quinta-feira, 14 de fevereiro de 2008

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Amanhã o chefe faz anos... Não é ele que anda sempre para aí a dizer que é aficcionado dos touros e dos cavalos? Pois já sei o que lhe vou dar de presente A história nas suas mãos
Onde é que andam o IPPAR, o IPA e todos esses institutos que, supostamente, servem para preservar o nosso legado histórico? a espada do Nuno! Com estojo e tudo! Telefonem, depressa!




Não devia ser ao contrário? Nos tempos modernos são os empregados que admitem gabinetes. Gabinete que queira empregado tem que suar as estopinhas para fazer boa figura. Um luxo meus senhores.


Está a pensar em morrer? Era para o avô António, mas o velho insiste em durar até aos 120...



Colete não recomendado contra o crime Não dá para ir à Cova da Moura, mas pelo menos fica bem com a T-shirt dos Iron Maiden


A velha questão do M/F Arnaldo Matos apresenta-se ao serviço como mulher de limpeza. E não me façam muitas perguntas.



Se for preciso até canto a do cacilheiro! Porra, além de tudo o resto, a senhora tem carteira de fadista! Que mais é que você quer para a sua empresa?


Olha que proposta tão positiva! É melhor que o carro gaste pouco porque o ordenado mal dá para a gasolina. Um gajo tem é de ser optimista. É um grande emprego


Alguém Compring? Faça um aproveiting. Estão a fazer descontings que nem nos saldings se vêem.


Por acaso o amigo não viu passar uma B4? Porra, eu só tenho licença para ovelhas B8 e cabras G3. Se isto continua assim nunca mais dou uso ao cajado.





Aviso: Carolina Salgado estará presente; dá-sa preferência a odores fortes...

A louca juventude dos 44 É melhor despachar-se, antes que a 'rapariga' chegue à idade adulta. Deve acontecer para aí aos 50.


Fundiu-se a lâmpada? Espera aí que eu trato já disso. Quem será a personalidade que assina esta incomparável obra? Eu até apostaria no Edison, mas em 1966 há muito que o senhor estava entregue aos bichos. Deve ser giro aplicar 'esquemas técnicos práticos' com 40 anos.



Cadeira eléctrica Pois é, aposto a cadeirinha está como nova. Só serviu para dois assassinos e um terrorista da Al Qaeda. A sua sogra vai adorar.



Pronto, admito que pode não ser o melhor exemplar do reino animal... ...mas garanto que não lhe suja a casa.


Do carro à viagem basta um telefonema Também vendemos batatas, mas já não havia espaço para o mencionar. Fora disso, também alugamos canas de pesca...



Limpar nunca foi tão divertido





(enviado por mail, pelo Catatau)


terça-feira, 12 de fevereiro de 2008

A tropa cá do João 12 - (Moçambique 6 – parte 2ª.)

Último pôr do Sol na Metarica

Ainda não eram 7 horas da manhã já eu e o Alferes Mendes, regressado de férias, estávamos na pista de Marrupa, aguardando a D.O. que não tardou a chegar; ao piloto, jovem oficial da Força Aérea, expliquei-lhe sucintamente a situação e disse-lhe que desconhecia qual seria a atmosfera que iríamos encontrar na Metarica (minha Companhia); pedi-lhe para não desligar os motores do avião enquanto estivesse lá, e que, mal estivesse dentro do avião um alferes (não aquele que iria comigo, claro), levantasse voo, logo que tal fosse possível, com ou sem tiros e o transportasse para Vila Cabral (hoje Lichinga).

Um silêncio sepulcral “ouvia-se” dentro do avião, durante a curta viagem, e quando aterrámos, vi que estava pràticamente toda a gente na pista, e foi então que me veio a estranha calma dos grandes momentos: pus a “minha cara nº.3” ( a mais dura que consigo) e vi soldados com armas a gritar “morte ao alferes”, e vi ao mesmo tempo o referido alferes, completamente enquadrado por vários furriéis, mais branco que a cal da parede, a dirigir-se-me; tentou começar a dar-me uma explicação e eu mandei-o calar, sem quase lhe deixar dizer uma palavra e disse-lhe de imediato para entrar no avião, e voltei costas, esperando que este “número” desse certo. Encaminhei-me na direcção do aquartelamento, dizendo alto e bom som, para toda a gente me seguir, pois precisava de falar com toda a Companhia – entretanto dei uma palavra a um dos furriéis que mais experiência (e cabedal) tinha, para ficar por ali e apenas se juntar a nós quando o avião já tivesse levantado voo.

Continuando sempre com a “cara nº.3,, quando tive os homens todos reunidos, mesmo os dos postos de sentinela, comecei por dizer-lhes que tudo o que se tinha passado no final da tarde e na noite anteriores fora muito grave, mas que iria saber pormenores do que havia acontecido, para poder tirar conclusões não precipitadas, mas que havia algo a fazer de imediato e ali mesmo, que era a entrega de todo o armamento, quer o que estava atribuído a cada um, quer aquele que havia sido retirado do paiol, e voltando a nova “encenação”, comecei por mandar buscar a minha arma, que foi a primeira a ser entregue; claro que lhes disse que ficariam apenas de fora oito G-3, uma para cada posto de sentinela e que iam passando de homem para homem, conforme as escalas de serviço, já que não poderíamos prescindir totalmente de uma defesa mínima do quartel, pois estávamos num teatro de operações; após o Alferes Mendes e os furriéis fazerem o mesmo, os homens começaram a entregar o armamento sem a mínima contestação, que ia sendo recebida pelos responsáveis do paiol; entretanto já tinha ouvido o avião descolar e o furriel que ficara para trás juntara-se a nós a dizer com um pequeno gesto que tudo estava bem.

