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quinta-feira, 21 de maio de 2015

Roy Lichtenstein


Roy Lichtenstein nasceu em 27 de Outubro de 1923 na cidade de Nova Iorque, numa família de classe média, e o seu pai trabalhava como corretor de imóveis.
Frequenta uma escola secundária privada em Nova Iorque, onde a arte não fazia parte das matérias educacionais.
Começa a pintar em casa e desenha por livre vontade.
Na sua adolescência desperta o interesse pelo jazz e assiste a concertos no Apollo Theater, no Harlem e em vários clubes de jazz na Rua 52, o que o leva a pintar retratos de músicos, muitas vezes tocando os seus instrumentos.
Observa Picasso em busca de inspiração.
No verão de 1939, frequenta aulas de arte no Art Students League, dirigido por Reginald Marsh, e desenha a partir de modelos ou de cenas e vistas de Nova Iorque: Coney lsland, Carnaval, Lutas de Boxe...
Conclui os estudos na escola superior, em 1940, com o sério propósito de continuar a estudar para se tornar artista. 
Devido à ênfase regional colocada pela Art Students League, Lichtenstein não sente qualquer necessidade de permanecer em Nova Iorque e ingressa na School of Fine Arts, da Ohio State University (Universidade do Estado de Ohio) uma das poucas, instituições que dá cursos e licenciaturas em belas artes.

