sexta-feira, 26 de abril de 2013

Annie Leibovitz

Anna Lou (Annie) Leibovitz, (Westport, Connecticut), 2 de Outubro de 1949, é uma fotógrafa estadonidense que se notabilizou por realizar retractos, e cuja marca é a colaboração íntima entre a retratista e seu retratado.
Leibovitz começou a interessar-se por fotografia após uma viagem de visita a sua família, que estava a viver nas Filipinas.
Durante alguns anos ela continuou a desenvolver as suas aptidões ao mesmo tempo em que teve diversas ocupações, inclusive na época em que viveu num kibbutz, em Israel, em 1969.
De volta aos Estados Unidos, em 1970, começou a trabalhar na revista Rolling Stone. Em 1973, ela foi nomeada chefe de fotografia da revista, tendo permanecido até 1983.
O seu estilo de fotografar as celebridades ajudou a definir o visual da revista. Publicou seis livros de fotografias: Photographs, Photographs 1970-1990, American Olympians, Women, American Music e A Photographer’s Life 1990-2005.
Leibovitz assumiu uma relação com a escritora Susan Sontag, de quem esteve sempre próxima nos últimos anos de vida
São célebres algumas das suas fotos, entre as quais a da Rainha Isabel II
e algumas com membros da família Obama
Uma outra foto célebre da fotógrafa é a de John Lennon e Yoko Ono, tirada na manhã do dia em que Lennon foi assassinado.
Também retratou desportistas como Lance Armstrong
ou Michael Jordan
Ou ainda esta fabulosa foto de Martina Navratilova
Também nomes da canção como Jennifer Hudson
Mas foi essencialmente no mundo do cinema que ela mais fotos tirou, com séries famosas, em que reunia um conjunto de vedetas, quer relacionadas com um filme (muito conhecidas as suas fotos de um realizador com a vedeta principal de um filme), quer de um série, como esta dos "Sopranos"
mas principamente de actores e actrizes, com o meu destaque pessoal para as de Tony Curtis e Jack Lemmon (alusão ao filme "Quanto mais quente melhor")
a incrível foto no banho de Whoopie Goldberg
a de Meryl Streep
a de os "Blue Boys", com os rostos pintados de azul
e ainda a do maior actor da actualidade, Daniel Day-Lewis
Finalmente duas das suas mais bonitas fotos, ambas de mulheres grávidas, Demi Moore
e dela própria, numa controversa foto quando já tinha 51anos e ficou grávida via ferilização "in vitro".

segunda-feira, 22 de abril de 2013

E a propósito...

É uma curiosa coincidência, e afirmo-o em absoluto, que no  dia de ontem, me chegaram "às mãos" duas curtas metragens, que não sendo umas obras primas, são muito interessantes e principalmente apareceram no momento certo, pois elas "documentam" de alguma forma o que foi dito no vídeo da postagem anterior, sobre o sexo anal.
Não estou a fazer aqui no blog uma dissecação sobre o assunto, apenas pus aquele vídeo por me ter parecido de certa forma "didáctico". Agora caem-me do céu estes  dois vídeos que peço interpretem apenas como referi de início, uma feliz coincidência.
É curioso também uma outra questão e que não foi uma opção: ambas as curtas se passam na esfera heterossexual...
Apreciem e digam da vossa justiça.


sexta-feira, 19 de abril de 2013

Anal Sex

Não, não é engano, é mesmo este o título do post
E também o título do vídeo que aqui deixo.
Desengane-se contudo quem julgue vir a encontrar nesta postagem conteúdo menos próprio.
É tão só um vídeo que pretende mostrar que muitas vezes se fazem conexões indevidas e que aquilo que parece ser um "vício homossexual" é afinal apenas sexo! Exactamente como tantas outras formas de o fazer, e de dar prazer a quem o pratica,
Afinal, é para reflectir...

