terça-feira, 30 de setembro de 2008

Balanço do "Queer Lisboa Festival"


Terminou o Queer Festival e terminou uma semana louca de cinema para mim; perdi a conta a quantos filmes vi e é difícil esquematizar razoável mente este post.
Talvez citar quais os filmes que mais me marcaram, quer positiva, quer negativamente, e começo por dizer que das dez longas metragens a concurso, vi metade, e por opção; deixei de fora algumas cujo resumo não foi suficientemente apelativo ou não se enquadravam de alguma forma, no perfil dos filmes que aprecio; entre eles, o filme vencedor “Antónia”, embora soubesse que iria ser bem acolhido e até adivinhasse que seria um sério candidato a ganhar. Dos cinco filmes que vi, dois sobressaíram: “Saturno Contro” do turco radicado em Itália Ferzan Ozpetek, ao qual dediquei um post, ainda antes do festival; e “Barcelona (Un Mapa)”do catalão Ventura Pons, de que já falei no outro post sobre o Queer. Uma outra película espanhola, “Clandestinos”, de António Hens, não me entusiasmou demasiado, pois mistura um pouco atabalhoadamente a homossexualidade com a ETA, sendo o fim do filme algo forçado. “Otto:or, Up with Death People”, é mais do mesmo (Bruce La Bruce), aqui numa versão “zombie”, a raiar o ridículo. Finalmente “Panorama”, um filme francês (?) de Loo Hui Phang, que detestei, pois nada me disse; é um tipo de cinema experimental para “encher o olho” e nada mais…
Confesso que gostava que tivesse sido “Saturno Contro” a ganhar, até porque é um filme que mostra que o Queer pode e deve ser também um festival de cinema não só para gays, mas para toda a gente que gosta de cinema.
“Barcelona (Un Mapa)” foi premiado como era mais que previsível, pelos prémios de interpretação feminino – Núria Espert, e masculino – Josep Maria Pou, dois extraordinários actores da velha guarda.

Ainda no campo das longas metragens que, por serem anteriores a 2007, não estiveram a concurso, encontrei algumas das melhores surpresas de todo o festival; tirando um vulgar filme israelita “Japan, Japan”, foi apresentado um outro filme do mesmo país, Israel, “Tied Hands”, de Dan Wolman, tremendamente humano e comovente, sobre a odisseia de uma mãe desesperada, procurando na noite de Telavive, droga para minorar o sofrimento do filho doente de Sida em fase terminal; é pena que este filme com apresentação única tenha decorrido para apenas cerca de 20 espectadores…Também “The Houseboy”, filme americano de Spencer Schiller é um filme muito curioso, que mostra a solidão em que se transforma o sexo sem amor. Deveria estar inserido nesta categoria e não na dos documentários, outra grande surpresa do festival, o filme sérvio de Zelimir Zilnik “Kenedi is Getting Married”; porque foi este filme enquadrado na secção “Queer Art”? Gostaria de saber porquê? É um filme um pouco louco, sobre a vida de um rapaz também ele algo alienado, que não olha a meios, principalmente sexuais, para conseguir ir viver para a Alemanha.

Nesta secção “Queer Art” pretendia-se mostrar filmes que fizessem a ponte entre Arte e homossexualidade; foi muito mais interessante assistir a “With Gilbert and George”, um excêntrico casal gay, cuja obra pictórica é notável (parecem Dupont e Dupond), do que rever “A Bigger Splash”, filme muito datado e repescado de um anterior festival, sobre a vida do pintor inglês David Hockney; tentei ainda ver alguma coisa de “Pascal Robitaille 1”, mas só aguentei 10 minutos na sala, pois olhei sempre para a mesma imagem…

