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quarta-feira, 11 de junho de 2014

Quando os diálogos se transformam em silêncios

 

Li esta frase há pouco, num blog que gosto muito e do qual sou, com muita pena minha, um dos raros comentadores.
Trata-se de "Fragmentos Culturais", um daqueles blogs em que se escreve sobre coisas interessantes e onde se continua a explanar as ideias e os acontecimentos em textos tão grandes quanto o necessário e onde se pretenderia um diálogo, quase inexistente, com o leitor/comentador.
Há muito que falo nisto e sou um saudoso do tempo em que a blogosfera era assim.
Hoje, e com raras excepções, a blogosfera é um sucedâneo das redes sociais, com notícias avulso que não passam de "fait divers" ou de "acontecimentos pessoais" com pouco relevo para os demais (isto porque há exemplos de acontecimentos pessoais que podem ser de interesse público).
E há um divórcio entre quem lê e quem comenta - uma abissal diferença de visitas e de comentadores.
E se há pessoas que comentam pouco todos os blogs que seguem, também há aqueles que preferem comentar os blogs de postagem rápida - não dá trabalho, e geralmente tem "lucros" , pois representam uma contrapartida na aceitação dos seus próprios blogs.
Há mesmo alguns bloguistas que até há pouco eram assíduos comentadores, que têm bons blogs, e que eu continuo a seguir e a comentar porque os assuntos são interessantes e que actualmente se colocam na cómoda e, para mim triste, coluna dos "silêncios"...Não é preciso referir nomes, pois eles sabem quem são.
Enfim, mais um desabafo e cada vez mais me assalta a questão - valerá a pena?

domingo, 1 de junho de 2014

Eugénio de Andrade

Eugénio de Andrade é um dos maiores nomes das letras portuguesas contemporâneas, tendo-se distinguido essencialmente como poeta.
Pessoalmente, é junto com Sophia, Botto, Florbela, Pessoa e Camões um dos expoentes máximos e que releio variada vezes.
Algumas breves referências à sua vida e obra, retiradas da Wikipédia.

O poeta nasceu na freguesia de Póvoa de Atalaia – Fundão (bem perto da minha terra), em 19 de Janeiro de 1923. Fixou-se em Lisboa aos dez anos, com a mãe, que entretanto se separara do pai.
 Frequentou o Liceu Passos Manuel e a Escola Técnica Machado de Castro, tendo escrito os seus primeiros poemas em 1936, o primeiro dos quais, intitulado Narciso, publicou três anos mais tarde.
Em 1943 mudou-se para Coimbra, onde regressa depois de cumprido o serviço militar convivendo com Miguel Torga e Eduardo Lourenço.
Tornou-se funcionário público em 1947 exercendo durante 35 anos as funções de Inspector Administrativo do Ministério da Saúde.
Uma transferência de serviço levá-lo-ia a instalar-se no Porto em 1950, numa casa que só deixou mais de quatro décadas depois, quando se mudou para o edifício da extinta Fundação Eugénio de Andrade, na Foz do Douro.
Durante os anos que se seguem até à data da sua morte, o poeta fez diversas viagens, foi convidado para participar em vários eventos e travou amizades com muitas personalidades da cultura portuguesa e estrangeira, como Joel Serrão, Miguel Torga, Afonso Duarte, Carlos Oliveira, Eduardo Lourenço, Joaquim Namorado, Sophia de Mello Breyner Andresen, Teixeira de Pascoaes, Vitorino Nemésio, Jorge de Sena, Mário Cesariny, José Luís Cano, Angel Crespo, Luis Cernuda, Jaime Montestrela, Marguerite Yourcenar, Herberto Helder, Joaquim Manuel Magalhães, João Miguel Fernandes Jorge, Óscar Lopes, e muitos outros. Apesar do seu enorme prestígio nacional e internacional, Eugénio de Andrade sempre viveu distanciado da chamada vida social, literária ou mundana, tendo o próprio justificado as suas raras aparições públicas com «essa debilidade do coração que é a amizade».
Recebeu um sem número de distinções, entre as quais o Prémio da Associação Internacional de Críticos Literários (1986), Prémio D. Dinis da Fundação Casa de Mateus (1988), Grande Prémio de Poesia da Associação Portuguesa de Escritores (1989) e Prémio Camões(2001).
A 8 de Julho de 1982 foi feito Grande-Oficial da Ordem Militar de Santiago da Espada e a 4 de Fevereiro de 1989 foi agraciado com a Grã-Cruz da Ordem de Mérito.
 Faleceu a 13 de Junho de 2005, no Porto, após uma doença neurológica prolongada.

