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quinta-feira, 16 de abril de 2015

Doce Pássaro da Juventude


Vou dizer por palavras minhas muito pouco sobre esta peça produzida pelos Artistas Unidos e em exibição no S.Luiz, aqui em Lisboa.
 Apenas referir que achei a peça soberba em todos os aspectos, que considero Maria João Luiz uma das melhores acrizes da actualidade, que vejo Rúben Gomes a melhorar de papel para papel, que é admirável ver um actor como Américo Silva.
 E dizer que acima de tudo e num resumo demasiado simplista e talvez demasiado redutor, que é uma peça sobre essa tenebrosa palavra: o TEMPO.

De resto deixo um apontamento que transcrevo do programa:

"Uma actriz (Alexandra Del Lago) que envelhece e enfrenta o desastre de uma vida, longe dos doces anos da sua juventude. Um rapaz( Chance Wayne) que a conduz de volta à sua terra natal. É domingo de Páscoa, mas nada vai ressurgir, não haverá ressurreição. Mas todos procuram voltar a um passado feliz que um dia teve lugar. Enquanto decorre uma sórdida manobra política. Uma das peças mais secretas (e problemáticas*) de Tennesse Williams – e como tantas vezes a derrota perante o tempo, o derradeiro voo do pássaro da juventude?"

Mas deixo sobretudo um texto absolutamente genial de Jorge Silva Melo, que a propósito desta peça vai além dela e presta uma maravilhosa homenagem aos seus artistas. 
Mas convém não esquecer aquilo que a modéstia de Jorge Silva Melo não lhe permite escrever: sem ele não teríamos esta magnífica companhia de teatro tão bem denominada Artistas Unidos, sem ele, o teatro português estaria incomensuravelmente mais pobre. 
Por isso mesmo, muito obrigado Jorge Silva Melo.

ACTORES DESTES DIAS
São tão extraordinários, tão dotados, tão únicos os actores com quem há anos venho trabalhando uma, duas, só três ou quatro vezes, é tão extraordinária a liberdade e a integridade conseguidas nestes já quase 20 anos dos Artistas Unidos. E estava a ver as rugas começarem a surgir, os cabelos brancos a aparecer e pensei: não quero que estes actores a quem tudo devo, a vida, a arte, o amor, tudo, a vida de todos os dias, não quero que percam aqueles papéis que foram escritos para eles, não quero deixar passar o tempo, quero ver a Maria João Luís, quero ver a Catarina Wallenstein, sim, quero ver o Rúben Gomes, quero ver o Américo Silva, quero ver a Isabel Muñoz Cardoso, quero ver a Vânia Rodrigues e o Nuno Pardal e o Tiago Matias e o João Vaz, estes que se têm juntado a nós, sim, quero vê-los decifrarem comigo as tortuosas peças de Tennesse Williams, aqueles papéis que só podem fazer agora, agora que o doce pássaro da juventude lançou voo.
Comovi-me quando li o meu adorado Peter Stein dizer ao jornal Público “nunca quis ser encenador quando era novo, quero só ajudar uns actores”. É tal qual: ajudar uns actores que admiro, encontrar teatros, dinheiro, tempo, colegas, roupas para eles nos darem o que só os actores sabem, lágrimas, risos, suores, no fundo, abraços estreitos durante a noite.
E assim nasceu esta ideia de revisitar Tennesse Williams, fazer “Gata em Telhada de Zinco Quente” em 2014, “Doce Pássaro da Juventude” agora, “A Noite da Iguana” lá mais para a frente, peças de outros tempos, de outros palcos, peças que saberei ajudar a fazer, peças que, garanto, foram escritas aguardando os seus corpos, estas vozes.
Pois só isso agora desejo: ajudar a fazer.
E que cada espectador possa guardar dentro de si a ousadia destes artistas cuja disponibilidade não sei se merecemos.
Assim, voltamos a ver aqui no “Doce Pássaro da Juventude” quase todos os actores com quem trabalhei “Gata em Telhado de Zinco Quente” que estreámos em Setembro de 2014 em Viseu e andou pelo país. E mais alguns que a nós se juntam. Como se fôssemos uma companhia fixa, tivéssemos salas de ensaio, programássemos horas e dias, temporadas e trabalhos. Porque os actores têm dentro de si inesperadas personagens, máscaras, poesias.
Estreada em Nova Iorque em 1959 com encenação de Elia Kazan* e interpretação de Geraldine Page, Paul Newman e Rip Torn, “Doce Pássaro da Juventude” que Richard Brooks filmou em 1962 com quase todo o elenco original

