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segunda-feira, 23 de março de 2015

Mais um...


Quando começamos a “descer a ladeira” que a nossa vida é, geralmente os dias de aniversário começam a ser pesados para nós e a não justificar uma comemoração.
Exceptuam-se por vezes os chamados “números redondos”, em que juntamos à nossa volta, familiares e/ou amigos.
Assim aconteceu quando fiz 50 anos, que quis fosse uma festa realmente grande pois além de ser meio século de vida, foi num ano deveras importante para mim, pois despedi-me da Covilhã para vir a residir na zona de Lisboa; reuni quase 100 pessoas num jantar muito animado no Clube de Campo, na Covilhã e depois fomos para um bar/discoteca até às tantas (nem todos,claro).
Os 60 foram também comemorados já cá em baixo, aqui em casa, com muito menos gente, mas ainda assim, rodeado de amigos.
Apesar da PDI, disto e daquilo, confesso que intimamente gosto de “fazer anos”, pois a maior comemoração é comigo próprio...até porque as comemorações com outras pessoas se resumem sempre a um simples jantar com o Duarte, aqui em Massamá e nada mais, o que aliás acontecerá hoje.
Mas, o ano passado custou-me muito, mesmo muito, “fazer anos” e por uma simples razão: eram 68 e este número traz-me à memória uma série de pessoas que faleceram com essa idade, a começar pelo meu Pai.
E infelizmente essa situação manteve-se este ano com mais dois grandes amigos a partir com essa idade.
Bolas, eu quero sair dos 68!
Venham os 69, pese embora o almoço sozinho, o habitual jantar com o Duarte, a saudade do Déjan, a falta de amigos que o continuam a ser, apesar de me ter isolado um bocado aqui no meu cantinho...
E para o ano, se houver oportunidade e lá chegar, e porque é um número redondo, ainda(...), porque não comemorar de novo?
Afinal a minha querida Mãe tem 92!

sábado, 17 de janeiro de 2015

Viagens 15 - Berlim

Estando a dois dias de partir para a Alemanha por um período de duas semanas, em que estarei na região da Renânia do Norte- Vestfália
 vou aqui recordar outras duas viagens (entre outras) que efectuei a este país, e referentes a visitas a Berlim.
Ambas as viagens foram efectuadas com o Duarte e a primeira delas ocorreu em Dezembro de 1990, ou seja cerca de um ano após a queda do muro e três meses depois da reunificação da Alemanha.
Imagina-se facilmente o imenso interesse que a cidade de Berlim tinha nesse momento.
Os restos do muro eram ainda numa grande extensão
 e podia ver-se em diversos locais a terra de ninguém que havia na antiga RDA nas zonas perto do muro.
Ainda funcionava como ponto de grande interesse turístico o famoso posto fronteiriço conhecido como “Check Point Charlie”
e o comércio de coisas relativas à União Soviética e à RDA junto às Portas de Brandeburgo era diversificado e muito interessante – vendia-se de tudo – recordo que comprei um pedacinho do muro, autenticado (?), e um daqueles gorros de pele muito quentinhos, com orelhas e que tinha um emblema com a foice e o martelo no centro

Descer a Unter den Linden
a grande avenida da ex- Berlim Leste, ainda com todos os edifícios intactos (a embaixada soviética era imponente) e aqueles hotéis com criadas uniformizadas a servir o chá nos restaurantes eram deslumbrantes.
Foi um privilégio ter conhecido ainda essa Berlim, que hoje está completamente remodelada.
Posso afirmar que apesar de Berlim Leste ser uma cidade uniformizada segundo os padrões de vida soviéticos, com aqueles monstros de betão todos semelhantes a servirem de apartamentos, na parte mais próxima das Portas de Brandenburgo, havia e continua a haver os mais belos e grandiosos locais de toda a cidade de Berlim, extremamente bem conservados depois de reconstruídos (Berlim foi arrasada no final da II GG) e a merecerem visitas demoradas.
Berlim na sua parte oeste, era uma grande cidade, moderna, com motivos de grande interesse também, nomeadamente a sua principal avenida, a Kurfurstendamm
mais conhecida como “Ku'damm” e que tem como ex-libris as ruínas da torre da antiga igreja do Kaiser Wilhelm, destruída durante a guerra.
Toda a cidade fervilha de vida, com um comércio fabuloso e uma vida nocturna deslumbrante.
Nós ficámos hospedados num hotel bastante bom e central e passámos ali o ano, tendo celebrado a meia noite num bar célebre que havia mas já não existe e é pena – o “Andreas Kneipe”, que era um autêntico local de culto gay.
Visitámos variadíssimos locais nocturnos todos de ambiente gay e com as mais variadas tendências.
E claro que apanhámos um frio de rachar.