Estreou-se em 1939 com a obra Narciso, torna-se mais conhecido em 1942 com o livro de versos "Adolescente".
A sua consagração acontece em 1948, com a publicação de "As mãos e os frutos", que mereceu os aplausos de críticos como Jorge de Sena ou Vitorino Nemésio.
A obra poética de Eugénio de Andrade é essencialmente lírica, considerada por José Saramago como uma poesia do corpo a que se chega mediante uma depuração contínua.
Entre as dezenas de obras que publicou encontram-se, na poesia, "Os amantes sem dinheiro" (1950), "As palavras interditas" (1951), "Escrita da Terra" (1974), "Matéria Solar" (1980), "Rente ao dizer" (1992), "Ofício da paciência" (1994), "O sal da língua" (1995) e "Os lugares do lume" (1998).
Em prosa, publicou "Os afluentes do silêncio" (1968), "Rosto precário" (1979) e "À sombra da memória" (1993), além das histórias infantis "História da égua branca"(1977) e "Aquela nuvem e as outras" (1986). Foi também tradutor de algumas obras, como dos espanhóis Federico García Lorca e Antonio Buero Vallejo, da poetisa grega clássica Safo (Poemas e fragmentos, em 1974), do grego moderno Yannis Ritsos, do francês René Char e do argentino Jorge Luis Borges.
Em Setembro de 2003 a sua obra "Os sulcos da sede" foi distinguida com o prémio de poesia do Pen Clube Português.

 O poema dele que aqui deixo é do seu livro “Obscuro Domínio” e é um dos muitos em que ele mostra bem e com o seu cunho pessoal a sua orientação sexual que nunca procurou esconder.

 NAS ERVAS

Escalar-te lábio a lábio,
Percorrer-te: eis a cintura
O lume breve entre as nádegas
E o ventre, o peito, o dorso
Descer aos flancos, enterrar

Os olhos na pedra fresca
Dos teus olhos,
Entregar-me poro a poro
Ao furor da tua boca,
Esquecer a mão errante
Na festa ou na fresta

Aberta à doce penetração
Das águas duras,
Respirar como quem tropeça
No escuro, gritar
Às portas da alegria,
Da solidão.

Porque é terrível
Subir assim às hastes da loucura,
Do fogo descer à neve.
Abandonar-me agora
Nas ervas ao orvalho -
A glande leve.

sábado, 17 de maio de 2014

Allan Massie

Historiador, jornalista e escritor britânico, nasceu a 19 de outubro de 1938, em Singapura.
Cresceu em Aberdeenshire na Escócia e foi educado na Inglaterra estudando em Glenalmond e no Trinity College, em Cambridge, onde se formou e passou a lecionar História.
Também morou e lecionou durante vários anos na Itália .
Atualmente é resenhista-chefe do The Sotsman, colunista do Daily Telegraph e do Spectator, membro da Real Sociedade de Leitura e juiz do Prémio Man Booker .
Autor prolífico, já publicou mais de 30 livros, incluindo 19 novelas, destacando-se especialmente pela popularidade alcançada por seus romances históricos.
Um grande admirador de Sir Walter Scott Sir e do russo Andrei Makini , Massie mora há 25 anos com sua esposa Allison e seus três filhos na cidade de Selkirk , na fronteira escocesa.
Foi a sua escrita sobre a História, em particular sobre Roma, que mais o celebrizou.
Allan Massie escreveu cinco livros sobre a vida de cinco” imperadores”* romanos: César, António, Augusto, Tibério e Calígula, aqui ordenados por ordem cronológica.
Li todos eles, à excepção do primeiro, que lerei oportunamente.

