terça-feira, 5 de agosto de 2008

Claro ou escuro




“Para mim, não tenho qualquer dúvida: os heterossexuais aceitam a homossexualidade teórica, a «causa humanitária» dos gays, mas, se não forem gays, tanto melhor…
E se o forem apenas a «tempo parcial», porque não deixar a «parte obscura» escondida?
Aberto à sociedade apenas deve ser o «normal» e o maioritário, o dominante, aquilo que se pode expor sem medo; para o resto, é melhor o silêncio.”

Esta é uma citação de Vicente Molina Foix, conhecido escritor catalão, actor e realizador de um interessante filme - “Sagitário”, assumidamente homossexual e está inserido num excelente texto publicado na Zero, acerca do “Outing”, que difere da saída do armário, por ser feita por terceiros, normalmente acerca de pessoas conhecidas…
Se esta é a opinião de uma pessoa bem conhecedora da sociedade actual, e neste caso da sociedade espanhola, muito mais avançada que a nossa, questiono-me o que pensará a sociedade portuguesa, tão homofóbica como continua a ser, pese embora os pequenos passos que têm sido dados…
(foto de Paulo César)
Uma adenda par enviar um beijo e um imenso ao Déjan, que hoje festeja o seu 31º. aniversário.

56 comentários:

  1. Caro amigo,
    Pessoalmente, não imagino a angústia que é amar alguém e não poder assumir esse amor, não imagino a angústia que seria ser enxovalhada e marginalizada se assumisse amar alguém cujo a sociedade não considera o mais acertado... não imagino a angústia. Por considerar que os direitos dos homossexuais, trata-se acima de tudo de direitos humanos, sou uma fervorosa apoiante das causas dos gays. Se te disser que sempre tive esta opinião minto, durante anos mantive uma opinião dúbia, mas lá está, eduquei-me e cresci como ser humano.
    Beijocas muitas e um grande abraço

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  2. Blueminerva
    o teu testemunho é precioso, já que marca e de uma forma precisa a evolução que se desjaria na sociedade portuguesa; ninguém pretende pasar à frente de ninguém, apenas se exige respeito por opções por vezes difíceis, mas que estão de acordo com a nossa maneira de ser; nem se pretende criar lobbies, como por aí se apregoa, nem se quer passar por coitadinhos, que o não somos; apenas queremos que nos deixem ser "nós" e respeitem a nossa normalidade de seres humanos que somos; é pedir muito?
    Beijocas, amiga, pelas tuas palavras.

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  3. E mais te digo meu querido, eu acredito que ninguém escolhe o que é no que diz respeito à sexualidade... eu não escolhi ser heterossexual, eu sou heterossexual. Nunca me questionei se preferia raparigas ou rapazes, nunca houve uma fase na minha vida que optei por rapazes, nunca se colocou essa questão, logo não se trata de escolhas, trata-se pura e simplesmente de aceitar quem tem um estilo de vida diferente e é imperioso alertar as pessoas para não confundir a diferença com a anormalidade.
    beijocas

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  4. Infelizmente há ainda muita gente que confunde e pensa que ser homossexual, é apenas uma opção ou um capricho; será que ser negro é uma opção, ou nascer cigano? Isto só para falar em duas situações que também acarretam sobre si algumas oposições...
    Os preconceitos demoram uma eternidade a desaparecer...quando desaparecem!
    Beijocas.

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  5. Em relação à espanhola a sociedade portuguesa ainda tem muito que evoluir.
    Um abraço.

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  6. E mesmo assim, Paulo, podes ver a opinião que uma pessoa conhecedora, como poucas da realidade espanhola, tem da sua sociedade...
    É uma questão de mentalidade, pois nalguns países do centro e norte da Europa, em que a lei não é tão favorável à comunidade GLBT, como a espanhola, a aceitação por parte da sociedade é quase total.
    Abraço.

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  7. Infelizmente vai ser sempre complicado.
    Os ditos "normais" têm sempre medo de tudo o que é diferente da sua "normalidade", seja no sexo, na politica, na comida em tudo.
    Somos um povo triste e pardacento a viver ainda na sombra do salazarismo. Eu e muita gente que conheço, amigos e colegas de trabalho ao conversar sobre este assunto não conseguimos perceber o que é que há para aceitar em alguém que é como é. Também tenho aqui no trabalho homofóbicos e é triste ver como estas pessoas são reprimidas na sua sexualidade e nas relações sociais. Vítimas de uma educação retrograda e de uma religião que castiga a quem a ofende. Ninguém escolhe nascer como nasce nem a família, o meio social, a religião e muito menos o sexo! Ninguém pergunta a um homossexual se ele me aceita por o não ser, ele não me marginaliza e nunca ouvi falar de nenhum crime de ódio perpetrado por homossexuais contra heterossexuais.
    Como já disse somos um povo cinzento e a solução passa por distribuir "lápis de cor" devagarinho para pintar a alma a esta gente, que isto ainda vai levar muito tempo.
    Um abraço para ti.