O que tinha decidido fazer, desarmar a Companhia, era um enorme risco, eu estava perfeitamente consciente disso, mas fazia parte de algo mais vasto que já há tempos germinava na minha mente.

Após a entrega das armas, e antes de mandar dispersar a Companhia, sempre com a “cara nº.3” afivelada, disse-lhes que lhes queria perguntar algo, e que queria uma resposta sincera, pois não haveria qualquer sanção para qualquer resposta, mesmo que fosse apenas de um homem; e a pergunta era simples; seria possível que a situação passado com o Alferes pudesse no futuro acontecer em relação a mim? E voltei a frisar que se alguém pensasse que sim, que o dissesse, pois a única consequência seria eu pedir de imediato que me viessem buscar e me substituíssem , pois alguém não tinha confiança no meu comando; e devo dizê-lo que o faria, mesmo ignorando o efeito de tal decisão. Mas, a reacção, confesso que aguardada sem surpresa, foi um imenso grito “Viva o Capitão!”

Serenados os ânimos e resolvidos para já os dois grandes problemas de que falei no post anterior, convoquei uma outra reunião, só com o Alferes e os Sargentos (furriéis incluídos), a quem expliquei, que a partir daquele dia a nossa Companhia, deixava de fazer operações ofensivas, o mesmo é dizer que seriam ignoradas as directivas operacionais do Batalhão, dando no decorrer dos dias em que essas operações deveriam estar a ser efectuadas, as coordenadas dos pontos onde “estaríamos”, pois de tanto percorrermos aquelas zonas sabíamos as coordenadas, com o auxílio dos mapas muito bons que tínhamos; passaríamos a fazer apenas a defesa do aquartelamento; era tão confusa a situação dos comandos militares naquela altura, em que ninguém sabia bem quem era quem, que eu não tinha grande receio de eventuais reacções, e até duvidava que soubessem da minha decisão. Só não lhes disse a razão total desta decisão, pois eu tinha ainda um trunfo a jogar e o efeito desta decisão só surtiria realmente efeito após eu ter uma conversa com um homem ali, da minha Companhia: Era um cabo, africano, que fazia parte da secção de saúde, homem muito calado, tranquilo e que sempre cumpriu as ordens, mesmo quando por escala tinha que ir para o mato, nalguma operação, que levava sempre alguém de enfermagem; mas desde há muito que eu reparei que aquele homem com uma formação e cultura muito acima de quase toda a gente da Companhia, comungava de ideais que não se coadunavam com a sua inserção no exército colonial português, isto é, seria eventualmente apoiante da Frelimo, mas nunca me deu qualquer motivo para o questionar sobre o assunto e assim nada até então, foi por nós falado; pois tinha chegado a altura. Mandei-o chamar ao meu gabinete, e a sós com ele, disse-lhe que a conversa que iríamos ter, não seria entre um Capitão e um seu subordinado, mas sim de homem para homem; afirmei-lhe saber da sua condição de simpatizante da Frelimo e isso apenas por indução própria, como pensava que ele saberia o que eu tinha na minha mente sobre aquela guerra, sendo a minha posição a de cumprir ordens sim, mas acima de tudo zelar pela integridade física dos 200 homens que ali estavam, ele incluído; aquela “guerra” não era a minha, nem a do meu povo, mas a dos governantes do meu país, pelo menos até então. Ouviu-me atenta e interessadamente, sem nunca falar; disse-lhe mais, que tinha decidido, unilateralmente começar a “minha guerra” e que o desarme da Companhia tinha sido um dos passos dela, apenas assegurando a defesa do quartel com 8 postos de sentinela, apesar da vulnerabilidade a que passaríamos a estar expostos, até porque a Frelimo, para pressionar não Portugal, mas as autoridades militares da região, tinha começado a atacar quartéis, táctica que nunca tinham usado antes e que era comum, por exemplo na Guiné e até a aprisionar Companhias inteiras…

Sendo assim, pedia-lhe, e não me interessava como, que fizesse chegar a quem ele entendesse do “outro lado” esta nossa posição, para assim precaver eventuais ataques ao quartel; ele, nada negou e apenas me disse que iria fazer o possível ao seu alcance; selámos o “acordo” com um apertar de mãos.

Concluído este episódio, devo dizer que a totalidade das Companhias à volta da minha foram alvo de ataques, excepto a minha e foi a minha Companhia após grande pressão minha junto do Batalhão, por ser uma Companhia da guarnição normal, a abandonar o mato e a ir para Nampula, em Agosto de 1974; deixámos um grande pano nas instalações dizendo “Oferta da nossa Companhia ao povo de Moçambique”!Apenas para rematar, curiosamente, após algumas semanas desta minha decisão recebi uma directiva do MFA a solicitar, sempre que possível e aconselhável, procurar um entendimento, no terreno, com as forças da Frelimo, para se irem estabelecendo zonas de Paz. Eu já o havia feito antes e disso nunca me arrependerei.

segunda-feira, 11 de fevereiro de 2008

A tropa cá do João 11 (Moçambique 6 - parte 1ª.)