Gaio Júlio César Germânico - Calígula - é considerado pelos historiadores um dos mais cruéis, sangrentos e autoritários imperadores romanos. Tinha menos de 25 anos quando se tornou imperador, sem nunca ter servido no exército ou assumido um cargo público. Seu reinado foi breve e marcado pela instabilidade mental, com relatos de orgias e devassidão sexual, delírios de loucura e grandeza. Nesta biografia romanceada, o autor questiona a versão da maioria dos historiadores e filósofos a respeito desse personagem símbolo da decadência romana.
"Quis o acaso que tivesse lido em primeiro lugar “Calígula”, e a seguir “Tibério”, o que é curioso pois comecei a ler historicamente, de trás para a frente. Sucede que Massie, naturalmente, ocupa bastante das suas primeiras páginas com os tempos mais recuados do imperador que está a descrever, e portanto já em “Calígula” se falava algo de Tibério, o então imperador reinante; neste livro (“Tibério”), grande parte do livro, quase metade é passado nos tempos do imperador Augusto, seu padrasto, o que me vai levar a que seja a biografia deste último imperador a minha próxima leitura de Massie. E também é curioso que tivesse ido a recordar, após ter acabado de ler este livro, as primeiras páginas de “Calígula”. Eu gosto muito de História e Roma, como a civilização grega, sempre me fascinou; já tinha lido antes livros sobre Adriano (M.Yourcenar) e sobre Juliano (G.Vidal) e começo a ter uma visão muito completa daqueles tempos, e duma forma global, o que me é particularmente grato. Neste livro, Massie dá-nos uma visão muito completa de como era a vida na Roma, imediatamente anterior a Cristo e durante a sua vida terrena (a morte de Cristo aconteceu durante o reinado de Tibério, embora ele nada tivesse a ver com esse acontecimento). É fabulosa a descrição de toda a vida palaciana, com intrigas e acontecimentos sucessivos, sem descurar a parte militar do império e muito interessante a descrição como a vida da família imperial está totalmente nas mãos do imperador, que a modela como bem entende. Massie é um apaixonado pela Roma imperial e eu cada vez estou mais apaixonado pela leitura dos seus livros. Imperdível para quem gosta de História."**
“…mas é de “Augusto” que quero falar, o primeiro imperador romano, já que Júlio César, que o antecedeu no governo romano nunca obteve do Senado o título de “prínceps”, atribuído aos imperadores. Este livro está elaborado em duas partes: o Livro I, que decorre desde o início da actividade pública de Augusto, aos 19 anos e derivada de ser o filho adoptivo de César, seu tio, quando ele morre e que vai até à morte de Marco António e Cleópatra, sendo António o homem que de certa forma com ele construiu os alicerces da paz romana, primeiro em triunvirato com Lépido e depois sozinho com António, numa relação muito conturbada entre ambos, de “amor/ódio” e que os faz extremas a situação a um ponto de conflito. Esta parte lê-se muito bem, é muito descritiva e empolgante e vai num crescendo de interesse. Há depois o Livro II, que nos relata de uma forma mais pausada as memórias de Augusto desde que começou a governar realmente a República, com as referências mais centradas na sua vida familiar, nos amigos e na sua concepção do poder. Não será tão atractiva esta segunda parte do livro, mas para mim é talvez ainda mais importante pois mostra-nos as razões pessoais que levaram Augusto a agir em momentos chave do seu governo e também questionam de certa forma, e por via indirecta a forma demasiado determinada como ele exerceu o poder. O que é um facto é que e ao contrário de António, de grande parte dos seus familiares e principalmente dos seus sucessores, ele morreu com 77 anos, o que na altura era uma muito provecta idade. Massie é um mestre neste tipo de livros, já o havia demonstrado também com “O Rei David”, e é pena que não tenha continuado as biografias dos imperadores depois de Calígula; talvez porque o sucessor deste, Cláudio, já tivesse um livro sobre a sua vida, com grande sucesso, “Eu, Cláudio” de Robert Graves e do qual curiosamente Massie faz questão de se afastar com algumas críticas ao mesmo. Há no entanto um outro livro de Allan Massie, em edição brasileira, que não encontro à venda no nosso país intitulado “Os Herdeiros de Nero”, e que procuro adquirir no país irmão. Mas gostaria muito de ver a forma como Massie trataria dos “reinados” de Cláudio e depois, de Nero. Enfim, “Augusto” é um livro fundamental para quem gosta de História e principalmente, da história apaixonante de Roma. “**
“Allan Massie é cada vez mais um autor imprescindível para quem gosta de pesquisar a vida de Roma desde os tempos de César até Calígula (inclusive). .. …Como já afirmei antes comecei a ler esta obra de trás para a frente, isto é, comecei por ler o livro sobre Calígula, e por mero acaso, tendo depois vindo a seguir um percurso cronologicamente inverso. Depois de ter lido o livro sobre Augusto, que como indiquei na critica que fiz, se desdobra em dois: um primeiro até à morte de Marco António e Cleópatra e um segundo sobre as reflexões do imperador sobre a sua vida, a sua família e o seu percurso até à sua morte, fiquei desde logo com vontade de ler de seguida o livro dedicado a Marco António, “António”, já que a vida dele está muito interligada á de Octaviano (mais tarde Augusto, já como primeiro imperador de Roma). Se tinha visto o percurso de ambos sob o ponte de vista de Octaviano, seria muito interessante ver como descreveria Massie , Marco António, sob o seu próprio ponto de vista. Claro que é fascinante ver as diferenças, e se depois de ler “Augusto”, tinha ficado com uma visão quase sempre muito positiva dele, (apenas na parte segunda do livro, Augusto relembra certas decisões suas que não terão sido muito recomendáveis), depois desta leitura de “António” se fica com uma “fotografia” mais real do grande imperador que terá sido Augusto, mas também do seu lado negativo e que não foi assim tão pequeno… Mas o livro debruça-se é sobre a vida de Marco António, desde a sua juventude ao seu suicídio, passando essencialmente pelo período em que logo após o assassinato de César, tomou em suas mãos, o poder de Roma, primeiro só e depois num triunvirato com Octaviano e Lépido. E também das suas campanhas militares, pois foi um dos maiores generais de Roma, embora com grandes ambições que acabaram por lhe serem nefastas. Nefasta foi também a sua ligação amorosa com Cleópatra, rainha do Egipto, que já havia sido amante de César, e por causa de quem, ele acabou por encontrar a morte. Num ponto os dois livros coincidem: na relação de amor/ódio que sempre houve entre estes dois grandes vultos da história de Roma. Falta-me agora apenas a leitura do primeiro livro, “César”, embora e isso sucede com todos os cinco livros referidos, haja sempre informação sobre as figuras que os antecedem e das que os irão suceder. Por isso já estou na posse de algumas referências fundamentais sobre Júlio César, o que, ao invés e lhe tirar interesse, ainda mais o desperta.“** 

Ainda antes de iniciar a leitura destes livros sobre Roma, tive um primeiro contacto com a obra de Allan Massie, através do seu Livro "O Rei David"
David, rei de Israel, é-nos apresentado neste romance como uma personalidade torturada e fascinante. O mundo de sexo, intriga, conflitos ferozes e obsessão religiosa sugere muitas vezes, não memórias bíblicas, mas alguns dos dramas que ensombram diariamente a terra onde David governou como rei.