Passando aos documentários, pareceria que o prémio não escaparia ao fabuloso “A Jihad for Love”, de Parvez Sharma, que nos relata e mostra as enormes dificuldades de se ser simultaneamente homossexual e muçulmano; aliás sobre as diferentes vertentes como é encarada a homossexualidade nos dias de hoje, também assisti a um interessante “Improvvisamente l’Inverno Scorzo”, de dois jovens italianos, sobre a aprovação ou não, em Itália, de uma lei sobre uniões de facto, e um muito “arejado” e agradável “Campillo si, quiero”, do espanhol Andrés Rubio, em que se fala de uma pequena povoação espanhola, célebre por se ter transformado em romaria, com os casamentos gays ali, pois o Alcaide é gay; nesta competição vi ainda um filme que não trouxe nada de novo, sobre um casal gay , cantores de sucesso que começaram a sua carreira numa comunidade evangélica dos EUA e alcançaram grande popularidade, “We’re all angels”; e um documentário muito “dejá vue” sobre o coming out do cinema GLBT “Here’s Looking at You, Boy”. O prémio, surpreendentemente, para mim e para muita gente, acabou por recair num filme australiano “Darling! The Pieter-Dirk Uys Story”, o qual não vi.

Nas curtas metragens, cujo prémio foi atribuído pela votação do público, vi um pouco de tudo; refiro apenas os filmes de que mais gostei; o sensual e explicito, mas não porno filme mexicano “Bramadero”, o francês “Amoureuses”, o impagável filme sueco “I am Gay”, o muito bom filme polaco “Mateusz”, o original filme romeno “”Madu + Ana”, “Scarred”, filme inglês que já conhecia, o filme australiano “Sexy Think”(bastante forte), o interessante filme lésbico norueguês “Spinning” e o também israelita “Troyout”, o irresistível filme sueco “A litlle tiger” e o delicioso “The best man”, inglês; e uma referência para o único filme português de que gostei, o muito curioso “Frequent Traveller”. O prémio foi para uma curta documental brasileira “69, Praça da luz” (parece que foi o festival das prostitutas brasileiras…)

Duas palavras para dois ciclos, um sobre a cinematografia gay portuguesa dos anos 70, em que foram exibidos dois filmes de João Paulo Ferreira, sendo o deles o sensacional ”Fatucha, superstar – uma ópera rock bufa”. E para as sessões denominadas “Obsceno”, uma das quais bastante excessiva, pois foi tão somente uma exibição de sexo pornográfico e dos maus…Não é admissível a inclusão de filmes pornográficos num festival cujo tema é sim a homossexualidade, mas que não se pretenda transformar este festival num guetto homossexual.

O balanço é positivo, parabéns ao João Ferreira e à sua excelente equipa.. Para o ano há mais….

domingo, 28 de setembro de 2008

Paul Newman

Estava a preparar um post sobre o "Queer Festival" que terminou hoje, mas haverá tempo para tal.

Prioridade para homenagear um dos mais prestigiados actores de toda a minha geração, que agora faleceu, sem surpresa, mas sempre com muita tristeza.

Além de excelente actor, não se pode esquecer a sua postura humana, num meio tão vulnerável como é o do mundo do cinema; o exemplo máximo será com certeza a invulgar duração do seu casamento com a também extraordinária actriz que foi e é Joanne Woodward.

Mais que falar dos seus principais filmes, dos prémios conquistados, é de referir a sua invulgar beleza física que encantou gente de ambos os sexos: tinha dos olhos mais expressivos de todos os actores de cinema.

Permito-me pôr aqui um pequeno vídeo da sua personagem (sob o meu ponto de vista) mais rica, a do jovem marido de Liz Taylor no filme "Gata em telhado de zinco quente", uma personagem bem ao género de tantas outras delineadas por Tenesse Williams, em que representa toda uma homossexualidade reprimida.




Vale a pena ver os outros vídeos que estão inseridos neste.

