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terça-feira, 23 de agosto de 2011

José Manuel Osório

Faleceu há dias José Manuel Osório. Foi um lutador, numa luta desigual contra um adversário poderoso - a Morte!
Durou 27 anos esse combate e só com uma grande força ele aguentou tanto tempo essa luta. Teve com certeza, fases de desalento, mas quando aparecia na televisão, era sempre para deixar a sua mensagem de esperança e de fé.
Foi um grande fadista e um excelente comunicador. Que descanse em paz.
Deixo aqui um artigo de opinião, em sua memória, do seu filho, o jornalista Luís Osório, que é um linda expressão de amor filial.
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Morreu tranquilo e apaziguado, fez ontem uma semana. Na última semana viu todas as pessoas que verdadeiramente lhe interessava ver – fez-nos rir, mostrou-se feliz pelo prémio de investigação que deveria receber em Novembro, mas ao contrário de todas as outras vezes não se comprometeu com mais uma redenção.
Há vinte e sete anos, também num dia de calor, fiquei destroçado. Informou-me que talvez fosse a nossa última conversa porque lhe fora diagnosticada uma doença que se mostrava fatal e infalível no seu rasto de destruição. Nesse dia, nesses primeiros dias, deixou-se ficar por casa, afundou-se na cama do quarto de sempre, contou as horas que faltavam para iniciar a viagem para o fim. Tudo nele parecia derrota, não pelo medo da morte mas pela irremediável sensação de que não se cumprira, pela terrível ideia que desperdiçara a sua vida.
Deu a volta às gavetas. Queimou as fotografias que tinha, as suas memórias, os sinais do que julgava ser o seu falhanço. Ficou assim algumas semanas e, num dia igual aos outros, sem que conseguisse explicar porquê, saiu do quarto e jurou aos mais próximos que decidira vencer a doença. Foi aí que renasceu. Foi nesse preciso momento que começou a viagem que o faria chegar, contra todas as expectativas, a um sítio onde apenas estão os que partem de consciência tranquila.
Esta é então a história de um homem que provou não existirem impossíveis. O homem que decidiu tirar num só dia todos os dentes porque o médico lhe disse que eram potenciais focos de infecção. O que fez questão de assumir a doença publicamente para combater a discriminação. O que resistiu à toxoplasmose, tuberculose, linfoma, meningite, septicemia, hepatite. O que esteve três vezes em coma e sem muitas esperanças de sobrevivência. O que durante tantos e tantos anos tomou mais de 50 comprimidos todos os dias. O que fez todas as quimioterapias possíveis. O que aproveitou os momentos disponíveis para investigar sobre o fado, para escrever várias colecções de referência, para ganhar prémios, dirigir o trabalho de associações de combate à discriminação, coordenar acções de formação e ajudar dezenas de doentes a acreditar que na vida cada um deve lutar até ao fim e não desistir.
Esta é a história do meu pai. De quem estive afastado uma vida e que tantas vezes não compreendi, o meu pai – militante comunista, exilado em Paris, co-fundador do grupo de Teatro A Barraca e filho de Alice, a mulher da sua vida. José Manuel Osório, chamava-se. Fez ontem uma semana que partiu. Tranquilo e apaziguado.
Nos últimos anos coordenou duas monumentais colecções de fado. Em 2005, organizou a convite de João Pinto de Sousa o projecto Todos os Fados, publicado pela revista Visão. Esteve na primeira linha entre os que fundaram o Museu do Fado, coordenou as Festas da Cidade de Lisboa e tudo isso depois de estar doente – quando quase todos pensavam em surdina que não acabaria o que tinha em mãos, ele pensava na próxima ideia a concretizar.
Essa é a sua marca, o motivo pelo qual me orgulho. À sombra da desconfiança de todos os olhares e com o terrível peso de uma doença que o destruía por dentro, soube e teve a coragem de construir uma obra e o sentido que lhe faltava.
Ao contrário das outras vezes, tantas e tantas que a sua morte foi antecipada, sabia que agora o tempo se estreitara. A última vez que estive com ele a sós não me falou de nenhum projecto que quisesse terminar. Limitou-se a sorrir. Estava pronto.
O primeiro texto que escrevi foi uma cunha sua. Joaquim Benite, ao tempo chefe de redacção do jornal Diário recebeu-me a seu pedido – «o teu pai está convencido que tens talento, diz-me coisas». Escrevi dois textos: sobre o movimento skinhead e uma entrevista ao Rodrigo Leão.
A primeira vez que fui sócio do Benfica foi ele que me inscreveu. Entrei pela sua mão na sede da Rua Jardim do Regedor, onde homens jogavam bilhar e comentavam jogos da véspera. Que felicidade a minha.
O primeiro filme interdito a maiores de 18 anos vi com ele. Nessa noite a RTP anunciara o Pato com Laranja, um erótico italiano e a avó Alice pediu-lhe para me tirar de casa. Para compensar levou-me ao Roma onde estava em exibição Pink Floyd The Wall. Não me parece que, em algum momento, lhe tenha passado pela cabeça que talvez aquelas imagens fossem demasiado violentas para uma criança que ainda não completara os dez anos. E não fizeram, pai.
A primeira vez que me deitei de madrugada foi depois de uma borga com ele. O primeiro concerto a que assisti foi com ele. Apresentou-me a Cunhal, Manuel Alegre, José Mário Branco, Ferré, Chico Buarque. O ursinho com que adormecia na infância era o mesmo que o adormecia…
No 8.º ano, por força da puberdade, tive seis negativas no segundo período. Convidou-me para jantar e, como se nada fosse, perguntou-me pelas notas. Informei-o de que tudo estava bem, como podia estar mal? Impassível, sem elevar a voz, disse-me que talvez existisse um equívoco: «Esta tarde estive no liceu e pareceu-me ter visto seis negativas. Não quero saber mais nada nem falar mais disto. Mas se for verdade quero que resolvas isso. Não tenho que me preocupar, pois não?».
Numa longa conversa, publicada num livro, confessou-me que gostaria de ouvir, antes de morrer, o Com que Voz de Amália Rodrigues. Se tivesse tempo escutaria ainda Maria Callas a interpretar ‘Casta Diva’, uma ária da Norma, de Vincenzo Bellini. Jantaria um bife no Pap’Açorda e arrumaria os livros no quarto para separar os que não podiam deixar de ficar para mim.
Oiço então Amália. E termino com as suas palavras: «Os meus dois netos são um caso à parte. É natural que olhe para eles de uma forma diferente, é até natural que olhe para eles como nunca olhei para ti. Mas normalmente olho para ti quando estás distraído. Assim que percebes, desvio o olhar. Como os dois miúdos não me perguntam ‘porque estás a olhar para mim?’, olho sem qualquer preocupação. Se um dia me perguntarem, também saberei desviar o olhar».
* A última palavra gostaria que ficasse para Ana Campos dos Reis, directora de serviços de apoio ao VIH da Santa Casa da Misericórdia. Ela foi o seu anjo, ela é um anjo. E para Tozé Brito e Manuel Faria, eles sabem porquê.