“John Corvino addresses those who seem to think there’s nothing more to gay sex than anal sex and explains how squeamish visceral reactions can sometimes masquerade as moral judgments.
Dr. John Corvino, also known as the “Gay Moralist,” is a writer, speaker, and philosophy professor at Wayne State University in Detroit. He is the author of What’s Wrong with Homosexuality? and the co-author (with Maggie Gallagher) of Debating Same-Sex Marriage, both from Oxford University Press

terça-feira, 16 de abril de 2013

6º. Jantar de Bloggers

O 6ª. Jantar de bloggers já tem data marcada.
Vai realizar-se no último sábado de Maio, ou seja dia 25 do próximo mês.
Estamos conscientes que a data não será eventualmente do agrado de duas ou três pessoas, mas qualquer outra data, o seria também.
É a um sábado para quem se queira deslocar, sendo de fora de Lisboa, e o convívio terá lugar nessa data, pelas 20 horas, no mesmo local onde se realizaram os jantares de 2010 e 2011, pois o ano passado não se efectuou.
 Será pois no Restaurante Guilho, situado à entrada da Amadora, logo no final da N117, mais conhecida como a recta dos hipermercados; quando essa estrada termina, vêm-se um pouco à direita, dois bancos seguidos, o Millenium e o Banco Popular e é ai junto a essas agências que há um parque automóvel e o restarante fica numa ruazinha sem trânsito que desemboca nesse parque de estacionamento, mesmo em frente a um Centro de Saúde (isto para quem vem de carro); quem vem de comboio, sai para o lado contrário da C.M.Amadora, passa o Centro Cultural e está a 100 metros do restaurante.
Mas indicaremos mais perto da data, com mais detalhe, a sua localização.
A razão de mantermos o local é simples: fomos muito bem recebidos as duas vezes que ali fizemos o nosso convívio; é um restaurante pequeno e optámos, como das outras vezes por um jantar volante de forma a que todos nos possamos conhecer uns aos outros. O “buffet” fica numas mesas ao fundo, haverá umas mesas de apoio junto de duas paredes e o resto do local tem cadeiras para as pessoas se sentarem.
A porta está aberta, e dá para uma rua sem trânsito e sem muita gente a passar, pelo que o convívio se faz também na rua ao pé da porta.
Quanto ao menú, só o prato principal varia: este ano é um prato consensualmente do agrado de todos – Rojões à Guilho, com condimentos especiais, acompanhados de batata frita, arroz e salada.
Este prato tem uma particularidade que o aconselha para jantares volantes, pois os pedaços da carne são bastante pequenos o que evita o uso da faca para trinchá-la.
Além deste prato, há as habituais entradas, que consistem em pão, manteigas, azeitonas, o (bom) paté da casa, queijo e chourição temperado com azeite de orégãos.
Haverá um conjunto de sobremesas que fogem ao habitual sendo realmente muito boas.
Como bebidas haverá vinho tinto à descrição (da casta Aragonês), jarros de sumo, águas e cerveja (com stock limitado). E claro, café.
As bebidas pedidas antes ou após o serviço do jantar serão pagas à parte na altura do seu consumo.
O preço, com tudo incluído, é de 15 euros por pessoa, o que não se pode considerar caro.
Avisa-se que não há cartão de crédito, mas há três caixas de multibanco a 30 metros do restaurante.
O espaço é só nosso e podemos estar ali em convívio até à hora de fecho – duas da manhã…
Temos a certeza que a Lia e a Ana, proprietárias do restaurante nos servirão tão bem e com tanto gosto como nos dois anos em que lá fizemos o nosso jantar.
Claro que as pessoas podem levar acompanhantes, bastando para o efeito que digam no acto da inscrição quantas pessoas são; e também todos aquel@s que não tendo blog, comentam ou nos seguem, serão benvindos.
As inscrições podem ser feitas aqui no meu blog, no blog da Margarida, ou pelo meu e-mail pessoal (jcroque@zonmail.pt).
Apenas agradeço, mas agradeço mesmo, que não aconteça o mesmo que nos outros anos em que nas últimas 48 horas antes do jantar, “adoeceram” várias pessoas, apareceram mil e um problemas que “afinal” impediam a vinda ao jantar, a ponto de eu chegar a ter receio de atender o telemóvel…
É preferível um não, e só eu sei quanto me alegra a presença de tod@s, do que uma desistência à última hora, embora possa sempre haver imponderáveis, como é evidente...mas aceito-os como excepções e não como desculpa de que afinal resolveram não comparecer.