Ainda deste autor, e também de cariz histórico li o livro "O Crepúsculo do Mundo"
A acção de "O Crepúsculo do Mundo", o primeiro volume de uma trilogia sobre a Idade Média, decorre durante a época das invasões bárbaras. Marco, o seu protagonista, um jovem nobre romano, é, de acordo com uma lenda, filho do próprio Arcanjo S. Miguel. O romance descreve-nos as suas extraordinárias experiências, em busca de sentido e estabilidade num mundo doravante crepuscular, onde os velhos deuses morreram ou agonizam, mas os seus mistérios atraem ainda muita gente, e onde a nova religião está ameaçada por novos barbarismos.

" Parti para esta leitura um pouco de pé atrás já que o período medieval, a idade das trevas, é a que menos me atrai na história da humanidade. Trata-se do primeiro livro de uma trilogia sobre a Idade Média, centrada num jovem que faz uma aprendizagem da vida numa longa viagem pelos vastos territórios do ainda império romano, já decadente e que o narrador procura fantasiar com variadíssimos episódios nem sempre bem integrados e dos quais o próprio se penitencia. Enfim, um período sombrio da História que encontra numa narrativa também muito cinzenta, o complemento para não me entusiasmar e que só logra as três estrelas pelo muito apreço que nutro pelo autor. Tenho pena de não encontrar os dois livros que se lhe seguem, pois seria interessante saber se Massie consegue sair do novelo em que se envolve neste livro. E o que mais me desagrada é que as referidas “fantasias” utilizadas parecem tão pouco verosímeis que, para quem, como eu, prezo muito o romance histórico, me parece quase blasfemo."**

 O segundo volume da trilogia, entretanto descoberto, é dedicado ao rei que está ligado à lenda dos Cavaleiros da Távola Redonda – “Rei Artur”, o qual vou procurar ler oportunamente.

Uma referência a alguns dos principais outros títulos da vasta bibliografia de Allan Massie: "A Question of Loyalties", "The Ragged Lion", "The Sins of the Father", "Glasgow: Portraits of the City", "The Last Peacock", "Byron’s Travels", "Chalemagne and Roland", "Cold Winter in Bordeaux".

*- Na realidade, imperadores foram apenas os três últimos, pois o título de "Princeps", que significava imperador, apenas foi atribuído pela primeira vez a Augusto. César foi acima de tudo conhecido como "ditador", que na altura demonstrava poder absoluto, sim, mas não tinha a conotação que hoje é dada a esta palavra; e Marco António foi "apenas" quem tomou as rédeas do poder em Roma após o assassinato de Augusto.

