Excluindo as diversas escalas de uma
noite em Colónia, a caminho de Belgrado, efectuei três viagens à
Alemanha, sempre na companhia do Duarte.
A primeira à parte ocidental e ao
norte do país e as restantes a Berlim.
Deixando estas duas para outra ocasião,
vou falar desse primeiro contacto com o país que hoje manda na
Europa (não o que sucedia nessa altura, que ainda se chamava R.F.A.
(República Federal Alemã), com capital em Bona.
Fomos de avião até Frankfurt
cidade
que pouco tempo tivemos para apreciar, pois foi quase só pernoitar;
ficou a recordação de um enorme aeroporto e de uma atmosfera pouco
agradável junto à estação ferroviária central.
Seguimos para Colónia
cidade muito
bonita, banhada pelo Reno, com uma Catedral gótica maravilhosa, logo
ali junto à estação de comboios, onde chegámos e apanhámos um
táxi para o hotel que eu havia reservado; devo dizer que na altura
não havia net e as reservas fazia-as por telefone depois de ter
seleccionado o hotel num guia Michelin, ou neste caso de Colónia, no
Spartacus, pois escolhi um hotel gay.
Apesar de central, e
estranhamente, o motorista desconhecia a morada, e foi preciso eu,
munido de um pequeno mapa, onde tinha assinalado previamente o hotel,
lhe ir indicando o trajecto, sem saber uma palavra de alemão (o
individuo ou era novo na profissão, ou estava a fazer um “gancho”).
Mas lá chegámos e o hotel não era
grande coisa, enfim...
Os dois ou três dias que estivemos na
cidade deu para conhecer o principal – Colónia não é grande –
e à noite íamos beber uns copos a sítios agradáveis.
Dali partimos com destino a uma pequena
cidade – Munster –
que tinha para mim um particular interesse, já
que era de lá um dos dois amigos que havia anos tinha conhecido na
Figueira da Foz e com quem estabeleci uma especial amizade platónica,
pois eu era e fui, durante algum tempo, virgem.
Da Figueira, vim com
eles para Lisboa passar uma semana e essa amizade estreitou-se ainda
mais quando o outro rapaz disse um dia em conversa que esse mais
amigo meu – Werner era o seu nome – era gay. Foi muito bonito e
puro o que se passou nesses dias, eu tinha para aí 15 ou 16 anos e
depois de ele partir mantivemos contacto durante uns tempos; ele era
mais velho, vinte e poucos e era lindo, loiro e simpatiquíssimo.
Ora
ele era de Munster e eu ia à sua procura, apenas tinha o seu nome –
Werner Heine – uma foto tipo passe e um endereço.
Não o encontrei
nem ninguém o conhecia...
Enfim, um pouco triste, seguimos viagem
para Hamburgo, tendo tido uma breve paragem em Bremen.
Em Hamburgo
tínhamos uma reserva de
um outro hotel gay, situado em pleno coração do bairro do sexo da
cidade, o famoso St.Pauli.
Se o hotel de Colónia era fraquinho, este
era uma espelunca, ainda estivemos para procurar outro sítio, mas
como era por poucos dias e era só para dormir, ficámos.
Hamburgo é uma grande cidade, bonita,
com um, lago muito vasto e agradável e um enorme porto.
Enquanto lá estivemos tivemos a visita
de um casal amigo, de Berlim, o Hans e o Peter, que embora alemães
tinham uma vivenda na Parede, e conhecíamos-nos daí
.Foram muito simpáticos e levaram-nos
de carro até Lubeck
uma cidade lindíssima e que foi um dos
principais centros da Liga Hanseática, que reunia as maiores cidades
mercantis do norte da Europa, pelo que é um centro histórico
importante e onde nasceu Thomas Mann.
Fomos aí almoçar num dos mais belos
restaurantes onde já estive, todo decorado com bandeiras da Liga
Hanseática e onde se comia maravilhosamente.
A carta (menú) era belíssima, enorme e eu gostei tanto dela que o Hans foi
adquirir uma para me oferecer – gostava de saber por onde para
ela...aqui por casa.
Ainda fomos a uma praia no Mar do
Norte – Bremerhaven
mas que era muito pobrezinha comparada com as
nossas magníficas praias.
De Hamburgo regressámos a Lisboa.
Quando regressámos para a primeira
visita a Berlim, já era a Alemanha, mas apenas há uns meses; mas
isso fica para outra vez.