terça-feira, 27 de setembro de 2011

Re(li)gata


Depois de ver o Miguel "ressuscitar" David Mourão Ferreira, relembrei um dos seus poemas de que mais gostei, um hino à sensualidade feminina.

"Quando em lugar de feltro é de barro de Outubro
o calor interior das coxas habitadas
Quando a língua é um barco avançando no escuro
de um canal de Corinto entre pardas escarpas
Quando o cheiro do Mar se desdobra em veludo
Quando rompe na boca o mistério das algas
Quando em baixo o teu pé a triturar-me o surdo
Perímetro do sexo encontra a madrugada
Quando mais se aproxima a náutica do culto
Quando mais o altar se mostra navegável
Quando mais eu descubro e restauro e misturo
Na crista litoral de súbito ampliada
o ritual do grito o ritual do cuspo
e vês que ninguém mais merece esta homenagem
é que enfim te possuo é que enfim te reduzo
a uma luva uma esponja uma deusa uma nave"

David Mourão-Ferreira

domingo, 25 de setembro de 2011

15º. Queer Lisboa (balanço final)

Terminou o 15º. Queer Lisboa e o grande e merecido vencedor foi o filme “Rosa Morena”, uma co-produção entre o Brasil e a Dinamarca, realizada por Carlos Oliveira, filme a que eu já tinha dado um especial destaque no post anterior.
Antes de falar no resto do palmarés, quero dar um breve resumo desta segunda parte do festival, na minha perspectiva. Vi mais dois filmes a concurso para o melhor filme, tendo assim assistido a sete dos 10 candidatos. Um inenarrável filme grego, com um nome qualquer e que foi das piores coisas que vi na minha vida (a Grécia está mesmo em crise…), e um muito interessante filme alemão, cujo nome inglês é “The Harvest”, passado numa comunidade agrícola, longe do bulício das grandes cidades e onde se vai desenvolvendo um belo relacionamento entre dois jovens trabalhadores-estudantes.
Fora de competições vi o melhor filme de todo o festival: o peruano “Contracorriente”, que não pôde concorrer ao prémio do melhor filme por ser já de 2009. É um filme soberbo, passado numa pobre comunidade piscatória do Perú, em que aparece um fotógrafo e pintor oriundo da cidade e de outro mundo, o qual se apaixona por um homem casado, em vésperas de ser pai e que, naturalmente, embora nutrindo sentimentos muito intensos entre eles, têm uma visão diferenciada desse mesmo relacionamento; depois do desaparecimento do fotógrafo, ele ( o seu fantasma) continua a “conviver” com o seu amante, até que é descoberto o seu corpo no fundo do mar. O seu amante, contra tudo e contra todos, assume a relação que entre eles existiu, ao fazer-lhe um enterro naquelas paragens, como seria seu desejo. É um drama intenso, mas nunca piegas, que aconselho vivamente a que procurem obter e ver.

