domingo, 8 de junho de 2014

"La Vie d'Adèle"

Vi recentemente o filme “La Vie d’Adèle” realizado pelo tunisino Abdellatif Kechiche, em 2013 e que entre outros prémios venceu a Palma de Ouro do Festival de Cannes do ano passado. 
Tem duas interpretações portentosas, da já conhecida Léa Seydoux, mas principalmente da muito jovem Adèle Exarchopoulos e algumas cenas verdadeiramente fortes, embora perfeitamente integradas na acção do filme. 
A vida de Adèle muda quando ela encontra Emma, uma rapariga de cabelo azul, que lhe permite descobrir o desejo e afirmar-se como mulher e como adulta. Perante os outros ela procura-se a si própria, perde-se, mas acaba por se encontrar através do amor e da perda.
É um filme excelente e que me fez recordar entre outros o melhor filme lésbico que já vi – “Aimée & Jaguar”, um filme alemão datado de 1999, realizado por Max Färberböck e interpretado por Maria Shrader e Juliane Köhler e cuja acção se passa em Berlim durante a II G.G.
Mostra-nos uma intensa e perigosa relação amorosa entre uma mulher casada com um oficial nazi e uma jovem judia integrada num movimento activista anti-nazi.
Foi um filme que vi num Festival de Cinema LGBT, de Lisboa, no velho cinema Roma e que muito me marcou.

Como não é muito comum, deixo aqui uma referência a vários filmes com temática lésbica que tiveram assinalável êxito, sem qualquer encadeamento cronológico.













E também assinalar uma série sobre o mesmo tema e que continua a ser a série de referência sobre o lesbianismo – “The L World” (2004-2009).


Para quem esteja interessado nos dois filmes referidos, podem visioná-los completos no "You Tube"
"A Vida d'Adèle" ...........https://www.youtube.com/watch?v=FAAXfReT4pQ
"Aimée & Jaguar"...........https://www.youtube.com/watch?v=AYSUE2YY-yU

quarta-feira, 4 de junho de 2014

Alfred Henry Maurer

Alfred Henry Maurer nasceu em 1868 em Nova York , filho dum litógrafo alemão, Louis Maurer.
Aos dezasseis anos, Maurer deixou os estudos para trabalhar no estúdio litográfico de seu pai.
Em 1897, depois de estudar com o escultor John Quincy Adams Ward e com o pintor William Merrit Chaser, Maurer foi para Paris e lá permaneceu durante quatro anos, onde se juntou a um círculo de artistas norte-americanos e franceses dedicados ao realismo.
Numa breve viagem a Nova York, no princípio do século XX e determinado a provar ao seu céptico pai, que poderia pintar, Maurer criou a que seria, para muitos, a sua obra mais famosa: "Um arranjo"
Esta pintura ganhou variadíssimos prémios.
Aos trinta e seis anos, em Paris, desviando-se de todos os estilos considerados “aceitáveis”, Maurer mudou os seus métodos de forma acentuada e desde então adoptou o cubismo e o fauvismo, que mais tarde o tornaram internacionalmente conhecido.
Voltou para a casa de seu pai pouco antes da I Grande Guerra e durante 17 anos Maurer começou a pintar no sótão de seu pai e não conseguiu a aclamação dos críticos.
Como um modernista, fez amizade com muitos artistas de vanguarda americanos como Arthur Dove, Marsden Hartley, John Marin e outros, durante o século XX, até sua morte em 1932, tendo-se suicidado por enforcamento.
Exibia os seus quadros regularmente na Society Of Independrn Artists em Nova York e da qual foi nomeado director em 1919.
Hoje é extremamente difícil de adquirir ou ver uma das obras de Maurer, já que a maioria do seu trabalho ainda está na posse de privados No entanto o Museu Memorial Hall, em Filadélfia, a Phillips Memorial Gallery, em Washington DC, a colecção Barnes em Merion e o Whittney Museum of American Art , em Nova York, conservam exemplos das suas obras.

























domingo, 1 de junho de 2014

Eugénio de Andrade

Eugénio de Andrade é um dos maiores nomes das letras portuguesas contemporâneas, tendo-se distinguido essencialmente como poeta.
Pessoalmente, é junto com Sophia, Botto, Florbela, Pessoa e Camões um dos expoentes máximos e que releio variada vezes.
Algumas breves referências à sua vida e obra, retiradas da Wikipédia.