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  8. Dentro da minha ignorância, o meu pensamento é, cada vez mais, o seguinte: quanto mais alguém se esconde mais se prejudica e prejudica aos outros que pensam que o mundo é apenas o que se vê.
    Como em muitas coisas, não temos que ter conceitos paternalistas com as minorias, sejam do que forem. Ainda está para provar que algo, só por ser aceite/praticado pela maioria seja o melhor.
    Creio que no campo da homossexualidade, a educação e o tempo poderão fazer alguma coisa.

    Um Abraço!

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  9. Pois...
    A citação acerta no alvo! Penso que por cá não será assim tão diferente, tão "mais retrograda"

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  10. Como vivi em Espanha (e passo la metade da minha vida) posso dizer que a sociedade espanhola nao esta assim tao mais a frente do que a portuguesa. Madrid e Barcelona, sim, o resto e conversa.
    Como as duas cidades sao grandes, tem muita forca na lei, mas nao mais do que uma comunidade homossexual rica e com poder e fora do armario (que afinal sao os que fizeram andar para a frente algumas das leis espanholas). Mas foi em Espanha que ouvi os comentarios mais homofobicos visto ser (mesmo em Madrid) uma sociedade caracterizada pelo papel do "Macho" e do "Don Juan". Talvez por isso seja o pais da europa com mais incidencia de violencia de genero e onde uma mulher e morta as maos do marido/companheiro todas as semanas.
    Quanto ao Vicente Molina Foix, tem toda a razao. As mentalidades nao estao assim tao mudadas. Mas hoje ha que ser politicamente correcto e por isso ha que "aceitar" a homossexualidade ou ate ter um amigo gay como alguem excentrico ou um quadro de picasso para mostrar aos amigos que se e "liberal", "moderno" e de "mente aberta".
    Como se costuma dizer "a galinha da vizinha e mais gorda do que a minha".
    Infelizmente em Portugal, Espanha ou mesmo aqui no Reino Unido, as pessoas continuam a ter medo do que nao conhecem, vendidas ao parecer e ao politicamente correcto. Provavelmente Portugal (Lisboa algo excepcional devido aos seus vicios monopolistas) ainda e genuino.
    Mas a educacao judaico-crista esta tao enraizada que acredito que em qualquer destes paises, e necessarias novas geracoes a viver desde o inicio com esta realidade ate entao escondida para haver uma verdadeira mudanca de mentalidades.
    Abraco

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  11. acho que ainda há um longo caminho a percorrer neste e noutros domínios...a educação é a chave para a maior parte dos problemas da nossa sociedade e acho que aqui tudo passa por aí também. A discriminação é o maior dos males em termos de vivência em sociedade seja ela por que motivo for, por isso espero sinceramente que a evolução aconteça em termos de uma aceitação plena do ser humano
    beijos

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  12. A velha história do "eu tolero...". Agora cabe a "nós" o outro lado da história ;)...

    A fotografia é do Paulo Cesar, certo? Adoro as fotos dele... http://www.paulocesar.eu/

    beijinhos...

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  13. Acho que a situação diz respeito a todos e cabe a cada um de nós dizer: "eu sou responsável" e viver nossa vida de modo que mostremos que as mistificações não passam de paranóia e que todo medo revela algo não bem resolvido em relação ao assunto.
    Um grande abraço

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  14. Arséne Lupin
    É-me particularmente grato encontrar aqui nestes comentários, depois da Blueminerva, tu, a defenderes e com argumentos válidos, a normalização da homossexualidade; é fácil aqui neste blog, bastante frequentado por gente homossexual, encontrar apoio a este texto; já é mais dificil encontrá-lo no mundo heterossexual e com a veência e empenho mostrados; é que este texto é importante exactamente para esses outros; e, quando vejo reações assim, penso que nem tudo esrá perdido, felizmente...
    Abraço amigo.

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  15. Sócrates
    inteiramente de acordo contigo, meu caro, mas vai demorar o seu tempo...
    Abraço.

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  16. Tong
    és capaz de ter razão, é mais do mesmo...
    Abraços.

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  17. Um dos problemas das democracias é que facilmente se tornarem na tirania das minorias pelas maiorias...

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  18. Eu costumo dizer que o português "gosta muito de espreitar à janela do vizinho, mas sempre através da sua cortina fechada"...

