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Per supuesto...
(Cartoon de HenriCartoon)
Pessoal e transmissível
Li um dia destes no sempre interessante blog “Jugular” um belo poema da Dra. Isabel Moreira, conhecida jurista e que muito admiro, sobre a Sérvia.
Claro que não fiquei indiferente, pois, embora em situações pessoais diferentes, com certeza, o poema refere-se a alguém que a autora conheceu na Sérvia e também eu conheço muito bem alguém da Sérvia, e que me transmitiu exactamente os mesmos sentimentos que o poema refere acerca da posição dos sérvios durante a guerra dos Balcãs.
Aqui deixo a transcrição do belo poema e também do comentário que lá deixei.
“E depois há uma música
Que é sempre a mesma
Que são muitas outras
Que é sempre a mesma
Que eras sempre tu
E depois disseste-me, com a voz nas pálpebras:
Eu não tenho esses séculos de fronteiras
Eu não tenho a paz de saber das minhas memórias
Eu não sou eu até que me não doa a casa magoada do meu tio
E a grávida morta porque morta antes a mulher do assassino
E por isso dizias-me, sem uma lágrima na voz:
Isto é só isto é a dor da identidade; de que falas, Isabel?
E depois agarravas uma viola e era uma outra voz
Que era sempre a mesma
Que eram muitas outras
Que era muito tua
E o som da tua voz inutilizava o significado das palavras
Que não entendo
E que me dizia tudo
Um tiro de raízes ciganas, pelo meio de todas muçulmanas, croatas, albanesas
E as tuas, isso que projectava a pergunta: de que falas, Isabel?
Os olhos cerrados de um sérvio a recuar aos sons
Que eram tantos
Que eram muitos outros
Que terão sido sempre aqueles
Cantados antes que gritados
Ou chorados
Ou sangrados
De que falas, Dragan?
E tu a dizeres: eu preciso de tempo
E que fosse a partir de um sítio com o nome de lugar novo
E assim a dizeres-me, de viola na mão, que precisas de viver
Com a paz muito sofrida da palavra eu.”
Houve nomes de que os sérvios se envergonham, com Milosevic à frente; mas houve também nomes que deviam envergonhar croatas e bósnios.
Mas é sempre conveniente arranjar bodes expiatórios.
E para terminar, uma música bem representativa daquele país.
Aos 42 anos, Antoine é um publicitário de sucesso, casado com Cécile, de quem tem dois filhos, vive numa bela casa e tem tudo para ser feliz.
Mas, num fim-de-semana como outro qualquer, Antoine sente que nada faz sentido e inicia um processo de autodestruição, arrasando com tudo o que tinha construído até aí: desde a sua vida profissional até cada uma das suas relações afectivas. Para surpresa de todos, durante um jantar na sua casa de campo, mostra-se rude e intransigente, insultando cada um dos presentes. Acaba por expulsá-los e, depois de uma terrível e definitiva conversa com a mulher, abandona a sua casa e tudo o que ela significa.
Em apenas dois dias, Antoine, um homem comum, destrói todas as bases da sua vida. Será esta apenas uma crise de meia-idade?
Este é o tema de um belíssimo filme de Jean Becker,” Dois dias para esquecer”, muito bem interpretado por um excelente Albert Dupontel e que de algum modo estabelece pontos de contacto com o filme de François Ozon “Le Temps qui reste”.
Faz-nos pensar e de que maneira, na precarieridade da vida e também nas difíceis opções que por vezes se verificam num relacionamento baseado no amor.
No final, comovente, ouvimos esta belíssima canção na voz magnífica de Serge Reggiani, precisamente com o mesmo nome do filme de Ozon: “le Temps qui reste”.
Quanto tempo ...
Adoro o Alentejo; vivi quatro anos em Serpa e aprendi a gostar das terras e das gentes.
Muitas anedotas se contam sobre os alentejanos e eles próprios as contam, sem se ofenderem.
Assim sendo aqui vai uma série delas, para descontrair do último post, que parece que incomodou algumas pessoas...
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"Estavam dois alentejanos num café, já bêbados, quando passa uma equipa de futebol de anões.
Então um dos alentejanos vira-se para o outro:
- Oh compadre, quem é que deixou fugir os matraquilhos?"
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"Dizia uma comadre para outra:
- Oh comadre, eu sou extremamente asseada, mudo de roupa interior três vezes por dia.
Diz-lhe então a outra:
- Eu também fui assim até aos dois anos, mas depois nunca mais foi necessário."
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"Um alentejano está estendido debaixo de uma figueira de barriga para o ar e de boca aberta.
Cai-lhe um figo na boca e ele fica na mesma posição.
- Por que é que não comes o figo? - pergunta-lhe o companheiro.
- Estou à espera que caia outro, para me empurrar este para baixo."
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"Estavam dois alentejanos sentados e diz um para o outro:
- Ei compadre, tem a mão inchada!
Responde o outro:
- Mais vale uma mão inchada do que uma enxada na mão!"