Rio Lugenda



Quando regressei ao quartel no dia 26 de Abril de 1974, após uma desgastante operação na mata, durante doze dias, apenas me apetecia beber litros de água, tomar um duche prolongado, ler o correio e descansar. Mas um soldado da secção fluvial, que sempre nos ia buscar nos barcos pneumáticos à outra margem do Lugenda, disse-me no seu “pretoguês”, que lá, no Portugal, tinham prendido o rei, Marcelo, e andavam à porrada; quase que galguei a distância ao quartel e dirigi-me de imediato ao posto de transmissões, onde me confirmaram a existência de uma revolta militar em Lisboa, mas ainda tudo com contornos difusos, pois mensagens oficiais não havia ainda, só “bocas” na linguagem “cifrada” dos homens das transmissões; só pelo final do dia, recebi uma msg secreta do batalhão a informar laconicamente a situação.
É claro que fiquei em ebulição, a aguardar mais notícias, que apenas chegaram três dias depois e que me convocavam para ir a Marrupa, sede do Batalhão, no dia 1 de Maio, para uma reunião urgente. O comandante interino do Batalhão era um major de cavalaria, pouco simpático e bastante ligado ao regime, pelo que nunca esteve perto do movimento dos capitães que deu origem ao 25 de Abril. Tudo o que soube realmente do que se havia passado, foi por intermédio de capitães e alferes milicianos do Batalhão; claro que fiquei imensamente feliz, embora e naturalmente o meu primeiro pensamento não tivesse sido o da conquista da liberdade e democracia, mas sim a hipótese possível de um regresso antecipado a Portugal.
Longe estava de pensar que o 25 de Abril, me daria, ali em Moçambique, enquanto comandante de Companhia tantos problemas, devido essencialmente ao facto de que os homens sob o meu comando serem 95% pertencentes à guarnição local (isto é, viviam em Moçambique) e cerca de 90% serem negros, sendo que os brancos eram ou alferes e sargentos, ou especialistas (saúde, transmissões, administração, intendência, mecânica).
Fiquei a saber dias mais tarde que havia uma entidade nova chamada MFA, naquele caso, de Moçambique, e â qual deveria obedecer como militar, mas simultaneamente continuava a receber directivas operacionais do meu comando hierárquico, o Batalhão, que estranhamente me mandava intensificar as operações ( de carácter ofensivo); assim chegava-se ao absurdo de receber simultaneamente instruções, às quais devia dar cumprimento, completamente antagónicas, tais como reunir os meus homens e explicar-lhes que a Frelimo já não era o inimigo, e Portugal e Moçambique em breve seriam países irmãos, mas logo a seguir , mandá-los para o mato procurar “turras”…Era de ficar completamente desequilibrado e até ter tomado a resolução mais arriscada de todas as que tive de tomar, quase dei em maluco (sobre essa decisão falarei mais tarde).
Entretanto o correio familiar foi trazendo notícias mais concretas e eu assinava um jornal da metrópole que me ia pondo ao corrente, com muito atraso, claro, do que se ia passando. Vivia estes momentos difíceis que me causavam terríveis consequências no campo psicológico, quando o referido Major, foi naturalmente saneado e substituído, provisoriamente por um capitão meu amigo, que um dia , em trânsito no táxi aéreo, passou pela Companhia e ao ver-me assim abatido me obrigou, contra vontade, pois sentia não ser o momento próprio para abandonar o comando, a ir com ele passar ¾ dias a Marrupa a descansar um pouco de todo aquele stress; ficou a substituir-me no comando da Companhia, o alferes mais antigo, um sujeito de que os soldados não gostavam muito, até porque os explorava com um negócio de fotos que havia montado e que obrigava os soldados a pagar-lhe a revelação das fotos e a preços exagerados…
Chegado ao Batalhão, depois de um banho retemperador, de ter vestido roupas “decentes”, bebia um bom “scotch”, aguardando o jantar e uma boa partida de bridge, quando me vieram chamar para ir urgentemente ao posto de transmissões, onde me puseram em contacto com as transmissões da minha Companhia, de onde me informavam, o melhor possível sem cifras, pois o tempo urgia, que deveria regressar sem demoras, pois os soldados tinham-se revoltado contra o alferes, que havia fugido e estava algures escondido e protegido por furriéis, tinham assaltado o paiol do armamento, estavam de posse das armas e tinham invadido o bar de oficiais e sargentos e roubado tudo o que era álcool, pelo que estariam muitos embriagados a disparar a torto e a direito. Informei de imediato o comandante de Batalhão, o qual pediu a Vila Cabral uma avioneta D.O. para me vir buscar a Marrupa, mal clareasse, para me levar de volta à Companhia, e levaria comigo um outro alferes, este da metrópole e que aguardava transporte após as suas férias; é lógico que perdi o apetite do jantar e do bridge e fui incapaz de dormir, só a pensar em como iria resolver um grande problema duplo, no dia seguinte: acabar com aquela situação e reaver as armas, e também põr o alferes contestado a salvo.
Isso ficará para o próximo post, pois este vai longo e ainda há muito que contar sobre estas consequências locais e pontuais, mas difíceis, do 25 de Abril, para mim, enquanto militar numa frente de guerra.