    é tudo uma questão de mentalidade, de cada um se preocupar com a sua vida e deixar os outros viver a sua, afinal eu já vi pessoas homosexuais a beijarem-se na rua sem problemas, o que é que o português faz: olha, olha outra vez e volta a olhar, faz a cara feia, mas volta a olhar... Porra, para quem discrimina, olha muita vez... xD

    E como já foi dito, é a sociedade que rege o que cada um deve fazer, a religião retrógrada diz que é mau, pronto, é mau.
    Eu fico contente de ter tido uma educação que me permitiu experimentar as coisas por mim próprio e sem "barreiras" sendo as únicas que tenho impostas por mim próprio, não por uma qualquer religião ou governo ou seja o que for.

    Só gostava que todos fossem assim, não gostam? Não comam, mas não metam o nariz onde não são chamados, é o simples vive e deixa viver.

    Parabéns ao Déjan, João Carlos, acho que li algures que era dia 5 né? Se tal ficam os meus votos de bom aniversário.

    O blog deve estar para brevem estou só a ultimar uma imagem para o segundo post, porque o primeiro vai ser para apresentações.

    Abraço
    André.

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  19. Olá.
    Relativamente a este tema, eu acredito que Portugal está a evoluir a passos largos. Só precisamos de mais uns anitos. Não digo a sociedade em geral, mas verifico que por exemplo as pessoa na minha faixa etária têm uma grande facilidade em aceitar estas situações, para nos começa a ser algo normal. De todos os meus amigos que sabem, não tive uma má reacção de nenhum. Mas confesso que tenho um punhado deles que não me sinto preparado para partilhar.
    Francamente é uma situação que não compreendo. Já abordei este tema no meu blog. Não consigo compreender que problema têm as pessoas para com os homossexuais. Não compreendo qual é a indignação e ofensa para a sociedade. Enfim… há muita coisa que eu não sei mas espero um dia descobrir.
    Abraço

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  20. Os afectos nem sempre são fáceis mas quando alvos de homofobia dói mais. Aos poucos asociedade portuguesa muda, como em outros aspectos da vida, só é preciso paciência. Claro que apr aquem sofre na pele este discurso é hipócrita, eu sei...
    Boa noite, estou de saída, vou apanhar a fresca...

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  21. bem, já escrevi sobre isto.
    sou um viciado em pessoas e quando se trata de afectos, prefiro dar que receber.

    carinho, apoio, um sorriso amigo...principalmente apoio, sobretudo quando me sinto realmente forte.

    tem naturalmente o meu apoio a luta contra a discriminação que alguém sofre por uma mera e simples escolha de parceiro, algo que nem sequer deveria ser mencionado, de tão natural que é...
    um dos gigantescos disparates cultivados por uma sociedade de valores caducos.
    nem lhes chamo arcaicos, porque a livre escolha de parceiro é algo com milhares de anos, atacado sem piedade pela igreja, na idade média...

    pois é, a tal da homofobia... é medieval.

    assim como toda a noção de sexualidade. é ridículo, mas regredimos de uma forma obscena... a sociedade romana encarava a sexualidade de uma forma muito mais adulta... há dois mil anos atrás.

    nem só homossexuais são perseguidos, que julgas? heterossexuais, como eu, que optam por uma vida livre de compromissos também são discriminados. no trabalho, porque evocam irresponsabilidade
    (então, estás cansado, é da noite né?), em sociedade, porque representam uma ameaça ( gajo só? quer papar-me a gaja, na certa...). enfim só dois exemplos, de muitos...

    mas devo afirmar que muita da responsabilidade da discriminação que a comunidade gay sofre, está presente dentro da própria.
    lamento... mas por uns, pagam todos. existem tristes exemplos de gays na comunicação social que são uma lamentável caricatura. e muitas vezes são os únicos gays que esta sociedade, até há pouco rural, conhece...

    tens lá um post sobre isso no meu blog: "a velha". foi escrito com sinceridade e sem pingo discriminatório, muito pelo contrário. podes achá-lo violento, mas representa o que sinto em relação a certos "espécimens" que prejudicam a qualidade de vida a gente de bem como tu...

    um comentário teu seria benvindo para a minha contínua estruturação pessoal.

    um sincero abraço

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  22. A sociedade "castra" aquilo que sai do dito "comportamento" normal. Quem somos nós para julgar o que é bom e mau...
    Deste que vivamos dentro das nossas quatro paredes, escondidos, longe do olhar dos outros, e que nos confinemos ao silêncio, ninguém ficará chocado com a "anormalidade" dos outros...
    A homossexualidade existe no reino animal - não só entre o ser humano - mas só a nós nos escandaliza...

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  23. - Sabem o que estava no cu do Calado?
    - Pevides.