Na Ohio State é fortemente influenciado pelo Professor Hoyt L. Sherman: "Arte trata da percepção organizada. Com ele aprendi a ver com olhos de ver". Os seus trabalhos são baseados em modelos e naturezas mortas.
.Em 1943 ingressa no Exército. Presta serviço na Inglaterra, França, Bélgica e Alemanha. Desenha a natureza utilizando aguarela, lápis e carvão. 
No final da guerra muda-se da Alemanha para a França. Faz breves estudos da língua e civilização francesa na Cité Universitaire.
Volta a Ohio State University para continuar os estudos de arte dirigidos por G. I. Bill e licencia-se em Junho de 1946. 
Frequenta o programa de graduação e é contratado como instrutor.
Os seus quadros são essencialmente abstracções geométricas seguindo-se depois pinturas semi-abstractas de inspiração cubista.
Em 1949 conclui a graduação na Ohio State University, onde permanece como instrutor até 1951. 
Em 1949, casa com Isabel Wilson, mas divorcia-se em 1965. 
Participa em várias exposições colectivas na Chinese Gallery, em Nova Iorque. 
Faz a primeira exposição individual na Carlebach Gallery, em Nova Iorque. 
Nos seus trabalhos, faz referências a Frederic Remington e Charles W. Peale num estilo cubista. A sua obra torna-se gradualmente mais solta, mais expressionista.
Faz montagens de objectos fundidos e gravados em madeira, representando cavalos, cavaleiros com armaduras e índios. Os mesmos temas são utilizados na pintura que flutua entre o expressionismo e o cubismo.
Muda-se para Cleveland em 1951, onde trabalha como gráfico, projectista, decorador de montras e desenhador em folha metálica. 
Faz três exposições individuais na John Heller Gallery, Nova Iorque. 
Nascem os seus dois filhos, David Hoyt Lichtenstein e Mitchell Wilson Lichtenstein.
Lichtenstein concentra-se na pintura de temas americanos, empregando de forma exploratória o expressionismo e a abstração e pinta construções em madeira.
Em 1956, faz uma litografia humorística de uma nota de dez dólares, numa forma rectilínea, uma espécie de nota falsa: proto-Pop.
Pinta num estilo expressionista abstracto não figurativo. Ocasionalmente faz desenhos de imagens de personagens já desenhados ( Mickey, Pato Donald e outras figuras Disney).
Faz uma exposição individual em 1958 na Condon Riley Gallery, Nova Iorque. Pinturas em expressionismo abstracto.
É nomeado professor assistente, em 1960, do Douglass College, Rutgers University, Nova Jersey. 
Muda-se para Highland Park, Nova Jersey. 
Conhece Robert Watts, Claes Oldenburg, Jim Dine, Robert Whitman, Lucas Samaras e George Segal. O ambiente e os acontecimentos artísticos voltam a despertar-lhe o interesse pelas imagens proto-Pop.
Em 1961, começa as primeiras pinturas Pop: imagens e técnicas inspiradas na aparência de impressão comercial. 
Lentamente passa a desenhar de lápis para a pintura a óleo directamente sobre a tela. 
Começa a usar as imagens da publicidade que sugerem consumismo e trabalhos domésticos. 
No Outono do mesmo ano, coloca várias pinturas novas na Leo Castelli Gallery, em Nova Iorque. Algumas semanas mais tarde, vê na mesma galeria trabalhos de Andy Warhol usando também imagens da banda desenhada. (Castelli reconhece Lichtenstein como artista e rejeita Warhol.)
Em 1962, faz uma exposição individual na Leo Castelli Gallery. 
Fez parte do "The New Paintings of Common Objects" (Novas Pinturas de Objetos Comuns), no Pasadena Art Museum, a primeira exposição num museu centrada na arte Pop. Esteve também presente nos "New Realists" (Novos Realistas) exposição que teve lugar na Sidney Janis Gallery, Nova Iorque.
No ano de 1962 seus trabalhos são inspirados nos de Picasso e de Piet Mondrian.
Em 1963 participa na "Six Painteirs and the Object" (Seis pintores e o objeto) no Solomou R. Guggenheim Mascam, Nova Iorque. 
Exposições individuais na Leo Castelli Gallery; na Ileana Sonnabend Gallery, Paris, na Ferus Gallery, Los Angeles e na II Punto Galeria, em Turim. 
É concedida a Lichtenstein, a licença de um ano na Universidade de Rutgers. Muda-se de Nova Jersey para Nova Iorque.
Demite-se da Universidade de Rutgers para se dedicar exclusivamente à pintura. 
Faz numerosas exposições, entre as quais uma retrospectiva (1961-67) na Pasadena Art Museum. A exposição retrospectiva viaja por Minneapolis, Amestrerdão, Londres, Berna e Hanover. 
Casa-se com Dorothy Herzka.
Faz pinturas e esculturas em cerâmica de cabeças femininas, inspiradas na banda desenhada da adolescência. Paisagens. Pinta monumentos ou clichés de arquitectura.
Em 1966 faz pinturas modernas usando imagens dos anos trinta. 
Em 1969, passa duas semanas nos estúdios da Universal Films, em Los Angeles, como artista-residente, para fazer um filme sobre o mar para a exposição "Art and Technology" (Arte e Tecnologia) no Los Angeles County Museum of Art. 
Trabalha em Nova Iorque com Joel Freedman da Cinnamon Productions, fazendo experiências com filmes.

Faz nova exposição retrospectiva dos trabalhos (1961-1969) no Solomon E.Guggenheim Museum, a qual viaja depois para Kansas City, Seattle, Columbus e Chicago.
Expõe a "New York Painting and Sculpture: 1945-l970" (Pintura e escultura de Nova Iorque: 1945-1970) no Metropolitan Museum of Art, Nova Iorque.
Em 1970, muda-se para Southampton, Long Island. 
Pinta quatro grandes murais com pinceladas para a Faculdade de Medicina da Universidade de Dusseldorf.
Foi eleito para a Academia Americana de Arte e Ciência. Dois dos seus filmes sobre o mar são exibidos na "Expo'70" de Osaka, Japão.
Numerosas exposições individuais em galerias (Espelhos, Entablamentos e Tromp l'oeil) e outras obras de arte (Surrealismo, Futurismo, Expressionismo, Estúdios do Artista). 
Em 1979 executa para a escultura pública do National Eudowment for the Arts: "Mermaid", uma escultura de dez pés de altura feita em aço e betão para o Theater of the Perfoming Arts, Miami Beach, Florida.
No mesmo ano, é eleito membro da Academia Americana e Instituto das Artes e Letras.
Em 1981 faz outra exposição retrospectiva, desta vez das obras da década de 1970, organizada pelo Saint Louis Museum, que viaja pelos Estados Unidos, Europa e Japão.
Adquire em 1982 um atelier num sótão em Manhattan, além do estúdio em Southampton.
Pinta o Green Street Mural (Mural da Rua Verde) em 1983, na Leo Castelli Gallery, 142 Greene Street, Nova Iorque.
Expõe o Mural with Blue Brushstroke (Mural com Pincelada Azul) em 1986 no edifício da Equitable Life Assurance Society, em Nova Iorque.
Em 1987 exibe uma retrospectiva de desenhos no Museum of Modern Art, Nova Iorque. (Também exposta em Francfurt, em 1988.)
Participa em 1990 do "High and Low: Modern Art and Popular Culture", no Museum of Modern Art, em Nova Iorque. "One-man show" nas galerias Ernst Beyeler, em Basileia, Daniel Templon, em Paris, e Hans Strelow, em Düsseldorf.
Em 1993 faz grande exposição de retrospectiva no Solomon R. Guggenheim Museum, em Nova Iorque, tendo sido depois exibida em Los Angeles, Montreal, Munique, Hamburgo, Bruxelas e Columbus, em Ohio (terminando em 1996).
Roy Lichtensten morre a 29 de Setembro de 1997, em Nova Iorque.






















