Ando a descobrir José Luís Peixoto. Depois de ter lido a sua última obra de prosa - "Livro" - que não é um livro fácil, principalmente para um iniciante da sua leitura, acabei de ler o seu, suponho, último livro de poemas "Gaveta de papéis", uma poesia muito diferente do habitual, aqui e ali, "prosa em verso", mas que, no cômputo geral, me agradou.
Deste livro de poesia, seleccionei um poema, que afinal, dá o nome ao livro.
Eis um vídeo do depoimento de um jovem de 19 anos, Zack Wahls, filho biológico de uma mulher e da sua companheira de vida, que defendeu abertamente o casamento entre pessoas do mesmo sexo, no estado americano do Iowa.
Zack, que tem uma irmã, mais nova, da mesma mãe biológica e curiosamente do mesmo dador de esperma, portanto do mesmo pai, é heterossexual, mas defende veementemente e com um imenso sentimento de vivência familiar a sua condição de "filho de duas mães", lésbicas, naturalmente.
Neste outro vídeo, assistimos à sua ida ao programa de "Ellen Degeneres" (em que se volta a ver um pequeno extracto do seu depoimento do primeiro vídeo), programa esse onde está na assistência, a mãe biológica do jovem.
Lindo, corajoso e ao mesmo tempo uma comovente lição de amor filial.
Na Sérvia, a saudade traduz-se por “seta”, que também é um lamento, e por isso o fado é um estilo musical urbano, aceite quase de forma natural pelos sérvios, sobretudo em Belgrado.
Maja Volk, 52 anos, fundou há dois anos o "Beogradski fadisti", Fadistas de Belgrado, um grupo musical que interpreta vários géneros de fado e inclui três vozes de fadistas, masculinas e feminina.
Assim, o lamento da "canção nacional" portuguesa acaba por penetrar no âmago mais profundo dos sérvios, povo do outro extremo da Europa, dos Balcãs, região com vincados registos de história e memórias afinal tão diferentes desta nossa.
"Um amigo psicólogo descreveu-me o fado como um lamento sobre problemas psicológicos não resolvidos. É por isso que sérvios e portugueses têm algo em comum, porque na Sérvia temos muitos problemas psicológicos não resolvidos,", arrisca esta professora de arte dramática na Universidade de Belgrado, e ainda música, crítica de cinema, de teatro, escritora e apresentadora de um programa cultural na televisão.
"Tal como os sérvios, os portugueses gostam de se lamentar sobre o destino, o amor ou problemas psicológicos não resolvidos", insiste Maja, que diz ter sido "a primeira intérprete de guitarra clássica", em Belgrado.
No entanto, o "Beogradski fadisti" também propõe temas mais ligeiros, como os clássicos "Uma Casa portuguesa"
ou "Maria Lisboa", que podem ser visualizados no You Tube.
"Somos a única orquestra não portuguesa conhecida na Sérvia. Não somos portugueses mas interpretamos o fado", afirma em tom divertido.
Há dez anos começou a tocar e a cantar o fado e, em 2009, fundou o "Beogradski fadisti", nove músicos e cantores.
"Interpretamos diversos estilos, desde o fado tradicional até Cristina Branco, Marisa, Amália ou Ana Moura. Cada concerto é diferente".
O grupo registou ainda um enorme sucesso quando levou à cena, na capital sérvia, a "História do Fado", um "fado-ballet" com a participação de bailarinos e bailarinas do Teatro Nacional, e que lhes garantiu projecção internacional.
"Fomos convidados para o próximo festival de dança de Miami e a Embaixada de Portugal em Belgrado contratou-nos porque disse que isto é algo que não existe em Portugal. Que eu conheça, só em Belgrado!", assegura a mentora do "Beogradski fadisti".
O primeiro contacto de Maja Volk com o fado ocorreu no início de Junho de 1999, quando foi convidada para o júri do festival de cinema de Tróia, "exactamente na última semana dos bombardeamentos da NATO à Sérvia", como recorda.
Informou-se, escutou fados de Amália, comprou vários CD`s, e começou de imediato a cantar. "Foi o meu primeiro encontro com o fado, mas foi amor à primeira vista", confessa.
Um "amor" sempre relacionado com a saudade, ou a "seta", a forma como o povo sérvio exprime a sua saudade, através das canções de lamento urbanas que começaram a surgir em Belgrado nos inícios do século XIX, no período final da ocupação turca/otomana.
"Na nossa música urbana do século XIX, os poetas escreviam canções muito parecidas com as dos fadistas, incluindo no ritmo e na melodia. São ambas músicas urbanas e foi isso que me atraiu".
Nemanya Sekiz é um dos vocalistas deste grupo, tendo já actuado em Portugal, em várias casas de fado, graças à sua amizade com um dos músicos de Marisa, Luís Guerreiro, ele próprio convidado do grupo no seu maior concerto dado em Belgrado e que foi um enorme sucesso.
Se outras razões não houvesse, e há-as e muito fortes, felizmente, para eu gostar da Sérvia e do povo sérvio, esta seria suficiente.
Volim te, Déjan!
A Sida, nos países desenvolvidos, e de há uns anos a esta parte, devido aos fármacos que têm vindo a ser produzidos, deixou de ser uma doença letal, para ser uma doença crónica. Apesar da diminuição bastante elevada de falecimentos nestas zonas do mundo, o número de infectados não tem diminuído e os fármacos acima citados não curam a doença e têm graves efeitos secundários, levando a extremos cuidados aos contaminados.