    Ahii povo que lavas no rio…
    Povo feio, triste, MAU.

    Volta Miguel Vasconcelos...
    Volta. Estás perdoado.

    GRITOMUDO

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  24. Sim, há passos dados na alteração das mentalidades, mas tantos ainda para dar! E vai ser preciso muito, muito tempo para que um homem não seja avaliado socialmente pela expressão da sua sexualidade.
    Abraço

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  25. Músico Guerreiro
    és uma pessoa com capacidade de dar uma opinião bastante concreta sobre este assunto, o que faz com que este teu testemunho seja importante; sendo português e com vivências tanto em Espanha como em Inglaterra, poderás fazer uma comparação batante razoável de como as sociedades destes três países encaram a homossexualidade; é um facto, que a sociedade espanhola de Madrid, Barcelona e mesmo de outras cidades abertamente gays, como Sitges, Ibiza, Torremolinos ou Tenerife é muito diferente da Espanha profunda, vergada a um catolicismo ortodoxo e arcaico, mas muito poderoso e aum caciquismo regional, que é antitese da vanguarda legislativa LGBT do Estado; já me parece que no Reino Unido, as coisas são diferentes, e pese embora algumas atitudes homofóbicas, a aceitação pela sociedade está bastante avançada e não só em Londres...
    Quanto a nós, portugueses, a comparação com há 20 anos atrás é abissal, mas nota-se essencialmente em Lisboa; mas é, tal como cita Molina Fox, uma aceitação "maquilhada" e como tu dizes muito bem, hoje em dia, até é de bom tom ter um amigo gay...
    Onde impera uma total liberdade é nos países escandinavos, na Holanda e Bélgica e até no centro evoluído da Europa, norte de Itália incluído; o resto é manifestamente mau e repressivo...
    Até quando???
    Abraço.

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  26. Quando disse monopolistas em lisboa, queria dizer cosmopolitas... partidas de uma mente um pouco avariada.
    Tinha mais comentarios a fazer ao teu comentario, mas comecava-se uma discussao sem fim.
    A mudanca vira devagar. As geracoes mais novas lidarao com isto desde o berco e as seguintes terao esta realidade entranhada. E assim que se mudam as mentalidades.
    Voltando outra vez aos proverbios... burro velho nao aprende linguas.
    Abraco

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  27. Carla
    a educação é um dos pilares de uma nova mentalidade, mas não o único; a sumissão a uma igreja castradora, nestee assunto e que até fornece péssimos exemplos que ajudam a homofobia, e a própria conduta de certa parte da comunidade homossexual que não sabe qual o melhor caminho para se integrar na sociedade, se quer mesmo integrar-se ou permanecer num guetto, tudo isso contribui para esta homofobia ou para esta hipócrita aceitação, porque isso é politicamente correcto.
    Obrigado pelo teu testemunho; é muito compensador este trocar de impressões entre pessoas que vivem e querem que seja completamente aceite a sua homossexualidade e aquelas que vão dando o seu ponto de vista esclarecido e lúcido, sem o serem.
    Beijinhos.

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  28. Carpe Diem
    e olha que o "papel" que nos cabe a nós é deveras importante, pois há comportamentos bastante errados no meio homossexual; temos que nos compenetrar de algo muito importante: é que nós com todas as nossas diferenças estamos inseridos numa sociedade maioritàriamente heterossexual e se exigimos e com razão, não sermos menosprezados, também devemos dar o exemplo de uma boa integração; não quero armar-me em exemplo, nem o sou, mas ao longo de toda a minha vida, a minha luta, não foi com bandeiras nem com manifestações, foi com vivências nas comunidades em que me tenho integrado; hoje, constato, que os meus vizinhos do prédio, a senhora da limpeza, as lojas e restaurantes da zona onde vive, sabem que sou homossexual e eu nunca o disse, nem mostrei comportamentos que os pudesse levar por via negativa a pensar isso; mas nunca evitei viver a minha homossexualidade sem estar limitado por conceitos sociais; nunca tive um dedo apontado a mim, e se fôr preciso, como já foi, esclareço a situação com a verdade.
    Beijinhos.

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  29. Real e tão doloroso post.
    Quantas vezes ouço comentários lamentáveis de pessoas que leccionam disciplinas do ramo da Biologia tão pouco abonatórios... Termos como "deficientes", "anormais", "aqueles"; entre outros. Trata-se também de pessoas que ficam chocadas quando me vêem, nas minhas práticas pedagógicas, a usar os genitais dos modelos anatómicos e a rejeitar figuras desenhadas, mostrando os caracteres sexuais fotografados, com naturalidade. Para eles, a homossexualidade é uma opção. Diria mesmo que uma forma de se expressar uma certa extravagância. Recordo um colega do Porto:-"algo que passa com a idade".
    E assim me perco, num mundo sem pares onde aqueles que se dizem bem formados são, na sua maioria, para mim, mal formados, no interior deste nosso país, no Centro Norte.