** A minha crítica inserida na altura da sua leitura, no site "Goodreads"

terça-feira, 6 de maio de 2014

Viagens 11 - Madrid

Antes da minha paragem do blog, há uns tempos, eu tinha algumas rúbricas de carácter mais pessoal que entretanto deixei de publicar. Uma delas, que acho interessante, era sobre as minhas viagens, e eu já ia por volta da dezena de postagens sobre o assunto. Claro que não estão incluídas as viagens que fiz a Belgrado para estar com o Déjan, ou as viagens que fiz com ele, à Croácia, Londres, Itália, Budapeste e Madrid, pois essas fui-as relatando na altura própria. São viagens feitas anteriormente e ainda me faltam uma série delas. Vou hoje reatar essas viagens, começando por falar nas inúmeras viagens que já fiz a Madrid, sem dúvida a cidade não portuguesa que mais vezes visitei, logo seguida por Londres…
Madrid é uma cidade muito bonita e plena de interesse.
A primeira visita, mal me recordo, foi quando era miúdo, com os meus Pais e irmãos. E em família, só uma outra vez estive em Madrid, já há uns anos, quando ofereci uma viagem à minha Mãe e à minha irmã Teresa. Embora já há tempos, a minha Mãe já tinha certa idade e foi uma visita calma, muito baseada ali no centro, privilegiando as compras e alguns passeios clássicos.
 Mas Madrid é essencialmente para mim, uma cidade de descoberta de um “mundo novo”, principalmente quando nos anos 90, a movida fazia de Madrid uma das mais loucas cidades europeias. A Gran Via
pelas quatro da manhã tinha quase tanto movimento como a Baixa lisboeta durante os dias de semana no horário laboral; a vida nocturna era intensa e o centro nevrálgico das minhas noitadas era naturalmente o bairro da Chueca
que começa na Gran Via, na Calle Hortaleza e em tantas pequenas ruas com uma imensidade de bares, discotecas, restaurantes, lojas, e outros locais sempre cheios de gays.
 Para mim era uma descoberta, foi ali que entrei pela primeira vez num quarto escuro
conheci locais maravilhosos, gente bonita e fiz muita, mesmo muita malandrice.
Frequentei saunas e locais de “cruising”
enfim a movida permitia todos os excessos.
Fui a Madrid sozinho, e também acompanhado, quer com o Miguel, meu primeiro namorado, quer com o Duarte, e com ambos ali passei noites de fim de ano, sempre começadas na loucura da Puerta del Sol
Outra novidade que Madrid me deu a conhecer foi o cinema de “engate” com o super conhecido “Cine Carretas”
na calle do mesmo nome, mesmo ali na Puerta del Sol.
Por duas vezes assisti em Madrid ao dia do Pride (Orgulho Gay) e foram celebrações gigantescas, maiores do que as que vi em Londres
Nesses dias, à noite, na Chueca era quase impossível circular e o que mais me entusiasmou foi o imenso apoio do povo madrileno, quer durante o desfile (que na altura começava na Puerta de Alcalá
e terminava no Sol), quer depois à noite na Chueca; havia tanta gente ou mais ainda, hétero que gays… Agora, Madrid está mais calma, mas continua apaixonante.
Estive lá pela última vez com o Déjan, também numa passagem de ano.
Mas Madrid não foi só para mim, como é óbvio, motivo de actividades gays; conheci ao longo de muitas visitas tudo o que é importante na cidade, quer monumentos, quer museus, quer jardins, e ali cheguei por vezes de carro, por comboio ou por avião.
Deu também para visitar alguns locais não muito distantes, como o Escorial

ou Toledo

Continuo a gostar muito da cidade, que considero a mais espanhola de Espanha, já que Barcelona é mais europeia.
Madrid é monumental, é das tais cidades que não esquecem nunca e a que apetece voltar sempre. Apetece repetir um dos mais conhecidos “dizeres” dos tempos da movida: “Madrid me mata…”

sexta-feira, 25 de abril de 2014

Óscares femininos de 2014

Este ano, vi a grande maioria dos filmes candidatos aos Óscares antes da sua atribuição, mas claro que houve sempre alguns que ficaram para trás, e curiosamente foram essencialmente filmes candidatos às interpretações femininas, quer principal, quer secundária.
Ainda me faltam ver dois deles: “Philomena” e “Nebraska”, em que estão duas candidatas – Judy Dench, no primeiro e na categoria de actriz principal; e June Squibb, no segundo, mas no escalão secundário.
No entanto vi recentemente dois dos mais importantes filmes das categorias referidas, pois qualquer deles tinha candidaturas a ambos os Óscares.
Trata-se dos filmes “ Blue Jasmin”, de Woody Allen e “August: Osage Cunty”, de Jonh Wells, e curiosamente há alguns pontos comuns a ambos, embora sejam bastante diferenciados.
Ambos giram à volta de personagens femininas muito marcantes (os homens são quase secundários) e ambos se passam no interior familiar; e ambos são bons e muito fortes.
Em “Blue Jasmine”
vamos encontrar uma personagem fascinante daquela galeria de mulheres que Woody Allen tão bem sabe definir e que dá a Cate Blanchett a oportunidade de demonstrar que é uma das grandes actrizes da actualidade pelo que o seu Óscar foi por assim dizer consensual.

Mas também aqui aparece uma actriz fabulosa e muito apta a vencer o galardão secundário, Sally Hawkins, a irmã “pobre” de CB.

Já quanto a “August:Osage County”
 traz-nos pela enésima vez a candidatura de Meryl Streep, a maior actriz viva, e que se “arrisca” sempre a ser candidata com qualquer filme que interpreta, e que, por contraproducente que pareça até a pode prejudicar, pois a Academia poderá preteri-la por uma actriz que não tenha o estatuto de MS (eu até admito que ela não se chateia nada de não ganhar)
.
E traz-nos uma surpreendente Julia Roberts, naquele que é para mim o seu melhor desempenho de sempre; ela é fabulosa numa cambiante de situações definidoras de uma mulher complexa mas de uma personalidade forte e rebelde.