Mas o problema da Sida tem vindo a alargar-se de uma forma alarmante no continente africano e também na Ásia, zonas do mundo com condições de vida muito deficientes e onde só agora se começa a campanha de informação.
Neste dia 1 de Dezembro, todos nos lembramos deste flagelo, por ser o dia que foi escolhido mundialmente para esse efeito; e os restantes dias?
Para, de qualquer forma, assinalar este dia, eis um vídeo com imagens recolhidas em diversas partes do mundo.
Faleceu aos 84 anos o realizador britânico Ken Russel.
Durante a sua vida dirigiu filmes polémicos, alguns dos quais não agradaram ao público e à critica, caso de "Liztomania", "Tommy" e "Valentino".
Mas há dois filmes que marcaram a sua carreira: "Tchaikovsky - Delírio de amor" e sobretudo "Mulheres Apaixonadas", adaptando o famoso romance de D.H.Lawrence.
É deste filme uma das cenas mais belas que eu já vi em cinema, e que é a luta, apenas com a luz da lareira, entre os dois protagonistas masculinos, Alan Bates e Oliver Reed (dois excelentes actores), e em que ambos estão completamente nus, o que para a época era bastante ousado.
É uma luta viril, mas ao mesmo tempo, carregada de homo-erotismo, que não resisto em deixar aqui em vídeo.
Numa ensolarada manhã de Setembro do ano de 1953, em Newport, Rhode Island, a igreja de Saint Mary, decorada com crisântemos brancos e gladíolos rosa, recebia 700 convidados ilustres. O arcebispo de Boston presidia à cerimónia de casamento, que, para o regozijo dos presentes, teve direito a bênção papal, através de uma carta enviada pelo próprio Pio XII. Do lado de fora, 3 mil curiosos aglomeravam-se para ver tudo. A imprensa ocupava-se com os mínimos detalhes. A nação inteira torcia pela felicidade de Jacqueline e John Kennedy. Não fora o facto de eles serem cidadãos de uma república presidencialista, o casamento teria sido uma cerimónia real. Nos Estados Unidos não existem castelos, mas, se existissem, eles teriam sido habitados pela dinastia Kennedy.
Porém nem tudo que reluz é ouro na história dessa família. Tragédias também assombram o clã, cuja trajectória política teve início no século 19, quando o primeiro Kennedy decidiu "fazer a América".
Filho de imigrantes irlandeses pobres, P.J. Kennedy tinha tudo para ser mais um trabalhador braçal e alcoólatra quando largou a escola para trabalhar como estivador no porto de Boston. Mas, diferentemente dos irlandeses que trabalhavam naquele e em tantos outros portos ao redor dos Estados Unidos, ele não gostava muito de bebidas alcoólicas. Sem beber, Kennedy conseguiu comprar o primeiro bar, aos 22 anos, com o dinheiro que juntara trabalhando. Cinco anos mais tarde, em 1885, ele já era dono de três bares e de uma importadora de bebida, a P.J. Kennedy and Company.
Naquele mesmo ano, ele foi o primeiro Kennedy a entrar para a política, na Câmara de Representantes. A seguir vieram outros mandatos como representante e como senador.
Em Boston, outro político rivalizava com P.J. Kennedy: o prefeito John Francis Fitzgerald. Durante anos, eles alternaram momentos de oposição e aliança. Kennedy saiu-se bem na política. Já Fitzgerald envolveu-se em escândalos por causa de infidelidade e fraude, perdendo várias eleições para cargos diferentes. Entre alianças e rivalidades, as famílias Kennedy e Fitzgerald uniram-se em 1929, no casamento dos seus filhos, Joe Kennedy e Rose Fitzgerald.
Joe e Rose tiveram nove filhos e ficaram milionários de um dia para o outro. Foi em 24 de Outubro de 1929, exactamente no crash da Bolsa de Valores de Nova York. Joe ganhou 15 milhões de dólares, negociando acções antes do mercado explodir. Ele tinha informações privilegiadas, o que, numa época sem qualquer regulamentação, não era crime.
A fortuna de Joe Kennedy multiplicar-se-ia dez vezes em poucos anos, não apenas por causa dos seus investimentos imobiliários, da sua carreira de produtor de Hollywood ou do seu diploma em Harvard. A grande jogada de Joe foi burlar a Lei Seca, que imperava nos Estados Unidos desde 1920, proibindo a importação e o consumo de bebidas alcoólicas. Usando os seus contactos em Washington, obteve permissão para importar quantidades enormes de bebidas como se fossem medicamentos. Uma parte delas, vendeu-a aos compatriotas alcoólatras, ilegalmente. A outra parte foi guardada até que a Lei Seca acabasse e Joe tivesse o maior reservatório de licores do país.
“Joe Kennedy combinava a falta de escrúpulos com uma certa prudência. Foi assim que ele adquiriu riqueza e poder na bolsa de valores e em todos os seus outros negócios", afirma o escritor Ronald Kessler, autor do livro The Sins of the Father ("Os pecados do pai", sem tradução para o português).
Como bom jogador, Joe Kennedy apostou em Franklin Roosevelt para presidente na eleição de 1932. No ano seguinte, Roosevelt acabou com a Lei Seca e, em 1934, ofereceu ao aliado o cargo de presidente da recém-criada Comissão de Valores Mobiliários, que deveria regular o mercado de acções. A oferta foi aceite.