Também com muito interesse, nesta secção Panorama, não em concurso, vi dois excelentes filmes: o argentino “Piedras”, onde dois jovens modificam a sua vida depois de assistirem a uma festa e um muito especial “Miss Kicki”, uma co-produção entre a Suécia e Taiwan, com uma envolvente viagem que desnuda o relacionamento entre uma mulher de meia idade e o seu jovem filho.
Nos documentários, assisti apenas a mais um – “Rent Boys”, do conhecido realizador alemão Rosa von Praunheim, sobre a vida dos jovens prostitutos berlinenses, sendo a secção a concurso de que vi menos filmes, quatro em dez.
Vi um filme da secção Queer Art, que desperta muito interesse em muita gente, mas não a mim; o filme visto foi sobre a carreira do realizador Bruce LABruce, um dos ícones dos festivais Queer de Lisboa, e que não é muito o meu género; o filme chamava-se “The Advocate for Fagdom”.
Resta falar das curtas metragens, das quais vi várias com muito interesse: ”Eu não quero voltar sozinho” (Brasil), “Fuckbuddies” (Espanha), “The Game kiss” (Indonésia), “Loop Planes” (EUA), “Plan Cul” (França), “Love 100%C” (Coreia do Sul), “Spring” (Reino Unido) e “Uniformadas” (Espanha).
Concluindo, foi um bom festival, com alguns filmes muito bons (Contracorrientes e Rosa Morena), um filme que não se entende como foi seleccionado – o grego; com um muito apropriado filme de abertura (Uivo) e um, quanto a mim, muito mal escolhido filme de encerramento, muito antigo e muito datado (Taxi Zum Klo).
Tenho pena de não ter assistido a um dos momentos mais importantes do festival, que foi o aparecimento após a projecção do filme “The Life and Death from Celso Júnior”, deste entusiasta pelo cinema gay, de quem me orgulho de ser seu amigo e que pode bem ser apelidado do “pai” do Festival LGBT de Lisboa. A sua apresentação como drag queen, mas com as inseparáveis botas foi um momento único, para quem viu…
A cinematografia latino americana imperou em quantidade e qualidade.
E agora o palmarés:
Melhor filme de ficção.: “Rosa Morena” de Carlos Oliveira.
Melhor actriz: Corinna Harfouch, em “Looking for Simon”
Melhor actor: Roberto Farias, em “Mi ultimo round”
Melhor documentário; “I am” de Sonali Gulati (India) …..(não vi)
Melhor curta metragem, por votação do público: “Não quero voltar sozinho”, de Daniel Ribeiro (Brasil).


As decisões parecem ser as da maior parte do público, pelo que os júris
estão de parabéns.
Passaram 8000 pessoas pelas sessões do cinema S.Jorge; parabéns à organização.

quarta-feira, 21 de setembro de 2011

15º.Queer Lisboa (1º.Balanço)

O festival vai a meio e é altura para fazer um primeiro balanço.
A sessão de abertura teve um filme à altura, pois tendo este festival como tema a transgressão, poucos filmes poderiam representar esse tema como  "Uivo" (Howl), de Rob Epstein e Jeffrey Friedman, com James Franco no papel do poeta Allen Ginsberg - este filme estreia quinta feira no circuito comercial; casa cheia, noite muito agradável sob todos os aspectos.
Dos filmes seleccionados para a melhor longa metragem de ficção, vi até agora cinco, e todos eles com motivos de interesse: "Looking for Simon", uma produção franco-germânica sobre um jovem desaparecido que a mãe procura na companhia do seu ex-namorado; o chileno "Mi último round" sobre a vida de um pugilista e do seu jovem amante, passado numa Santiago cinzenta e chuvosa, triste como o filme, mas com interesse pois não entra nos clichés dos filmes gay; o tão esperado "Ausente", um filme argentino, de que gostei francamente sobre a situação entre um aluno e o seu professor de educação física, que vão jogando ao "gato e ao rato" no seu relacionamento (um caso interessante de debater será se a homossexualidade do professor só se manifesta perante a situação causada ou se já havia antecedentes); um filme alemão, ao mesmo tempo divertido e muito sério sobre o problema da mudança de género - "Romeos", e finalmente o filme deste grupo que mais me seduziu: "Rosa Morena", um co-produção entre o Brasil e a Dinamarca, que relata a ida a S.Paulo de um homossexual dinamarquês a fim de comprar um bebé para adoptar, de uma rapariga grávida que se torna um problema difícil. Não é um filme de tema LGBT, mas sim um drama que tem uma personagem gay - é um filme terno e duro, que para mim será um forte candidato a ganhar o festival