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  30. Tarco Rosa
    o teu comentário está muito próximo do último que escrevi; só não estou totalmente de acordo quando dizes que o medo está sempre ligado a situações pouco resolvidas; de facto, o medo, por vezes tem razão de existir, infelizmente...
    Abraço.

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  31. Caro Swear
    essa tua visão está correcta, mas está muito incompleta, pois nas ditaduras ainda é pior. Tens o exemplo do sofrimento dos gays durante o nazismo; a perseguição e esxpulsão dos gays cubanos; a repressaão à homossexualidade na antiga USSS e países satélites, que ainda hoje tem sequelas em toda a Europa Oriental; para não falar na mais abjecta, que é a exercida pelos países islâmicos, com condenações à morte...
    Abraço.

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  32. André
    que me perdoem todos os amigos que têm escritos coisas muito válidas nos seus comentários, e que assim têm contribuído para a composição deste post (continuo fiel ao princípio de que um post é a soma do texto, mais os comentários), que me perdoem sim, mas este teu comentário está lindo!
    Para quem te conhece desde criança e tem acompanhado o teu crescimento, que bom ver a tua transformação num Homem, que sabe o que quer e para onde quer ir...
    Fazes uma análise muito correcta da situação, e dás-lhe um cunho muito pessoal....excelente.
    Razão tenho quando digo que tens um perfil exacto para criares um blog muito interessante; e agora estou certo que o farás; um blog, de início, necessita de aopio, de gente que o leia e comente; podes contar comigo para o dar a conhecer, pois estou certo que quando te conhecerem, não te faltarão leitores.
    Abração.

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  33. “Para mim, não tenho qualquer dúvida: os heterossexuais aceitam a homossexualidade teórica, a «causa humanitária» dos gays, mas, se não forem gays, tanto melhor…
    E se o forem apenas a «tempo parcial», porque não deixar a «parte obscura» escondida?
    Aberto à sociedade apenas deve ser o «normal» e o maioritário, o dominante, aquilo que se pode expor sem medo; para o resto, é melhor o silêncio.”

    Esta frase faz todo sentido. Esta frase é a justificação concreta de uma certa bichafobia que a sociedade tem, e até população LGBT (não gosto do termo comunidade). Ora, não é preciso ser um Durkheim ou Focault para perceber que os homossexuais efeminados estão mais expostos à visibilidade. São eles que mais sofrem. Não é justo essa discriminação macabra entre o masculino e o feminino que mais me parece uma necessidade de hierarquizar a população LGBT, baseado nos pressupostos heterossexistas: Homem vs. Mulher. Tal como um homossexual tem poder de decisão para se sentir livre para assumir a sua condição homossexual, um homem (independentemente de ser homo ou hetero) tem também a escolha (ou não) de ser masculino ou feminino. Logo, claro está, que não se ultrapassem as barreiras do civismo. Exemplo: um homem efeminado pode gesticular imenso com as mãos. Não é uma ameaça para a liberdade de ninguém. Um homem efeminado pode dar berrinhos estridentes para chamar a atenção e isso já me parece falta de chá. O ódio que muitos heterossexuais ("eu até tinha um amigo gay logo que não fosse bicha") ou mesmo os homossexuais ("efeminados absteiam-se"), revela uma censura fascizoíde que é a causa da própria censura da homossexualidade. Liberdade é liberdade. Sem preço.

    "A busca do falo decorre justamente do medo de ser o outro, de ser feminino, de ser chamado de “mulherzinha”, de “bicha”. Para não se colocar no “lugar da mulher”, o homem precisa fazer dos outros mulheres. Isto é profundamente irônico, pois, a princípio, em teoria ser gay deveria ser uma maneira de fugir da heteronormatividade, mas não é isso o que vemos na prática. Os ditos “meios gays”, sejam eles físicos (boates) ou virtuais (sites gays ou salas de bate-papo), se constroem como um campo onde ainda se tenta afirmar uma hipermasculinidade. Sobretudo em meios virtuais, uma linguagem específica, supermasculina, é evocada, numa espécie de luta agonizante de “vamos ver quem é mais homem”. Antes de uma tentativa de desconstruir a hipermasculinidade e lutar contra ela, já que é ela que causa a homofobia e a misoginia, as pessoas que mantêm envolvimentos homoeróticos, pelo menos a maioria delas, para serem “aceitas”, têm tentado se encaixar na moral da hipermasculinidade." - Alexey Dodsworth, Devir

    Não usem os homossexuais efeminados como bodes expiatórios para se manterem no armário. Se acham que dão melhor imagem, saiam dele!