sexta-feira, 8 de fevereiro de 2008

Covilhã, cidade neve




Covilhã cidade neve
Fiandeira alegre e contente
És o gesto que descreve
O passado heróico e valente

És das beiras a rainha
O teu nome é nome de povo
És um beiral de andorinha
Covilhã tu és sangue novo

(Refrão)

De manhã quando te levantas
Que briosa vais para o tear
E os Hermínios tu encantas
Vestem lã para te namorar

E o pastor nos montes vagueia
Dorme à noite em lençol de neve
Ao serão teces longa teia
Ao teu bem que de longe te escreve

(Refrão)

Covilhã cidade flor
Corpo agreste de cantaria
Em ti mora o meu amor
E em ti nasce o novo dia

Covilhã és linda terra
És qual roca bailando ao vento
Em ti aura quando neva
Covilhã tu és novo tempo

(Refrão)

quarta-feira, 6 de fevereiro de 2008

Piadolas "arco-iris"

"VIVA o Guei"!!!!

Que taça tão merecida...


Este não é........nós é que somos.......



Em pleno Principe Real este terrorista gay vai fazer-se explodir no Brique, a mando do dr. Manuel Maria Martins.




domingo, 3 de fevereiro de 2008

Kosovo - as razões da História


“Uma das coisas que me faz espécie, aqui nos Balcãs, é haver bons de um lado e os sérvios serem sempre os maus”
Raul Cunha – oficial da missão da ONU no Kosovo in “Jornal de Negócios” de 18 de Dezembro de 2007