Quanto a documentários, vi um muito interessante filme alemão "Silver Girls". sobre a vida de três prostitutas berlinenses e a forma muito natural como encaram a sua profissão mostrando o seu dia a dia e até a sua vida familiar: um  outro filme com interesse, "Mia, a japonese icon", um dos artistas de entretenimento japoneses mais conhecidos; e um filme tailandês, verdadeiramente mau,"The Terrorists".
Vi um filme da secção especial, que gostei bastante, "FIT", sobre uma turma de dança que se torna numa quase terapia para alunos desadaptados no que respeita à sua homossexualidade ou à forma como a vêem.
Ainda antes de falar nas curtas metragens,uma palavra para um longo e chato filme porno americano, que não aguentei até ao fim - "Leave Blank" e outra para um dos melhores momentos do festival: a peça da companhia espanhola "Sudhum Teatro" que se chama "Silenciados", com cinco magníficos intérpretes, e que representam o assassinato de cinco tipos de pessoas, pelo preconceito contra a homossexualidade - um prisioneiro gay num campo de concentração nazi, um activista LGBT, uma transsexual, um católico gay, cheio das contradições entre sexualidade e religião, e um jovem vítima de bullyng.
Uma encenação simples , mas muito conseguida e a inserção de conhecidas músicas muito oportunamente.
Eis um vídeo sobre esta peça

Finalmente, as curtas metragens, das quais poucas vi ainda, tendo gostado muito de uma que já conhecia "Blokes" da Argentina, de uma bastante má, brasileira, "Duelo",;de uma sofrível alemã,"Beardead Man", de uma idiota israelita, "The Wanker"; e de uma estreia do português Luís Assis com o sua interessante "10 Dias (sem bater)".
Guardo para o fim, o momento mais transgressor deste festival: a curta de animação "Judas & Jesus", que é tudo menos um filme gay, mas é verdadeiramente "hard", e que justifica plenamente o aviso para adultos no início do blog. (um aviso - se tiver algum preconceito para algo que atente contra a religião é melhor não ver o vídeo); mas se o vir vai-se rir com certeza...



No final do festival,cá estarei com mais novidades.

sexta-feira, 16 de setembro de 2011

15º Queer Lisboa


Pois é, inicia-se para mim, hoje, a habitual maratona anual de cinema, que desde o seu início, apenas falhei duas vezes, por estar em Belgrado: o ano passado e há quatro anos.
De resto, é sempre um saco cheio de filmes; desde que sai a programação, é uma cuidada preparação do meu programa, para ver o máximo de filmes, possível. Devido ao desdobramento de algumas sessões, consegui o objectivo de ver tudo quanto queria.
Vou ao S.Jorge todos os dias do festival e verei 25 sessões de cinema e uma de teatro - uma estreia no Queer. Como tenho tempo e sou viciado mesmo em filmes de temática gay, será mesmo assim, com bastantes dias a assistir a 4 sessões.
Expectativas? Não muitas...O filme de abertura, hoje- "Howl", "ausente", "Contracorriente" e uma curta "Fuckbuddies".
Decepcionou-me bastante a escolha do filme de encerramento, um filme alemão já antigo, e que sinceramente não gostei, quando o vi.

Por estas razões, vou estar menos presente aqui na blogosfera durante uma semana, e no final do Queer aqui deixarei as minhas impressões.
Espero encontrar alguns de vocês por lá; aqueles que não conheço pessoalmente, e que conhecem a minha cara, aqui do blog, digam-me olá!, hehehe...

quinta-feira, 15 de setembro de 2011

quarta-feira, 14 de setembro de 2011

"Sunset Boulevard"

Supri, ontem, uma das maiores lacunas que havia no meu mundo do cinema!
Vi pela primeira vez uma das obras primas do cinema, o célebre “Sunset Boulevard” (“O Crepúsculo dos Deuses”). É um filme de 1950, realizado por um dos maiores mestres do cinema americano, que nem foi assim tão profícuo, (realizou apenas 27 filmes durante a sua longa carreira), Billy Wilder; curiosamente, pelo menos para mim, os seus grandes êxitos são todos posteriores a este filme.
É um dos raros filmes de Hollywood que fala de Hollywood, da sua vida cinematográfica, das pessoas que protagonizam os filmes e dos outros, os que ficam na sombra. E é um documento importantíssimo para mostrar o que foi a dura realidade, para vários grandes nomes do cinema mudo, a passagem para o sonoro. Por outro lado, e complementarmente, mostra-nos também o drama do envelhecimento das grandes estrelas, com um natural realce para o sexo feminino.