Na campanha de 1936, Kennedy esteve de novo ao lado de Roosevelt e foi convidado para outros cargos. De 1938 a 1940, chegou ao auge da carreira política, como embaixador na Grã-Bretanha. Mas Kennedy teve de deixar o cargo após se posicionar contra a entrada dos Estados Unidos na Segunda Guerra Mundial. Diferentemente do sogro, que continuou insistindo na própria carreira - e perdendo -, preferiu dedicar-se às carreiras políticas dos filhos. Joe Kennedy apostava na vocação política do primogénito Joseph Jr., que morreu na 2ª Guerra Mundial.
O patriarca então voltou os olhos para os outros filhos. Três deles decidiram seguir seus passos: John, Robert e Edward graduaram-se em Harvard e entraram para a política.
John Kennedy entrou para a Câmara de Representantes em 1946. Carismático, ele cumpriu três mandatos até que foi eleito senador, em 1952.
Naquele mesmo ano, John conheceu uma jornalista e fotógrafa principiante do Washington Times-Herald. O seu nome era Jacqueline Bouvier. Ela vinha duma família rica e aristocrata de Long Island. Falava francês e italiano, gostava de moda e tinha acabado de passar uma temporada em Paris. Jackie estreou na profissão com uma coluna própria, "Inquiring Camera Girl", em que publicava fotos e opiniões sobre os assuntos do dia de cidadãos que encontrava nas ruas da capital - um deles foi John Kennedy.
Jackie e Kennedy casaram-se depois dele ser eleito senador por Massachusetts, em 1953. No primeiro ano de casamento, John Kennedy teve que ser operado às costas e ficou oito meses de cama. Escreveu o livro Profiles of Courage ("Perfis de coragem",sem tradução para o português), sobre senadores americanos. Foi um best-seller que ganhou o prêmio Pulitzer de 1957, dando um prestígio intelectual fundamental para a carreira de Kennedy.
Em 1960, quando John Kennedy anunciou que concorreria à presidência dos Estados Unidos, foi a vez de Jackie ficar de cama. Grávida e com um histórico de fragilidade (já havia sofrido um aborto e tido uma filha nada morta), ela precisava de repouso. Participou na campanha trabalhando em casa, respondendo a cartas, dando entrevistas e escrevendo uma coluna semanal intitulada "Campaign Wife" (esposa em campanha) que era distribuída aos jornais de todo o país.
A sua ajuda foi fundamental para John, que venceu Richard Nixon numa das eleições mais disputadas da história dos Estados Unidos. Segunda a editora de moda do Washington Post, Robin Givhan, "os críticos diziam que Jackie era francesa demais. Mas não havia quem não a imitasse. E o seu guarda-roupas é copiado no mundo todo até hoje".
Entre a vitória e a posse nasceu o segundo filho do casal, John Fitzgerald Kennedy Jr. Teriam ainda mais um filho, que morreria dias depois de nascer. O discurso de posse entrou para a história: "Não pergunte o que seu país pode fazer por você, pergunte o que você pode fazer por seu país".
John Kennedy deu o cargo de secretário de Justiça para seu irmão, Robert Kennedy.
Juntos, eles enfrentaram a Crise dos Mísseis, quando um avião de espionagem americano fotografou navios soviéticos levando armas nucleares para Cuba. Por um acordo entre os governos dos EUA e da União Soviética, a tão temida guerra nuclear não aconteceu.
Em 22 de Novembro de 1963, fez a semana passada 48 anos, o mandato de John F. Kennedy, um dos mais populares da história da política americana, foi tragicamente interrompido. Num desfile presidencial pelas ruas de Dallas, no Texas, o presidente foi assassinado com um tiro na cabeça e outro no pescoço.
Quando a morte de John completou cinco anos, seu irmão, Robert, foi assassinado. Ele era candidato à presidência e vencera as primárias do Partido Democrata na Califórnia.
Nas décadas seguintes, vários Kennedys assumiram cargos públicos, mas tragédias impediram que a família tivesse outro representante na corrida pela presidência dos Estados Unidos. Foram tantas que há quem diga que o clã é amaldiçoado.
John-John, filho de JFK, morreu pilotando o seu próprio avião em 1999, matando a esposa e a cunhada. O descendente mais notório tornou-se o irmão mais novo de John e Robert, o senador Edward Kennedy, mais conhecido como Ted, que faleceu em 2009 devido a um tumor maligno no cérebro. Ele nunca se candidatou à presidência, porque um episódio em 1969 manchou a sua imagem pública. Enquanto dirigia embriagado, o seu carro embateu numa ponte e caiu num rio de Massachusetts, matando a sua secretária. Ele só informou a polícia no dia seguinte. Ted, que não morreu nem quando um raio atingiu o seu avião em pleno ar, sempre afirmou que essa história de maldição familiar não é real.
Para uma família que ficou milionária com a quebra da Bolsa de Valores de Nova York, que teve a alegria de ver um de seus membros à frente da nação mais poderosa do mundo e o viu morrer assassinado, a céu aberto, num desfile presidencial, sorte e azar são conceitos que parecem não caminhar separadamente.
Eles enriqueceram enquanto o mundo ruía, conquistaram o Senado, a Casa Branca e inúmeras beldades de Hollywood. Não fossem as tragédias que ensombram a sua história, os Kennedy’s seriam uma família invejável.
O Fado foi aprovado, esta manhã, como se esperava, pela UNESCO, em Bali (Indonésia), como Património Imaterial da Humanidade.
Nos tempos de crise que vamos vivendo, temos que nos agarrar a coisas que nos elevem o ego nacional, e este facto é relevante, por si próprio e também pelo que atrás refiro.