terça-feira, 23 de setembro de 2008

Parar e reflectir


Há alturas da vida em que necessariamente fazemos uma paragem para reflectir; sucede a todos. E eu que sou bastante extrovertido, talvez demasiado, nem sempre reflicto nos contactos pessoais e escritos, o que vai cá dentro; nos últimos tempos não tenho passado bem, quer fisicamente, com um problema que se tem prolongado no tempo num joelho; quer profissionalmente, pois sinto-me algo desmotivado ao ver que sou apenas uma pequeníssima peça de uma máquina gigantesca, que não está programada para avaliar comportamentos humanos; quer a nível familiar em que sou o pára-raios de múltiplos atritos, enfim, tudo isso tem contribuído para um não bem estar, que justamente ambiciono; a excepção são os bons amigos de sempre e o incondicional, total e fantástico apoio do meu querido Déjan, que dentro de menos de um mês vou finalmente reencontrar.
Tudo isto para dizer que ponderei bastante seriamente em fechar este espaço, não por um motivo particular, mas por uma soma de questões, em que avulta o cansaço. Eu não preciso de um blog para nada, antes de o ter era a mesma pessoa que sou hoje, com os mesmos defeitos e qualidades; o seu aparecimento, já o afirmei há pouco aqui, veio um pouco na linha do aparecimento do Déjan na minha vida, o qual eu de certa forma não tinha programado, mas em boa hora acolhi; o próprio nome diz tudo: “Whynotnow”!
Claro que estou mais rico, ganhei bons, mesmo bons amigos e aprendi muito, essencialmente coisas positivas e também algumas negativas.
A gota de água que me fez ponderar o encerramento do blog, foi um mail que recebi de um Amigo que considero muito e que me deu conhecimento de algo que me entristeceu muito; e decidi mesmo fechar o blog; sou impulsivo, como bom Carneiro, mas também sei por vezes reflectir, sustendo o impulso; e foi quando me lembrei de uma palavra feia que existe na nossa língua e que é COBARDIA…
Eu tenho uma visão muito pessoal do que é ser cobarde; para mim só se é cobarde quando nós próprios sentimos que o somos; quando são os outros a decidir se o somos ou, não pode não o ser; basta ver a ténue fronteira entre o medo e a cobardia ( e quem nunca teve medo?) e uma outra questão muito complexa que é o que leva alguém a suicidar-se: será cobardia ou coragem?
E reflectindo melhor achei que seria um acto de cobardia, pelo menos neste momento fechar o blog, e que até poderia ser considerado um triunfo para determinadas pessoas e isso eu não quero, pois tenho o meu orgulho.
Mas fez-me bem esta paragem, para reflectir; deu para continuar, até quando????

domingo, 21 de setembro de 2008

Começou o "Queer"


Começou na sexta feira o 12º. Queer Lisboa Festival, tendo sido na sessão de abertura apresentado o divertido filme espanhol “Chuecatown”; como já tinha visto o filme só neste sábado dei início à minha maratona, tendo visto 5 sessões!!!. Não vou aqui assinalar dia a dia o que vou vendo, embora vá havendo pequenos balanços; para já, gostei de ver o S. Jorge bastante bem preenchido de público, e revi caras habituais de todos os anos, assim como tive o prazer de conhecer o Engine, e realmente muita coisa sobre este tipo de filmes temos que conversar; foi um prazer a troca de impressões com ele; outras pessoas amigas fui encontrando entre as quais alguém dos blogs, como o
Special K que me apresentou umas amigas de um outro blog e o Rui, que sem ter blog, vai comentando alguns blogs amigos.
Sobre o que vi o destaque vai para o filme de Ventura Pons “Barcelona (Un mapa)”, com interpretações muito boas dos “velhos” Josep Maria Pou, Núria Espert e a inevitável Rosa Maria Sarda, e que numa homenagem à sua cidade de sempre, disseca o presente e o passado de um casal, com as ligações às pessoas que habitam a sua casa.
Outra surpresa muito positiva foi a curta mexicana “Bramadero”, com um sexo explícito muito acentuado, mas curiosamente sem cair no pornográfico; um filme extraordinariamente polémico é o último do cineasta Bruce La Bruce, de quem o Festival tem apresentado por assim dizer todos os filmes; “Otto; or Up with Dead People”, não deixa ninguém indiferente - houve muita gente a abandonar a sala, mas também muitos aplausos no final; é um filme que provoca o espectador, chega mesmo a ser chocante, mas tem pelo meio pormenores deliciosos; não é filme para mim…
“Japan, Japan” é um filme israelita pouco interessante e a primeira sessão do “Obsceno” já depois da meia noite foi para mim uma desilusão.
Num intervalo entre duas sessões aproveitei para ir comer alguma coisa a um local próximo, e enquanto comia entraram também para comer algo, três funcionários do S. Jorge, duas raparigas e um rapaz que falavam sobre o festival e sobre a homossexualidade; algumas coisas que foram ditas tiveram o seu interesse, principalmente por parte de uma das moças, mas também foram ditas várias coisas, nunca num tom homofóbico, que mostravam algum desconhecimento do assunto. Fui incapaz de me manter em silêncio e depois de ter pago e antes de sair dirigi-me á mesa deles e apresentei-me como espectador assíduo do festival e como homossexual, claro, pedindo desculpa da minha intromissão, mas explicando algumas situações que me tinham parecido pouco esclarecidas; aceitaram com prazer os 10 minutos de conversa que mantivemos e estou certo que ficaram a perceber melhor o que é ser-se homossexual; foi talvez o melhor momento do dia.
Amanhã há mais uma maratona…
Adenda: Devido ao adiantado da hora esqueci-me de referir dois factos, um dos quais imperdoável, e que foi o reencontro com o amigo Ding Ling, que não via desde o célebre jantar de Abril; o outro foi que vi também um documentário pouco interessante sobre o "coming out" do cinema queer, desde os seus começos nos anos 60, com cenas de certos filmes e entrevistas a realizadores e actores, nada de novo...