sexta-feira, 17 de dezembro de 2010

Síndrome de Tietz

Desde o princípio da semana que não me sentia bem.
Quem me conhece melhor, sabe que sou um doente cardíaco crónico, desde há muitos anos, pois sofro de uma angina de peito, ou seja tenho uma isquemia numa das quatro partes do coração, o que me provoca por vezes, e por efeito de cansaço, ansiedade ou stress, uma sensação estranha no coração, como que um aperto ou uma pressão anormal, que é rápida e que com algum descanso, a tomada de ar fresco e a ingestão de água, desaparece rapidamente, sem ter que utilizar os pequenos comprimidos que uso sempre comigo, para numa emergência, colocar debaixo da língua. Estes comprimidos têm um efeito vaso-dilatador em todo o corpo, o que provoca terríveis dores de cabeça, devido à dilatação dos vasos aí localizados (só os utilizei uma vez, em toda a vida). Esta lesão que tenho no coração está controlada por exames regulares, tendo mesmo feito há meia dúzia de anos uma angiografia: cateterismo cardíaco que não exigiu a instalação de nenhuma válvula correctora do afluxo sanguíneo e muito menos de um bypass, pois a lesão não é das mais graves.
Mas, o que me aconteceu esta semana foi algo diferente: acontecia todos os dias, em variados períodos do dia, sem qualquer indício justificativo e a localização era um pouco diversa, mais acima do que na outra situação descrita anteriormente.
Devido à manutenção do mal estar, e porque com estas coisas não se brinca, dirigi-me na quarta feira, pelas 17 horas à urgência do Hospital Amadora-Sintra; feito de imediato um eletrocardiograma, que não acusou nada de agudo, o que logo me descansou um pouco. Depois foi a terrível angústia de uma urgência hospitalar: apenas fui visto por uma médica, aliás excelente, cerca das 23 horas, e depois de analisado o caso, ela pôs a hipótese de não ser nada cardíaco, principalmente depois de me ter feito pressão num dado ponto, que me provocou dor. Seria algo diferente, mas para o diagnóstico ser seguro, teria que fazer uma despistagem, com uma análise sanguínea e lá esperei mais uma hora pelos resultados, que felizmente confirmaram estar tudo bem com o coração.
O meu mal chama-se Síndrome de Tietz ( o médico alemão que detectou esta doença), e que é uma inflamação benigna de uma ou mais cartilagens costais; é vulgarmente confundida pelos pacientes com um enfarte do miocárdio, pois os sintomas são semelhantes, mas esta síndrome não progride para causar dano a qualquer órgão (informação da Wikipédia).
E lá regressei a casa eram quase 1 da manhã, aliviado, mas com uma fome de cão!
Já estou a tomar um anti-inflamatório forte até esta crise passar por completo. Perguntada à simpática médica, a causa deste mal a resposta foi: é da idade, meu caro amigo. Da PDI, pensei eu para mim próprio...