é uma peça desequilibrada, poderosa, desarrumada, insólita em que Williams se debate com as convenções da sua Broadway e avança para campos apenas entrevistos*. Joga técnicas consideradas impossíveis, escreve um primeiro acto que é em si mesmo uma longa peça de duas personagens, desenvolve no segundo personagens e temas imprevistos, abandona personagens, são duas horas de vertigens várias, dolorosas.
E mais uma vez pede ao espectador que partilhe um segredo. “Eu não vos peço piedade, só peço a vossa compreensão – não, nem isso – não. Apenas que me reconheçam a mim dentro de vós próprios, e ao inimigo, o tempo, em todos nós.”, diz Chance Wayne e podia acrescentar com o imenso Baudelaire “hypocrite lecteur, mon semblable, mon frère”.
Talvez seja esse o seu apelo, tratar-nos como irmãos.
Mas será possível devolver ao teatro aquilo que aparentemente o cinema fixou? Será possível voltar a estas peças sem as cores esplendorosas de Hollywood? Será possível a St,Cloud (cidade onde a peça se desenrola) sem Kazan nem Richard Brooks? Será possível ver outra vez Alexandra Del Lago e Chance Wayne e ver como eles falam mesmo de nós, da nossa cobardia, dos nossos medos, do tal “tempo que passa por cima de nós”? Será possível voltar a pôr no palco estes dilemas, esta ansiedade, esta sofreguidão?
Olha, é uma aposta. E aqui estamos”.


* - não percam a leitura deste magnífico texto da autoria de Carlos Marques da Silva 

segunda-feira, 6 de abril de 2015

"Le Gouffre"


Pelo menos dois anos foram necessários para criar de A a Z “ Le Gouffre”, uma curta metragem independente que continua a acumular prémios desde a sua difusão gratuita na Internet.

"Dois jovens aventureiros atravessam o mundo até que o seu percurso fica bloqueado por um imenso abismo aparentemente inultrapassável. Irão eles renunciar ao seu projecto?”

É esta em resumo a história posta no ecrã duma maneira muito poética por uma jovem equipa criativa de Montreal, que tomou o nome de “Studio Lightning Boy”.
O que aparece como particularmente notável com “Le Gouffre” é a sincera experiência humana que está escondida por detrás do ecrã.
Durante 10 minutos de animação são dezenas de artistas que se mobilizam, se organizam e acreditam suficientemente no seu projecto para o tornar uma realidade.
A aventura começa pelo imenso sucesso de uma campanha de “crowdfunding” no Kirkstarter.
Foi o público que lhes permitiu reunir os fundos necessários à pós-produção.
Sem esse movimento colectivo nada poderia ter sido concretizado.
Quase 24000 dólares foram reunidos pela equipa quando o seu objectivo era apenas de 5000.
A paixão e determinação dos três jovens fundadores - Carl Boucheman, Thomas Chéritien e David Forest - parece ter conseguido atingir o seu fim.
Note-se que não é muito normal dedicar dois anos da sua vida para produzir um filme de 10 minutos. O resultado é absolutamente incrível: qualidade de animação, banda sonora digna de uma grande produção, poesia, “Le Gouffre” é tudo isso!
O fruto destes esforços levam no começo de 2015 a uma projecção privada e depois a uma distribuição gratuita na Internet.
Seleccionada em mais de 40 festivais em todo o mundo, esta curta metragem de animação já obteve seis prémios, três dos quais para a melhor animação.
Um sucesso criativo e colectivo de um projecto de dimensão humana que dá gosto de se ver.
Le Gouffre from Lightning Boy Studio on Vimeo.