O Kosovo foi o coração do reino medieval sérvio; os sérvios perderam a sua liberdade e estiveram 500 anos sob ocupação otomana, depois da grande batalha do Kosovo, em 1389, tendo sido apenas em 1830, que a autonomia da Sérvia foi proclamada de novo, após a expulsão do invasor. Se o Kosovo foi o coração da Sérvia medieval e se era apenas formada por sérvios até ao final do século XIV, como se chegou ao Kosovo de hoje, com uma população esmagadoramente albanesa?
Houve três grandes vagas de êxodo sérvio: a primeira, em 1690, durante a ocupação turca e que tem razões históricas que não são importantes para o momento actual; a segunda, durante a ocupação pelos fascistas italianos, durante a II GG, e a última, durante o governo de Tito. A segunda vaga aconteceu porque a ocupação italiana e albanesa (seus aliados) incluía juntar à Albânia, o Kosovo e parte da Macedónia, pois o resto do território foi ocupado pelos nazis germânicos; e com essa ocupação italiana se formou a “Grande Albânia”, e foi neste período que a população albanesa começou a perseguiu os sérvios, forçando a fuga de milhares deles, enquanto se estabeleciam ali cada vez mais albaneses; assim, no final da II GG (1948), havia no território do Kosovo, que entretanto tinha sido libertado pelos “partizans”, em 1944 e se tornou parte integrante da República Federal Democrática Jugoslava, cerca de 500.000 albaneses e 200.000 sérvios; a população albanesa expandia-se muito mais rapidamente, com famílias de 10/15 filhos, e em 1971, havia já mais de 900.000 albaneses, para 260.000 sérvios. Foi nesta altura que começou a saga separatista dos albaneses do Kosovo, que fez expulsar cada vez mais a população sérvia, a quem era feita uma guerra feroz pela população albanesa, política essa tolerada por Tito, que não era sérvio, mas sim croata.
Assim, a primeira razão para as tensões no Kosovo foi o explosivo crescimento da população albanesa. Apesar dos esforços de desenvolvimento da região por parte do governo jugoslavo, o Kosovo tornou-se a mais pobre das suas regiões; a autonomia extensiva dada por Tito aos albaneses do Kosovo (autonomia regional dada em 1945, mas não uma autonomia real, pois o Kosovo continuava a ser parte integrante da Jugoslávia), foi por estes ultrapassada, com a sucessiva expulsão do resto da população não albanesa – terceira vaga. Os albaneses kosovares nunca pretenderam juntar-se à Albânia, país atrasado, pobre e esquecido do mundo, governado por um regime comunista pró maoísta e não seguidor da ortodoxia soviética. Entretanto, esta população albanesa do Kosovo começou a ser o centro de importantes actividades ilegais de venda de droga para o Ocidente e a enriquecer com isso; o Ocidente, na sempre prática e eficaz política de “dividir para reinar”, não só fechava os olhos a tudo isto, como até fomentava tal situação, pois sabia, principalmente os EUA, o valor dos recursos minerais ainda não explorados, que a região terá; os terroristas albaneses sempre tiveram o apoio americano, sendo poderosíssimo nos EUA o “lobbie albanês” .
Voltando à questão da autonomia da província, durante o mandato de Tito, foi havendo sucessivos alargamentos das regalias dos albaneses, que pretenderam em 1970, ser reconhecidos como as outras “nações” que constituíam a Jugoslávia, e não estar incluídos na “nação” sérvia e os grupos mais extremistas começaram a pedir mesmo a independência; Tito não foi capaz de estancar estes acontecimentos. Após a morte de Tito e das naturais convulsões internas na Jugoslávia, chega ao poder o sérvio Milosevic e começa a guerra dos Balcãs, que levou à independência da Eslovénia em 1991, e mais tarde da Croácia, Bósnia e Macedónia; foi uma luta terrível, fratricida, com violência e actos cruéis de TODOS os beligerantes ( a independência da Macedónia foi pacífica).
Claro que Milosevic, com o cerco a Sarajevo, viu todo o mundo contra ele, e até os próprios sérvios, e começou a enviar para o Kosovo as populações sérvias que fugiram da Croácia e da Bósnia; foi forçado internacionalmente a assinar o Tratado de Dayton, em 1995, que pôs fim à guerra.
No Kosovo forma-se o Exército de Libertação do Kosovo – UÇK, que se envolve em ferozes combates com a população sérvia e as forças que Milosevic envia para sua defesa; para obrigar Milosevic a terminar com os combates, a NATO, por ordem de Clinton, bombardeia Belgrado e a Sérvia, nos seus órgãos vitais, durante 78 dias consecutivos, em 1999, ao fim dos quais, Milosevic capitula, pois também internamente a contestação aumentava dia a dia, tendo durado escassos meses no poder até ser afastado por dirigentes democráticos numa revolta em Belgrado, a 5 de Outubro de 1999. Embora Milosevic tivesse sido uma personagem sinistra, neste caso do Kosovo, limitou-se a defender os sérvios do extermínio e da expulsão de que estavam a ser alvo, pelos albaneses, no território sérvio do Kosovo. Os bombardeamentos castigaram a Sérvia por defender o seu povo e o seu território e levaram à criação de uma zona “tampão”, governada pelos albaneses, sob o controlo e vigilância das forças da ONU, situação que ainda hoje se mantém. Mas estas forças têm-se limitado a ver os albaneses kosovares fazerem uma operação de limpeza étnica, expulsando por todas as formas possíveis, os sérvios, para criar o primeiro narco-estado da Europa, completamente dedicado ao contrabando da droga, de pessoas (prostituição) e de armas.
Conhecida a história, convém agora reflectir sobre o dia de hoje, e no agudizar da crise, com a entrada em força nesta questão, dos EUA, com múltiplos interesses na região, como já referi.
A política externa norte-americana, nomeadamente após o comunismo na URSS, tem sido a de “guardião do mundo” e “vigilante da paz”, mas nunca uma política conduziu a tantas guerras, a tanta violência, como agora. Acresce que seria extremamente útil ter um estado “amigo” e ainda por cima muçulmano, naquela região europeia, não só para os fins ilícitos ali praticados (o Kosovo é conhecido como a Colômbia da Europa, no que respeita à droga), mas também para a lavagem de dinheiro, tráfico de carne branca e eventuais interesses económicos das suas minas. Mas é extremamente hipócrita esta política americana, pois para serem coerentes, deviam os EUA reconhecer o direito à independência do povo curdo, em relação à Turquia (mas é aliado e parceiro da NATO) ou à Palestina (mas Israel é demasiado importante para os americanos); os problemas, quando começarem a surgir, serão na Europa e não na América e como sempre o território americano sairá imune de qualquer futuro conflito, consequente deste precedente perigosíssimo.
Do lado europeu, a Alemanha foi historicamente , é ainda e será sempre um inimigo da Sérvia e todos sabemos o peso da Alemanha no seio da UE. Mas como reagirão estados como a Espanha (com os problemas autonómicos por resolver, principalmente do país basco), Chipre (com parte do seu território ocupado pela Turquia), a Bélgica, com evidentes dicotomias entre valões e flamengos, e até a Inglaterra, se fosse coerente, em relação ao Ulster, entre outros ? A Grécia sempre foi um fiel aliado da Sérvia; Hungria, Bulgária e Roménia são vizinhos territoriais…Haverá consenso nos 27 ??? Abrir um precedente destes na Europa, será amanhã legitimar a ETA; será dar luz verde à separação da Bélgica entre valões e flamengos; e porque não permitir a independência dos sérvios da Bósnia, que representam 50% da população deste país ? E porque não os portugueses que residem no Luxemburgo ( 1/3 da população do país), pedirem a sua autonomia ?
Finalmente, se por um absurdo da História, milhares de galegos se tivessem fixado entre o Douro e o Minho, e quisessem agora declarar um estado independente, com o apoio do estado espanhol, incluindo esse território, claro está, Guimarães, o berço da nacionalidade portuguesa ? Como reagiríamos nós?
Não é com chantagens políticas, oferecendo à Sérvia o imediato início de conversações para a sua integração na UE, que se consegue vergar um povo; os sérvios sentem-se, e são-no, realmente, enteados e não filhos, numa Europa cada vez mais unida; têm grande vontade e necessidade de integrar a UE, mas nunca o farão como moeda de troca de uma perda do deu território – uma pátria não se vende…
A consideração de uma autonomia quase geral, mas não uma independência, poderá estar nos planos de alguns políticos de Belgrado, mas nunca subjugar-se a uma posição de força. E convém não esquecer Putin e a Rússia de Putin, aliado de sempre dos sérvios , que NUNCA aceitará uma independência unilateral do Kosovo e todos sabemos a necessidade que o novo czar da Rússia tem, de se afirmar internacionalmente; além do mais, a Rússia tem muito mais a dar à Sérvia do que a EU.
Portanto, qualquer resolução via ONU está, a priori, condenada ao fracasso, devido aos mais que certos vetos da Rússia e da China, e os americanos sabem isso perfeitamente.
Houve demasiados erros, ao longo da História, nesta questão do Kosovo e bastantes culpados. Talvez Tito tivesse sido o mais culpado, pois nunca soube, ou nunca quis precaver o futuro da Federação Jugoslava, que assentava em si próprio, e isso levou à guerra dos Balcãs e a esta situação no Kosovo.
Como já afirmei antes, o precedente da independência do Kosovo será perigoso para o mundo, principalmente para a Europa, mas que importa isso ao senhor Bush e à senhora Condolezza Ricce, que lhes importa a História? São demasiado grandes e importantes para se preocuparem com isso e sabem que têm o apoio quase total da EU, que ainda não percebeu que, quer em termos económicos, quer em termos essencialmente políticos, não é, nem poderá vir a ser subserviente em relação ao “expansionismo” americano. Vários actores americanos (George Clooney, Robert de Niro, Sharon Stone, Johnnie Depp, entre outros), já publicamente declararam o seu apoio à Sérvia, aliás como o insuspeito Sean Connery, defensor da autonomia escocesa.
Claro que a situação actual não é a de há 8 anos atrás, pois já não está no poder Milosevic, nem a América, a NATO ou a EU recorrerão a meios violentos para forçar situações; mas o que acontecerá no terreno?
Para finalizar, gostaria de dizer que no passado dia 25 de Janeiro foi publicado um artigo no jornal “Público” sobre este assunto; li-o, em Belgrado, on line; e houve comentários, muitos, mais de 40, não de políticos, não de comentadores políticos ou de “fazedores de notícias”, mas sim de gente anónima; e fiquei feliz por ver que a gente do meu país não é tão inculta ou mal informada como às vezes parece, pois esses comentários, na sua esmagadora maioria, condenavam, com argumentos válidos a independência do Kosovo. Mas, infelizmente quem governa não é o povo e todos sabemos que a posição oficial portuguesa será na EU, a do habitual “yes, sir”!!!!