Para homenagear, nesta data, o Fado, escolhi dois vídeos, um deles, velhinho, com aquele que por mim é considerado o melhor intérprete masculino do Fado, desde sempre, Carlos Ramos, interpretando um clássico maravilhoso "Não venhas tarde".
E o outro não poderia deixar de ser da diva do Fado, a nossa Amália, que o divulgou como ninguém em todo o mundo. E dela escolhi, também numa perspectiva muito subjectiva o fado mais bonito que já ouvi, e que me emociona cada vez que o oiço de novo:"Lágrima"!
Se, porventura, quisesse ir para fados e intérpretes mais recentes, a escolha seria mais difícil, pois muitas opções teria; de qualquer forma escolheria, no naipe masculino, Camané, com o seu fado mais emblemático "Sei de um rio"
e no campo feminino (a Marisa, de que gosto muito, que me perdoe), a minha opção seria Ana Moura, num fado lindíssimo- "Os Búzios"
Jason Driskill nasceu em 1975,em Nashville e formou-se no Watkins College of Art e Design em 2004. É um pintor, realizador de vídeos, escritor, e às vezes trabalha como modelo; usa a fotografia digital e o vídeo para explorar a corpo masculino, a identidade de género e a objectivação sexualizada do poder masculino. Jason actualmente cria arte e ensina desenho e pintura na zona de S.Francisco.
"Auto-reflexão é a força motriz do meu trabalho. Essa motivação de trabalho é particularmente inspirada na dolorosa transformação que eu empreendi anos atrás, como um missionário cristão, quando eu substituí a minha ingenuidade religiosa por um reconhecimento de uma devastadora, indesejada e vergonhosa orientação sexual. Embora eu seja muito influenciado pela minha sexualidade, ainda me sinto compelido a fazer o sentido da mudança que ocorreu na minha auto-percepção, é a parte de mim que permanece presa entre o religioso e o sexual.”
Na minha última viagem, e na escala em Londres, já no regresso, enquanto aguardava, no aeroporto de Lutton, a chamada para o “boarding”, cruzei-me com uma enorme quantidade de judeus ortodoxos, com os seus originais trajes negros, o seu cabelo caindo em caracóis e os seus enormes chapéus, pois havia dois voos programados na mesma altura para Telavive; curiosamente quase todos muito jovens, quase imberbes, acompanhados das suas jovens (e bonitas) mulheres e de vários filhos para quem é tão jovem. As mulheres também respeitando no vestuário as suas convenções a esse respeito
Veio-me à lembrança um filme recente sobre a relação homossexual entre dois judeus ortodoxos, de idades diferentes, um casado e outro solteiro, e do qual gostei muito.
Trata-se de “Eyes Wide Open”2009, de Haim Tabakman .
Sucede que estou a meio da leitura de um de vários livros que comprei no foyer do cinema S.Jorge, quando do festival de cinema "Queer Lisboa", por tuta e meia; trata-se de “Martin Bauman; ou Uma Presa Segura” de David Leavitt (custou-me um euro e meio). Deste autor já havia lido antes “A Linguagem Perdida dos Guindastes” e “Florença – Um Caso Delicado”, da colecção “O Escritor e a cidade”. Sucede que estou a gostar muito do livro, que não trata de assuntos religiosos, mas sim da vida de um jovem escritor americano (será auto-biográfico?), mas que a uma certa altura, nos apresenta uma personagem, Sara, que professa a religião em causa. E achei uma delícia o pequeno diálogo que aqui transcrevo e que faz a ligação ao tema desta postagem:
“Foi aí que lhe confessei, numa quinta-feira à noite, que era gay. Ela permaneceu muda e queda.
-Mas aposto que não há gays judeus ortodoxos, pois não? – perguntei, em tom de desafio.
- Claro que há.
- E como é que conciliam a sua vida sexual com a religião?
-Bem - explicou Sara - aqueles que eu conheço, como as escrituras dizem que não se podem deitar com outro homem, fazem-no de pé.”
Finalmente e para aguçar o apetite pelo excelente filme atrás referenciado, aqui deixo algumas imagens e o tema musical do mesmo
Como muitas vezes tenho explanado, a blogosfera já teve melhores dias: blogs a fechar, outros abandonados, ainda outros com postagens quando o rei faz anos…
E penso que já demonstrei por variadas vezes, o apoio que tenho dado a certos blogs, principalmente no seu arranque, para que eles tenham mais seguidores e comentadores.
Ora hoje quero falar em três blogs, um recentíssimo (tem dois dias),que nasceram depois da extinção de blogs antigos. São três blogs muito diferentes entre si, mas com algo em comum: todos são interessantes.
O mais antigo é “Troubled Water”, que veio substituir o “Ophius 3”. É um blog eléctrico, como o seu autor, meu velho amigo, que nos dá a conhecer sítios e situações tantas vezes desconhecidas, principalmente do Norte (no que se refere a locais). Não é um blog fácil, mas remete-nos muitas vezes para links explicativos. Só lhe acho um defeito, que já lá exprimi e que se refere com a nova forma de apresentação do blog, e que tem já alguns seguidores; mas isso é o menos… Aqui fica o link http://aguaagitada.blogspot.com/
Outro, mais recente, e muito específico, pois trata quase só de cinema GLBT, é o “The Porcupine Lair”, absolutamente imperdível para quem, como eu, gosta deste tipo de filmes; substitui um outro blog que se chamava “O Prepucio das Ostras”, exactamente sobre o mesmo tema. O seu link é http://theporcupinelair.wordpress.com/
Finalmente, e ainda bebé, vem “Um Ribatejano no Oeste”, do velho amigo “Eu”, e que tinha o finado “O Diário de um Desconhecido”. É pois um blog recém nascido e que precisa de ser divulgado, não só aos antigos seguidores, mas a todos. O link do novo blog é http://ribatejanoeste.blogspot.com/
Ora estes três blogs além do ponto comum de serem todos interessantes, como já referi, por ora, têm-me a mim quase só, como único seguidor ou comentador, o que não está nada bem. Toca a ir cuscar estes blogs, valeu?