A protagonista, Norma Desmond é uma famosa actriz do cinema mudo, que se isola na sua mansão, depois do aparecimento do som, não acompanhando essa evolução, e ao mesmo tempo vivendo com um subserviente mordomo, que tinha sido um marido rejeitado, e um dos realizadores que a tinha projectado, e que agora tudo faz para lhe criar a ilusão que continua a ser um ídolo.
Esta mulher, com uma demência nítida, encontra, acidentalmente um argumentista em apuros financeiros e daí a um “entendimento” com benefícios para ambos, as coisas evoluem.
Mas o tempo e a realidade são mais importantes que a ilusão e o drama estala.
Glória Swanson, no papel de Norma Desmond é inexcedível (não entendo como o Óscar foi para Judy Holliday foi nesse ano) e tanto William Holden,  como principalmente o fabuloso Erich von Stroheim, têm interpretações fabulosas. O filme foi candidato a 11 óscares, mas apenas ganhou três (argumento, música original – excepcional, e direcção artística).
O aparecimento de várias pessoas célebres, interpretando-se a si próprias, principalmente o célebre realizador Cecil B. deMille, mas também a temida comentadora Hedda Hooper e o famoso Buster Keaton, entre outros, só valoriza o filme. A cena da ida de Norma aos estúdios da Paramount e o seu encontro com deMille é muito boa.
Mas o melhor está reservado para o fim, para o “grand finale”, uma das cenas antológicas da História do Cinema e que aqui deixo em vídeo.



domingo, 11 de setembro de 2011

Um documento emocionante

Tinha pensado não fazer um post dedicado ao décimo aniversário dos acontecimentos verificados nos EUA em 11/9/2001.
No entanto ao ver este vídeo postado por Pedro Sales no "Arrastão", não me contive e quase fora do controle, aqui está o vídeo do Daily Show de Jon Stewart dessa data.
Tocante e extraordinário.

Uma referência e um sorriso

 Eu sei que hoje é uma data que não devemos esquecer, pois nos lembra um acto que veio a mudar em muitas coisas, o mundo: há dez anos, a 11 de Setembro de 2001, uma série de actos terroristas tiveram lugar em diversos pontos dos EUA, com destaque para Nova York. Poderia fazer um post apenas sobre isso, mas, apenas deixo esta referência, pois hoje toda a blogosfera vai falar neste assunto.
Assim, e porque tristezas não pagam dívidas, resolvi falar de algo mais leve e que nada tem a ver com o conteúdo atrás referido.

Vamos pois juntar o útil ao agradável...
http://www.gay-ville.com é um site interessante de uma agência de viagens gay que nos mostra alguns acontecimentos a realizar em diversas cidades e nos dá também a indicação de hotéis baratos em muitos locais.
Dentro da política publicitária desta empresa, foram feitos vários vídeos, todos eles com gente muito bonita e que são bem divertidos.
Seleccionei este que me fez rir, e que espero tenha o mesmo efeito em quem o vir

sexta-feira, 9 de setembro de 2011

Não estamos no Irão, mas...



Isto é inqualificável, porra!


"Um pai entregou, na madrugada de quinta-feira, o filho na esquadra da PSP Valadares, em Vila Nova de Gaia, por ter descoberto a orientação sexual do menor, ao início da noite.

Segundo fonte policial, o progenitor perseguiu o menor, com 15 anos, logo que este lhe pediu autorização para uma saída nocturna com amigos. O pai foi então encontrar o adolescente na discoteca Pride, no Porto, pelas 1.30 horas de quinta-feira.

Reagindo a quente, alegadamente, o homem accionou primeiro várias autoridades, acusando a gestão do espaço - maioritariamente frequentado por jovens homossexuais - de ter permitido a entrada do menor.

Tendo em conta que a PSP pouco mais terá feito que registar a falha de identificação na entrada do espaço, apenas permitido a maiores de 18 anos, pai e filho regressaram então a casa, a Valadares.