segunda-feira, 11 de maio de 2015

Maya Plisetskaya


A bailarina e coreógrafa russa , considerada uma das referências da dança do século XX,faleceu a semana passada em Munique, aos 89 anos, em consequência de um ataque cardíaco.
Maya Plisetskaya nasceu em Moscovo em 1925 no seio de uma família com ligações às artes, em particular à dança, que começou a praticar aos três anos.
Aos nove anos ingressou no Bolshoi Ballet School e aos 18 anos foi eleita primeira bailarina daquele teatro.
Considerada a criadora de algumas das inovações coreográficas e interpretativas mais importantes das últimas décadas, Maya Plisetskaya dançou durante meio século, sendo “A morte do cisne”, “Bela Adormecida” e uma versão moderna para “Bolero”, de Ravel, algumas das interpretações mais memoráveis.
Yury Grigorovich, Roland Petit e Alberto Alonso foram alguns dos coreógrafos que criaram coreografias para Maya Plisetskaya.
No dia do 70º. aniversário, em 1995, a bailarina estreou a coreografia “Ave Maya”, que Maurice Béjart criou para ela.
Oriunda de uma família judia, o pai foi morto pelo regime de Estaline em 1938 e a mãe foi enviada para trabalhos forçados no Cazaquistão, acusada de traição à União Soviética.
Nos anos 1990, Maya Plisetskaya obteve nacionalidade espanhola depois de ter dirigido o Ballet Clássico Nacional de Espanha.
Em 2005 foi distinguida com o Prémio Príncipe das Astúrias das Artes de Espanha. O júri deste prémio sublinhava a importância do trabalho de Maya Plisetskaya: “Transformou a dança numa forma de poesia em movimento”.
Antes, a bailarina tinha sido directora artística do Ballet Ópera de Roma.
Em 1994 fundou o Ballet Imperial Russo.
Maya Plisetskaya vivia na Alemanha desde a década de 1990 e era casada com o compositor Rodion Shchedrin.



 "A Morte do Cisne" é um curto bailado a solo, baseado no 13º andamento, "O Cisne", da suite O Carnaval dos Animais, que o compositor francês Camille Saint-Saëns compôs em 1886. O bailado foi criado pelo coreógrafo e bailarino russo Mikhail Fokine, a pedido da bailarina, também russa, Anna Pavlova, e foi estreado em 1905.
Escolhi este vídeo, não só por ser uma das peças em que Maya mais se distinguiu, como por nele ser muito evidente um pormenor que muitas vezes é esquecido - a importância dos braços na dança, mas principalmente na dança clássica.
Claro que na dança é com os pés que é mostrado o virtuosismo dos seus intérpretes; mas a forma como os braços acompanham o movimento do corpo é fundamental.
E aqui, neste vídeo é magistral a forma como Maya Plisetskaya o faz.
Simplesmente soberbo.