Para vos convidar a compreender todas as particularidades deste projecto, estes dois anos de esforços foram “ilustrados” num vídeo bónus, em que se resume a aventura.
The Journey Behind Le Gouffre from Lightning Boy Studio on

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quinta-feira, 19 de março de 2015

"A Rosa Azul" e "Protege-me do que eu quero"

“A Rosa Azul” é um filme clássico realizado em 1965 por Chuck Renslow para o Kris Studios.
Este poético filme é uma extensão da fotografia do físico masculino na época, que Renslow cultivava. Para os padrões actuais o filme é muito puro, contudo em 1965, os filmes seguia as apertadas leis que então vigoravam para escapar à classificação de obscenidade.
Steve Kotis como o pastor grego e Ralph Kleiner na personagem que era encantado pela rosa azul são os protagonistas.



“Protege-me do que eu quero” é um filme realizado em 2009 por Dominic Leclerc, em que Saleem (Naveed Choudhry) é um estudante indiano que vive com os seus pais em Leeds (Inglaterra), e encontra Daz ( Elliott Tittensor) numa situação de engate, embora ele seja virgem, e têm uma noite de sexo com agrado mútuo.
 Mas, pela manhã, Saleem sente-se envergonhado do que fez e declara a Daz que não o quer ver mais. Da varanda, este observa o jovem indiano a afastar-se apressadamente, e algo há que o faz ficar feliz...
É um filme actual, com algum sexo explícito (longe de ser pornográfico), bem diferente do filme de 1965, mas igualmente muito puro na forma como é apresentada uma situação que se põe a tantos jovens – ter sexo pela primeira vez com outro homem, sendo esse o seu desejo, mas também o seu medo...

 

sábado, 7 de março de 2015

Julian Schnabel


A família de Julian Schnabel estabelece-se em Brownsville, no Texas, em 1965.
O adolescente que canta numa banda rock e grava um primeiro álbum, estuda na Houston University, Texas, entre 1969 e 1973, obtendo o seu BFA (Bachelor of Fine Arts) em 1973.
No final dos estudos, muda-se para Nova Iorque e frequenta o programa de estudos independentes do Whitney Museum of American Art em 1973-1974.
Decide então ser pintor, fixando-se na cidade de origem (trabalhando ao mesmo tempo como taxista e cozinheiro até 1976).
As suas obras são mostradas pela primeira vez em 1975, durante uma exposição no Contemporary Arts Museum de Houston.
Nessa altura viaja várias vezes até à Europa.
Em Barcelona, interessa-se muito pela utilização das cerâmicas partidas de Antoni Gaudí, no parque Güell.
Em reação à arte minimalista e conceptual da década de 1970, e criando obras consistentes, defende um regresso à pintura com temas figurativos e narrativos.
Esta pintura irá passar a ser conhecida por «Bad Painting» (má pintura), expressão que surgiu em 1978.
Corresponde a uma crítica ao bom gosto, que considera demasiado puritano, da geração anterior, e a uma vontade de reabilitação de uma subcultura.
Os grandes formatos transmitem uma sensação de vitalidade.
A distorção das formas e a violência das cores são à imagem do mundo.
Com Julian Schnabel, os outros seguidores da Bad Painting – David Salle, Robert Longo  e Malcolm Morley – os «grafitistas» – Keith Haring e Jean-Michel Basquiat – irão desencadear a indignação de uma crítica bem pensante.
A primeira exposição individual de Julian Schnabel em Nova Iorque acontece em 1979, na Mary Boone Gallery, tornando-o uma figura importante desse neoexpressionismo nova-iorquino.
A participação, em 1980, na Bienal de Veneza dá-lhe uma notoriedade internacional e a presença na exposição da Royal Academy of Arts, em Londres, no ano seguinte – A New Spirit in Painting – relaciona-o à transvanguarda italiana, ao neofauvismo alemão e à figuração livre em França.
O artista impõe-se, apoiado numa forte personalidade.
A partir de 1982, participa em várias exposições pelo mundo fora.
Recuperando a ideia de lixo, de deterioração, mas sem a estratégia glacial e decorativa da Pop Art, no início da década de 1980 dedica-se a colar, em painéis de madeira, cacos de pratos que cobre parcialmente com cores vivas.
Os formatos são frequentemente monumentais, cobrindo paredes inteiras.
O expressionismo é violento, no conteúdo e na forma.
Provoca voluntariamente o choque do espectador, não só pela técnica, mas também por temas como um Cristo na cruz ou um São Francisco em êxtase.
Regressa mais tarde a um expressionismo mais tradicional, quase minimalista, sempre sob o tema da religião (Holy Night [Noite Santa], The Incantation [A Evocação], ambas de 1984, Veronica’s Veil [O Véu de Verónica], 1983, e as séries Recognitions  [Reconhecimentos] e Stations of the Cross [Via Sacra], de 1987), trabalhando sobre veludo, tela alcatroada ou couro.
Aos trinta e seis anos, Schnabel publica uma autobiografia CVJ: Nicknames of Maitre D’S and Other Excerpts from Life (1987, Random House).
Regressa à música com um álbum, Every Silver Lining Has a Cloud (1995, Polygram Records).
Em 2002, é diretor artístico do álbum By the Way da banda The Red Hot Chili Peppers.
Instalado no mundo artístico, Julian Schnabel vira-se para o cinema.
O início desta carreira está diretamente ligado ao seu próprio percurso artístico: em 1996, escreve e realiza Basquiat – uma homenagem ao amigo e pintor Jean-Michel Basquiat, que conheceu em 1981, falecido prematuramente em 1988.
O filme seguinte, de 2001, Before Night Falls [Antes que anoiteça] – no qual é argumentista, realizador e produtor – é dedicado à vida do escritor cubano Reinaldo Arenas que, após desilusões, exílio e detenção, acaba por se suicidar em 1990.
Em 2007 adapta ao cinema o romance autobiográfico do jornalista francês Jean Dominique Bauby, Le Scaphandre et le papillon [O escafandro e a borboleta], filme premiado no Festival de Cannes e nos Golden Globes.
Nos seus filmes, Julian Schnabel perpetua a memória daqueles que foram derrotados por dramas pessoais.
Confirma o interesse por este tema quando realiza, em 2007, Berlin, um documentário que mostra o outro lado da tournée do lendário músico rock Lou Reed, baseado no seu álbum Berlin, de 1973.
Esta grande figura da arte contemporânea, hoje em dia representada nos mais importantes museus do mundo, nunca interrompeu o seu trabalho de pintor.
Privilegiando a relação com o espaço de exposição, escolhendo o tema em consequência, adapta a sua obra a cada exposição, como recentemente, em 2007, em Itália, no Palazzo Venezia de Roma e na Rotonda della Besana de Milão, no Schloss Derneburg de Holle, Alemanha, e na Tabacalera Donostia de San Sebastian, Espanha.
Depois do World Art Museum de Pequim, China, expõe na Gagosian Gallery de Beverly Hills, nos Estados Unidos, onde mostra um trabalho sobre o último dia de Cristo com radiografias encontradas em Berck (França), durante a rodagem do filme Le Scaphandre et le papillon.





