A Internet ajuda a aprender com as experiências de outros o que nos economiza os inconvenientes de experiências negativas!!!
Dois casos de má gestão:
Caso 1:
Ia uma jovem a passear com o seu namorado, quando ouviram uns empregados de umas obras gritar:
- Oh cabrão, não a leves a passear, leva-a mas é para um lugar escuro.
O rapaz, muito envergonhado, segue o seu caminho com a namorada e passam por um parque onde estão vários reformados sentados que ao vê-los começam às bocas ao noivo:
- De mãozinha dada com a miúda, devias é levá-la para um motel, ó paneleiro!
O rapaz, cada vez mais envergonhado, decidiu-se levar a namorada a casa e despede-se:
- Então até amanhã, meu amor!
A noiva responde-lhe:
- Até amanhã, surdo de merda!...
Conclusão:
Escuta e põe em prática os conselhos dos consultores externos pois são gente com experiências; se não o fizeres, a tua imagem e a tua gestão empresarial ver-se-ão seriamente deterioradas.
Caso 2:
Um rapaz de quinze anos vai a uma farmácia e diz ao farmacêutico:
- Senhor, dê-me um preservativo. A minha namorada convidou-me para ir jantar esta noite lá a casa, já saímos há três meses, a pobre começa a estar muito quente e parece-me que me vai pedir para lhe pôr o termómetro.
O farmacêutico dá-lhe o preservativo e o jovem sai da farmácia. De imediato, volta a entrar, dizendo:
- Senhor, é melhor dar-me outro, porque a irmã da minha namorada, é uma boazona de primeira, passa a vida a cruzar as pernas à minha frente. Acho que também quer algo, e como vou jantar hoje lá a casa...
O farmacêutico dá-lhe o preservativo e o jovem sai da farmácia. De imediato, volta a entrar, dizendo:
- Senhor, é melhor dar-me outro, porque a mãe da minha namorada também é boa como o milho. A velha, quando a filha não está ao pé, passa a vida a insinuar-se dum modo que me deixa atrapalhado, e como eu hoje vou jantar lá a casa...
Chega a hora da comida e o rapaz está sentado à mesa com a sua namorada ao lado, a mãe e a irmã à frente. Nesse instante entra o pai da namorada e senta-se também à mesa. O rapaz, baixa imediatamente a cabeça, une as mãos e começa a rezar:
- Senhor, abençoa estes alimentos, bzzzz, bzzzz, bzzzz,...damos-te graças por estes alimentos.
Passa um minuto e o rapaz continua de cabeça baixa rezando:
- Obrigado Senhor por estes dons, bzzz, bzzz, bzzz..
Passam cinco minutos e prossegue:
- Abençoa Senhor este pão, bzzz, bzzz, bzzz...
Passam mais de dez minutos e o rapaz continua de cabeça baixa rezando. Todos se entreolham surpreendidos e a namorada diz-lhe ao ouvido:
- Meu amor, não sabia que eras tão crente...!!!
- E eu não sabia que o teu pai era farmacêutico !!!
Conclusão:
Não comente os planos estratégicos da empresa com desconhecidos, porque essa inconfidência pode destruir a sua própria organização.
Quando hoje cheguei a casa, cerca da meia noite, era esta foto que me aguardava no computador, enviada pelo Déjan!
Eu já me tinha comovido muito com algumas coisas que tinha visto e sentido no Estádio da Luz, esta noite, mas esta homenagem do Déjan calou-me bem fundo, e só veio confirmar o que há muito sei: ele adora este país, como eu sinto a Sérvia de uma forma muito especial.
Mas vamos por partes; eu raramente vou ao futebol, embora goste muito de ver este desporto e não perco os jogos das selecções nacionais e do meu Benfica, mas na TV. As duas últimas vezes que fui ao futebol foi precisamente com o Déjan, a ver o Benfica, no ano em que fomos campeões, contra o Braga, e em Janeiro passado, com um clube que já não recordo. Fora disso, tinha assistido a outras dois jogos na Luz, desde 2004...
E desta vez, apeteceu-me ir, apesar da instabilidade do tempo, apesar de ser mais confortável ver o jogo no sofá, apeteceu-me ir ver o jogo ao vivo; mas sozinho não. Assim convenci um dos meus amigos de infância e lá fomos.
Em boa hora!!!
Foi um dos jogos que mais prazer me deram assistir, desde sempre. Boa assistência, bom tempo e um jogo fabuloso de Portugal, quase perfeito, com a demonstração plena, cabal, de que Cristiano Ronaldo é um jogador "do outro mundo".
Vibrei, gritei, cantei e emocionei-me muito no final do jogo.
Nunca tinha assistido a um jogo, que após ter terminado, as pessoas não se iam embora. E depois aquele cantar do hino, com os jogadores no meio do relvado e com a bandeira ali, foi lindo, caramba.