    Como ser efeminado é pior do que ser homossexual e reproduzindo o tipo comentário de um heterossexual "eu não tenho problemas em relação a gays LOGO QUE NÃO SE FAÇAM A MIM!!!"), eu preciso de me auto-definir: Não sou efeminado!

    Está tudo ligado ;)

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  34. Psimento
    o problema não é tanto os nossos amigos, que por o serem, e por nós termos confiança neles, não lhes omitimos esse facto; é com os outros, a quem nada de especial nos liga, a não ser a convivência social.
    Sim eu sei, que na faixa etária mais jovem, os espiritos estão mais abertos e isso é um sinal de esperança para o futuro, mas e agora????
    Abraço.

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  35. Jasmim
    não acho que estejas a ser hipócrita, estás a referir-te objectivamente, e de uma forma correcta, ao assunto; não o poderias fazer de outra forma.
    Agora que dói, lá isso é verdade...
    Beijinhos.

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  36. desculpa voltei para dar um beijinho de parabéns ao Déjan...atrasado mas cheio de afecto. Tudo de bom
    beijos

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  37. Rocket
    um pouco atrasado mas cheguei ao teu comentário.
    É bastante completo e estou de acordo no essencial, mais ainda quando falas na regressão em termos históricos, pois também eu sou um amante de História.
    Achei curioso o que dizes sobre certas persegições de que são alvos, além de outras minorias, é claro, os próprios heterossexuais, documentados pelos exemplos apontados.
    També assumo parte da culpa de muitos gays na descriminação de que são alvo; e daqui passo ao teu post "a velha", que eu visitaria de qualquer forma, mesmo que não pedisses o meu comentário; lá fui, li atentamente o que escreveste e as reacções, sempre muito importantes para mim e naquele caso muito curiosas algumas delas, e lá deixei um longo comentário...
    Abraço amigo.

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  38. Lamejo
    é como dizes, lá dentro das vossas casas tudo bem, cá fora...cuidado, é a hipocrisia a reinar...
    Como bem apontas, no reino animal também há a homossexualidade, e ainda bem os animais são irracionais (excepto o homem claro) pois pelo menos não são hipócritas.
    Abração.

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  39. Gritomudo
    comentário em três tons; o primeiro, uma piadola que correu mundo há nos e filha do "diz-se que" - infelizmente é o que mais há...
    A segunda é a que mais gosto, pois em ritmo fadista, é mesmo verdade que somos assim...
    Finalmente, a terceira, que não perfilho totalmente, mas que se a História tivesse tido outro rumo, outro galo cantaria, claro que sim...
    Abraço.

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  40. Justine
    um longo percurso há realmente ainda a percorrer, sem dúvida; mas para quem tem hoje a minha idade e olha para trás, meu Deus, muito se fez, apesar de tudo; mas nada de ficar a dormir à espera de Godot...
    Beijinhos.

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  41. E esqueci-me de dar os parabens ao Déjan que só me ganha na corrida aos 31 anos por um mês e poucos dias haha
    E claro que os outros tipos de governos têm outros defeitos, mas é pena que os Governos supostamente democráticos não sigam as linhas que supostamente deveriam seguir, principalmente a igualdade assim como a separação do estado e da religião...

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  42. Músico guerreiro
    obrigado pe~lo teu esclarecimento.
    Tens razão, este é um tema aliciante, não digo de discussão, mas sim de debate; e isso nota-se na profundidade da quse totalidade dos comentários, o que enriquece enormemente o post; claro que eu gosto de referir-me a todos os comentadores, pessoalmente, e neste caso vou, conforme a deixa, completando as minhas ideias sobre o assunto; não tenho é tempo nem capacidade para fazer tudo de uma vez, o que leva a um ligeiro atraso nos meus comentários.
    Mais uma vez, obrigado pela tua contribuição preciosa neste post.
    Abraço.

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  43. Paulo
    é realmente muito triste ser confrontado, como dizes com expressões de tanto desprezo por parte de pessoas, que pela sua formação deveriam ter uma mentalidade mais aberta; também eu, quando era docente no Alentejo profundo, fui uma vez vitima de chacota, por ter numa aula falado de uma forma nada agressiva, mas concisa, sobre a função reprodutora; ouvi das boas do pai de uma miúda...
    Enfim, no Portugal longe dos grandes centros, as pessoas ainda estão menos preparadas e a homofobia é quase generalizada.
    Esperemos dias melhores...
    Abraço.