quarta-feira, 22 de abril de 2015

Jean-Michel Basquiat


Jean-Michel Basquiat foi um artista americano, nascido em Nova Iorque em 1960.
Ganhou popularidade primeiro como um pintor de graffitis na cidade onde nasceu e depois como neo-expressionista.
As pinturas de Basquiat ainda são influência para vários artistas e costumam atingir preços altos em leilões de arte.
Basquiat tinha ascendência porto-riquenha por parte de mãe e haitiana por parte de pai.
Desde cedo mostrou uma aptidão incomum para a arte e foi influenciado pela mãe, Matilde, a desenhar, pintar e a participar em actividades relacionadas com o mundo artístico.
Em 1977, aos 17 anos, Basquiat e um amigo, Al Diaz, começaram a fazer graffitis em prédios abandonados em Mannhantan.
A assinatura era sempre a mesma: "SAMO" ou "SAMO shit" ("same old shit"), ou, traduzindo, "sempre a mesma merda").
Isso gerou curiosidade nas pessoas, principalmente pelo conteúdo das mensagens graffitadas.
Em Dezembro de 1978, o jornal The Village Voice publicou um artigo sobre os seus graffitis.
O projeto "SAMO" acabou com o epitáfio "SAMO IS DEAD" (SAMO está morto) escrito nas paredes de construções do Soho nova-iorquino.
Em 1978, Basquiat abandonou a escola e saiu de casa, apenas um ano antes de se formar. Mudou-se para a cidade e passou a viver com amigos, sobrevivendo através da venda de camisetas e postais na rua.
Um ano depois, em 1979, contudo, Basquiat ganhou um estatuto de celebridade dentro da cena de arte de East Village em Manhattan pelas suas aparições regulares num programa televisivo.
No fim da década de 1970, Basquiat formou uma banda chamada Gray, com o então desconhecido músico e actor Vincen Gallo. Com o conjunto, tocaram em clubes como Max's Kansas City, CBGB, Hurrahs e o Mudd Club.
Basquiat e Gallo viriam a trabalhar em um filme chamado Downtown 81 (também conhecido por "New York Beat Movie"). A trilha sonora deste tinha algumas gravações raras da Gray.
A carreira cinematográfica de Basquiat também incluiu uma aparição no vídeo "Rapture" da banda Blondie.
Basquiat começou a ser mais amplamente reconhecido em Junho de 1980 quando participou no The Times Square Show, uma exposição de vários artistas patrocinada por uma instituição de nome "Colab".
Em 1981, o poeta, crítico de arte e "provocador cultural" Rene Ricard publicou um artigo em que comentava a sua obra e isso ajudou a catapultar de vez a carreira de Basquiat internacionalmente.
Nos anos consecutivos, Basquiat continuou a exibir sua obra em Nova York ao lado de artistas como Keith Haring e Barbara Cooper.
Também realizou exposições internacionais com a ajuda de galeristas famosos.
Já em 1982, Basquiat era visto freqüentemente na companhia de Julian Shnabel, David Salle e outros curadores, coleccionadores e especialistas em arte que seriam conhecidos depois como os "neo-expressionistas".
Ele começou a namorar, também, uma cantora desconhecida na época, Madonna.
Neste mesmo ano, conheceu Andy Wharol, com quem colaborou ostensivamente e cultivou amizade. Dois anos depois, em 1984, muitos de seus amigos estavam preocupados com o seu uso excessivo de drogas e o seu comportamento paranóico.
Basquiat, então, já estava viciado em heroína.
No dia 10 de fevereiro de 1985, Basquiat foi capa da revista do The New York Times, numa reportagem dedicada inteiramente a ele.
Com o sucesso, foram realizadas diversas exposições internacionais em todas as maiores capitais europeias.
Basquiat morreu de um cocktail de drogas (uma combinação de cocaína e heroína conhecida popularmente como "speedball") no seu estúdio, em 1988.
Após a sua morte, um filme que tinha o seu nome contando a sua biografia, foi dirigido por Julian Schnabel e com o actor Jeffrey Wright no papel de Basquiat.




