Portugal, tão triste que tem andado, merecia que a selecção lhe tivesse oferecido este presente: esquecer durante umas horas a crise, os cortes salariais, os sacrifícios insuportáveis,tudo isso durante aqueles 90 minutos foi esquecido e principalmente no final do jogo, a satisfação era total.
Os bósnios foram assobiados, enxovalhados e tudo lhes chamaram, e foi mais que merecido, pela forma como nos receberam.
Obrigado, rapazes!!!
Hoje venho falar das primeiras viagens que fiz, sem a família, e que poderei situar entre os meus 10 e 17 anos.
Começo por referir as excursões liceais, muito diferentes das de hoje, pois eram muito cordatas, sob a guarda atenta de três ou quatro professores e que não tinham grandes horizontes geográficos : ficavam-se por cá e recordo-me bem das duas primeiras a que fui, logo no então 1º.ano do Liceu (Covilhã), equivalente ao actual 5º.ano, e que foi à região centro, com aquele itinerário clássico para a época – Batalha, Alcobaça, Fátima, Tomar, Coimbra, Nazaré e por aí; três dias diferentes, com companhia agradável, e pela primeira vez com uns “tostões” para poder gerir por mim próprio.
No ano seguinte foi a vez do Norte – Guimarães, Braga, Viana e curiosamente evitando o Porto, pois seria mais difícil o controlo...
Depois, apenas me recordo de ter ido, já no 6º.ano, actual 10º. e no Liceu de Castelo Branco, que já nos levou e pela primeira vez neste tipo de excursões a sair de Portugal, pois fomos até Salamanca. Já havia um controlo menos apertado e também a idade, sendo outra, nos proporcionava outros pequenos prazeres, mas nada de ir além do que era politicamente correcto.
Ainda no que respeita a visitas escolares, recordo uma efectuada a diversas unidades fabris e agrícolas, já no 1º. Ano de Económicas, que teve momentos memoráveis e que levaram a uma expulsão a meio da noite, de todos nós, de um hotel em Sesimbra, por distúrbios e mau comportamento, e só estávamos em 1963…Foi um passeio de que guardo recordações fabulosas.
Tenho que falar numa viagem, não escolar, que foi para mim, talvez a mais importante da minha vida e que se efectuou, tinha eu à volta de 16 anos, durante umas férias e em que fui passar um mês a Inglaterra. Tendo a minha família uma empresa têxtil, na Covilhã, havia entre os fornecedores de matérias primas – lãs – um indivíduo inglês que vinha todos os anos a Portugal e que se tornou relativamente amigo do meu Pai. Um dia, o meu Pai surpreendeu-me ao dizer-me que tinha acordado com o referido senhor, que eu fosse passar um mês, não à sua casa, mas perto, na cidade de Bradford, no Yorkshire, para desenvolver o meu inglês e também para me desenvolver um pouco em relação à vida, claro.
Fui de comboio até Londres, e recordo a emoção de ir sozinho, chegar à Gare de Austerlitz, em Paris e aí apanhar o metro até à Gare do Norte, onde apanhei o comboio que me levou à estação de Vitória em Londres. Aí chegado, fiquei confuso como tomaria o comboio para a cidade onde ele me esperava, mas vi um local de informações, onde expus o que pretendia, tendo inclusivamente dado á pessoa que me atendeu, o contacto do fornecedor em causa; disse-me para aguardar e passados uns 20 minutos disse-me que tinha falado com a pessoa e o que eu devia fazer: apanhar o comboio x na linha y e à hora z, com destino a Wakefield, onde chegaria já de noite. Era uma estação pequena e o senhor estaria ali à minha espera. Assim fiz e quando nos encontrámos, ele levou-me de carro, a Bradford, onde me tinha arranjado um quarto numa residência familiar que apenas tinha 3 quartos para alugar, e onde comeria (tudo pago por ele) e que tinha uma particularidade – a empregada dos quartos era portuguesa e assim eu poderia ter menos problemas linguísticos; mas a Conceição era madeirense e tinha ido directamente da Madeira para ali, pelo que quando comecei a falar com ela em português, cheguei à conclusão que era preferível falarmos em inglês.
Num outro quarto estava hospedado um rapaz mais velho que eu, espanhol, de Barcelona, o Xavier, com quem comecei a andar, visitando a cidade e os arredores (Bradford era e é uma cidade feia), íamos a uma piscina a Ilkley, chegámos a ir a Leeds, que era muito perto e fomos a ver filmes, o que era delicioso para mim, que já na altura adorava cinema e pude ver vários filmes que aqui estavam proibidos. E até fomos a discotecas abanar o capacete. Foi uma amizade muito saudável e o Xavier depois convidou-me a visitá-lo na Catalunha, onde vivia em Sabadell, perto de Barcelona, e onde iria começar a trabalhar numa fábrica de perfumes; acabei por concretizar essa viagem dois anos mais tarde e foi muito interessante. Nunca falámos em assuntos sexuais, eu era virgem, mas hoje tenho quase a certeza de que ele seria homossexual…
Quanto ao senhor, estava no seu trabalho, e sempre que podia ia buscar-me e levava-me a diversas cidades para as conhecer e assistir a coisas diferentes: assim fui a Manchester assistir a um jogo de futebol em Old Strattford, fui a Sheffield ver uma partida de crickett, que não entendi patavina, fomos a York, que é linda, linda e fomos ver corridas de cavalos, visitámos Coventry, com a sua catedral moderníssima ao lado da que tinha sido completamente destruída na guerra, enfim foi excepcional.