Pelas 4.30 horas, o progenitor, engenheiro de profissão, apresentou-se na PSP daquela localidade com o adolescente lavado em lágrimas, para o entregar aos polícias que estavam de serviço.

O JN sabe que o pai se recusou a ficar com o filho em casa, tendo sido accionado o serviço de emergência social para encontrar uma resposta de albergue para o jovem."

quinta-feira, 8 de setembro de 2011

A Lisboa gay que eu conheci


Ainda na sequência da minha postagem sobre o livro “Homossexualidade no Estado Novo”, prometi, na altura, que iria dar o meu testemunho sobre a minha vivência desses tempos, tendo como referência obviamente apenas os últimos anos da ditadura, que eu passei em Lisboa, como estudante universitário, de 1962 a 1972 (ano em que parti para a guerra colonial).
Já deixei uma primeira abordagem, centrada numa figura muito especial da vida homossexual lisboeta desse tempo, a Bernarda, e num célebre local, onde se juntava uma enorme amálgama de personagens, alguns felinnianos e que era a Cervejaria Reymar, na rua das Pretas.
Hoje vou falar, não de pessoas, e muitas seriam as que poderia citar, assumidas, umas mais, outras menos, que pululavam por essa Lisboa tão interessante desses tempos, mas sim de locais, que conheci mais ou menos bem, e que traduziam toda a vida gay lisboeta de então.
Curiosamente, quando vim estudar para cá, para frequentar Económicas, perto de S. Bento, o meu Pai arranjou-me um quarto numa casa de uma Senhora muito bem (daquelas com um nome muito grande) e que para suavizar a questão de ter necessidade de alugar quartos, nos tratava por “sobrinhos”; sucede que essa casa, onde estive os meus primeiros 4 anos lisboetas ficava, e fica, pois ainda lá está, numa das ruas mais conhecidas da vida gay de Lisboa, a Rua de S.Marçal. Não havia ainda nenhum bar ali, mas havia por perto, pois toda a zona cerca do Príncipe Real, foi onde começaram a a abrir alguns dos primeiros bares.
Mas os primeiros bares que conheci, com frequência gay, foram o “Barbarella”, no Bairro Alto e o “Insólito” do actor João d’Ávila. Depois conheci e frequentei com alguma assiduidade o bar gay de Lisboa mais conhecido internacionalmente e que ainda hoje está em funcionamento: o célebre “Bric-a-bar”, na Rua Cecílio de Sousa, ainda propriedade de quem o abriu, o José Filipe Vilhena, que mais tarde o passou a um dos seus preferidos amantes, o belo António; o Zé Filipe acabou por ser anavalhado na sua casa por rapazolas que ele lá levava e naquele bar, originalmente muito bonito, com sofás de veludo e de espelhos dourados, pontuava à porta a célebre Emília, que era peremptória nos seus critérios de admissão…
Depois conheci um outro bar, o “Bar Z” que veio a tornar-se o “Harry’s Bar”, no cimo do Elevador da Glória, e que era um “must”: abria quando os outros fechavam e ali havia de tudo: gente bem, chulos, soldados, artistas, comia-se caldo verde e havia porrada noite sim, noite não. A música que tocava era essencialmente fado, e essencialmente Amália, por predilecção do dono, o famoso Joãozinho Ferro, mais conhecido por “Joaninha”, pois andava quase sempre vestido de mulher.
Outra vertente foi um bar chamado primeiro “Gato Verde” e que depois durante muitos anos se chamou “Memorial” e que foi o primeiro bar onde se concentravam muitas lésbicas; eram famosas as matinés dançantes, ao domingo, também chamadas “Bailes dos Bombeiros”, em que se dançava slow – foi a primeira vez que vi e dancei em público dessa forma, com outro homem. Aí conheci um empregado/porteiro, chamado Armando Teixeira, um tipo porreiro e cheio de iniciativa que resolveu investir num bar próprio, e que eu fui acompanhando desde as obras: ainda é hoje um dos mais conhecidos locais gay de Lisboa – o “Finalmente”, com os seus célebres shows de travesti (A “Dança das Bruxas” da Lídia Barloff esteve em cena três anos e levou àquele bar muita gente heterossexual).
Para a classe mais alta, um bar bastante frequentado era o “Ad-Lib”, perto da Av.da Liberdade e célebres eram também as madrugadas do “Galo”, à entrada do Parque Mayer.
Não falo dos recentes, pois esses são por demais conhecidos.
Mas gostava de referir dois restaurantes com uma grande frequência gay, ambos no Bairro Alto: a “Baiúca”, na rua da Barroca (um beijinho á velha amiga Júlia) e o “Alfaia”, onde uma empregada fabulosa, a Odete era rainha e senhora (ficou rica, segundo consta).
Nos cafés, três referências de peso: A “Brasileira” no Chiado e no Saldanha, o “Monumental” e principalmente o “Monte Carlo”, onde o actor Paulo Renato reunia a sua corte de jovenzinhos.
Duas últimas referências: a primeira para as saunas, a mais conhecida das quais era a “Lys Sauna”, mesmo ao pé da casa do Primeiro Ministro, na Calçada da Estrela, onde muita gente não ia apenas à procura de sexo, mas também de dormir barato, pelo que era também conhecida como a “pensão Lys”. Havia uma outra na Infante Santo e outra, “Catacumbas”, muito kitch, perto da Conde Redondo.
A outra referência é para as zonas de engate, desde o celebérrimo Parque Eduardo VII, até ao Campo Grande, o Cais de Sodré e alguns urinóis célebres como um que havia no Rossio, outro na Praça do Comércio, o do Café Gelo, o do Campo Pequeno e o do Campo das Cebolas.
Enfim, todo um mundo!!!

