quinta-feira, 9 de outubro de 2008

"Brando, mas pouco"



“A intensidade animal que Marlon Brando transmitiu a Stanley Kowalski em “ Um Eléctrico Chamado Desejo” é a mesma destas páginas baseadas em material reunido ao longo de toda a vida por Darwin Porter, repórter veterano de Hollywood. O fecho éclaire dos jeans que Brando tornou famosos nessa interpretação abre-se numa biografia que traça o resultado fiel e sem tabus do maior actor cinematográfico do século XX. Um retrato cru, implacável e “para adultos”. De símbolo sexual a gordo desmazelado, Brando foi a estrela mais original do mundo do cinema. Bissexual assumido, seduziu mais mulheres e homens do que qualquer outro actor de Hollywood. Os seus encontros secretos com figuras como Greta Garbo e Cary Grant são relatados com naturalidade, tal como o são as suas “f**** caridosas” com estrelas como Joan Crawford, Bette Davis ou John Gielgud. Pela cama de Brando passaram famosos e engates desconhecidos(…)”

Esta é parte da contra-capa do livro “Brando, mas pouco”( Bradon Unzipped), de Darwin Porter, editado entre nós pela Editora “Pedra da Lua”. O seu autor relata-nos em pequenos capítulos a vida de Brando, assente sobretudo na vertente sexual, ainda antes do seu avassalador êxito na peça "Um Eléctrico Chamad Desejo", encenada por Elia Kazan e da autoria de Tenesse Williams, apresentada na Broadway, até á realização do seu único filme “Cinco Anos Depois”. O mais curioso para mim, neste livro, não é tanto o lado voyeur das sua múltiplas aventuras sexuais, algumas descritas ao pormenor pornográfico, mas a uma visão bastante completa da vida da Meca do cinema, nas décadas de 40 a 70; passam pelos nossos olhos todos os grandes actores e actrizes, os principais filmes, e, confesso, nunca imaginaria uma “putice” tão grande naquele meio. Para quem gosta de cinema é um manual imprescindível, focado nessa mítica figura de Marlon Brando, que teve tanto de bom actor, como de homem intratável e perfeitamente promíscuo, elevado à potência máxima…
Lê-se com agrado, embora demasiado grande, mas nunca chega a ser “massudo”.Ao pé de Hollywood daqueles tempos, e porventura de sempre, qualquer episódio escandaloso relatado numa primeira página do “24 Horas”, é um livro para crianças….

32 comentários:

  1. 1.- A putice em Hollywood ainda não se alterou, mas continuam a ser poucos os que não se vergam. Em Hollywood quase tudo é podre.

    2.- Não sabia que Marlon Brando era bissexual. O que sei, é que era um dos mais finos actores que os States conceberam.

    3.- Elia Kazan, apesar de facho, tem uma obra notável. "Um Eléctrico Chamado Desejo" é uma obra majestosa.

    4.- Beijocas ao pinguim

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  2. Bonita e interessante crónica.
    Embora não seja o meu género de literatura, reconheço que ´tem o seu interesse enquanto história de vida, ou parte de uma história de vida...
    Feliz dia!

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  3. adoro o Marlon Brando, e lembro-me de já ter lido uma biografia (oficial) sobre ele, acho que se chamava Songs My Mother Told Me (ou qulauqer coisa parecida). Este, como sabes, comecei a ler mas desinteressei-me. agora fizeste-me ter vontade de lhe pegar de novo.
    abração

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  4. Blueminerva
    podia estar horas a falar de Brando e deste livro sobre ele; embora sabendo que Hollywood não seria um modelo de virtudes, era para mim inimaginável saber coisas que sei agora; Brando era bissexual ao mais alto grau, pois "consumia" homens em quantidade industrial, desde putos de rua a grandes actores; quanto a Elia Kazan, foi como se sabe um delactor de amigos no tempo da "caça às bruxas", mas fez coisas admiráveis; no "Eléctrico..." foi o encenador da peça e o realizador do filme; curiosamente só a personagem principal da Blanche du Bois mudou, pois quem a fez em teatro foi Jessica Tandy e no cinema a sublime Vivien Leigh; os outros 3 personagens principais mantiveram-se tendo aí, Brando a mais fabulosa e sexy personagem da sua vida.
    Beijinhos.