Esta visita foi de curta duração e daí termos ficado com vontade de regressar com mais tempo.
Isso veio a acontecer em 2004, pois entretanto conhecemos um casal gay alemão – o Heinz, médico reformado e o Peter, que com ele trabalhara, e que compraram uma casa na Parede, onde passavam metade do ano (o Inverno), mas que mantinham a sua casa em Berlim e que nos convidaram para lá ficarmos hospedados durante a nossa visita. 
Aliás, na parte final desta nossa segunda visita a Berlim, juntaram-se a nós e também na casa do Heinz e do Peter os nossos comuns amigos João e o Carlos, de Almada

Então pudemos visitar muito melhor Berlim, com guias muito competentes e pudemos aquilatar a enorme evolução que a cidade teve nesses 14 anos, nomeadamente na zona perto das Portas de Brandenburgo
de um lado e doutro. 
No antigo lado oriental, os antigos edifícios deram lugar a prédios modernos e é hoje uma da zonas mais importantes da cidade (a embaixada russa está no mesmo sítio, claro, mas sem os símbolos comunistas de antigamente).
Recordo que nessa altura se estava a construir perto a nova embaixada americana e estava quase concluído o moderno Memorial de homenagem aos judeus mortos na guerra

Do lado de cá, a antiga zona do muro, agora totalmente demolido à excepção de um pequeno pedaço que ficou como recordação
embora esteja assinalado no solo toda a sua localização, foi transformada na mais sofisticada e moderna zona de Berlim, com edifícios de uma arquitectura arrojada e magníficos numa zona à volta de Postdamer Platz

Mas foi também possível ver todos os monumentos da antiga Berlim Leste, como a Catedral
a Alexanderplatz com a Torre de Televisão de onde se tem uma panorâmica fabulosa da cidade
 a Ópera

 o Museu Bode

o Altes Museum
a Alte Nacionalgalerie
 e também da parte ocidental, nomeadamente o Reichstag (Parlamento)
 a Ponte de Oberbaum
e outros, além das Portas de Brandenburgo e das ruínas da Ku'Damm já referidas.
E claro o magnífico Palácio de Charlottenburg

A vida nocturna não podia ser esquecida e não hesito em considerar hoje em dia Berlim como um dos principais centros gays da Europa; fomos a bares que nunca pude pensar existirem, com cenas “eventualmente chocantes” mesmo para mentes muito abertas, passadas naqueles quartos escuros em que tudo era permitido e por vezes nem sequer eram muito escuros...


Aproveitámos e fizemos duas visitas a outras cidades, qualquer delas memorável – Potsdam
ali bem perto, com um local assombroso de belo, o Palácio de Sanssouci
 mas toda a cidade maravilhosa.

E fomos a uma das mais belas cidades alemãs, Dresden, que tal como Berlim, foi arrasada no final da guerra e totalmente reconstruída posteriormente, situada nas margens do Elba

São tantos e tão belos os monumentos desta cidade que é difícil enumerá-los todos, mas refiro todo o centro histórico, com relevo para a Ópera Estadual da Saxónia
o Zwinger

a Fraunkirche
o Desfile dos Príncipes
a Catedral Católica

eu sei lá, uma das mais belas cidades em que já estive.
Demos ainda um salto a um lugar muito perto de Dresden e muito bonito, banhado também pelo Elba – Pillnitz, com o seu Castelo e Parque