O poeta nasceu na freguesia de Póvoa de Atalaia – Fundão (bem perto da minha terra), em 19 de Janeiro de 1923. Fixou-se em Lisboa aos dez anos, com a mãe, que entretanto se separara do pai.
 Frequentou o Liceu Passos Manuel e a Escola Técnica Machado de Castro, tendo escrito os seus primeiros poemas em 1936, o primeiro dos quais, intitulado Narciso, publicou três anos mais tarde.
Em 1943 mudou-se para Coimbra, onde regressa depois de cumprido o serviço militar convivendo com Miguel Torga e Eduardo Lourenço.
Tornou-se funcionário público em 1947 exercendo durante 35 anos as funções de Inspector Administrativo do Ministério da Saúde.
Uma transferência de serviço levá-lo-ia a instalar-se no Porto em 1950, numa casa que só deixou mais de quatro décadas depois, quando se mudou para o edifício da extinta Fundação Eugénio de Andrade, na Foz do Douro.
Durante os anos que se seguem até à data da sua morte, o poeta fez diversas viagens, foi convidado para participar em vários eventos e travou amizades com muitas personalidades da cultura portuguesa e estrangeira, como Joel Serrão, Miguel Torga, Afonso Duarte, Carlos Oliveira, Eduardo Lourenço, Joaquim Namorado, Sophia de Mello Breyner Andresen, Teixeira de Pascoaes, Vitorino Nemésio, Jorge de Sena, Mário Cesariny, José Luís Cano, Angel Crespo, Luis Cernuda, Jaime Montestrela, Marguerite Yourcenar, Herberto Helder, Joaquim Manuel Magalhães, João Miguel Fernandes Jorge, Óscar Lopes, e muitos outros. Apesar do seu enorme prestígio nacional e internacional, Eugénio de Andrade sempre viveu distanciado da chamada vida social, literária ou mundana, tendo o próprio justificado as suas raras aparições públicas com «essa debilidade do coração que é a amizade».
Recebeu um sem número de distinções, entre as quais o Prémio da Associação Internacional de Críticos Literários (1986), Prémio D. Dinis da Fundação Casa de Mateus (1988), Grande Prémio de Poesia da Associação Portuguesa de Escritores (1989) e Prémio Camões(2001).
A 8 de Julho de 1982 foi feito Grande-Oficial da Ordem Militar de Santiago da Espada e a 4 de Fevereiro de 1989 foi agraciado com a Grã-Cruz da Ordem de Mérito.
 Faleceu a 13 de Junho de 2005, no Porto, após uma doença neurológica prolongada.

Estreou-se em 1939 com a obra Narciso, torna-se mais conhecido em 1942 com o livro de versos "Adolescente".
A sua consagração acontece em 1948, com a publicação de "As mãos e os frutos", que mereceu os aplausos de críticos como Jorge de Sena ou Vitorino Nemésio.
A obra poética de Eugénio de Andrade é essencialmente lírica, considerada por José Saramago como uma poesia do corpo a que se chega mediante uma depuração contínua.
Entre as dezenas de obras que publicou encontram-se, na poesia, "Os amantes sem dinheiro" (1950), "As palavras interditas" (1951), "Escrita da Terra" (1974), "Matéria Solar" (1980), "Rente ao dizer" (1992), "Ofício da paciência" (1994), "O sal da língua" (1995) e "Os lugares do lume" (1998).
Em prosa, publicou "Os afluentes do silêncio" (1968), "Rosto precário" (1979) e "À sombra da memória" (1993), além das histórias infantis "História da égua branca"(1977) e "Aquela nuvem e as outras" (1986). Foi também tradutor de algumas obras, como dos espanhóis Federico García Lorca e Antonio Buero Vallejo, da poetisa grega clássica Safo (Poemas e fragmentos, em 1974), do grego moderno Yannis Ritsos, do francês René Char e do argentino Jorge Luis Borges.
Em Setembro de 2003 a sua obra "Os sulcos da sede" foi distinguida com o prémio de poesia do Pen Clube Português.

 O poema dele que aqui deixo é do seu livro “Obscuro Domínio” e é um dos muitos em que ele mostra bem e com o seu cunho pessoal a sua orientação sexual que nunca procurou esconder.

 NAS ERVAS

Escalar-te lábio a lábio,
Percorrer-te: eis a cintura
O lume breve entre as nádegas
E o ventre, o peito, o dorso
Descer aos flancos, enterrar

Os olhos na pedra fresca
Dos teus olhos,
Entregar-me poro a poro
Ao furor da tua boca,
Esquecer a mão errante
Na festa ou na fresta

Aberta à doce penetração
Das águas duras,
Respirar como quem tropeça
No escuro, gritar
Às portas da alegria,
Da solidão.