sexta-feira, 19 de setembro de 2008

Segredos de uma relação


Num dos números já saídos da revista “Com’ Out” (que continua excelente) foi publicada uma excelente entrevista com Richard Zimler, escritor americano, autor de livros de grande sucesso como “O Último Cabalista de Lisboa”, e que vive em Portugal desde há 18 anos (no Porto), tendo-se mesmo naturalizado português em 2002.

Dessa interessante entrevista fiquei a pensar durante algum tempo na resposta dada a uma pergunta que lhe foi feita.:
“Qual o segredo para a longevidade de uma relação?”
A sua resposta foi a seguinte:
“Respeito. Apaixonarmo-nos por alguém é muito fácil. Certos amigos meus apaixonam-se de dois em dois dias, é o mais fácil na vida. Mais difícil é aprender a respeitar o outro. Uma pessoa que tem opiniões diferentes das nossas. Eu tive de aprender isso. Eu comecei com opiniões formadas sobre muita coisa, pensando que qualquer opinião divergente era errada. Isso não é saudável para uma relação duradoura. A paixão vai diminuindo ao longo do tempo e tem de ser substituída por respeito e amizade, e quem não conseguir fazer isso vai perder a relação. Vejo muitos casais que ainda não aprenderam essa lição. Têm discussões terríveis em frente a outras pessoas e usam uma linguagem que indica que não desenvolveram respeito mútuo.”

Zimler sabe do que fala, pois vive em união de facto com o cientista Alexandre Quintanilha, há cerca de 30 anos. A palavra mais importante da sua resposta é respeito E desenganem-se os que pensam nas paixões eternas, pois elas são passageiras e dão lugar se forem vividas em plenitude, ao patamar mais alto do amor.
Pessoalmente a paixão torna-se-me desconfortável, pois comparo-a a um estado febril, a uma vivência exagerada e quase exclusiva com o outro, não é uma vivência normal; mas é necessária, pois sem a paixão o amor no seu estado mais restrito nunca existiria.

quarta-feira, 17 de setembro de 2008

"Saturno Contro"

Este é um dos filmes que vão ser apresentados no "Queer Festival" e é um dos que já vi, juntamente com o "Chuecatown", "Clandestinos", "The Houseboy" e "A Bigger Splash".
De todos eles, foi o que mais gostei; é do realizador turco, radicado em Itália, Ferzan Ozpetek, que tem outros bons filmes no seu currículo, nomeadamente o cèlebre "Hamam", além de "Le Fate Ignoranti", já apresentado numa edição anterior do Festival de Lisboa e ainda de um belìssimo "La Finestra di Fronte"; quase sempre com o mesmo leque de actores, entre eles Stefano Arcosi (o Cap. Salgueiro Maia do filme de Maria de Medeiros "Capitães de Abril"), aborda temas conotados com a homossexualidade, mas de uma forma muito bela e sensível.
Este filme ganhou vários Óscares do cinema italiano, no ano passado, entre eles o da melhor banda musical, em que sobressai este tema que acompanha o vídeo - "Passione", interpretado pelo cantor Neffa.
Um filme a não perder, de forma alguma.