E mais uma vez, reafirmo que não se trata de um jantar de convívio de blogs gay, mas sim e tão só um jantar de amig@s, em que alguns blogs são de pessoas gay, mas muitos também  não o são.

No cimo deste post está o “banner” deste jantar de 2013, que como os dos anos anteriores tem a autoria do Paulo Simões Mendes, o qual felicitamos e agradecemos.

Qualquer esclarecimento sobre este evento pode ser pedido à Margarida ou a mim próprio.
Ficamos à espera das vossas inscrições e aproveito para informar que mesmo sem data marcada estão já confirmadas 16 pessoas e 4 apenas estavam à espera da data para se inscreverem.
Estou convencido que não deixaremos de ser entre 35 a 40 pessoas, pelo menos assim o espero.

sexta-feira, 12 de abril de 2013

Kalizma*

“Corta!”, disse Mankiewicz.
Richard Burton, vestido de Marco António, beijava Elizabeth Taylor, despida de Cleópatra, há mais de um minuto.
Estava calor – a rodagem do épico sobre a mais famosa egípcia da Antiguidade era nos estúdios da Cinecittà, nos arredores de Roma. Os holofotes, postados acima do décor, derretiam as pedras de gelo no bourbon de Mankiewicz.
Mas Burton e Taylor não desgrudavam.
“Corta!”, repetiu o realizador.
“Importam-se que eu termine a cena?”.
Nada. Continuavam a beijar-se.
Mankiewicz insistiu: “Interessa-vos que já seja hora de almoço?”
 Desde esse dia, Richard Burton, o grande actor clássico, e Elizabeth Taylor, a grande estrela de Hollywood, nunca mais pararam de se amar. E de se odiar.
Ele já a tinha visto uma vez. Fora há nove anos, na piscina de Stewart Granger e Jean Simmons, em Beverly Hills.
Ela só tinha vinte e um, estava de biquini azul claro, tirou os óculos escuros e fitou-o por um segundo, naquela explosão violeta que era o olhar de Liz Taylor.
Ele ficou de queixo tão caído que quase desatou à gargalhada.
Não foi só o olhar que o impressionou: “Ela era extraordinária. Os seios eram apocalípticos, podiam derrubar impérios”.
Conteve-se.
Nessa tarde, fez de Richard Burton, o galês com voz de tempestade, o declamador de memória dos sonetos de Shakespeare, a criança nascida na miséria das minas de carvão do País de Gales, o filho de alcoólico, o décimo segundo de treze irmãos. O “angry young man” prestes a conquistar a América.
Ela não lhe ligou nenhuma.