Mas quem ganhou o prémio da melhor actriz secundária acabou por ser Lupita Nyong’o, pelo seu trabalho em “12 Anos Escravo"

Sem pretender menosprezar o belo trabalho da jovem actriz, eu teria escolhido sem hesitação Julia Roberts e teria mesmo preferido Sally Hawins a Lupita…são opiniões.

terça-feira, 15 de abril de 2014

"Io Che Amo Solo Te"

Ontem, ao rever algumas cenas, principalmente as últimas, do filme “Haway” que o João Eduardo pôs no blog dele, e como é hábito quando vejo cenas semelhantes, vieram-me as lágrimas aos olhos e o meu pensamento voou para Belgrado e para a intensa saudade e a imensa necessidade de abraçar e ter o Déjan comigo.
Claro que passado poucos minutos estávamos a falar no Skype e não consegui ocultar os meus sentimentos do momento, aos quais ele juntou os dele.
Há muito não estamos juntos e não podemos saber quando poderemos fazê-lo de novo, mas embora isso seja uma enorme necessidade para ambos, não estamos a colocar qualquer pressão sobre o assunto pois sabemos ambos que o processo de mudança de vida que o Déjan está a passar, com o final do estágio, o aproximar do final dos estudos de alemão e toda a complicada burocracia da sua candidatura ao trabalho num hospital ou clínica alemã, é demorada e árdua.
Além disso, o Pai dele resolveu viver com ele estes últimos tempos antes de ele rumar para a Alemanha o que inviabiliza uma deslocação minha a Belgrado.
Qual a minha surpresa quando hoje recebi uma encomenda  remetida de Belgrado (claro que enviada há dias), e pelo apalpar da mesma logo vi que vinha aí mais um daqueles coraçõezinhos vermelhos com a frase “VOLIM TE” (amo-te), para a minha já considerável colecção. 
Mas vinha acompanhado, o coração; trazia uma foto dele
linda, linda (claro que eu sou suspeito), e que já está devidamente encaixilhada e no sítio certo, na minha sala, com uma daquelas frases típicas do Déjan no verso da foto: “amo-te bubuska moa bubana” – tirando o “amo-te” o resto são palavras inventadas das muitas que ele tem para me mimar, e só eu sei a sua “tradução”, pois não vêm em qualquer dicionário.
Vinha também um postal de Belgrado, que dizia mais ou menos isto: “esta cidade precisa de ti, mas eu espero que nos encontremos, algures na Alemanha, na próxima vez. É um período muito difícil e stressante para mim, mas tu estás sempre no meu coração”.
Acreditem, é difícil, mas é maravilhoso e muito compensador, apesar de tudo, para ambos, viver um amor assim, vai para 9 anos...
E, pronto, porque sou Carneiro, porque nos amamos muito, aqui estou a partilhar a minha imensa felicidade.

VOLIM TE, chako pako!!!

segunda-feira, 14 de abril de 2014

Um excelente fim de semana

Foi um excelente fim de semana, marcado por dois acontecimentos bastante diferenciados e qualquer deles muito gratificantes.
Em primeiro lugar, quero referir-me à visita a Lisboa do meu amigo de há muito, o Edu, que há anos andava a “ameaçar” vir até cá, mas só agora cumpriu a “ameaça”. Trouxe com ele excelente companhia: a sua Mãe, D.Augusta, pessoa simpatiquíssima e com quem se pode falar de tudo com uma amabilidade extrema, e também o seu namorado, o Reginaldo, com quem o Edu faz um excelente par.
O Edu é exactamente aquilo que eu sempre julguei pelo que lia no blog e nos contactos que íamos tendo – uma pessoa com um dom especial de convivência, com um discurso muito particular e saborosíssimo, naquele linguarar de Sampa, que é muito mais que o brasileiro a que estamos habituados; tem um humor muito apurado, e é de uma grande ternura.
Passei com eles o dia de sexta feira, tendo-os levado de carro naquele “velho percurso”: Lisboa, Sintra, com Pena incluída, Praia das Maçãs, Azenhas do Mar, Cabo da Roca, Boca do Inferno, Cascais, Estoril, e depois uma visita aos pastéis de Belém e ainda uma ida ao Cristo Rei, para ver Lisboa de frente, sempre tão linda.

No sábado fomos jantar ao Parque das Nações, num grupo alargado ao Miguel Nada, à Margarida Leitão e ao João Máximo e Luís Chainho, em casa de quem acabámos a noite (moram mesmo pertinho da Expo)
a apreciar uma torta de laranja deliciosa que a Margarida fez para a ocasião e numa tertúlia muito interessada sobre música brasileira e música portuguesa, e seus intérpretes
 Foi uma bela noite.

Hoje domingo, fui à tarde, com o Miguel, ver a última produção teatral dos Artistas Unidos, no TNDM, “Regresso a casa”, de Harold Pinter, numa encenação de Jorge Silva Melo, que também é intérprete.
O protagonista é o fantástico João Perry, no papel de Max, o pai, que vive com dois dos seus filhos, interpretados por Elmano Sancho e João Pedro Mamede e com o seu irmão (JSM), e a este núcleo familiar totalmente masculino, muito marcado pela ausência de uma figura feminina ( a mãe, já tinha falecido???), junta-se o terceiro filho, que vive nos EUA e traz com ele a sua mulher, que a família ainda não conhece. Este casal é interpretado por Rúben Gomes e Maria João Pinho.
Note-se que todos estes actores à excepção de João Perry, fazem parte dos elencos habituais da companhia dirigida por J.Silva Melo e são todos actores de excelência.
A peça, uma das mais conhecidas de Pinter é muito forte e a única personagem feminina torna-se o centro não só da narrativa, como toma mesmo o centro nevrálgico daquela família tão peculiar.
É uma peça que eu atrever-me-ia de qualificar de amoral, mais do que imoral, pois aqui a moralidade não existe…Fortíssima pois, como é hábito de Pinter.
Jorge Silva Melo
já muito experimentado na encenação do dramaturgo inglês, não tem qualquer dificuldade em assinar uma encenação, a todos os títulos brilhante.
É uma peça imperdível, do melhor que tenho visto nos últimos tempos.