segunda-feira, 15 de setembro de 2008

A Torre de La Défense


Há muito que aprecio o percurso de Luís Castro no panorama teatral português e embora com pouca assiduidade aos seus espectáculos, tenho acompanhado a sua luta em prol de um teatro diferente em Portugal., mormente através da “sua” Companhia KARNAT, fundada em 2001, em associação com outros nomes, que ultrapassam o universo estritamente teatral, pois englobam também fotógrafos, artistas plásticos, designers de moda, produtores e realizadores; recordo um espectáculo que me marcou muito, pois foi uma abordagem muito diferente da habitual versão da conhecida peça de Bernardo Santareno “António Marinheiro”. Ainda sobre esta Companhia, uma palavra para o magnífico espaço que a Karnat tem vindo a melhorar, do edifício da secção de Anatomia da antiga Escola de Medicina Veterinária, junto ao Liceu Camões, e que terá que ser abandonado até ao final do corrente ano, pois ali serão instalados serviços de apoio da Polícia Judiciária.
Ainda antes de abordar a peça, uma palavra para o conceito de perfinst, um neologismo resultante da união das palavras perfomance e instalação, e à qual Luís Castro tem dedicado muito da sua obra, em que o encenador flui entre as artes do palco e as artes visuais, recorrendo ou não a texto.
É aliás um exemplo perfeito de perfinst, esta encenação do texto do dramaturgo argentino Copi (1939-1987), do qual a Karnat já havia apresentado uma dupla abordagem de “L’homosexuel ou la difficulté de s’exprimer”, com 3 actizes, primeiro e depois com 3 actores; uma referência apenas à variada obra deste autor já apresentada em Portugal, com destaque para a peça “Eva Péron”, encenada soberbamente pelo “saudoso” Filipe La Féria da Casa da Comédia, numa interpretação inesquecível de Teresa Roby (considero pessoalmente a trilogia encenada por La Féria na Casa da Comédia, e constituída por esta peça, pelo “Evangelho segundo Pasolini” e pela peça de teatro no estilo japonês Kabuki, como das coisas mais “loucamente conseguidas” do teatro já feito em Portugal).
Mas, falemos da peça “A Torre de la Défense”, com um texto desconcertante à volta das personagens de um casal gay, de uma burguesa em ácido e sua filha, de um travesti, de um árabe e de um americano, numa noite de passagem de ano , num apartamento do bairro parisiense de La Defense; aliás as personagens da filha da burguesa e do americano, nunca chegam a estar presentes. Durante a primeira parte do espectáculo, as personagens vão evoluindo, e vão-se definindo através de diálogos sem concessões de palavras, numa representação quase estática e essencialmente gestual. Após o intervalo, os espectadores seguem para os bastidores, onde lhes são apresentados variados aspectos que documentam alguns aspectos marcantes do texto, bem como da preparação cénica, com referência a adereços e outras coisas; no centro do “palco” numa espécie de caixões repousam os corpos dos intérpretes, expostos na sua total nudez; segue-se depois a audição e não visualização da segunda parte do texto, em que as “falas” são acompanhadas de sonorização adequada.
No cômputo geral, o que mais me agradou foi a abordagem da peça, no tal conceito supracitado de perfinst, pois o texto, embora muito interessante, não tivesse tido uma defesa muito conseguida dos intérpretes, melhor os femininos que os masculinos, nomeadamente Margarida Cardeal, muito bem na burguesa ácida.
Enfim, uma maneira diferente de passar um serão de domingo, dominado nesta Lisboa de ontem quase totalmente, pelo concerto de Madonna; mas desse concerto muita gente amiga irá contar tudo…

sábado, 13 de setembro de 2008

Passado e presente: 8 - Walt Withman




"A pé e de coração aberto lanço-me à estrada larga.