Mas e como não há bela sem senão, houve quase no final da nossa estadia um caso bastante aborrecido. Como já disse estivemos em casa dos nossos amigos Heinz e Peter Heinz é um médico ginecologista reformado e os seus pais foram assassinados pelos russos no final da guerra; daí um ódio de morte a tudo o que é comunista, que se poderia compreender em parte se não fosse tão exacerbado ao ponto de ser nalguns casos ridículo.
Por exemplo, na Alemanha tudo o que há de bom se deve apenas aos alemães ocidentais e a reunificação foi a pior coisa que a Alemanha podia ter feito já que toda a zona antes pertencente à RDA não valia nada e já em Dresden houve uma pega entre mim ele pois para ele não dava valor algum ao fabuloso trabalho de reconstrução da cidade efectuado durante a existência da RDA.
Os monumentos de Berlim Leste eram desvalorizados e os comentários a tudo o que era de esquerda em qualquer parte do mundo constantes.
Poucas vezes tenho visto alguém tão da extrema direita. Mas eu era visita e a maior parte das vezes fingia não ouvir...
Até que uma noite estávamos em casa a ver televisão e apareceu o então presidente Bush, personagem que nunca foi da minha simpatia e eu comentei que não gostava do tipo...O que eu fui dizer.......Ele começa com uns disparates perfeitamente desadequados do meu comentário e de repente está a falar de Portugal, que o nosso país era uma merda, que só estávamos na UE e éramos algo desenvolvidos porque a Alemanha nos ajudava, que não prestávamos para nada, enfim, mesmo sendo visita senti-me profundamente ofendido até porque eles tinham escolhido Portugal para viver a sua reforma no Inverno como lhe fiz ver. Nada o demoveu e senão faltasse apenas um dia para nos virmos embora, eu teria mesmo saído lá de casa.

Foi extremamente desagradável e as nossas relações nunca mais foram boas; vimos-nos duas ou três vezes aqui em Portugal, sempre com discussões pelo meio e actualmente nada sei deles.

quarta-feira, 7 de janeiro de 2015

Viagens 14 - Belgrado

Em Setembro de 2006, depois de uma escala em Colónia (Alemanha) aterrei pela primeira vez no Aeroporto Nikola Testa, em Belgrado, capital da Sérvia.
Já tinha estado em Belgrado, muitos anos antes, ainda capital da Jugoslávia, vindo então de comboio, desde Atenas e confesso que por motivos que já relatei antes essa estadia não tinha sido muito agradável.
Mas agora, a situação era bem diferente, e os motivos da viagem, não eram uma escala mais num inter-rail juvenil, mas sim ir ao encontro de alguém.
Desde nove meses antes, mantinha contacto virtual com uma pessoa que “mexeu” muito comigo, e era imperioso para ambos um conhecimento real e assim lá fui eu ter com o Déjan

Foi a primeira de várias viagens a esta cidade, à qual me ligam agora laços que ultrapassam em muito a pessoa que ali me levou nessa data.
O Déjan estava à minha espera no aeroporto, e foi com um misto de alegria e timidez que nos vimos e cumprimentámos pela primeira vez; tomámos um taxi para a sua casa, no centro da cidade e durante o longo percurso, poucas palavras trocámos, apenas um imenso sorriso transparecia em ambos e os nossos dedos mindinhos estiveram sempre apertados até chegarmos à Kneza Milosa (assim se chama a avenida onde ele morava)
 e que desde já adianto ser talvez a mais importante da cidade, já que faz a ligação da entrada norte com o centro da cidade – é uma longa avenida – e na sua parte final, onde se situava a casa do Déjan, estão locais muito importantes, como a sede do Governo, as traseiras da Presidência da República, vários ministérios e acaba junto ao Parlamento, além de ter variadas embaixadas (EUA, Canadá, Croácia e outras).
O apartamento era pequeno, mas acolhedor e quando a porta do mesmo se fechou atrás de nós, libertámos toda a timidez e num só momento tivemos a certeza da importância e do bom que esta viagem iria representar nas nossas vidas futuras.
Foram duas semanas maravilhosas em que além de ir descobrindo o Déjan, fui descobrindo uma cidade fascinante nas suas diferenças, uma cidade que ele me foi mostrando, fervilhando de vida, com características muito próprias e que me levaram a conhecer melhor aquele povo, tão especial, e nalguns aspectos bastante parecido com o nosso