domingo, 15 de fevereiro de 2015

Veneza no cinema

Esta postagem é talvez a mais longa jamais posta no meu blog, e decerto uma das mais trabalhosas. Eu adoro a cidade de Veneza, que é uma cidade mágica. Talvez por isso, é porventura um dos locais mais escolhidos para cenário de filmes, desde há muito. Atrevo-me mesmo a afirmar que Veneza é a cidade mais cinematográfica que existe, com centenas de filmes, desde as grandes obras a filmes medíocres a terem cenas ali filmadas. Vi muitas, mesmo muitas cenas desses filmes (não de todos, como é óbvio) e fiz uma selecção, não tão curta como eu gostaria, mas que ficou assim... Por um lado há variados trailers de filmes passados em Veneza, alguns são hoje clássicos da 7ª^.Arte, e por outro há imagens de muitos outros. Espero que gostem, que procurem visionar alguns destes filmes e por favor, se puderem, vão a Veneza e façam o vosso próprio filme.

"Morte em Veneza"


"O Turista"


"Loucura em Veneza"


"Casanova" (1976)

"As asas do amor" "
   
"Estranha Sedução"

"Elfie Gray"


"Imperdoáveis"


"The Thief Lord"

"Aquele Inverno em Veneza"

"O Código Tempesta"

"Casanova" - 2005

"O Mercador de Veneza"


E vejamos agora as fotos relativas a outros filmes:



