Tadic, o candidato mais europeísta venceu, e agora? Fala-se que a proclamação unilateral da independência será feita esta semana… a ver vamos…

sexta-feira, 1 de fevereiro de 2008

Kneza Milosa


































Kneza Milosa é uma rua de Belgrado; não é a maior, pois o Boulevard Aleksander, por exemplo é muito maior; não é a mais animada, pois as diversas ruas piedonais no centro, têm uma imensidade de gente sempre, mas sobretudo no Verão; mas é talvez a mais importante rua da capital sérvia – para mim é de certeza, pois é lá que o Déjan mora - mas mesmo para toda a gente, pois esta rua com um movimento automóvel constante, que vem da auto-estrada até ao centro (termina no Parlamento), tem locais muito importantes, nomeadamente a residência oficial do primeiro ministro, vários ministérios (Negócios Estrangeiros, Interior, Defesa, Obras Públicas, entre outros), todos ele belos edifícios, tem muitas embaixadas, entre elas a americana e tem edifícios esventrados, destruídos completamente por bombas lançadas pela Nato, e sob a égide de Bill Clinton, para forçar o então todo poderoso e bastante odiado também pelos sérvios, Slobodan Milosevic a abandonar o Kosovo e a entregar essa província sérvia à guarda das Nações Unidas; nesses bombardeamentos os belos edifícios que agora vimos reconstruídos foram também arrasados, deixando as ruínas do então Ministério da Defesa e do Ministério do Interior, para mostrar a brutalidade dos efeitos das bombas.
Claro que foram bombardeamentos “cirúrgicos” e que visaram, não só em Belgrado, mas em todo o território sérvio, as grandes unidades de produção, as pontes e outros objectivos estratégicos.
Um apontamento para referir que a casa do Déjan é em frente das ruínas do M. da Defesa, pelo que ele, quando as bombas começavam a cair se limitava a abrir as janelas para o efeito das bombas não estilhaçar as vidraças; ainda bem que do outro lado da rua, a 170 metros da sua casa fica a embaixada dos americanos, que com certeza teria que ser poupada.
Por todas estas vicissitudes por que o povo sérvio foi passando, pelos muitos milhares de mortos que a guerra lhe levou, sempre com a ideia de que eles foram sempre os maus e os únicos maus, vale a pena voltar ao assunto do Kosovo.
Assim farei após saber o resultado das eleições presidenciais do próximo domingo, entre o europeísta e actual presidente Tadic e o nacionalista Nikolic, que embora ambos se oponham à independência do Kosovo, terão diferentes modos de agir, talvez.