Mas foi ao longo de posteriores viagens que ali fiz que melhor fui conhecendo a cidade dos dois rios, o Danúbio e o Sava, das suas muitas pontes, dos muitos cafés e bares cheios de gente
de Verão e de Inverno, das gentes que tanto podem mostrar sinais de carência, como mostram que sabem vestir bem e viver a vida.
Agora, o Déjan deixou de viver em Belgrado, arrendou o seu apartamento e apenas lá voltará para férias e ficará em casa do irmão, pelo que não sei quando voltarei lá, com muita pena minha
Apenas em dois aspectos os nossos futuros encontros fora de Belgrado são positivos: por um lado não temos que (fora de casa) fazer teatro sobre os sentimentos que nos unem – a Sérvia é terrivelmente homofóbica; e por outra, ir à Alemanha ou a outra cidade europeia é sempre mais fácil e barato, já que evita uma escala, sempre penosa.
Mas jamais esquecerei Belgrado!

sexta-feira, 2 de janeiro de 2015

2014 - O meu ano literário

Li em 2014, 66 livros (ou melhor, serão 70, já que um está desdobrado em três, e se considerarmos o meu). 
Foi um bom ano literário e não só em quantidade,mas também à qualidade.
Neste aspecto qualitativo e segundo as estrelas atribuídas por mim a esses livros no Goodreads, apenas três obtiveram a cota mínima (uma estrela), quatro obtiveram duas estrelas (ainda assim negativa), doze estiveram num nível médio – três estrelas; já num plano elevado houve 36 livros a que atribuí quatro estrelas e a onze dei mesmo o máximo, as cinco estrelas que se aproximam da obra prima.
Daí poder desde já afirmar que a grande decepção do ano foi o livro de Lobo Antunes “Que farei quando tudo arde”
No campo oposto os dois melhores livros que li foram, no lado de autores portugueses, o livro de Norberto Morais - “O Pecado de Porto Negro”
 injustamente preterido no prémio Leya, e no plano de autores estrangeiros o surpreendente “Stoner” de John Williams

Uma referência à surpresa positiva do ano, um livro que eu julgava ser um livrinho apenas agradável e me “encheu as medidas” - “Agora ou Nunca” de Tom Spanbauer

A nível de autores, houve dois de que li quatro livros cada – o brasileiro Caio Fernando Abreu

e o autor do meu género preferido, o romance histórico: Allan Massie

Li dois livros de bastantes autores: Frederico Lourenço, Phillipe Besson, João Ubaldo Ribeiro, José Régio, Mário Cláudio e Ana Cristina Silva.
De realçar que a maioria dos livros lidos são escritos por autores da língua portuguesa (31 nacionais e 7 brasileiros), contra 28 estrangeiros.
Uma referência a ter lido apenas dois livros de poesia, um de banda desenhada e dois de teatro.
Li (e vi) cinco livros sobre fotografia (todos eles de grande nível), um livro muito interessante de pequenas histórias de autores anónimos ou quase, e apenas um pequeno ensaio. 
Houve ainda três livros de viagens.

Aqui fica a lista completa dos livros lidos, por ordem de leitura:

“Três Tristes Tigres” (Guillermo Cabrera Infante)
“Praia Lisboa” (Henrique Levy)
“Tibério” (Allan Massie)
“Viagens” (Paul Bowles)
“A Segunda Morte de Anna Karenina” (Ana Cristina Silva)
“Girassóis” (Caio Fernando Abreu)
“Uma Gota de sangue” (José Régio)
“A Casa dos Budas Ditosos” (João Ubaldo Ribeiro)
“O Instituto Smithsonian” (Gore Vidal)
“Instantâneos” (Margarida Leitão)
“A Photographer's Life: 1990-2005 (Annie Leibovitz)
“Gens du Barroso- Histoire de une Belle Humanité” (Gérard Fourel/Antero de Alda)
“Partilha-te” (Vários)
“O Crepúsculo do Mundo” ( Allan Massie)
“Morangos Mofados” (Caio Fernando Abreu)
“Cartas Vermelhas” (Ana Cristina Silva)
“EuroNovela” (Miguel Vale de Almeida)
“Augusto” (Allan Massie)
“António” (Allan Massie)
“USA Wild West: Oeste Selvagem Americano” ( João Máximo/Luís Chaínho)
“Fun Home” (Alison Bechdel)
“Morte em Pleno Verão e Outros Contos” (Yukio Mishima)
“Vivian Maier: Street Photographer” ( Vivian Mayer/John Maloof/ Allan Sekula/Geof Dyer)
“Helen Levitt” (Helen Levitt/Walker Evans)
“Castelo de Sombras” (Judith Teixeira)
“Mister Norris Muda de Comboio” ( Christopher Isherwood)
“Irving Penn: Small Trades (Virginia Heckert/Anne Lacoste)
“Amor que se faz Homem” (Henrique Pereira)
“O Mar por Cima” (Possidónio Cachapa)
“Carta de Sócrates a Alcibíades, seu Vergonhoso Amante” (Miguel Real)
“A Breve e Assombrosa Vida de Oscar Wao ( Junot Diaz)
“Sedução” (José Marmelo e Silva)
“Noites de Anto: Alegoria em Sete Quadros)
“As Raízes do Futuro” (José Régio)
“O Essencial sobre Eugénio de Andrade” - Luís Miguel Nava
“A Metarclândia” ( Carlos Alves)
“Histórias para Esquecer” ( Manel Zé) – 3 vol.
“A Seco” (Augusten Burroughs)
“O Físico Prodigioso” (Jorge de Sena)
“Nas tuas Mãos” (Inês Pedrosa)
“Crónicas de Bons Costumes” (Guilherme de Melo)
“O Pecado de Porto Negro” (Norberto Morais)
“Retrato de Rapaz” (Mário Cláudio)
“Um Eléctrico Chamado Desejo e Outras Peças” (Tennesse Williams)
“Diabruras de um Gay Assumido” (Alexia Wolf)
“Melhores Contos: Caio Fernando Abreu” (Caio Fernando Abreu)
“Em Nome do Desejo” (João Silvério Trevisan)
“Queer” (William S. Burroughs)
“Qual é a minha ou tua língua- Cem Poemas de amor de outras Línguas” (Jorge Sousa Braga)
“A Canção de Tróia” ( Collen McCullough)
”Uma Casa na Escuridão” (José Luís Peixoto)
“Uma Outra Voz” (Gabriela Ruivo Trindade)
“Moçambique – Para a Mãe se Lembrar como Foi” - Manuela Gonzaga)
“Stoner” (Jonh Williams)
“Onde Andará Dulce Veiga?” (Caio Fernando Abreu)
“Outras Vozes, Outros Lugares” (Truman Capote)
“ O Albatroz Azul” (João Ubaldo Ribeiro)
“Sangue do meu Sangue” (Michael Cunningham)
“Assustando os Unicórnios” (Lawrence Schimel)
“30 Dias em Sidney” (Peter Carey)
“As Aventuras de um Garoto de Programa” (Phill Andros)
“Internato” (João Gaspar Simões)
“Em Tempos de Guerra” (Phillipe Besson)
“Um Instante de Abandono” (Phillipe Besson)
“Agora ou Nunca” (Tom Spanbauer)
“A Formosa Pintura do Mundo” (Frederico Lourenço)
“Que Farei Quando Tudo Arde?” (António Lobo Antunes)
“A Máquina do Arcanjo” (Frederico Lourenço)

Finalmente e sem falsa modéstia, foi este ano que foi publicado pela INDEX ebooks o meu livro “Ilha de Metarica – Memórias da Guerra Colonial.



segunda-feira, 29 de dezembro de 2014

NOVE!


29 de Dezembro de 2005 – estava muito longe de travar conhecimento com alguém através daqueles sites que existem para esse efeito, em teoria, mas que na prática, funcionam mais em termos de meros encontros sexuais.
Naquele tempo, e não porque necessitasse realmente de encontrar alguém para um relacionamento – estava muito bem, sozinho – apetecia-me encontrar gente para conversar.
E encontrei um “puto”, então com 26 anos que também queria, e tão só isso, conversar.
Era da Sérvia e começámos a falar (teclar) em inglês.
Gostámos da conversa e repetimos nos dias seguintes; e depois começou uma troca de mails, mails grandes em que contávamos muita coisa um ao outro.
E começou a surgir algo que eu não imaginava que pudesse ainda acontecer-me – apaixonámos-nos! Mas havia um grande problema: a distância!
Equacionámos o problema, mas já não fomos a tempo de desistir – FELIZMENTE!
E passados 9 meses, em Setembro de 2006 dei um passo que tinha algum (não demasiado) risco: fui à Sérvia e conheci pessoalmente o “puto” - o Déjan, o meu Déjanito e tornámos-nos ambos um para o outro “CHAKO PAKO” (manias dele)...