quinta-feira, 16 de abril de 2015

Doce Pássaro da Juventude


Vou dizer por palavras minhas muito pouco sobre esta peça produzida pelos Artistas Unidos e em exibição no S.Luiz, aqui em Lisboa.
 Apenas referir que achei a peça soberba em todos os aspectos, que considero Maria João Luiz uma das melhores acrizes da actualidade, que vejo Rúben Gomes a melhorar de papel para papel, que é admirável ver um actor como Américo Silva.
 E dizer que acima de tudo e num resumo demasiado simplista e talvez demasiado redutor, que é uma peça sobre essa tenebrosa palavra: o TEMPO.

De resto deixo um apontamento que transcrevo do programa:

"Uma actriz (Alexandra Del Lago) que envelhece e enfrenta o desastre de uma vida, longe dos doces anos da sua juventude. Um rapaz( Chance Wayne) que a conduz de volta à sua terra natal. É domingo de Páscoa, mas nada vai ressurgir, não haverá ressurreição. Mas todos procuram voltar a um passado feliz que um dia teve lugar. Enquanto decorre uma sórdida manobra política. Uma das peças mais secretas (e problemáticas*) de Tennesse Williams – e como tantas vezes a derrota perante o tempo, o derradeiro voo do pássaro da juventude?"

Mas deixo sobretudo um texto absolutamente genial de Jorge Silva Melo, que a propósito desta peça vai além dela e presta uma maravilhosa homenagem aos seus artistas. 
Mas convém não esquecer aquilo que a modéstia de Jorge Silva Melo não lhe permite escrever: sem ele não teríamos esta magnífica companhia de teatro tão bem denominada Artistas Unidos, sem ele, o teatro português estaria incomensuravelmente mais pobre. 
Por isso mesmo, muito obrigado Jorge Silva Melo.

ACTORES DESTES DIAS
São tão extraordinários, tão dotados, tão únicos os actores com quem há anos venho trabalhando uma, duas, só três ou quatro vezes, é tão extraordinária a liberdade e a integridade conseguidas nestes já quase 20 anos dos Artistas Unidos. E estava a ver as rugas começarem a surgir, os cabelos brancos a aparecer e pensei: não quero que estes actores a quem tudo devo, a vida, a arte, o amor, tudo, a vida de todos os dias, não quero que percam aqueles papéis que foram escritos para eles, não quero deixar passar o tempo, quero ver a Maria João Luís, quero ver a Catarina Wallenstein, sim, quero ver o Rúben Gomes, quero ver o Américo Silva, quero ver a Isabel Muñoz Cardoso, quero ver a Vânia Rodrigues e o Nuno Pardal e o Tiago Matias e o João Vaz, estes que se têm juntado a nós, sim, quero vê-los decifrarem comigo as tortuosas peças de Tennesse Williams, aqueles papéis que só podem fazer agora, agora que o doce pássaro da juventude lançou voo.
Comovi-me quando li o meu adorado Peter Stein dizer ao jornal Público “nunca quis ser encenador quando era novo, quero só ajudar uns actores”. É tal qual: ajudar uns actores que admiro, encontrar teatros, dinheiro, tempo, colegas, roupas para eles nos darem o que só os actores sabem, lágrimas, risos, suores, no fundo, abraços estreitos durante a noite.
E assim nasceu esta ideia de revisitar Tennesse Williams, fazer “Gata em Telhada de Zinco Quente” em 2014, “Doce Pássaro da Juventude” agora, “A Noite da Iguana” lá mais para a frente, peças de outros tempos, de outros palcos, peças que saberei ajudar a fazer, peças que, garanto, foram escritas aguardando os seus corpos, estas vozes.
Pois só isso agora desejo: ajudar a fazer.
E que cada espectador possa guardar dentro de si a ousadia destes artistas cuja disponibilidade não sei se merecemos.
Assim, voltamos a ver aqui no “Doce Pássaro da Juventude” quase todos os actores com quem trabalhei “Gata em Telhado de Zinco Quente” que estreámos em Setembro de 2014 em Viseu e andou pelo país. E mais alguns que a nós se juntam. Como se fôssemos uma companhia fixa, tivéssemos salas de ensaio, programássemos horas e dias, temporadas e trabalhos. Porque os actores têm dentro de si inesperadas personagens, máscaras, poesias.
Estreada em Nova Iorque em 1959 com encenação de Elia Kazan* e interpretação de Geraldine Page, Paul Newman e Rip Torn, “Doce Pássaro da Juventude” que Richard Brooks filmou em 1962 com quase todo o elenco original