Saudável, livre, o mundo à minha frente,


À minha frente o longo trilho pardo conduzindo aonde quer que eu escolha.


Doravante não peço mais boa-sorte, eu próprio sou a boa-sorte,


Doravante não mais lamurio, não mais adio, de nada preciso,


Acabados os queixumes portas-dentro, bibliotecas, críticas lamentosas.


Forte e contente percorro a estrada larga.


A terra, eis o suficiente,


Não quero as constelações mais próximas,


Sei que estão muito bem onde estão,Sei que bastam aos que delas precisam."




(...)in "Cântico da estrada larga" (FOLHAS DE ERVA)
Este post dedicada ao maior poeta americano - opinião subjectiva - foi publicado neste blog, originalmente a 14 de Novembro de 2006.

quarta-feira, 10 de setembro de 2008

Uma capa nojenta


Esta capa recente do jornal Público, que como toda a gente sabe é propriedade do senhor Belmiro de Azevedo, é um exemplo vergonhoso como a imprensa "séria" portuguesa brinca despudoradamente com assuntos da justiça e ironiza com uma pretensa inteligência balofa um caso que nesta altura teve o seu epílogo(?)...

Não quero entrar em considerações sobre a culpabilidade ou não de Paulo Pedroso, isso ultrapassa-me, mas acho que esta primeira página é um nojo!

Talvez mais que a "coincidência" da formatação desta capa, foi a coincidência do editorial do Público, no dia seguinte ao falhanço da OPA da Sonae sobre a PT, tivesse sido uma informação oficiosa de que seria a partir dessa data que José Sócrates saberia o que é a oposição de um órgão da comunicação social, dando perfeitamente a entender que foi culpa do Governo o falhanço da OPA; se "isto" aparecesse no "24 Horas", já seria pouco digno, mas no Público, torna-se objectivamente sujo.

segunda-feira, 8 de setembro de 2008

The day that never comes

O dia 12 de Setembro será para muita gente, no mundo inteiro, um dia há muito ansiado; finalmente, vai ser lançado no mercado o último álbum dos Metallica, cujo nome é “Death Magnetic”; embora desde o princípio do mês já se conheçam as músicas do álbum, vai ser um corrupio para o obter na próxima sexta feira.
Toda a gente sabe que não morro de amores pelo Heavy Metal e que foi para mim uma odisseia ter assistido no Rock in Rio à actuação dos diversos grupos que culminou com os Metallica (o amor faz disto…); mas e porque sei toda a ânsia do Déjan nos últimos tempos e o seu desejo enorme de ter a caixa especial e de limitada edição deste álbum, fiz a pré-compra da mesma na FNAC, até por servir de prenda de aniversário atrasada para ele; também só a posso ir buscar dia 12, e não é nada barata…
Quando o Déjan ouviu o álbum pela primeira vez, ficou maravilhado e disse-me que finalmente o grupo tinha voltado aos velhos tempos de há 20 anos atrás, com um som duro e puro (sic…).
Pedi-lhe que me poupasse a ouvir qualquer faixa, mas ele insistiu tanto que eu anuí em ver os primeiros dois minutos do vídeo promocional do álbum, “The Day That Never Comes”; e, surpresa das surpresas, vi e ouvi o vídeo todo…e gostei!
Talvez por ser um vídeo com uma história, e a música estar um bocado entroncada nessa história, gostei mesmo muito.
E por isso, ele aí está., o novo álbum dos Metallica.


sábado, 6 de setembro de 2008

Grandes compositores

Os grandes compositores clássicos, como qualquer humano, tinha a sua sexualidade apurada. Conta-se que, conforme o seu desempenho sexual, eram catalogados em quatro categorias diferentes, e que eram os impotentes, os semi-potentes, os potentes e os potentíssimos; ora aqui vão os mais importantes representantes de cada categoria:
Impotentes – naturalmente Bach, com a sua “Toccata e fuga”
Semi-potentes – seria lógico que fosse Schubbert, com a sua “Sinfonia Incompleta”
Potentes – obrigatoriamente Stravinsky, com a famosa “Sagração da Primavera”
Potentíssimos – só poderia ser Beethoven, que após a “1ª.”, fez a “2ª.”, a “3ª”, a “4ª”, a “5ª”, a “6ª”, a “7ª”, …a “8ª”…e a “9ª”…com coros!!!!