E agora, a 29 de Dezembro de 2014, comemoramos NOVE anos de uma união que eu não acredito, apesar da distância, possa ser mais feliz.
Meu amor, muito obrigado por tudo o que me tens dado, por todos os momentos passados juntos, que até foram curtos para o tempo que levamos da nossa relação, mas é preciso não esquecer que ao longo destes anos, todos os dias falámos um com o outro, uma ou várias vezes ao dia.
Eu não posso passar sem ti, e sei, sem querer ser presunçoso, que o mesmo se passa contigo.

Estivemos (ainda estamos) o mais longo tempo sem nos encontrarmos – 14 meses – e isso devido essencialmente às grandes modificações de vida que  passaste ultimamente com o estágio, os estudos e exames da língua alemã, o processo de candidatura a um trabalho na Alemanha, enfim, tanta coisa que inviabilizou o nosso reencontro.
Mas a 19 de Janeiro, espero que estejas em Dusseldorf à minha espera e vamos passar 15 dias calmos, tu a trabalhar, e eu a ler e a entreter-me com a net, até tu chegares e depois há os teus dias de folga e há tanta coisa para partilhar de novo...

Desculpa-me este texto ir escrito em português, mas tu tens possibilidade de o traduzir facilmente; é que me era difícil dizer isto tudo em inglês...

Mas e agora só para ti: Puno havala, ljubaj moja. Volim te já tebe, moj predivni. Ti biti divan, Déjan! 

(Hope you like this music. Is not our song, as you know, but is for you, my love.)

quinta-feira, 27 de novembro de 2014

Uma imensa nojeira


Tenho tentado resistir escrever algo mais sobre o caso da detenção e posterior prisão preventiva de José Sócrates, mas isso é impossível.
Logo após os acontecimentos passados quase há uma semana, claro que não podia deixar de registar os factos nas redes sociais a que pertenço (FB e Google+) e fui confrontado quer nos comentários aos meus textos, quer principalmente no que li em textos escritos por amigos (FB) com opiniões que ultrapassam o salutar debate de ideias e formas de pensar para chegar ao insulto sujo e baixo que só o ódio pode provocar.
Tentando ser o mais cuidadoso possível na elaboração desta postagem, devo começar por um aviso prévio que não será novidade para ninguém que me conheça minimamente – conheço e sou amigo pessoal de José Sócrates dos tempos passados na Covilhã, onde fui aluno do seu pai, o Arq. Pinto de Sousa (já falecido) e onde mantive uma amizade sólida com o Zé, até porque ele era na altura o presidente da concelhia do PS covilhanense, e eu embora nunca tivesse sido filiado nesse partido sempre fui seu simpatizante.
Cheguei mesmo a integrar uma lista do PS a umas eleições autárquicas, por expressa vontade dele e eu só aceitei com a condição de ir num lugar não elegível, pois as minhas actividades profissionais não me permitiam ser vereador da Câmara, e portanto a isso se resume no campo político a minha afinidade com José Sócrates.
Mais tarde, quando os dois deputados socialistas do distrito de Castelo Branco eram António Guterres e José Sócrates, este pediu-me para ambos visitarem a empresa têxtil familiar onde eu trabalhava, no âmbito de outras visitas a empresas similares para apresentarem uma moção no Parlamento; claro que essa visita teria que ter o consentimento de meu Pai o que não era fácil, pois ele não comungava de forma alguma com os pensamentos socialistas e Sócrates, sabendo disso veio junto a mim, pois sabia que se fosse directamente falar com meu Pai, o "não" era certo.
Curiosamente, o meu Pai acedeu, com duas condições: eu é que os receberia e lhes mostraria as instalações e lhes deixaria dialogar com os trabalhadores, mas ele (meu Pai) queria no final da visita ter uma “conversa” com eles, pois lhes quereria dizer umas “coisas”.
A visita fez-se e afinal a conversa final foi uma agradável conversa sobre os problemas têxteis
entre mim, o meu Pai e...dois futuros primeiros ministros de Portugal.