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  44. Natcho
    o teu comentário é muito completo e rico e tanto haveria a dizer sobre o que nele expressas; pões o acento tónico na parcela dos homossexuais que mais evidenciam a sua natureza sexual,falando a linguagem vulgar que usam e abusam das bichisses; claro que são eles os que mais sofrem na pele esse estigma de ser gay, e segundo penso não o fazem de uma forma deliberada ou provocadora...apenas são assim! Eu, pessoalmente, como homossexual, gosto de homens, com caracteristicas de homens e não conseguiria nunca ter sexo com uma pessoa dessas; mas também nunca hostilizo essas pessoas e se a vida me confrontar um dia com uma amizade dessas, da-lhe-ei tanto valor como às outras. Tudo é permitido, dentro dos limites de uma vida social sem sobressaltos; que mal faz ao mundo um homem com tiques efeminados? Isso agride alguém?
    E se dois homens se beijarem em póblico, dentro da normalidade da sua relação e não para dar espectáculo, qual a diferença do mesmo acto protagonizado por um casal hetero?
    Estes são pois, ainda mais vitimas da homofobia que o conceito mais genérico de homossexual.
    Abraço.

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  45. Obrigado Carla
    o teu beijo já foi transmitido ao Déjan.
    Outro para ti.

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  46. Swear
    então o menino está quase de parabéns...
    Obrigado pelo Déjan.
    E quanto à pstura dos governos ditos democráticos, concordo plenamente, pelo menos, com a separação do Estado e da religião.
    Abração.

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  47. Já passaram 2 dias, mas fica ainda um abraço especial para o aniversariante. Traduzes?...

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  48. Claro, Luís, com todo o prazer e será hoje à noite quando falar com ele, no MSN.
    Abraços e um muito obrigado.

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  49. Foucault falou do assunto bem antes: desse ponto concreto da aceitação. a sociologia também, nomeadamente, com Pierre Bourdieu e (La Domination Masculine). há uma série de bibliografia sobre o assunto, muito diversificada mas bem explícita sobre essa reacção defensiva da sociedade sobre os medos, o que desconhece, a pressão do grupo, a força do dominante. claro que teoria é teria e uma coisa completamente distinta é o que vivemos, experienciamos quotidianamente, mas tem a grande vantagem de dar luz sobre muitos assuntos e, mais importante, fazendo com que nos conheçamos melhor e fazendo-nos seres humanos melhores (ok, o meu lirismo a vir à tona, mas acredito nisto, piamente!).
    parece-me que de vez em quando há uns bodes expiatórios sociais que se destacam mais. acredito que um dia as coisas serão mais pacíficas. no fundo, acredito que seja a falta de informação e o egoísmo que dominam: as pessoas não conseguem com facilidade pôr-se no papel do Outro, não conhecem a cor dos sentimentos sequer...

    algumas citações:
    Michel FOUCAULT, em entrevista a James O’Higgins, Março de 1982, in Um Diálogo sobre os Prazeres do Sexo; Nietzsche, Freud e Marx; Teatrum Philosoficum, tradução de Jorge Lima Barreto e Maria Cristina Guimarães Cupertino. São Paulo: Landy Livraria, 2000:

    «Acho que o que mais perturba quem não é gay é a forma de vida gay, e não os atos sexuais» (p. 39);
    «Esse tipo de coisa está fadado a incomodar algumas pessoas. Mas eu me refiro ao temor geral de que os gays desenvolvam relações intensas e satisfatórias apesar de não se ajustarem à idéia que os outros têm do que sejam essas relações. O que muitas pessoas são incapazes de tolerar é a possibilidade de que os gays sejam capazes de criar tipos de relações não previstas até agora» (p. 40).

    ----- *** -----

    Elisabeth BADINTER, XY: A Identidade Masculina, 3ª edição, tradução de Luís de Barros. Porto: Asa, 1997 [1992, XY, De l'Identité Masculine]:

    «Ora, da mesma maneira que certas minorias desempenham o papel social e político de bode expiatório, os homossexuais servem de repelitivos psicológicos aos machos heterossexuais prisioneiros da ideologia patriarcal» (p. 154).

    «A maioria das sociedades patriarcais identificam masculinidade e heterossexualidade. Na medida em que continuamos a definir o género pelo comportamento sexual, e a masculinidade por oposição à feminidade, é inegável que a homofobia, à semelhança da misoginia, desempenha um papel importante no sentimento de identidade masculina» (pp. 154-155).

    «Ser um homem significa não ser feminino, não ser homossexual; não ser dócil, dependente, submisso; não ser efeminado na aparência física ou nas maneiras; não ter relações sexuais ou excessiva intimidade com outros homens; não ser impotente com as mulheres» (p. 155).