"Eva"


























terça-feira, 30 de setembro de 2014

Balanço do Queer da maioridade

Porque o Queer me monopolizou na passada semana e também outro acontecimento, porque tive gente em casa até hoje e porque estou com uma estranha preguiça para com tudo o que se refere à Blogosfera, resolvi fazer um "assalto" á muito bem elaborada crítica que o meu querido amigo Luís Veríssimo, com quem tantas vezes partilho ideias durante os vários Queer, e em que estamos quase sempre de acordo, e pegar no seu artigo do "Dezanove", e pespegá-lo aqui, até porque estou quase em 100% de acordo com o que nele está inserto (o que falta para os 100% são alguns filmes que não vi).
Assim aqui vai a crónica do Luís:
"O Queer Lisboa na sua maioridade foi uma das edições mais curiosas dos últimos anos. 
E acentuou aquilo que tem vindo a ser hábito nas últimas edições: os filmes mais comentados não receberam prémios. 
No meio de algumas desilusões lá pelo meio se pode assistir a boas histórias. 
Entre o Queer Focus dedicado a África e a retrospectiva a John Waters, o público teve ainda a possibilidade de ver e rever histórias e visões abrangentes de outros mundos menos vistos.

 Comecemos então pelos vencidos: "Rosie" (Alemanha, Suíça, 2013), de Marcel Gisler, venceu o prémio do público e era apontado como um forte candidato a ganhar o patinho para melhor filme ou o prémio de melhor interpretação feminina para Sibylle Brunner. A história do escritor gay a sofrer de um bloqueio literário que tem que lidar com a sua mãe idosa, doente e a perder a sanidade e com a descoberta de um novo amor mais novo não convenceu o júri e saiu do S. Jorge com o prémio de consolação.



O filme que não teve consolação nenhuma foi "Stand" (França, 2013), de Jonathan Taieb. Este drama que fala da homofobia que se vive na Rússia é visto como uma pelicula oportuna, sem ser oportunista, fazendo o balanço entre o que é ser gay numa sociedade governada por um Putin e o que é que leva alguém a lutar contra ataques que violam os direitos humanos.



Competição de Longas-Metragens

 "Something Must Break" (Suécia, 2014), de Ester Martin Bergsmark recebeu dois prémios, melhor filme e um dos prémios de melhor interpretação para Saga Becker.
O Verão sueco deixa de ser pacato quando eclode a história de amor entre dois rapazes, um, o andrógeno Sebastian e o outro, Andreas, que não é gay.
Segundo o júri, o filme recebeu o prémio "pela sua desafiante originalidade e visão pungente.
Este é um filme eminentemente físico que mexe com os nossos sentidos de forma inesperada – é um filme do qual quase sentimos o sabor e o cheiro.



O segundo prémio de interpretação foi para Kostas Nikoulionde, que é o jovem Danny de 16 anos em "Xenia" (Grécia, França, Bélgica, 2014), de Panos H. Koutras, onde com o seu irmão decidem (re)encontrarem-se num país sem pátria, numa família identidade.
O terceiro prémio de interpretação foi entregue a Angelique Litzenburger em "Party Girl" (França, 2014), de Marie Amachoukeli, Claire Burger e Samuel Theis, onde faz de si própria, uma empregada de bar de 60 anos que ainda gosta de se divertir.

 Este ano o júri decidiu dar uma Menção Honrosa a "Atlántida" (Argentina, França, 2014), de Inés María Barrionuevo, a descoberta de algo novo das irmãs Lúcia e Elena, numa tarde de Verão de 1987, onde os desejos florescem e poderão explodir.


Competição de Documentários

O prémio para melhor documentário foi para "Julia" (Alemanha, Lituânia, 2013), de J. Jackie Baier. O que leva exactamente um estudante a deixar a sua casa na Lituânia e tornar-se uma rapariga a vender o corpo nas ruas de Berlim, em pestilentos backrooms e nos assentos pegajosos de um cinema
porno?

Já o prémio do público foi recebido por "São Paulo em Hi-Fi" (Brasil, 2013), de Lufe Steffen. Os anos 1960, 70 e 80 da noite paulista, vistos pelos que os viveram, onde a ditadura militar brasileira e a eclosão da SIDA ditaram as regras.



Vamos às Curtas?