Em 1963, depois do pri­meiro beijo que incen­diou um filme pres­tes a con­su­mir um dos gran­des estú­dios, aMGM (o orça­mento descontrolou-se tanto que gerou uma fac­tura equi­va­lente a dois “Tita­nic”), fize­ram amor “como coe­lhos”, em todo o lado: iates empres­ta­dos, hotéis da Via Venetto, o cama­rim dele. 
Os papa­razzi, que Fel­lini inven­tara no seu “La Dolce Vita”, ganha­vam a razão de exis­tir. 
Eli­za­beth Tay­lor estava casada (era o quarto matri­mó­nio) há pouco tempo com o can­tor Eddie Fisher. Roubara-o à amiga Deb­bie Rey­nolds. 
Richard Bur­ton estava casado há catorze anos com a tam­bém galesa Sybil, a sua âncora emo­ci­o­nal. Mas Bur­ton já estava solto em mar alto.
Ainda fez uma ten­ta­tiva: “Não me posso sepa­rar de Sybil e dos miú­dos”, disse a Tay­lor. 
Ela ten­tou suicidar-se – enfi­ada numa camisa de noite Dior, claro — com uma over­dose de bar­bi­tú­ri­cos. Acor­dou com Eddie Fisher à cabe­ceira da cama, com uma arma apon­tada à cabeça: “Não te pre­o­cu­pes, que nunca dis­pa­ra­ria sobre uma cara tão bonita”. 
A 5 de Março de 1964, dois dias depois de Tay­lor obter o divór­cio de Fisher, meteu-se com Bur­ton num char­ter para Mon­treal e casa­ram. Ela ia de ama­relo. Ele ia feliz.
Na mais intensa e por­me­no­ri­zada bio­gra­fia do casal, “Furi­ous Love – Richard Bur­ton, Eli­za­beth Tay­lor and the Mar­ri­age of the Cen­tury”, edi­tada em 2011 pela Har­per & Col­lins, o amor colé­rico, caó­tico, con­tra­di­tó­rio de Liz/Burton atin­giu a ple­ni­tude quando Richard ofe­re­ceu a Eli­za­beth um iate exausto mas supre­ma­mente ele­gante – como eles -, vete­rano da Pri­meira e Segunda Guerra Mun­di­ais, cha­mado “Minona” na pri­meira encar­na­ção, agora pronto para um segundo período de beli­ge­rân­cia. 
“Kalizma”, assim foi bap­ti­zado o barco pelo casal, em home­na­gem aos filhos Kate (de Bur­ton com Sybil), Liza (de Liz com Michael Todd, o pro­du­tor morto num desas­tre de avi­a­ção) e Maria, uma menina alemã adop­tada por ambos – para des­gosto do casal, Tay­lor nunca pode­ria ter filhos de Bur­ton após uma histerectomia.
Richard sonhava com Liz mesmo antes de a conhe­cer. 
Com doze anos e “Las­sie Come Home” ou “Nati­o­nal Vel­vet”, ela já era um ídolo das mati­nés. Fazia parte da pri­meira aris­to­cra­cia do cinema sonoro. De pais norte-americanos e abas­ta­dos, edu­cada em Ingla­terra, em Hamps­tead, Liz fre­quen­tara o mesmo colé­gio da prin­cesa Isa­bel. Não conhe­cia difi­cul­da­des, só adu­la­ção. 
Já Richard vinha de Pon­trhydy­fen, terra pobre e impro­nun­ciá­vel. Nunca conhe­cera a mãe, o pai desa­pa­re­cia durante sema­nas em odis­seias de jogo e whis­key, fora edu­cado pela irmã mais velha e a sua pátria eram os livros. Liz e Richard não podiam ser mais diferentes.
Mas havia pon­tos comuns:  ambos pre­ci­sa­vam de anal­gé­si­cos (sofriam dos ossos e da coluna); ambos sen­tiam o vazio da fama; ambos bebiam, muito. 
Ele, para mino­rar os sen­ti­men­tos de culpa – de ter dei­xado Sybil, de o pai achar que ele era um inú­til com uma pro­fis­são de mari­cas, de ter optado pelo estre­lato no lugar de uma res­pei­tá­vel car­reira tea­tral, de o irmão mais velho ter caído uma noite no cha­let do casal em Céligny, na Suiça, pelo final dos anos 60, após uma tre­menda ses­são de copos com Richard e batido com o pes­coço num para­peito, ficando para­li­sado. 
Ela embor­cava para aguen­tar o peso da cele­bri­dade e para dis­si­par a ten­são dos dias de roda­gem com catorze horas. 
Quando se conhe­ce­ram, pas­sa­ram a beber mais, bebendo-se um ao outro.
Após o impacto do affair – os fran­ce­ses cha­ma­ram ao caso Le Scan­dale e o Vati­cano emi­tiu um comu­ni­cado a cen­su­rar a vida dis­so­luta dos adúl­te­ros – Eli­za­beth e Richard deci­di­ram pisar terra ape­nas quando as câma­ras esti­ves­sem pron­tas a rodar: o “Kalizma” tornou-se o lar flu­tu­ante do clã Liz/Burton.
Em mea­dos dos anos ses­senta, os Bur­ton pos­suíam uma quinta com cava­los no con­dado de Wic­klow, na Irlanda, a Casa Kim­ber­ley, uma vivenda junto ao mar na costa oeste mexi­cana (foram eles que puse­ram Puerto Val­larta no mapa), o De Havil­land, um jacto pri­vado que cus­tou um milhão (chamava-se “Eli­za­beth”), casas em Gstaad, 685 hec­ta­res nas Caná­rias, apar­ta­men­tos em Lon­dres e Paris. 
Mas a garan­tia do seu estilo de vida iti­ne­rante era o “Kalizma”. 
Além disso,  o iate permitia-lhes fugir aos impos­tos sobre as cen­te­nas de milhões de dóla­res que ame­a­lha­ram nessa década. Gastaram-nos bem – tornou-se céle­bre a expres­são “spen­ding money like the Bur­tons”. 