E, "the last, but not the least", o meu Benfica, sagrou-se hoje, praticamente campeão nacional da época 2013-14 (falta-lhe um ponto e três jogos para o conseguir). 
Absolutamente justo este título do SLB.

quarta-feira, 26 de março de 2014

Margarida...e não só...

Hoje venho falar de uma boa Amiga, que nem sequer é uma “velha” Amiga, se comparada com gente que conheço há muitos mais anos.

Estou a referir-me à Margarida, que conheci há pouco mais de 2 anos quando ela me começou a comentar este blog; como é sabido, eu procuro sempre interagir com os meus comentadores e dessa interacção com a Margarida resultou um empurrão que lhe dei e que a levou a iniciar em Janeiro de 2012 o seu blog “Mas tu és tudo e tivesse eu casa tu passarias à minha porta”, o qual é hoje já uma referência na blogo.

Passado pouco tempo dessa data, numa feliz conjugação, conheci pessoalmente a Margarida, durante um jantar em minha casa em que tive também a oportunidade de conhecer pessoalmente o João Máximo e o Luís Chainho; nem sonhava que estava além de os conhecer a estabelecer um primeiro contacto entre eles os três, que mais tarde tão bons frutos já deu…

Pois a Margarida, que depois foi minha colaboradora no último jantar dos blogs, tornou-se por meio da sua simpatia e fácil comunicação uma Amiga que hoje ocupa um lugar especial nas minhas afectividades.

Tem dois vícios terríveis e que eu tenho também: os seus gatos e os livros.

Daí ter sido tão fácil o nosso entendimento; e além de devoradora de livros, a Margarida começou a “escrevinhar” umas coisas aqui e ali, com destaque para as suas colaborações no Pixel do saudoso Eyes Sad (por onde andas tu?) e pelas suas iniciativas de escrever micro-contos relacionados com pessoas que ela conhecia da blogo, mesmo que só virtualmente.

Foi fácil chamar a atenção do João e do Luís, que nos seus tempos livres fundaram uma “coisa” que se chama “INDEX ebooks” (já lá vou) e que fez com que a Margarida publicasse o seu primeiro livro – um livro de micro contos já com o seu nome literário, Margarida Leitão e que recebeu o bonito nome de “Instantâneos: fragmentos de memória”
publicado precisamente pela INDEX.

Esse livro mereceu-me o seguinte comentário no Goodreads:

“Ler um primeiro livro de um autor que conhecemos pessoalmente e de quem somos particular amigo, nem sempre é fácil. A situação piora quando o autor, neste caso a autora, Margarida Leitão, nos privilegia com frequentes consultas sobre um texto ou outro, sobre uma história ainda de contornos não completamente definidos e nos pede uma opinião concreta e sincera. Quando sentimos que contribuímos, de uma forma indirecta, é certo, para o aparecimento dessa obra, pois demos à autora o “empurrão” decisivo para que ela se integrasse e se adaptasse com uma extrema facilidade a uma realidade tão apelativa como é a blogosfera, quando se tem sede de comunicar ideias, recordações, afectos ou anseios, a situação torna-se quase crítica… E a obra nasce, bela, definida enfim, pujante de frases bem construídas que descrevem situações reais, quase nunca ficcionadas (quando muito sonhadas), e mostram uma rara percepção do sentir de pessoas que apenas conhecemos há pouco, mas das quais captámos o essencial, ou então de imagens que nunca abandonaram a nossa mente de infância, povoada de lugares, gentes e factos determinantes da nossa formação, do nosso sentir, do nosso viver de hoje. Se há, aqui e ali, resquícios de uma hesitação, plenamente justificadas numa primeira obra construída com base em pequenas histórias que saíram de um forma pura e natural de dentro do universo da Margarida, por outro lado, encontramos desde já a maturidade adulta de alguém que sabe ter necessidade de se exprimir através da escrita, para se afirmar a si própria.”

Ora a Margarida quis-me presentear no último domingo, a propósito do meu aniversário com uma prenda especial, um vídeo (curioso que das três prendas que recebi, duas são vídeos), e um vídeo que tem tudo a ver comigo, e que é pessoalíssimo, poi ela empresta-lhe a sua voz. Aqui fica o vídeo, que também foi uma forma de ela homenagear o dia da Poesia, ocorrido dois dias antes, com o belo poema de Jorge de Sena

Obrigado, Margarida e espero ver qualquer dia uma segunda obra tua a ser editada pela INDEX.