"Mondial 2010" (Líbano, 2014), de Roy Dib foi eleito como a melhor curta-metragem por, entre outras coisas, "nos fazer pensar: pode uma cidade ser queer?".
 "Frei Luís de Sousa" (Portugal, 2014), de Silly Season, a pior curta-metragem portuguesa que estava este ano em exibição no Festival, foi considerada a melhor curta-portuguesa pelo júri desta secção. "Gabrielle" (Bélgica, 2013), de Margo Fruitier e Paul Cartron mereceu uma menção honrosa.
O público deliciou-se com o genial "Cigano" (Portugal, 2013), de David Bonneville, com um maravilhoso Tiago Aldeia e atribui-lhe a sua preferência.



O júri decidiu ainda atribuir uma menção honrosa a "Gabrielle" (Bélgica, 2013), de Margo Fruitier e Paul Cartron.

 Já na secção In My Shorts a eleita foi "Bonne Espérance"(Suíça, 2013), de Kaspar Schiltknecht, segundo o Júri, "Pela sua energia e subtileza na abordagem de um tema de intimidade e desejo."

Agora esperemos que os portuenses usufruam do bom cinema de John Waters no ano zero do Queer Porto."

Não vi os filmes aqui referidos: "Party Girl", "Atlântida", "Júlia", "S.Paulo em Hi-Fi", "Mondial em 2010", Gabrielle"

sexta-feira, 19 de setembro de 2014

Queer Lisboa 18


Começa hoje e termina a 27 do corrente mais um Festival Queer de Lisboa.
Como sempre estarei presente naquele que é já considerado um dos mais importantes festivais de cinema de temática LGBT do mundo.
Este ano a oferta de filmes é a mais numerosa de sempre e tem além das salas habituais dos últimos anos, no cinema S.Jorge, um desdobramento na Cinemateca Nacional (bem perto), onde passarão dois ciclos importantes: um sobre cinema LGBT africano, essencialmente documental, e uma retrospectiva dos filmes de John Walters.
Também e pela primeira vez, o festival "visitará" a cidade do Porto.
É um dos momentos anuais que mais me empolga, pois tenho uma enorme colecção de filmes LGBT e sigo com alguma atenção o que se vai fazendo.
Assim, parece-me que este ano, vai ser um festival bastante equilibrado, sem filmes de grande renome, mas com alguns deles bastante premiados. Estarei bastante atento às curtas...
Hoje e como filme de abertura será exibida a versão longa de uma curta brasileira de enorme êxito de há dois anos, "Hoje eu quero voltar sózinho".

Vou passar a semana em Lisboa (uma forma de falar), e dias há, como por exemplo no próximo domingo, em que verei 5 sessões seguidas...
Quem corre por gosto, não se cansa.

terça-feira, 9 de setembro de 2014

"Con qué la lavaré"


Vi esta curta de animação, um género do qual até nem sou um particular adepto, no saudoso cinema Quarteto, já há uns anos, no âmbito do então Festival de Cinema  Gay e Lésbico de Lisboa, hoje denominado Queer Lisboa sendo que a edição deste ano se inicia já no final da próxima semana.
Na altura gostei imenso desta curta metragem, premiada em variadíssimos festivais, incluido o Indie Lisboa.
É um filme quase surrealista, de uma beleza assombrosa, com cores ao mesmo tempo garridas e muito carregadas, cheio de pequenos pormenores deliciosos e com homenagens bastante assumidas a diversos artistas como Pierre et Gilles, Cocteau, Fassbinder, Mapplethorp, Tom Of Finland, David Hockney, Genet e outros.

