uma das grandes divas da ópera na altura, a soprano Eleanor Steber a actuar ali tendo sido editado um disco com essa actuação e que é hoje uma raridade.
Nesse famoso concerto as toalhas brancas dos clientes foram substituídas por toalhas negras.

.Os banhos Continental perderam muita da sua clientela gay em 1974. A razão para o declínio foi, como um gay nova iorquino disse: "Acabámos por nos fartar desses shows tontos e exagerados. Todos esses heterossexuais na nossa sauna faziam-nos sentir como se fôssemos parte da decoração e que estávamos lá em exposição, para os divertir."
No final de 1974, o número de clientes era tão baixo que Steve Ostrow decidiu fechar o salão de cabaré. Concentrou-se, em vez disso, em ressuscitar o negócio que estava na origem da sauna. Chegou a fazer publicidade na WBLS, mas sem sucesso. Finalmente, Ostrow teve que fechar os Continental Barhs de vez. As instalações, contudo, foram reabertos em 1977 como um clube de troca de casais heterossexual, chamado Plato's Retreat, que se mudou para a W. 34th St. em 1980 e foi encerrado por ordem da câmara de Nova Iorque, no auge da epidemia da Sida.
A Continental foi um fenómeno que saiu de um mundo pré Sida e que provavelmente nunca iremos experimentar de novo. Mais do que ser apenas uma sauna e uma “vitrine”, os Banhos eram um lugar onde as pessoas saíram dos seus armários e se descobriram quem eram. Foi o primeiro estabelecimento gay para tratar os homossexuais como iguais e não explorá-los e foi fundamental para rescindir as leis contra a homossexualidade.
Depois do fecho da Continental Baths, Steve Ostrow foi viver para a Austrália, para Sidney, em 1987 onde finalmente realizou o seu sonho de ser cantor lírico, tendo tido uma carreira de sucesso, cantando ópera com as principais companhias de ópera de todo o mundo, incluindo a New York City Ópera, a San Francisco Ópera, a Ópera de Stuttgart, a Lyric Ópera de Queensland e a Ópera australiana. 
Fundou em 1991 uma organização de reconhecido mérito. O MAG - Mature Age Gay Men’s Group.

Só por uma questão de curiosidade, em 1975 o realizador David Buckley realizou um filme sobre este local e denominado “Saturday Night at the Baths”.