Portanto eu olhei para estes acontecimentos desta semana com um olhar objectivo, mas também necessariamente com um olhar de um amigo que vê outro a viver um momento muito difícil, e ninguém me poderá condenar por isso.
Mas, e objectivamente, eu considero José Sócrates um dos raros políticos “a sério” que o nosso país teve após o 25 de Abril.
Quando exerceu as funções de Primeiro Ministro, teve um primeiro mandato mesmo brilhante, e se no segundo esteve menos bem, grande parte disso se deve ao eclodir de uma gravíssima crise europeia para a qual nem o país nem ele estavam preparados.
 Houve decisões dele controversas, algumas mesmo contra as quais estive, mas no cômputo geral foi sempre um político convicto, com carisma e incansável.
Continuamos a não saber se o tão falado, na altura, PAC IV, o qual tinha desde logo. a aprovação da UE, não poderia ter dado resultado.
Mas já na altura Sócrates era mal visto e mesmo odiado por muita gente, e foi fácil, a oposição em peso (com PCP e BE) derrubar o seu governo e claro que ele só tinha uma coisa a fazer- demitir-se e demitir-se do PS para permitir aos seus oponentes fora e dentro do partido que fizessem melhor que ele.
Quanto a mim, essa demissão, do Governo, pecou por tardia, pois quando da tomada de posse do actual PR, o silva de Belém, este individuo usou o seu discurso na AR para arrasar o Primeiro Ministro em termos tão graves que duvido alguma outra vez possa acontecer algo de parecido entre órgãos institucionais, que Sócrates se deveria ter demitido de imediato.
O que aconteceu depois toda a gente sabe, um governo da direita coligada conduziu o país a uma inqualificável situação social e sempre justificando os pesadíssimos encargos impostos ao povo português com o chavão da “herança do passado”.
Sócrates desligou-se da política e foi viver para Paris.
Desligou-se mas e por via de terceiros, nomeadamente certa imprensa (duvido que os pasquins CM e Sol possam ser considerados imprensa...), continuou sempre a ser referido e pelas piores razões. Daquilo em que esteve eventualmente implicado, sempre foi considerado inocente e claro que eu não posso afirmar com toda a certeza de que neste caso, e que é note-se, recente, e não dos tempos dele como político activo, que seja inocente ou não,
Mas até ser condenado, e por Lei ele é inocente!
Muita coisa se disse sobre variadas situações e de uma coisa apenas eu estou certo porque sei-o de fonte segura: a sua mãe sempre foi uma pessoa de avultadas posses e após a separação dos pais, ele ficou ainda mais ligado à mãe, do que antes...

Do episódio da sua detenção com câmaras “convidadas” a testemunhar o facto e com notícias imediatas dos pasquins acima referidos que só podem ter origem em fugas de informação oriundas da própria PGR (embora o inquérito agora iniciado acabe por arquivar o caso...), ninguém pode duvidar que se pretendeu desde o início o achincalhamento público do ex-Primeiro Ministro.
Sobre o “acaso” temporal dos factos só questiono porque eles não aconteceram antes ou depois, mas sim quando decorria a eleição do novo Secretário Geral e logo a seguir ao caso dos Vistos Dourados? Claro que perante umas sondagens que semana a semana davam o PS cada vez mais perto da maioria absoluta, estas “coincidências” são muito suspeitas.
E é ver nas redes sociais e não só (o “insuspeito” comentador MRS da TVI também) a dar como aniquilada toda a estratégia socialista e já embandeiram em arco com uma eventual reeleição de Passos Coelho.
Será que essa gente pensa que o povo português é estúpido ou masoquista????
Para já António Costa reagiu com um bom comunicado, aos acontecimentos e o próprio Sócrates numa primeira reacção após a sua detenção, sem negar que tudo isto é um caso político, aconselha os socialistas, para seu próprio bem (de Sócrates) e do partido a não confundirem as questões.
Mas os amigos não se podem esquecer, como eu referi no início e Sócrates terá sempre um lugar de destaque nos dirigentes que lideraram o PS.
José Sócrates é um animal político, que nunca desiste, nunca mesmo e se de alguma coisa estou certo é que não será fácil deitá-lo abaixo.
Nunca um político no nosso país foi tão odiado e vilipendiado, e se nalguns casos alguém possa ter razão, na grande maioria nunca chego a entender o porquê de tanto ódio – pode-se gostar mais ou menos, mas odiar?. Odiar é algo de muito feio...