é uma peça desequilibrada, poderosa, desarrumada, insólita em que Williams se debate com as convenções da sua Broadway e avança para campos apenas entrevistos*. Joga técnicas consideradas impossíveis, escreve um primeiro acto que é em si mesmo uma longa peça de duas personagens, desenvolve no segundo personagens e temas imprevistos, abandona personagens, são duas horas de vertigens várias, dolorosas.
E mais uma vez pede ao espectador que partilhe um segredo. “Eu não vos peço piedade, só peço a vossa compreensão – não, nem isso – não. Apenas que me reconheçam a mim dentro de vós próprios, e ao inimigo, o tempo, em todos nós.”, diz Chance Wayne e podia acrescentar com o imenso Baudelaire “hypocrite lecteur, mon semblable, mon frère”.
Talvez seja esse o seu apelo, tratar-nos como irmãos.
Mas será possível devolver ao teatro aquilo que aparentemente o cinema fixou? Será possível voltar a estas peças sem as cores esplendorosas de Hollywood? Será possível a St,Cloud (cidade onde a peça se desenrola) sem Kazan nem Richard Brooks? Será possível ver outra vez Alexandra Del Lago e Chance Wayne e ver como eles falam mesmo de nós, da nossa cobardia, dos nossos medos, do tal “tempo que passa por cima de nós”? Será possível voltar a pôr no palco estes dilemas, esta ansiedade, esta sofreguidão?
Olha, é uma aposta. E aqui estamos”.


* - não percam a leitura deste magnífico texto da autoria de Carlos Marques da Silva 

segunda-feira, 6 de abril de 2015

"Le Gouffre"


Pelo menos dois anos foram necessários para criar de A a Z “ Le Gouffre”, uma curta metragem independente que continua a acumular prémios desde a sua difusão gratuita na Internet.

"Dois jovens aventureiros atravessam o mundo até que o seu percurso fica bloqueado por um imenso abismo aparentemente inultrapassável. Irão eles renunciar ao seu projecto?”

É esta em resumo a história posta no ecrã duma maneira muito poética por uma jovem equipa criativa de Montreal, que tomou o nome de “Studio Lightning Boy”.
O que aparece como particularmente notável com “Le Gouffre” é a sincera experiência humana que está escondida por detrás do ecrã.
Durante 10 minutos de animação são dezenas de artistas que se mobilizam, se organizam e acreditam suficientemente no seu projecto para o tornar uma realidade.
A aventura começa pelo imenso sucesso de uma campanha de “crowdfunding” no Kirkstarter.
Foi o público que lhes permitiu reunir os fundos necessários à pós-produção.
Sem esse movimento colectivo nada poderia ter sido concretizado.
Quase 24000 dólares foram reunidos pela equipa quando o seu objectivo era apenas de 5000.
A paixão e determinação dos três jovens fundadores - Carl Boucheman, Thomas Chéritien e David Forest - parece ter conseguido atingir o seu fim.
Note-se que não é muito normal dedicar dois anos da sua vida para produzir um filme de 10 minutos. O resultado é absolutamente incrível: qualidade de animação, banda sonora digna de uma grande produção, poesia, “Le Gouffre” é tudo isso!
O fruto destes esforços levam no começo de 2015 a uma projecção privada e depois a uma distribuição gratuita na Internet.
Seleccionada em mais de 40 festivais em todo o mundo, esta curta metragem de animação já obteve seis prémios, três dos quais para a melhor animação.
Um sucesso criativo e colectivo de um projecto de dimensão humana que dá gosto de se ver.
Le Gouffre from Lightning Boy Studio on Vimeo.