quarta-feira, 30 de janeiro de 2008

Boris e Teka


Depois de ter recebido umas miadelas ameaçadoras, confesso, dei a mão à palmatória, e pronto, eles têm razão…
Eles, são o Boris e a Teka, também conhecidos aqui em casa por “pequeninos” (ele pesa quase 7 quilos), e protestaram veementemente, aqui junto à porta do blog, com um cartaz – QUEREMOS DIREITOS IGUAIS – pois sentem-se diminuídos ao verem o afecto e carinho que alguns dos meus amigos demonstram pelos seus bichanos, nomeadamente a Vitória, do Paulo e do Zé, e do Yorick, do X e do F, só para falar nos que ultimamente mais se referiram aos seus bichanos, e eles nem uma palavra minha aqui.
Pois aí estão: o Boris, grandalhão, que não dispensa afectos, antes os exige, com excepção ao desprezo que me devota no primeiro dia de um regresso meu, após ausência mais prolongada, ao jeito de “já que me abandonaste, agora quero que tu te lixes”; tem dois miares completamente distintos, um imperativo, forte e austero que significa “quero comer”; outro, mais implorativo, terno e manhoso, acompanhado de marradinhas, e que mostra necessidade de festas, que devem ser em cima da mesa da cozinha. Já não tem uma grande agilidade e passa a vida a dormir e a pedir carícias; chateia-se quando a Teka o importuna demasiado com pedido de brincadeiras e despacha-a com uma patadita bastante forte, embora na generalidade se deêm muito bem.
A Tekas é muito mais nova, super mexida, mas agora, depois de uma difícil adaptação aos meus métodos, pouco ortodoxos, de carícias, muito terna também; está atenta a tudo, mete o focinhito em tudo, tem que ver e saber tudo; é muda e a sua forma de pedir comida e afecto é um constante roçar nas minhas pernas…
Curiosamente, não me “despreza” depois das ausências e mostra-se muito contente e procura receber muitas festas. Foi uma gata traquinas, quando mais nova, e teve que ser “domesticada” nalgumas touradas que mereciam vídeos no You Tube (o que eu corria atrás dela para lhe dar uma palmada depois das muitas asneiras feitas…)
Adoro os meus gatos, adoro que durmam comigo, adoro dar-lhes mimos e receber mimos deles.
Com o Boris, chego a “conversar” algumas vezes…

segunda-feira, 28 de janeiro de 2008

Este é o milagre


Obrigatòriamente, este post é para ti, Déjan, que depois de dias tão cheios e belos, viveste comigo, uma vez mais a dor, cada vez mais forte de uma nova separação.
Apesar de isso, vale a pena, meu amor, vale cada vez mais a pena e neste momento recordo uma frase bela do grande poeta alemão Rainer Maria Rilke (1875/1926):
“Este é o milagre que acontece a todos os que amam verdadeiramente – quanto mais dão, mais têm”.
Obrigado por me dares tanto.

sexta-feira, 25 de janeiro de 2008

Novi Sad






















Finalmente visitámos Novi Sad, uma cidade a cerca de 85 kms de Belgrado e na direcção da Hungria, com cerca de 400.000 habitantes e que é linda, verdadeiramente.
Banhada pelo Danubio, tem um castelo, que não visitámos, pois o tempo era escasso (anoitece ás 5 e pouco da tarde), o centro da cidade é belissimo, calmo e apetece mesmo ficar por ali, como podem observar pelas fotos que aqui ficam.
Este é o ultimo post que faço daqui, pois estou de regresso no domingo, a Colónia, e no dia seguinte a Lisboa.
Infelizmente, tem que ser...

quarta-feira, 23 de janeiro de 2008

Ennis del Mar


Hesitei bastante antes de escrever este post, pois rompe o estabelecido de não postar nada sobre outros temas, durante a minha ausência; mas não consigo calar a minha estupefacção e tristeza perante a notíicia da morte de Heathe Ledge.
Antes de ver o filme „Brokeback Mountain“, apenas recordava Ledge na sua actuação em „O Patriota“, muito jovem, como filho de Mel Gibson e não me impressionou por aí além; por outro lado nos seus outros filmes também não foi um actor que me levasse a admirar muito.
O seu aspecto fisico tão pouco era muito apelativo para os meus gostos, embora reconheca que o seu rosto tinha algo que comunicava simplicidade, ternura e alguma tristeza..
Mas, na sua interpretação de Ennis del Mar, Heathr Ledge transformou-se por completo e deu-me uma das melhores interpretações que vi nos últimos anos, pois se pode ser difícil interpretar um grande drama, ou uma grande comédia, mais difícil é interpretar uma personagem tão fechada em si própria, que „falava“ por silêncios e que emocionava até às lágrimas algumas das cenas do filme.
Mais que Heathe Ledge, choro hoje a perda de Ennis del Mar!
O beijo que „arranca“ ao amigo, toda a cena em casa dos pais dele, e a cena final, com a comovente visita ao armário onde estava o seu vestuário, jamais me sairão da memória.
Recordo que fiquei sózinho na sala durante a passagem dos créditos do filme, a ouvir esta canção de Willie Nelson, que é só por si qualquer coisa de muito belo; e como então, não consigo suster uma lagrima...
Porquê, Ennis del Mar, partiste tão cedo?

sexta-feira, 18 de janeiro de 2008

Belgrado em fotos

Confluência do rio Sava com o rio Danúbio, tirada da fortaleza de Kalemegdan. A ilha está no meio dos dois rios.
Rio Sava e Nova Belgrado.

Hotel Moscovo, no centro da cidade.


Catedral de S.Sava, a segunda maior do mundo, do culto ortodoxo.



Teatro Nacional e estátua equestre do Principe Mihailo, na principal praça de Belgrado.