Uma palavra final para duas personalidades ligadas directamente a este caso.
A primeira é o original advogado de Sócrates, João Araújo

desconhecido até então, aparece referenciado como um óptimo advogado e especialista nas matérias em análise; além disso é uma personagem desconcertante (no bom sentido) na forma como encara a comunicação social, nunca sendo mal educado, mas dizendo o mínimo, como deve ser...
A outra é o super juiz do Tribunal de Instrução Criminal de Lisboa, Carlos Alexandre
 Um homem a quem é atribuído tudo o que de importante actualmente ocorre na Justiça portuguesa e gostaria de salientar a curiosidade de que todos os casos por ele iniciados conduziram à inocência dos presumíveis condenados.
Por outro lado é muito, mas mesmo muito estranho, que hoje mesmo, e com um “exército” de 200 homens este juiz tenha “invadido” os mais variados locais relacionados com o caso BES – bem mais importante que o caso Sócrates, porque lesou muita e muita gente – incluindo a casa de Ricardo Salgado, à procura de quê? De documentos? Onde eles já vão...
Não, os documentos só são importantes no caso de Sócrates e vamos lá detê-lo ao aeroporto e vamos lá pô-lo em prisão preventivo pois caso contrário ainda vai destruir mais documentos...

Enfim, uma imensa nojeira!!!!

sexta-feira, 21 de novembro de 2014

ALELUIA!!!!


Hoje, 21 de Novembro, no calendário ortodoxo é o dia de S.Miguel, e na Sérvia cada família tem um santo padroeiro, que é festejado com tanta importância como o Natal ou o dia de Acção de Graças nos EUA.
Ora S.Miguel é o padroeiro da família do Déjan e ele não o pode festejar em família porque está em Stuttgart, na Alemanha, a tratar da sua vida.
Mas, este seu dia afinal vai ser muito festejado no seio da família amiga que o acolhe (amigos sérvios desde há muitos anos) e por uma razão muito especial – o Déjan conseguiu um contrato, num belíssimo hospital – o St. Martinus Hospital



 – a ter início em 1 de Janeiro de 2015!!! 
Vai viver numa pequena cidade do noroeste da Alemanha, Olpe



 apenas com 27.000 habitantes mas perto de muitas cidades importantes, por exemplo, Colónia fica apenas a 60 kms... 
Irá arrendar um apartamento que o hospital lhe disponibilizará a preços especiais e vai ganhar um excelente salário – 2.500 euros mensais. 
Já tinha ido a uma primeira entrevista a este hospital no princípio do mês e agora foi convidado a passar lá três dias, de quarta a hoje e ele gostou muito do ambiente e das pessoas.
Gostou ele e parece que as pessoas também gostaram, pois hoje no final dos três dias teve uma nova entrevista em que o convidaram para trabalhar com eles, convite naturalmente aceite.


 É o fim de uma enorme luta do Déjan, primeiro num curso muito exigente tirado na Universidade de Belgrado (para ser reconhecido como capaz para trabalhar na Alemanha sem qualquer estudo suplementar), com um ano e meio de estágio em diversas clínicas e hospitais em Belgrado, versando as mais variadas especialidades, e ao mesmo tempo estudando no Goethe Institut a língua alemã até ao mais elevado grau, pois para trabalhar naquele país era necessário um exame muito difícil que ele fez já na Alemanha. 
Depois foi toda a burocracia para ir trabalhar na Alemanha, todos os muitos documentos necessários que obteve em Belgrado, traduzidos e entregues na embaixada,
E finalmente o processo da obtenção da permissão de trabalho, que teve de ser específica, isto é, para exercer medicina, tendo feito um exame no qual obteve aprovação e do qual já tem o documento em mão; apenas espera agora o documento genérico, que já pagou antecipadamente e que é um mero pro-forma. Deve recebê-lo dentro de uma semana. 
E eis que estamos ambos muito felizes. 
Pelo que representa este facto para ambos – finalmente e ao fim de 13 meses sem nos encontrarmos, temos uma data para o nosso mais que ansiado reencontro – será perto de 20 de Janeiro, quando ele já estiver instalado. 
Ainda nem sei qual é o aeroporto mais perto, talvez Colónia... 
É uma vida nova e diferente que se abre para ambos. 
Vamos reencontrar-nos mais vezes e em mais sítios e... muito mais económico para mim, o que é um facto muito importante. 

Curioso que 21 de Novembro é por mim recordado como uma data tristemente célebre para mim, já que nesta data, em 1973 se deu um acontecimento que eu relato no meu livro e que reporto como o dia mais triste que passei em África


. Agora vou começar a olhar para este dia com outros olhos...