Para vos convidar a compreender todas as particularidades deste projecto, estes dois anos de esforços foram “ilustrados” num vídeo bónus, em que se resume a aventura.
The Journey Behind Le Gouffre from Lightning Boy Studio on

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quarta-feira, 1 de abril de 2015

Jackson Pollock


Jackson Pollock, nasceu em Cody, no estado de Wyoming, no dia 28 de Janeiro de 1912.
Foi um importante pintor dos Estados Unidos da América e referência no movimento do expressionismo abstracto.
Começou os seus estudos em Los Angeles e depois mudou-se para Nova Iorque.
Desenvolveu uma técnica de pintura, criada por Max Ernst, o 'dripping' (gotejamento), na qual respingava a tinta sobre as suas imensas telas; os pingos escorriam formando traços harmoniosos e pareciam entrelaçar-se na superfície da tela.
O quadro “Um” é um exemplo dessa técnica.

Pintava com a tela colocada no chão para sentir-se dentro do quadro.
Pollock parte do zero, do pingo de tinta que deixa cair na tela elabora uma obra de arte.
Além de deixar de lado o cavalete, Pollock também não mais usa pincéis.
Polémico, irrequieto, perturbador, diferente... São apenas alguns qualificativos que se pode atribuir a Jackson Pollock, cuja vida tumultuada acabou marcando profundamente a história da arte moderna. Pollock é considerado um dos mais importantes personagens da pintura pós-guerra e sua morte trágica e imprevista tornou-o famoso em todo o mundo.
Já o era, antes de morrer, apesar de nunca ter saído dos Estados Unidos.
Adolescente com problemas escolares, desde cedo se envolveu com o álcool e jamais conseguiu libertar-se dele.
Fez tratamento psiquiátrico algumas vezes, mas sempre retornava ao vício.
Na década de 40 conheceu Lee Krasner, pintora abstravcta com quem se casou e que o apresentou a pessoas importantes no mundo da arte.
Lee abandonou praticamente a sua carreira para dedicar-se a Pollock, ajudando-o na luta contra o álcool.
Por causa dele foram morar para um local afastado, procurando criar melhores condições nessa luta. Apesar de todo o esforço, o artista sempre retornava à bebida.
A separação acabou acontecendo e foi mais um motivo depressivo para o artista.
 De uma família com vários artistas, Pollock diferenciou-se imediatamente pelos seus métodos.
As suas telas, imensas, eram pintadas antes de serem estiradas.
Isso permitia que o artista praticamente caminhasse sobre a tela, fazendo parte dela durante o processo de pintar.
Também essa pintura era diferente.
Deixava a tinta escorrer de latas furadas ou as espalhava-as de outra forma, usando pedaços de madeira, ferramentas, escovas de dente, espátulas e outros processos, abandonando definitivamente o pincel.
O resultado era marcante.
Ver é deliciar-se.
A arte de Pollock combinava a simplicidade com a pintura pura e suas obras de maiores dimensões possuem características monumentais.
Com Pollock, há o auge da pintura de acção (action painting).
A tensão ético-religiosa por ele vivida impele-o até aos pintores da Revolução mexicana.
A sua esfera da arte é o inconsciente: seus signos são um prolongamento do seu interior.
Apesar de ter seu trabalho reconhecido e com exposições por vários países do mundo, Pollock nunca saiu dos Estados Unidos.
Aos 44 anos, em Agosto de 1956, quando voltava dirigindo embriagado de uma festa, morreu  num acidente de carro.
Ele simplesmente chocou com uma árvore.
Há quem sugira que, propositadamente, provocou o acidente.
Nunca saberemos com certeza.



























Como adendas importantes deixo aqui os links de: um vídeo curto, mas muito interessante de algumas formas como Pollock usava o "gotejamento" - https://www.youtube.com/watch?v=sDXMRN2IZq4 e também os dois links das duas partes da longa metragem de Ed Harris - https://vimeo.com/13593363 e https://vimeo.com/13676209