Afi­nal, nada fazia Liz sor­rir mais do que uma jóia. E Richard sabia-o. Come­çou por oferecer-lhe o Krupp, um dia­mante do tama­nho de uma uva (pagou o equi­va­lente a dois milhões de dóla­res pela pedra). 
Tinham espe­cial pra­zer em atra­car o iate de 50 metros nos por­tos em que Onas­sis pro­cu­rava sedu­zir Jac­que­line Ken­nedy. 
Quando Bur­ton con­se­guiu supe­rar a oferta de Onas­sis no lei­lão pelo maior dia­mante do mundo à época, o Car­tier, escre­veu no seu diá­rio que “esta pedra tem que ser usada pelo mais bela mulher da Terra. Teria um ata­que se ela fosse para Jac­kie Ken­nedy”. 
Valendo cerca de 6 milhões de dóla­res ao câm­bio actual, o dia­mante foi rebap­ti­zado “Taylor-Burton”. Liz só estava auto­ri­zado a usá-lo trinta dias por ano, sem­pre na pre­sença de segu­ran­ças.
Claro que ela se diver­tia a exibi-lo no “Kalizma”. Só para os dois, em alto mar. Era a única roupa que usava.
Mas a melhor prenda de Richard a Liz foi o “Kalizma”. 
O pai de Liz era um repu­tado mar­chand, e ela her­dou o ins­tinto paterno. 
Os Monet, Picasso e Van Gogh do casal foram direi­ti­nhos para o iate, dis­tri­buí­dos pelos sete quar­tos (ape­sar de Liz pas­sar horas nas três casas de banho da embar­ca­ção, não che­ga­ram a pen­du­rar uma tela em qual­quer delas). 
A tri­pu­la­ção era de oito pes­soas, incluindo uma cri­ada e um mor­domo. Entre maqui­lha­do­ras para Liz, amas e pre­cep­to­ras para os filhos de ambos e con­sul­to­res de mar­ke­ting para o casal, Richard e Eli­za­beth che­ga­ram a ter qua­renta e duas pes­soas na sua folha de paga­men­tos (Richard tam­bém sus­ten­tava quase todos os seus doze irmãos). John Giel­gud, o actor sha­kes­pe­re­ano amigo do casal, pas­sou uma tem­po­rada com eles no “Kalizma” e ficou impres­si­o­nado com os “14 mari­nhei­ros por­tu­gue­ses” da embar­ca­ção (tal­vez Giel­gud, homo­se­xual assu­mido, alu­ci­nasse). 
Sendo o par mais gla­mo­roso da sua época, eram rece­bi­dos como rea­leza cada vez que punham os pés em terra firme – rein­ven­ta­ram a fama, e o casal Bran­ge­lina seria um duo de pobres mis­si­o­ná­rios a seu lado.
 Per­cor­riam o Medi­ter­râ­neo como pira­tas ao largo da civi­li­za­ção, bebendo três gar­ra­fas de vodka por dia (só ele des­pa­chava duas), fazendo amor todas as noi­tes. Se não bebiam, não con­se­guiam. 
A única alter­na­tiva era uma dis­cus­são feroz. A luta era o motor da sua líbido: nada lhes dava mais tesão do que vinte shots ou uma mag­ní­fica sequên­cia de insul­tos.
 Depois, a cama era ine­vi­tá­vel. 
Como diz Liz, “ima­gi­nem ter a voz de Richard Bur­ton no vosso ouvido enquanto fazem amor. Todos os pro­ble­mas desa­pa­re­cem”. Bur­ton res­ponde: “Ela é uma amante lou­ca­mente exci­tante, bela para além dos sonhos da por­no­gra­fia. Irei amá-la até morrer”.
Quando não esta­vam entre­ti­dos um com o outro, apa­re­ciam con­vi­da­dos: Grace Kelly, a prin­cesa Mar­ga­rida, Wal­lis Simp­son, ou a mulher de Rex Har­ri­son que, certa noite, bêbada, resol­veu mas­tur­bar o seu cão no deck do “Kalizma”. 
Depois de “Refle­xos Num Olho Dou­rado”, a fita de John Hus­ton em que con­tra­ce­nara com Liz, Mar­lon Brando come­çou a fre­quen­tar o iate. Richard tinha ciú­mes dele e, de acordo com a bio­gra­fia da ex-mulher de Brando, Anna Kashfi, houve uma cena de pugi­lato entre os dois a bordo. Aca­ba­ram sor­ri­den­tes, nos copos.
Após dez anos de amor furi­oso, Eli­za­beth Tay­lor e Richard Bur­ton divorciaram-se em 1974. Não aguen­ta­ram muito tempo: vol­ta­ram a casar-se no ano seguinte. Durou sete meses. A sepa­ra­ção foi, dessa vez, defi­ni­tiva, e o “Kalizma” foi ven­dido por mútuo acordo. 
O barco que sobre­vi­vera a duas guer­ras mun­di­ais não resis­tiu ao ven­da­val Liz/Burton.
Com des­tino vago nas duas déca­das seguin­tes, o Kalizma salvou-se do esque­ci­mento em 1995 gra­ças a Vijay Mal­lia, um mili­o­ná­rio da dis­tri­bui­ção de bebi­das alcoó­li­cas – pelo álcool houve alguma jus­tiça poé­tica. Mal­lia gas­tou mais de três milhões de dóla­res a res­tau­rar o velho iti­ne­rante num esta­leiro de Bom­baim. 
Hoje, o “Kalizma” tem um novo motor, bom­bas, ar con­di­ci­o­nado e casco. Os quar­tos, assim como a sala de jan­tar, mantêm-se (há agora um jacuzzi no deck), e os Monet, Van Gogh e Picasso ainda habi­tam o barco. 
Mais impor­tante do que tudo, a suite dos Bur­ton, com a sua cama de dos­sel, sobre­vi­veu. “Sem­pre tive a impres­são de que nos íamos casar uma ter­ceira vez”, disse Eli­za­beth um ano antes de mor­rer. 
Se calhar casa­ram. E ainda fazem amor como coelhos.