    «Os homófobos são indivíduos conservadores, rígidos, favoráveis à manutenção dos papéis sexuais tradicionais, inclusive noutras culturas. Mesmo os inquéritos conduzidos junto de jovens, mais instruídos e liberais do que o americano médio, revelam uma real desconfiança relativamente ao homossexual. De facto, a homofobia remete para o medo secreto dos próprios desejos homossexuais» (p. 157).

    «A homofobia reforça a frágil heterossexualidade de grande número de homens. É, pois, um mecanismo de defesa psíquico; uma estratégia para evitar o reconhecimento de uma parte inaceitável de si próprio. Dirigir a sua agressividade contra os homossexuais é um modo de exteriorizar o conflito e de o tomar suportável» (p. 158).

    «Enquanto os heterossexuais tentam apagar os estereótipos sexuais, a maioria dos homossexuais hipermachos acusam-nos com uma homenagem apoiada na virilidade tradicional. Com o seu cortejo de violências e de desprezo pelo feminino» (p. 211).

    «Na realidade, a cultura "machista" revela-se tão alienante quanto a precedente. Não só porque interdita outras expressões da homossexualidade (manifesta o mesmo desdém pelo efeminado do que o heterossexual de outrora), mas sobretudo porque revela uma total submissão aos estereótipos heterossexuais. Entre o homossexual amaneirado de há anos atrás, que assumia o papel da "bichona" para entrar no mundo caricatural que a sociedade tinha criado da homossexualidade, e o hipermacho que mima o velho ideal masculino, não há qualquer diferença» (p. 212).

    «O hipermacho e a "bichona", são vítimas de uma imitação alienante do estereótipo masculino ou feminino heterossexual. Os dois são homens mutilados, tal como os heterossexuais, duros e moles, já evocados. São todos vítimas involuntárias do ódio de si próprio, prisioneiros da ideologia do dualismo oposicional dos géneros» (p. 212).

    «Entre todos, os mais mutilados são os homossexuais que interiorizaram a rejeição dos heterossexuais, por outras palavras, os homossexuais homófobos» (p. 213).

    «Nem «bicha» nem "hipermacho", o homossexual que se aceita mantém-se afastado dos estereótipos de outrora. Não se exibe nem se esconde, e quer viver como toda a gente» (p. 213).

    «Somente quando os homens mutilados derem lugar aos homens reconciliados é que os homossexuais poderão, por seu lado, vi ver em paz» (p. 214).

    (querendo mais citações, é só dizer :)))

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  50. Paulo
    este post estava muito interessante(e lá volto eu à teoria de que um post é a "soma" do texto com os comentários), antes deste teu comentário; agora ficou realmente muito bom.
    Obrigado.
    Abração.

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  51. Numa «luta» é normal que cada lado participante, para justificar uma oposição, baseie a sua argumentação na antítese dos pontos defendidos pelo lado contrário.
    Assim ao menos nunca terá de se ceder. Nem nunca se sairá da cepa torta também...

    Eu acredito que a mudança, pelo menos a durável e sustentável, se faz de dentro para fora, do privado para o público.
    Assim sendo, mais do que marchas e «gritos de ipiranga», para quebrar este ciclo vicioso, o diálogo é essencial; um diálogo calmo, honesto, transversal, aberto, adulto, sem hipocrisia, culpados ou sentimento de culpa.
    Para acompanhar ou causar esse mesmo diálogo, nada melhor do que exemplos pessoais, livres, simples e descomplexados.

    Abraços e parabéns (atrasados) ao Déjan.

    PS: Adorei a foto.

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  52. Mário
    não poderia estar mais de acordo com o que dizes, principalmente quando afirmas que a mudança se faz de dentro para fora, com o diálogo possível e principalmente com exemplos pessoais; essa tem sido a posição que tenho adoptado tanto na vida (e não me tenho dado nada mal), como aqui no blog, onde pretendo que caibam todos e todas, independentemente de vivências sexuais diferenciadas; apenas exijo uma coisa: tolerância!

    Obrigado, em nome do Déjan, pela tua lembrança.

    Abraço para ti e para o C.

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  53. Com a sociedade portuguesa nada avança!

    Beijinhos

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  54. Martinha
    não será totalmente verdade, mas que há um longuíssimo caminho a percorrer, sim.
    E se digo isto, é porque já assisti apesar de tudo a agumas - poucas - coisas positivas...
    Beijinho.

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  55. Desculpa o atraso, mas Parabéns ao Déjan!

    Um abraço.

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  56. Amigo Rui
    nunca há atraso quando os actos ou as palavras vêm do coração.
    Abraço.

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Evita ser anónimo, para poderes ser "alguém"!!!