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"Estavam dois alentejanos encostados a um chaparro, um deles volta-se para o outro e pergunta:
- Compadre, eu tenho a braguilha aberta?
O outro responde:
- Não, Compadre, não tem.
Responde o primeiro:
- Porra, então faço amanhã!"
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"Vai um casal francês de visita ao Alentejo, mas, ao descer do autocarro, a mulher tropeça, cai e o vestido sobe-lhe até à cintura... Muito resignada, olha para o marido e comenta:
- C'est la vie!!!
O alentejano perto do local, que tinha apreciado toda a cena, replica:
- Se la vi! Se la vi! Vi la toda!"
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"Dois alentejanos:
- Atão, compadre, nã quêra lá ver que hoje de manhã fui dar com dois caracóis no mê quintali!
- Ah sim!? E atão o que é que você fez?
- Ah compadre! Um ainda o apanhei, mas o outro... conseguiu fugir!!!
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"Dois alentejanos, zangados há muito tempo, passam um pelo outro, num caminho.
Um deles leva um bovino à frente.
Diz o outro:
- Atão, vai passear o boi?
O outro, muito admirado:
- Essa agora, compadre? A gente nã se falava há tanto tempo! Mas isto nã é um boi, é uma vaca. O compadre enganou-se.
Resposta do primeiro:
- Ê cá nã falê consigo. Foi com a vaca!"
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"Uns lisboetas de viagem ao Alentejo vêem um alentejano junto a uma paragem de autocarro e, tentando entrar no gozo, perguntam:
- Compadres, a que horas chega aqui o autocarro da Rodoviária?
- A gente aqui na chama Rodoviária, é cameneta da carrera!
- Mas compadre, a Rodoviária é a transportadora nacional!...
- Já lhe disse, a gente aqui chama cameneta da carrera!
Já irritado, o lisboeta vira-se e pergunta:
- E como é que chamam aos filhos da puta?
- A gente aqui nã os chama, eles vem cá teri!"
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"A jornalista tentava iniciar uma entrevista com um alentejano, que minuciosamente estudava o firmamento, debaixo do chaparro.
A jornalista: Aquele monte além dá trigo?
O alentejano: Na dá nada...
A jornalista: E dá batata?
O alentejano: Na dá batata, não...
A jornalista: Então, dá centeio?
O alentejano: Na dá nada...
A jornalista: E semeando milho?
O alentejano: ÁÁÁHHHHHHH, semeando já é outra conversa...!!! "
Na despedida, meu amor, uma Ode de José Régio; tu não partes. Apenas vais "voar" por uns tempos...
"Nuvens tocadas pelos ventos, ide!
Lá para além de vós, o céu não passa.
Contra as rochas erguidas e paradas,
Desfazei-vos na vossa eterna lide,
Ondas!, flocos de espumas encrespadas…
Que a praia, não há onda que a desfaça.
Desfolhai-vos nas asas do tufão,
Rosas inda em botão esta manhã,
Folhas aos velhos troncos arrancadas!
Cinzas levais, só cinza!, em vossa mão,
Tempestades futuras e passadas!
Sobre a semente, a vossa fúria é vã.
Decorrei, dias meus já sem sentido
Senão o de ficar, que não é vosso
Dissolvei-vos no ar, mãos revoltadas!
Gestos, formas, visões, sons, pó erguido,
Voltai ao pó das tumbas ignoradas!...
Que não se apaga a luz de além do poço.
Sou, como as nuvens sou que nada são,
E as ondas frágeis como vãs quimeras,
E as pétalas e as folhas desfolhadas,
E as formas fogos-fátuos da ilusão…
Correi , lágrimas fúteis enganadas!
Mas tu canta, minh’alma! Enquanto esperas."
fomos comprar camarões e ameijoa da boa e eis-nos a atravessar o Sado a caminho de uma Tróia que renasce diferente e linda.
Daí rumámos pela Comporta até Grândola e fomos comprar pão e coentros e lá seguimos para o cada vez mais bonito monte dos nossos anfitriões
e com todos os atrasos, do festival da Eurovisão, vimos…a votação.
O nosso jantar foi uma pratada monumental de ameijoa à Bulhão Pato, com bom pão alentejano e várias variedades de camarão, tudo regado com bom vinho branco.
Para fazer a digestão fomos divertir-nos com umas renhidas partidas de snooker, que há tanto tempo não jogava e quando demos pelas horas eram quatro da matina.
Domingo, pela hora do almoço, devido à piscina do monte estar muito suja, fomos almoçar perto da Lagoa de Santo André… peixinho, pois então – espetada de lulas! E depois lá fomos para a bela praia da Vacaria, entre Melides e Sines, onde o mar estava bravio, mas deu para eu e o Déjan brincarmos com as ondas, como crianças…
Ainda fomos ver Sines e o seu Vasco da Gama, antes de rumar ao monte para um duche retemperador e um jantar com o resto das ameijoas, dos camarões e um bom presunto.
Arrumadas as coisas regressámos a casa, era uma da manhã, cansados mas muito felizes.
O resto…não conto!!!!