*Texto escrito por Pedro Marta Santos, no blog "Escrever é triste". Agradeço ao Pedro a autorização para esta publicação e recomendo vivamente o blog em referência.
A primeira e quarta fotos constam da postagem original. As restantes tirei-as da net.



quarta-feira, 10 de abril de 2013

Sarita

Se eu quisesse fazer uma postagem normal sobre Sara Montiel seguiria os passos normais para o efeito: consultaria a Wikipedia, onde encontraria os principais dados pessoais, profissionais e afectivos dela.
Faria uma pesquisa cuidada na net sobre a actriz, e naturalmente que iria encontrar bastantes postagens em variadíssimos blogs, de onde possivelmente retiraria algumas curiosidades sobre a sua vida, a sua carreira e a sua personalidade.
E com certeza iria ver a sua página no IBDM, a bíblia do cinema mundial, onde teria tudo à disposição sobre a sua carreira cinematográfica.
Mas eu quero aqui dar uma visão intimista do que foi para mim esta mulher, que muito mais que uma mera actriz, uma boa cantora ou uma bela mulher, foi sobretudo para mim, um mito!

Sara Montiel foi durante alguns anos da minha vida o meu maior ídolo, a minha Sarita. 
O meu encontro com Sarita não se dá senão depois de ter visto pela primeira vez “La Violetera”, no final dos anos cinquenta. Foi daqueles filmes que me arrebatou, me fez chorar muitas lágrimas e que posteriormente vi vezes sem conta. Tive os quatros 45 RPM com todas as canções do filme e soletrava-as quase todas, com ênfase natural para o tema musical dominante – “La Violetera”.
Perdi as vezes que revi o filme e só mais tarde vi o seu filme anterior e que afinal foi o que permitiu a rodagem da Violetera – “O Último Couplet” e de donde retirei duas ou três canções dela também muito marcantes.