sábado, 16 de outubro de 2010

Valha-nos Deus...



“A epidemia de sida é uma forma de justiça imanente”, afirma o arcebispo católico de Malines-Bruxelas, monsenhor André-Mutien Léonard, num livro de entrevistas agora publicado pelos jornalistas Louis Mathoux e Dominique Minten


“Quando se maltrata o amor humano, talvez ele acabe por se vingar”, disse aquele filósofo e teólogo de 70 anos, em declarações reproduzidas pelo jornal belga “Le Soir”; e que estão na linha de outras suas tomadas de posição.

Em Abril de 2007, numa entrevista ao semanário belga “Télémoustique”, o então bispo de Namur, que só em Fevereiro último transitou para arcebispo de Malines-Bruxelas, atribuíra a “anormalidade do comportamento homosexual” a “um bloqueio verificado durante o desenvolvimento psicológico normal”.

Depois das reacções iniciais à sua tomada de posição sobre a sida, o prelado fez distribuir um comunicado em que explica: “Talvez se trate de uma justiça imanente, mas quanto às causas imediatas são os médicos que estarão aptos a dizer onde é que esta doença nasceu, como é que se transmitiu inicialmente, quais é que foram as vias da sua propagação”.

Se se desejar uma consideração mais geral, prossegue mons. Léonard, ao falar da sida como “consequência de uma sexualidade livre entre adultos”, “maltratar a natureza física leva a que ela nos maltrate; e maltratar a natureza profunda do amor humano acaba sempre por gerar catástrofes a todos os níveis”.

A polémica foi levantada nos últimos dias pelo livro “Mgr. Léonard – Gesprekken”, das edições Lannoo, versão actualizada de uma obra que surgira em 2006 em francês e em que o mesmo género de considerações aparece agora em flamengo, a outra língua da Bélgica.

A chefe da bancada parlamentar do Centro Democrata Humanista (CDH), Catherine Fonck, considerou “inaceitável considerar tal doença como uma forma de punição”; e o político socialista Paul Magnette, antigo professor de Ciência Política na Universidade Livre de Bruxelas, referiu-se ao ponto de vista do arcebispo como “ignóbil”.

O ministro presidente da região valã, Rudy Demotte, escreveu na sua página do Facebook: “Possa Deus, se ele existe, punir de maneira iminente aquele que profere semelhantes alarvidades”.

sábado, 31 de julho de 2010

Por uma boa causa

Fazendo como que uma ligação ao post anterior, em que fica provada a pouca ou nenhuma possibilidade de remediar a maior parte dos tumores, nos diversos órgãos do corpo humano, quando eles se manifestam, gostaria de afirmar que em vários casos de cancro, e que são dos que afectam uma grande parte da população, nomeadamente o da mama e o da próstata, uma regular observação das zonas em causa pode, em muitos casos evitar a morte.
Neste caso está também o cancro nos testículos, não tão comum como os referidos, mas mesmo assim bastante disseminado na população masculina.
Para o prevenir, houve recentemente uma campanha publicitária no Reino Unido, à qual deram a colaboração várias personalidades conhecidas do grande público; aqui ficam os exemplos:

E para finalizar, um vídeo explicativo.