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terça-feira, 6 de setembro de 2011

Não é defeito, é feitio...

Já os vi de todos os tamanhos, de variadas formas, uns bonitos, outros muito feios, mas há sempre algo diferente; eis quatro exemplos bem especiais
A mentirosa
A indiana
A tímida
E finalmente, a ecológica!

domingo, 4 de setembro de 2011

The Third and The Seventh

Por favor, não se assustem com a duração do vídeo, e vejam-no até ao fim, de preferência em "full screen" e depois vão sentir-se muito bem.
Foi-me enviado pela boa amiga Ana e dedico-o com muita admiração aos muitos amigos que me seguem que gostam e sabem o que é a fotografia, incluindo alguns amigos do Google+, onde, como sempre deixo estas minhas postagens.
Que me perdoem todos os outros, mas quero distinguir três seguidores em especial, que têm blogs dedicados à fotografia, e que eu muito aprecio: o Félix, o Sérgio e o Dylan.

quinta-feira, 1 de setembro de 2011

Finalmente...


Acabei de comprar os bilhetes para a minha nova deslocação a Belgrado. Em princípio, seria a vez do Déjan vir cá e agora em Setembro; mas as coisas nem sempre são como nós pensamos e queremos, e assim, pela primeira vez desde que nos encontrámos, estávamos numa indefinição que nos trazia angustiados a ambos. A separação custa menos, muito menos, se temos uma data de reencontro,mesmo que tardia e desta vez, desde que nos separámos, há mais de três meses, não chegávamos a nada conclusivo, devido a circunstâncias que nada se devem à falta de vontade para o fazer, da parte de ambos, antes pelo contrário.
E hoje, tenho tudo acertado e as confirmações dos voos assegurados: a 15 de Outubro voo até Londres e no dia seguinte estou a abraçar o Déjan e lá passarei duas semanas, pois quero estar aqui a tempo de ir passar com a minha Mãe o seu 89º.aniversário.
Sei que é mais um mês e meio, o que perfaz quase cinco meses de separação, mas o que interessa é que hoje posso dizer: é para o mês que vem!
E, se tudo correr como pensamos, o encontro seguinte será menos demorado, pois espero que o Déjan possa estar em Lisboa, logo a seguir ao Natal, isto é, menos de dois meses...
Claro que hoje ambos sorrimos.
See you soon, my love,