E a propósito de grandes compositores, é delicioso ouvir este número musical interpretado por Louis Armstrong e o famoso comediante Danny Kaye.

quarta-feira, 3 de setembro de 2008

O 500º.!!!

Sim, este é post nº. 5oo deste blog; sempre gostei de números redondos e assim é de assinalar.
Comecei a fazê-lo dois posts atrás e agora limito-me a assinalar o facto com um conjunto de fotos em que estou acompanhado da razão afinal deste blog e neste momento, da minha vida: o Déjan!Claro que a música só podia ser uma..."A nossa canção"!!!!
Puno hvala, ljuvab moja, VOLIM TE!

1. Belgrado, Setembro 2006

2. Cascais, Janeiro 2007

3. Whiton, Maio 2007

4. Londres, Maio 2007

5. Zadar, Setembro 2007

6. Porto, Junho 2008

7. Ponta da Piedade, Junho 2oo8

terça-feira, 2 de setembro de 2008

O segundo...


Um blog, tirando casos muito específicos, tem sempre uma evolução; evolução essa que depende em grande parte do seu autor, mas também da forma como o vão “moldando” os seus leitores e comentadores. E por falar em leitores e comentadores, que são muitas vezes entidades distintas, eles também têm uma evolução…
No que diz respeito à evolução de um blog, tenho notado isso no meu, como em vários outros que frequento; no meu caso, isso tem acontecido não de uma forma deliberada, mas sim de um modo que eu acho natural; sendo um blog de alguém que vive a sua sexualidade de uma forma perfeitamente assumida, desde sempre os assuntos ligados à homossexualidade aqui tiveram acolhimento e debate; mas reparo que nos últimos tempos, a quantidade de postagens ligadas a esses assuntos, directa ou indirectamente tem crescido. Também, e devido a um certo isolamento social da minha parte, há determinados acontecimentos que aqui não são referidos, por não os ter acompanhado, o que lamento (os filmes são disso um bom exemplo). O Déjan tem sido, e será decerto, cada vez mais, assunto deste blog, pois dia após dia ele está mais presente em mim. De resto, o blog continua a ser aquilo que sempre foi: um blog bastante pessoal, generalista, que procura alternar assuntos sérios com algum humor, e aberto a todos os que saibam e gostem de conjugar o verbo “tolerar” e também sejam capazes de ver algo além do seu umbigo…
E assim passo ao segundo ponto, que é sobre quem me lê e/ou me comenta; deixemo-nos de esconder o lixo debaixo do tapete, mas a verdade é que toda a gente que tem um blog, gosta de ter comentários! Mas há comentários e “comentários”; eu ao comentar prefiro não dizer nada, do que “nada” dizer; e já me cobraram por isso, quem não tinha a mínima autoridade para o fazer, mas enfim…
Já várias vezes o referi, um texto só se completa totalmente com os comentários, pois quantos deles não trazem um valor acrescentado ao que foi escrito e noutros casos ao contraporem pontos de vista diferentes, só estão a enriquecer e alargar o exposto. Já “sofri” a erosão do abandono de alguns (muito poucos) leitores/comentadores, e em todos os casos estou de consciência absolutamente tranquila e, sinceramente, não sinto a falta deles; os amigos que aqui já conquistei são bastantes e alguns deles permanecerão para além do eventual fecho deste ou de outro blog; outros há que não são ainda amigos grandes, porque ainda não houve oportunidade de haver qualquer contacto extra-blog, mas todos os autores dos blogs referidos na minha lista no blog, são amigos em formação…Amigos não eram com certeza os que saltaram do barco, mesmo aqueles a quem franqueei a minha casa para comigo jantarem.

Este post é assim uma reflexão mais genérica sobre o meu blog, na sequência do anterior e que precede um último deste trio; mas não esperem grandes surpresas, pois será um post muito mais singelo e menos palavroso do que estes dois.