Igreja de S. Marcos, para mim a mais bela da cidade.





domingo, 13 de janeiro de 2008

Dobro smo - Estamos bem


U Beogradu je vrlo hladno pa i nije najprihvatljivije šetati ulicom... Ipak, sva ostala mesta; kafići, restorani i prodavnoce su vrlo topli pa jako brzo zaboravimo na hladnoću spolja. Nismo izlazili mnogo, ali nam je zbog toga još "toplije". Sredinom nedelje predviđa se sneg i biće vrlo dobro izaći na ulice i to uslikati. Međutim to će najverovatnije i biti razlog za odlazak u Novi Sad sutra ili prekosutra jer nije daleko (80 km) te ćemo ići autobusom ujutro i vratiti se uveče. Dobro smo, ali tek će nam biti odlično!!!

Em Belgrado está muito frio e apetece pouco andar na rua...No entanto, todos os locais - cafés, restaurantes, lojas - estão aquecidos e lá dentro esquece-se o frio. Temos saído pouco, e assim o "calor" é ainda maior. Prevê-se um nevão para o meio da semana, o que será óptimo para ir para a rua tirar fotos. Mas isso leva-nos a antecipar a ida a Novi Sad para amanhã ou terça feira: é perto (80 kms), e iremos de autocarro, pela manhã e regressaremos à noite. Estamos bem, pensamos que estamos mesmo muito bem!!!



É o primeiro post cuja autoria não é apenas da minha exclusiva responsabilidade e é um post bilingue (sérvio e português).

terça-feira, 8 de janeiro de 2008

Rumo ao Danúbio, via Reno


Amanhã, parto para passar duas semanas e meia com o Déjan, em Belgrado.

Será o muito esperado reencontro desde Zadar, no passado mês de Setembro e só me reconfortará o regresso o aprazar de um novo encontro, pois pelo menos temos uma data á nossa espera...

É realmente muito difícil um relacionamento assim à distância, e apenas bases sólidas e um mútuo e grande afecto permite alimentá-la.

Mas nada disso agora importa; apenas sei que amanhã, por estas horas estarei a voar até Colónia, onde numas poucas horas poderei relembrar as margens do Reno, para no dia seguinte ir almoçar com o Déjan, nas margens do Danúbio, na sua bela confluência com o Sava.

Durante este tempo, este blog estará de férias...ou talvez haja alguma notícia de lá.

Até breve...

domingo, 6 de janeiro de 2008

Luís Pacheco


Não imagino que epitáfio gostaria Luís Pacheco gostaria de ter na sua sepultura, mas estou certo que seria o mais corrosivo, em todos os cemitérios.

Isto porque o homem e escritor que faleceu ontem, foi entre muitas outras coisas , sobretudo um homem corrosivo.

Foi alcooólico, surrealista, tinha problemas de visão que lhe deram uma imagem ímpar com aqueles óculos de graduação impossível, foi escritor, foi andrajoso, provocador, foi pedinte, foi ouvido e foi considerado, foi um homem como há poucos; nele se misturava o génio e o asco.

Foi desde sempre um opositor à ditadura e ecreveu, fartou-se de escrever: livros, folhetos, comunicados, provocações e simples folhas de papel.

Muitas vezes me cruzei com ele, velho antes de o ser, na rua, num café, com aquele ar de louco fugido do manicómio, mas sempre vi nele alguém que ia muito além da imagem que fazia passar.

Houve duas obras suas que me marcaram muito: o incontornável "Comunidade" (1964) e uma publicação, à altura quase clandestina que era "O Libertino passa por Braga, a Idoláctrica, o seu Esplendor"(1970).

Um ano e pouco depois de Cesariny, o surrealismo morreu de vez...

sábado, 5 de janeiro de 2008

Post Office

(clique para aumentar)


Bem ao estilo de Tom of Finland, mas mais abrangente, este boneco tem promenores deliciosos: a posição das pernas da "senhora" que está a aceder ao "guichet", o bebé, o cão e a ave, por exemplo.

quinta-feira, 3 de janeiro de 2008

"purosex.com"


Aproveitei os curtos dias de ausência, pelo Natal, para ler o livro de Dennis Cooper “purosexo.com”, da editora Bico da Pena, e que havia comprado no S.Jorge, durante o festival de cinema gay.
Já tinha lido um texto do Miguel ( Innersmile), acerca do livro, mas como não conhecia o livro, confesso que me “passou um pouco ao lado”.
Devo desde já dizer que não gostei do livro, de uma forma geral, embora reconheça no autor uma capacidade imensa de jogar com a escrita, e de através dela “jogar” com o leitor. O tema é muito mais do que uma simples história ou conjunto de histórias, sobre conhecimentos travados na internet e nos chats afins; é um olhar muito perverso sobre um mundo muito particular da homossexualidade, e que parece ter cada vez mais simpatizantes, especialmente nos EUA: o mundo do sado-masoquismo levado ao extremo, à morte até, desejada quer pelo “carrasco” quer pela vítima.
Sou muito liberal, aceito qualquer acto que outrem deseje praticar, de sua livre vontade e que não moleste terceiros¸ mas actos que envolvam a morte e formas demasiado fortes de dor, para poderem ser consideradas apenas bizarras, isso não vai muito comigo, confesso.
Estive para abandonar a leitura do livro várias vezes, mas li até ao fim, na tentativa de encontrar algo que me minorasse o incómodo do que já havia lido, mas em vão.
Espero que o outro livro que comprei na altura me proporcione o prazer que este não me trouxe.