A partir de então, vi apaixonadamente todos os seus filmes, mesmo aqueles que no final da sua carreira foram pouco apreciados.
A nível musical ela foi a maior, para mim, num vasto grupo de cantoras espanholas que muito admirava. Foi uma mulher muito bela, muito provocante e talvez das poucas que me fez olhar para o sexo oposto com volúpia e desejo.
Claro que conforme fui crescendo, vi muitos filmes, ouvi inúmeras vozes e disseminei os meus gostos por muitos e variados géneros, mas o meu culto por Sarita nunca foi beliscado.
Curiosamente não me interessei muito pela última parte da sua carreira, e que tem a ver com a sua participação televisiva, talvez porque fugia um pouco à “minha” Sarita.
Morreu agora, aos 85 anos, como qualquer mortal, é óbvio, mas eu continuo a vê-la a cantar uma das maisbelas canções do filme "La Violetera"

Até sempre Sarita.

segunda-feira, 8 de abril de 2013

Cartazes soviéticos

São inúmeros os cartazes de propaganda comunista quando existia a URSS, principalmente durante o período do pós guerra.
Aliás eram um dos instrumentos mais eficazes, internamente falando, da divulgação das maravilhas do comunismo de então.
O curioso é a descoberta entre eles de alguns com conotações homo eróticas, de uma forma talvez acidental nalguns casos, mas noutros bastante deliberada.
Vejamos alguns exemplos






















sexta-feira, 5 de abril de 2013

Actualização literária

Como já vai sendo hábito, gosto de referir de tempos a tempos, os livros que vou lendo, numa actualização que é também uma espécie de balanço que se faz periodicamente.
 Desde que aqui falei nos livros lidos nos últimos tempos, mais alguns consegui tirar da interminável fila de espera da minha sala.
De três deles já falei em posts especiais: o interessante ensaio de Collin Spencer - “Homossexualidade – Uma história”, do livro de poemas que me deu a descobrir Al Berto – “Horto de Incêndio”, e da recente referência ao magnífico “Correr com Tesouras” de Augusten Burroughs.
Mas mais uma série deles li entretanto, desde “O Caderno de Algoz”
um decepcionante livro de Sandro William Junqueira, que aliás mais do que uma decepção foi uma grande desilusão, até a um surpreendente pequeno livro do desconhecido autor brasileiro Alexandre Ribondi, “Da Vida dos Pássaros”
em que fiquei a conhecer além de uma bela história de amor homossexual, um pouco mais da América do Sul (Perú, Bolívia e Argentina),  uma muito agradável surpresa.
Entretanto li três livros de autores portugueses, bastante diferenciados entre si: um dos poucos livros que ainda não tinha lido de Guilherme de Melo – “A Porta ao lado”
que não acrescenta muito à obra do autor, mas não desilude; estreei-me a ler um escritor consagrado, dos nomes maiores da literatura portuguesa do século XX, Jorge de Sena, com um muito bom livro de contos – “Os Grão-Capitães"
e finalmente dei continuidade à quadrilogia que lançou definitivamente um dos nomes mais recentes da nova leva de escritores lusos, Valter Hugo Mãe; foi o terceiro da série – “O Apocalipse dos Trabalhadores”
e confesso, que sendo um livro bom (penso ser difícil vir a ler um livro menos conseguido deste autor), estará na minha opinião um pouco abaixo dos dois anteriores (“O Nosso Reino” e “Os Remorsos de Baltazar Serapião”); o que me parece de realçar é que são três livros completamente diferenciados entre si e as expectativas sobre o último que me falta ler são muitas, até porque é dos quatro o que mais edições já tem (“A Máquina de Fazer Espanhóis”).
Finalmente dois excelentes livros de dois óptimos escritores: de Michael Cunningham li um muitíssimo interessante “Ao Cair da Noite”
e principalmente fiquei rendido ao livro do já muito lido (por mim) David Leavitt, com o seu soberbo “Enquanto a Inglaterra dorme”
onde o escritor nos mostra uma Inglaterra num período interessante, o final dos anos 30 do século passado, numa dupla incursão na vida homossexual burguesa e no apogeu do comunismo inglês, que levou muitos ingleses a combater ao lado dos republicanos na Guerra Civil Espanhola.