Voltei, passado um mês, bastante diferente, com uma visão de um mundo diferente, aprendi a desembaraçar-me sozinho e com dinheiro para gerir (não era muito, mas chegou, pois quase tudo foi pago pelo senhor). Foi uma maravilhosa lição de vida que o meu Pai me proporcionou.
Possivelmente já muita gente viu este vídeo; mas não importa. Eu também já o vi variadas vezes e não me canso.
Não é só por gostar de gatos, é principalmente porque poucas vezes me senti tão enternecido com um episódio com um animal, e é quase inevitável não ficar com os olhos humedecidos.
Ainda muito novinho, mas já com cabelos no peito; poderá ser uma boa definição para este blog que hoje completa cinco anos de idade.
Desde 6 de Novembro de 2006, 1146 postagens aqui foram deixadas, umas mais sérias, outras mais fúteis; algumas bastante contundentes, outras eivadas de amor e carinho.
Abrangendo as mais variadas áreas, este blog tem-me trazido coisas muito boas, quase só coisas boas e apenas uns poucos, raros, amargos de boca.
O melhor de tudo, tem sido, sem a menor dúvida, a quantidade de amigos que aqui encontrei e não só em quantidade, mas também em qualidade. Só por isso, teria valido a pena.
Obrigado a todos pelo vosso apoio, a vossa amizade, a vossa presença.
O mundo é muito pequeno, e por vezes agradavelmente surpreendente. Estive a passar quinze dias em Belgrado, e como a cidade já não tem quase segredos para mim, procuramos agora preencher o nosso tempo com a ida a locais onde aconteçam coisas interessantes. E o Déjan lembrou-me que estava a acontecer na Feira de Belgrado (um excelente espaço, diga-se de passagem), a Feira do Livro, e que nesta edição, o destaque escolhido, tinha sido a Língua Portuguesa, isto é, de todos os espaços do mundo onde se fala a nossa língua. Claro que logo mostrei interesse em visitar o certame e lá fomos uma tarde. Gostei desde logo da disposição do espaço escolhido para essa homenagem, na parte nobre do certame
e quando ali chegámos contactei um senhor que parecia ser uma das pessoas importantes ali, e que era português, e me informou, muito gentilmente do que se estava a realizar ali, quem estava ou estaria presente e mantive uma muito agradável conversa com ele, e quando lhe disse que era português de passagem em Belgrado e lhe referi ser natural da Covilhã, fiquei surpreso ao saber que ele também era, embora duma freguesia rural do concelho e ainda há dois dias tinha lá estado a inaugurar uma Casa de Cultura numa aldeia. Convidou-me a ouvir a entrevista que o escritor moçambicano Mia Couto ia dar nessa altura, devidamente traduzida para sérvio por um tradutor, perante um auditório muito interessado.
Durante essa entrevista, fixei o olhar na pessoa com quem tinha falado, e de repente reparei que a cara não me era de todo estranha, e ainda mais rapidamente me lembrei do nome da pessoa, confirmado por um rapaz português que ali estava junto a mim: tratava-se do Prof. Arnaldo Saraiva, ensaísta, escritor e jornalista, de quem eu tinha lido tantas crónicas no Jornal do Fundão, onde continua a escrever.
No final da entrevista de Mia Couto, fui cumprimentar pessoalmente o escritor e fui falar novamente com o Prof. Saraiva para lhe dizer que afinal sabia quem ele era e que já tinha lido muitas crónicas dele. Aproveitou para me dizer que tinham chegado entretanto a Alice Vieira e a Lídia Jorge, ambas muito simpáticas, mas foi com Lídia Jorge que falei mais, pois, num outro acaso interessante, tinha lido o seu magnífico “Dia dos Prodígios” precisamente em Belgrado, na última vez que ali tinha estado; apresentei-lhe o Déjan e acedeu a ficar comigo numa foto.
Mais tarde, passei outra vez no local e estava a ser entrevistado o Rui Zink, saudavelmente louco como sempre e a pôr a assistência a rir a cada passo.
Enfim, um excelente fim de tarde.
Mas, a surpresa e as coincidências não acabam aqui, pois dois dias mais tarde, estava a almoçar com o Déjan num popular e central restaurante, ocupando dois lugares de uma mesa de quatro; entretanto chega uma senhora, bastante distinta, dos seus quarenta anos que pede licença para ocupar um dos espaços vagos da mesa, pois não havia mais mesas vagas. Claro que sim, e eu a falar com o Déjan normalmente e a senhora a consultar uns dossiers, enquanto esperava pelo almoço. Como este estava algo demorado, ela disse para o Déjan que estava apressada, pois tinha que ir dali para a Feira do Livro. O Déjan disse-lhe que havíamos aí estado há dois dias, pois eu era português e tinha mostrado interesse em ir lá pelos motivos já citados.
Qual o meu espanto, quando a senhora, num português quase correcto me perguntou se eu tinha gostado. Claro que começámos a falar, ora em português, ora em inglês, para o Déjan entender, e fiquei a saber que a senhora vive desde há anos em Faro, é tradutora de quase todos os livros de escritores portugueses editados em sérvio e isso porque depois de se ter licenciado em Letras na Universidade de Belgrado, tirou o mestrado, escolhendo como tema a poesia portuguesa!!!
E pronto, o almoço foi um espanto, falámos de Eugénio de Andrade, da Sophia, de Florbela, do Al Berto, do Bernardo Santareno, eu sei lá mais de quê; a senhora já queria que eu fosse com ela para a Feira do Livro, onde iria ser a tradutora daí a pouco da entrevista, precisamente, do Prof. Arnaldo Saraiva.