Porque é terrível
Subir assim às hastes da loucura,
Do fogo descer à neve.
Abandonar-me agora
Nas ervas ao orvalho -
A glande leve.

terça-feira, 27 de maio de 2014

"Quotidiano Anotado"

“Quotidiano Anotado”, que o Teatroesfera, de Massamá tem em cena e que fui ver no passado domingo, após ter votado, decorre no hall de entrada de um prédio, onde as personagens interagem e partilham pensamentos sobre a vivência de uma micro sociedade tais como controladores, idealistas, salvadores, resignados, amorfos, doidos, rebeldes, cruzando conceitos à porta do elevador.
Desafiando o habitual, o Professor que constrói uma tese de doutoramento a partir de anotações do quotidiano, anotando minuciosamente o comportamento das personagens que habitam o prédio, conclui que «é mais improvável o homem dominar o Quotidiano do que alcançar a Felicidade na Terra».
Rui Cacho
em cuja figura se centra a personagem do Professor, um autor instigador de um olhar inteligente e humor acutilante sobre a realidade, é um cidadão de Monte Abraão que conheceu e retratou em crónicas os habitantes deste prédio, que foram moldados em personagens reais neste espectáculo pela mão de Paula Sousa, também ela moradora nesta freguesia. Aliás, Paula Sousa tem a seu cargo a encenação, dramaturgia, cenografia e figurinos deste espectáculo. 
E no que respeita à interpretação ela apresenta aqui cinco jovens actores a quem deu formação durante 3 anos, no Curso de Artes do Espectáculo da Escola Gil Vicente: Ana Pestana, Beatriz Pinto, Murillo Camargo, Inês Filipe e Isaías Manhiça. 
Junto com eles estão sete actores do Grupo de Teatro da APRIMA (Associação de Reformados Pensionistas e Idosos de Monte Abraão), o que é sempre de enaltecer, pois ocupa com muito proveito o tempo de gente de mais idade e que, nalguns casos, vai mesmo muito bem, que é o caso de Manuel Teixeira, sendo os restantes, Irene Rico, Francisco Ventura, Isaura Almeida, Isaura Conceição, Lurdes Gonçalves e Raúl Rodrigues. 
Finalmente quatro actores profissionais: Emanuel Arada (o Professor), Isabel Ribas, Tiago Ortiz e José Graça. 
É um teatro que foge por completo ao intelectual, feito por assim dizer com a “prata da casa”, já que o dinheiro não abunda, mas que retrata muito bem a vivência da gente da terra, e que curiosamente tinha na assistência um prolongamento das personagens, já que a grande maioria eram pessoas pouco habituadas a ver Teatro, mas que viveram muito intensamente a trama, aplaudindo quando gostavam, interrompendo a cena e que riram com as cenas caricatas daquele dia a dia que afinal é o seu. 

Um apontamento particular e que divertiu quem estava nos lugares perto: mesmo ao meu lado estavam duas pessoas, pai e filho, de sessenta e tal e trinta e tal respectivamente; acontece que o mais novo sofrerá de algum problema mental e embora estivesse quase sempre bem, a um dado momento começou a ter “gases sonoros” e de cada vez que isso acontecia, o pai dizia-lhe “então pá que é isso?” e ele desculpava-se em voz alta para o pai e para as outras pessoas “desculpa, desculpem”… 
A partir de meio do espectáculo começou a pedir em voz alta ao pai que o levasse à casa de banho e o pai dizia-lhe “aguenta, rapaz…”. 
No final vim a saber que eram o marido e o filho da actriz mais velhinha, que veio ter com eles – cenas de um “Quotidiano Anotado”…

sábado, 24 de maio de 2014

Der Untermensch

Este projecto é uma homenagem a todos aqueles que sofreram nas prisões ou nos campos de concentração, devido à sua orientação sexual, crenças religiosas ou antecedentes culturais.
E também é uma homenagem a quaisquer pessoas que já se sentiram alguma vez oprimidos ou condenados ao ostracismo.
É uma coreografia do canadiano Simon Vermeulen, que também é o principal intérprete.

quarta-feira, 21 de maio de 2014

Mardsen Hartley

Nascido em Lewiston, Maine, em 1877, Marsden Hartley mudou-se com os seus pais para Cleveland, em 1892, onde frequentou o Instituto de Arte de Cleveland.
Depois de se estabelecer em Nova York em 1898, ele estudou com William Merritt Chase e, posteriormente, na Academia Nacional de Design, mas o seu estilo foi fortemente influenciado por Albert Pinkham Ryder e pelo impressionista Giovanni Segantini.
Teve a sua primeira exposição individual na "291" a galeria de Stieglitz em 1909. Através da "291", conheceu as obras de Cézanne e Picasso , cujas ideias prontamente absorveu.
Enquanto vivia no estrangeiro, em Paris e Berlim (1912-1915), o seu estilo foi redirecionado para a abstração, pela influência de Kandinsky , Franz Marc e pelos fauvistas.
Trabalhou em Provincetown, Maine, New México, Califórnia e Nova York, antes de voltar para a Europa em 1921.
Em 1920 a pintura de Hartley tinha-se tornado cada vez mais representativa.
As suas paisagens posteriores, dotados de um poder rústico, expressam um forte apego romântico à sua terra natal.
Retornou aos Estados Unidos em 1930, e viajou bastante, enquanto trabalhava principalmente, em Maine. Além da pintura, Hartley também compôs poesia e escreveu sobre a arte moderna.