terça-feira, 2 de abril de 2013

A "nona"

No dia 26 de Março de 1827 morreu, em Viena, Ludwig van Beethoven, um célebre alemão, canhoto, surdo, com o rosto marcado pela varíola e a quem chamavam “o espanhol”, devido à sua tez morena e cabelos muito negros.
Tinha nascido em Bona, na Alemanha, no dia 16 de Dezembro de 1770.
Hans von Bülow refere-se a Beethoven como um dos "três Bs da música" (os outros dois seriam Bach e Brahms), considerando as suas 32 sonatas para piano como o Novo Testamento da música.
Ludwig nunca teve estudos muito aprofundados, mas sempre revelou um talento excepcional para a música. Com apenas oito anos de idade, foi confiado a Christian Gottlob Neefe, o melhor professor de cravo da cidade, que lhe deu uma formação musical sistemática, e lhe deu a conhecer os grandes mestres da música alemã.
Neefe afirmava que o seu aluno, de dez anos, dominava todo o repertório de Johann Sebastian Bach, e apresentava-o, orgulhosamente, como um segundo Mozart.
Existem especulações históricas sobre um provável encontro entre Beethoven e Mozart, mas não existe nenhum facto histórico que o possa comprovar. No entanto, existem histórias do seu encontro, como por exemplo, uma que refere um Mozart absorto no seu trabalho, na composição de Don Giovanni, que não terá tido tempo de lhe prestar a devida atenção. Uma outra, bem mais interessante, refere um encontro em que Mozart terá dito acerca de Beethoven: "Não o percam de vista, um dia há-de dar que falar."
Beethoven demonstrou genialidade em praticamente todas as obras que compôs. E foram muitas, entre sinfonias, concertos, quartetos, trios, sonatas, não esquecendo uma ópera.
No ano em que morreu, ainda conseguiu compor cerca de 44 obras musicais.
A sua influência na história da música foi imensa.
Ao morrer, a 26 de Março de 1827, estava a trabalhar numa nova sinfonia e projectava escrever um Requiem.
Conta-se que cerca de dez mil pessoas compareceram no seu funeral, entre elas,Franz Schubert. Ludwig van Beethoven faleceu de cirrose hepática, após contrair pneumonia.
A sua obra-prima, na opinião de muitos, foi a Sinfonia nº 9 em ré menor, Op.125.
Pela primeira vez é inserido um coral num andamento de uma sinfonia.
O texto é uma adaptação do poema de Friedrich Schiller, "Ode à Alegria", feita pelo próprio Beethoven. Otto Maria Carpeaux, na sua obra “Uma Nova História da Música”, afirma que Beethoven assistiu à primeira apresentação pública da sua 9ª Sinfonia, ao lado de Umlauf, que a regeu, mas abstraído na leitura da partitura e já com uma surdez avançada, não percebeu que estava a ser ovacionado até que Umlauf, tocando-lhe no braço, lhe chamou a atenção para a sala, e então Beethoven inclinou-se diante do público que o aplaudia.

E agora faço uma proposta ousada a quem me lê e que sei não vai ser seguida por quase ninguém; a proposta é que arranjem um bocadinho do vosso tempo e que oiçam esta versão da "nona".
É muito tempo? Sim, é algum, mas é tão arrebatador e ao mesmo tempo tão relaxante que será tudo menos entediante. Vá lá, não custa nada...

Sinfonia nº 9 “Ode à Alegria”, de Beethoven
Soprano: Anna Samuil
Mezzo-soprano: Waltraud Meier
Tenor: Michael König
Baixo: René Pape
Coro Nacional da Juventude da Grã-Bretanha
West-Eastern Divan Orchestra
Maestro: Daniel Barenboim