E agora sim, vamos lá falar um pouco desta editora que como citei ali em cima nasceu por obra do João Máximo e do Luís Chainho, que e em boa hora, resolveram “dar à luz” uma editora de e-books, dirigiada a obras de temas LGBT.

E desde o seu primeiro lançamento, já há mais de dois anos, mais ou menos perto do tal jantar em minha casa, eles já publicaram vários livros, não só de autores que agora começaram a escrever para o público (além da Margarida Leitão, o Miguel Botelho e o Pedro Xavier),e das colectâneas dos contos a concurso nas três edições dos Pixel, mas também outras obras de autores importantes, com destaque para “O Corredor de Fundo” de Patricia Nell Warren e para “Inversão Sexual” de Havelock Ellis.
E têm entre mãos, tendo já publicado o primeiro volume de uma obra fundamental da literatura LGBT portuguesa – “Dicionário de Literatura Gay”.
Aqui ficam todas as obras que a INDEX já publicou:






















domingo, 23 de março de 2014

Obrigado, Nuno

Hoje foi o meu dia de aniversário e tive entre outras coisas agradáveis a surpresa de uma prenda especial. Um amigo mandou-me este vídeo que fez a partir de fotos que tenho publicadas no Facebook.
Gostei muito e como não consigo partilhá-lo nas redes sociais, aqui o partilho.
Mais uma vez, obrigado, Nuno!

segunda-feira, 10 de março de 2014

Eu e um "filmezinho" que mexeu comigo...

Eu por vezes dou comigo a pensar que não me conheço ao fim destes anos todos, completamente bem.
Já vivi muito, tive variadíssimas experiências, das quais poucas, muito poucas mesmo me arrependo; não me considero estúpido, tenho mesmo alguma cultura; enfrentei de frente, sem medo a minha sexualidade; sou amigo verdadeiro dos meus amigos e tenho medos, como toda a gente.
Adoro a minha família e tive uma educação primorosa, baseada nos princípios que sempre reinaram em nossa casa; não fui habituado a luxos, mas também me ensinaram sempre a ser digno.
Tudo isto para dizer o quê? Que tenho um temperamento que por vezes não controlo, sou tudo menos perfeito e se procuro consensos, também há alturas em que marco muito, talvez demasiado as minhas paixões e os meus “odiozinhos de estimação”.
Um dos meus maiores defeitos é pôr quase sempre o coração à frente da cabeça, embora não entre em desvarios e nunca me arrependi disso. Quando gosto, gosto mesmo muito, quando não gosto, mostro-o abertamente – nunca seria um bom actor…
Sou muito crítico em relação a certas situações, e não me abstenho de o afirmar, mesmo quando envolvem coisas delicadas, como a política ou a religião.
E…sou um piegas do caraças!!!!
Estou para aqui a palrar sobre mm próprio, quase com medo de afirmar que acabei de ver um filmezinho, nada de um filme de grande orçamento, com grandes actores e vedetas que chamem o grande público. E que quando acabei de ver esse filmezinho tinha duas lágrimas a rolar-me pelas faces – piroso, sou isso talvez, mas que hei de eu fazer se sou assim.
O filme foi realizado por um jovem, Ruben Alves
filho de emigrantes portugueses em França, e com este filme ele quis homenagear os seu pais, a mãe, uma porteira e o pai, trabalhador da construção civil.
Já adivinharam que me refiro ao filme “A Gaiola Dourada”, protagonizado por Rita Blanco e Joaquim de Almeida, e que nos mostra de uma maneira bastante correcta o dia a dia de uma típica família portuguesa emigrada e a trabalhar em Paris. Claro que é uma emigração dos tempos da “mala de cartão” e não a emigração de hoje, mas é sempre emigração, com tudo o que essa situação traz a quem é obrigado a fazê-lo.
Eu, que tantas vezes sou tão crítico do meu país, até da nossa maneira de ser, da nossa tão apregoada falta de produtividade e do nosso hábil “desenrascanço”, vi-me no final do filme, qual sentimentalão romântico a pensar que afinal, caramba, Portugal e principalmente nós os portugueses somos uns gajos porreiros…
Eu sei que isto é apenas um filme, mas está ali muito de nós, muito da forma como somos, quase sempre humildes, o que não quer dizer que sejamos subservientes.
 E por eu ser assim, por reconhecer que eu poderia fazer parte daquela gente é que estou a dizer isto tudo.
Se já viram o filme, gostaria de saber a vossa opinião, mesmo que seja bastante diferente da minha; se não viram, façam o favor de ver, até porque está ali uma das maiores actrizes portuguesas, Rita Blanco
e até o habitual canastrão Joaquim de Almeida se safa muito bem.
Aqui fica um vídeo que mostra algumas cenas do filme assim como algumas entrevistas e também pequenos apontamentos do seu “making of”