Quando eu for pequeno, mãe,
quero ouvir de novo a tua voz
na campânula de som dos meus dias
inquietos, apressados, fustigados pelo medo.
Subirás comigo as ruas íngremes
com a certeza dócil de que só o empedrado
e o cansaço da subida
me entregarão ao sossego do sono.
Quando eu for pequeno, mãe,
os teus olhos voltarão a ver
nem que seja o fio do destino
desenhado por uma estrela cadente
no cetim azul das tardes
sobre a baía dos veleiros imaginados.
Quando eu for pequeno, mãe,
nenhum de nós falará da morte,
a não ser para confirmarmos
que ela só vem quando a chamamos
e que os animais fazem um círculo
para sabermos de antemão que vai chegar.
Quando eu for pequeno, mãe,
trarei as papoilas e os búzios
para a tua mesa de tricotar encontros,
e então ficaremos debaixo de um alpendre
a ouvir uma banda a tocar
enquanto o pai ao longe nos acena,
lenço branco na mão com as iniciais bordadas,
anunciando que vai voltar porque eu sou pequeno
e a orfandade até nos olhos deixa marcas.
José Jorge Letria
Para a minha Mãe que hoje cumpre o seu 89º.aniversário, cada vez mais linda e maravilhosa!
Voltar…
Voltar de uma viagem, de uma ansiada e tão necessária viagem, que correu muito bem até chegar o momento da despedida, que em vez de se tornar rotina, se torna cada vez mais difícil…
Voltar aqui ao meu espaço, mais cedo do que esperaria, pois eu sabia que iria voltar; nem sequer disse o contrário no meu último texto; apenas pensei que demoraria mais tempo…
E voltar, porquê? As razões da paragem não se alteraram muito, apesar de um ou outro regresso, (olá Speedy), e de um prometido regresso de um “velho” senhor dos blogs, (olá Ric).
Talvez não tenha sido suficientemente explícito e assim não totalmente compreendida a razão invocada da não reciprocidade dentro da blogo; como muitos sabem, a noção que tenho de um blog é de partilha, mas de uma partilha comunicativa e não apenas confessional. Daí o desabafo de alguma falta dessa reciprocidade, para mim tão importante, porque uma postagem só termina realmente com o diálogo dos comentários; daí eu comentar os comentários…
Eu nunca me queixei da falta deles, nem nunca pedi para ser comentado quando não há razão para tal. Queixo-me sim é de quem NUNCA comenta, não o meu blog, mas qualquer blog, apesar de gostar de ser comentado, (olá Carlos).
Durante este tempo, li tudo o que foi escrito aqui na blogo, pelas pessoas que sigo, e quantas vezes me apeteceu comentar, (parabéns, Luís e Gonçalo).
Vou voltar pois a aparecer, talvez menos vezes, talvez com alguma necessária selecção dos blogs que sigo, talvez não com tanta frequência de comentários, pois há mais vida para além da blogosfera.
Uma palavra para as muitas palavras de apoio, de incitamento a continuar, que me foram deixando, aqui e nalguns dos vossos blogs.
Dediquei muito de mim à blogosfera, e desde há muito tempo; assisti ao início e ao fim de muitos blogs e sempre fui acompanhando com palavras o seu dia a dia.
Agora vejo que a reciprocidade não existe mais: há blogs (não os nomeio, pois os seus autores sabem que é a eles que me dirijo, essencialmente) que nunca comentam qualquer blog, mas gostam muito de ser visitados; outros abandonaram essa prática e hoje estão no comodismo de pôr uma postagem de quando em quando e nada mais.
A blogosfera, está verdadeiramente doente e eu já não tenho paciência para isto; que me desculpem os bons amig@s que continuam a alimentar esta forma de comunicação tão interessante.
Vou parar! Definitivamente? Não sei.
Vou no sábado para Belgrado e aproveito esta “porta aberta” para ir saindo…
Amour, Acideet Noix é um bailado coreografado pelo canadiano Daniel Léveillé em 2001 e que faz parte do repertório da sua companhia Danile Léveillé Danse e é a primeira parte de uma trilogia que tem como restantes componentes “La Pudeur des icebergs” (2004) e “Crépuscule des océans (2007).
Gostaria de ter o bailado integral, cerca de uma hora, mas não o encontro na net. Se alguém souber se está editado em vídeo, e onde poderei adquiri-lo, fico desde já agradecido.
Quatro corpos entregues à dança, revelam o que se refugia atrás da pele, branca e estranha: água, músculos, respiração, energia, uma visão da vida, tão viva e consciente do outro, apesar de ou talvez por causa de uma necessidade para não estar completamente só..Amour, acide et noixfala de solidão, mas também, e mais especificamente da infinita ternura do toque, a dureza da vida e o desejo de evitar ou escapar destes organismos, muitas vezes tão pesados.Amour, acide et noix apresenta a nudez como a única alternativa verdadeira para a leitura do corpo, franca e livre de falsa modéstia.Afinal, a pele do corpo pode ser o traje da verdade. A música de Vivaldi é perfeita para acompanhar a evolução dos corpos.
Ainda que procure uma utilização cautelosa e não abusiva de textos, imagens e sons, poderá haver lugar à utilização indevida de obras objecto de direitos de autor.
Porém, sempre que a legislação o implique, ou seja devidamente informado, de imediato promoverei as correcções necessárias.