domingo, 20 de julho de 2014

Dimitris Papaioannou

Dimitris Papaioannou, nasceu em Atenas em 1964 e é um encenador, coreógrafo e artista visual que começou a ser conhecido quando apresentou a coreografia da cerimónia de abertura dos Jogos Olímpicos de Atenas, em 2004.
Mas o seu percurso artístico começou muito antes.
Começou por ser um artista visual, ilustrador e criador de “comics”, tendo apresentado o seu trabalho em numerosas exposições, produziu ilustrações para diversas revistas e coeditou um “fanzine” (1986-1992), que foi das primeiras publicações com artigos abertamente gays a aparecer na Grécia, tendo colaborado noutras publicações de índole gay e publicou cerca de 40 “comics”, muitas delas de teor gay, algumas com desenhos bastante explícitos.
Em 1986 começou a interessar-se pela dança e pelas artes “per formativas”.
Esteve nesse ano em Nova York, e chegou a interpretar e coreografar uma ópera em Baltimore.
No seu regresso a Atenas fundou com Angeliki Stellatou a “Edafos Dance Theatre” (1986-2002), tendo nesses 16 anos coreografado e produzido todas as 17 obras desse grupo.
Em 1989 esteve na Alemanha onde trabalhou numa obra com Tom Waits e Robert Wilson.
As suas mais conhecidas coreografias são pois desse tempo, não só na sua Companhia, mas também noutros projectos, entre eles, duas óperas e coreografias para peças de teatro apresentadas pelo Teatro Nacional Grego; ao mesmo tempo colaborou com a Ópera Nacional Grega e com diversas companhias de dança, como coreógrafo, dançarino e também no guarda roupa.
E também teve algumas ligações ao cinema.
 Não surpreendeu que tivesse sido convidado para Director Artístico das cerimónias de abertura e encerramento das Olimpíadas de 2004, realizadas em Atenas e pelas quais ficou mundialmente famoso. Posteriormente, em 2006 apresentou a sua obra de maior “fôlego”, denominada 2 (“Two”), com um imenso sucesso, com muitas referências à homossexualidade e em que também participou como intérprete.
Continua a trabalhar em novas coreografias nas quais se distinguem “Nowhere”(2009) e “Still Life”(2014).
Tendo apenas 50 anos é hoje uma das maiores referências da coreografia mundial e muito há ainda a esperar da sua futura obra

Gostaria muito de apresentar aqui vários vídeos das suas obras, o que tornaria esta postagem longa e de demasiada duração; mas elas podem ser procuradas ou no "You Tube" ou no "Vimeo".
No entanto aqui deixo três vídeos.
Um, fundamental, apesar da sua duração (cerca de 30 minutos), contém extractos das suas obras dos últimos 10 anos e é imperdível.
No entanto e para quem não tenha a paciência de o ver, fica aqui um apontamento, lindíssimo,de"Nowhere",
NOWHERE (2009) / central scene / for Pina from Dimitris Papaioannou on Vimeo.

E finalmente para aguçar o apetite para o filme de longa metragem 2("Two"), que eu tirei pelo "e-mule", fica também uma amostra desta obra invulgar.


Espero que gostem, pelo menos tanto, como eu gostei de conhecer Dimitris Papaioannou e a sua obra.

domingo, 8 de junho de 2014

"La Vie d'Adèle"

Vi recentemente o filme “La Vie d’Adèle” realizado pelo tunisino Abdellatif Kechiche, em 2013 e que entre outros prémios venceu a Palma de Ouro do Festival de Cannes do ano passado. 
Tem duas interpretações portentosas, da já conhecida Léa Seydoux, mas principalmente da muito jovem Adèle Exarchopoulos e algumas cenas verdadeiramente fortes, embora perfeitamente integradas na acção do filme. 
A vida de Adèle muda quando ela encontra Emma, uma rapariga de cabelo azul, que lhe permite descobrir o desejo e afirmar-se como mulher e como adulta. Perante os outros ela procura-se a si própria, perde-se, mas acaba por se encontrar através do amor e da perda.
É um filme excelente e que me fez recordar entre outros o melhor filme lésbico que já vi – “Aimée & Jaguar”, um filme alemão datado de 1999, realizado por Max Färberböck e interpretado por Maria Shrader e Juliane Köhler e cuja acção se passa em Berlim durante a II G.G.
Mostra-nos uma intensa e perigosa relação amorosa entre uma mulher casada com um oficial nazi e uma jovem judia integrada num movimento activista anti-nazi.
Foi um filme que vi num Festival de Cinema LGBT, de Lisboa, no velho cinema Roma e que muito me marcou.

Como não é muito comum, deixo aqui uma referência a vários filmes com temática lésbica que tiveram assinalável êxito, sem qualquer encadeamento cronológico.













E também assinalar uma série sobre o mesmo tema e que continua a ser a série de referência sobre o lesbianismo – “The L World” (2004-2009).


Para quem esteja interessado nos dois filmes referidos, podem visioná-los completos no "You Tube"
"A Vida d'Adèle" ...........https://www.youtube.com/watch?v=FAAXfReT4pQ
"Aimée & Jaguar"...........https://www.youtube.com/watch?v=AYSUE2YY-yU