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  5. Violeta
    este livro é tão "forte" que eu não duvido de o catalogar como "pornográfico (aliás tem bolinha vermelha e tudo); mas é muito mais que isso, pois "esventra" Hollywood de uma maneira quase cruel.
    Beijinhos.

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  6. Miguel
    já tivemos oportunidade de falar pessoalmente sobre o livro e sabendo-te amante de cinema, gostaria de ter a tua opinião; tem "cenas" fabulosas, uma das quais é para mim exemplar, que é a cena de sexo entre Brando e Marléne Dietrich...dava um filme.
    Abração.

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  7. Deixas-me curioso em relação a este livro, Pinguim. "Um Eléctrico ..." é um dos filmes de que mais gosto e uma das melhores peças de T. W., se é que podemos achar umas melhores que as outras. Brando estava no seu melhor (já agora, juntava "Há lodo no cais", "Júlio César" e "Reflexos num olho dourado", que também já mencionaste aqui).

    Curiosa a tua escolha musical para ilustrar esta história. Associamo-la inevitavelmente a uma fase bem distinta da carreira de Brando.

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  8. Vou ler, fiquei curioso, ainda que não esteja no "cast" do meu Olimpo

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  9. Acho que prefiro ficar com a imagem das personagens que ele criou, desde "O eléctrico..." até ao "Apocalipse now". Guardo, assim, uma figura perfeita...

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  10. ulalaaaaa!!! só a imagem...

    :P

    beijinho

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  11. Leman
    para já, obrigado pela tua visita; tenho lido com agrado os teus comentários no blog do nosso comum amigo e suponho teu homónimo Manuel Braga Serrano.
    Brando foi uma personagem muito controversa na história do cinema, criou algumas simpatias, imensos breves e menos breves afectos e grandes inimigos também; este livro mostra bem esta faceta "plurisexual" em todos os sentidos da sua vida e que para ele era mais importante que tudo o resto, segundo a ideia com que fiquei. Confesso que a sua figura viril, meio "desarranjado", suado e agressivo do "Eléctrico..." foi para mim um apelativo forte na minha fase de adaptação sexual.
    Abraço.

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  12. Sim senhor, prometeu, cumpriu...
    Quando escreves-te que irias falar não muito "brandamente" do Brando fiquei com "a pulga atrás da orelha". Gostei do post e fiquei com vontade de ler o livro.
    Acho que vou ali à Bertrand e já volto...

    Um abraço

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  13. Paulo
    claro que a escolha da música não é "inocente" e "The Ride of Valkyries" estará sempre muito ligada a uma célebre cena do "Apocalipse Now"...
    Todos os filmes de que falas são dissecados neste livro, mas permite-me lembrar outro filme mítico dele que é "The Wild One", com aquela célebre composição de rebelde motoqueiro, que foi uma das suas imagens de marca. Mas os filmes que o "marcam" ci«omo grande actor foram mesmo "Um Eléctrico..." em que foi uma pena não ter ganho o óscar, já que tanto Vivien Leigh, Kim Stanley e Karl Maden o ganharam; "Há Lodo no cais", em que o ganhou mais que merecidamente e já no ressuscitar da sua caareeira na assombrosa interpretação de Don Corleone de "O Padrinho".
    E merecia um óscar honorífico e ter entrado para o Guiness, pela sua "interpretação sexual" com a quase totalidade de actrizes e actores que com ele "contracenaram"(tira-lhe o exagero, está claro).
    Abraço amigo.

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  14. Justine
    brando foi controverso em tudo, até no conjunto dos filmes que interpretou, pois ao lado dos filmes já citados, em que mostrou todo o seu enorme talento, também se perdeu em filmes menores, e então no ocaso da sua vida, foi quase triste ver aquele Brando que despertou anos antes apetites sexuais a tanta gente, transformado num quase "monstro" a fazer pequenos papéis (mas cobrando fortunas por eles).
    Beijinhos.

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  15. Martinha
    não é esta a melhor imagem dele; a que eu queria, só a tinha num tamanho demasiado pequeno.
    Beijinhos.

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  16. Arsène
    vou ter o maior interesse em saber a tua opinião.
    Abraço.

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  17. Deve ser muuuuuito interessante esse livro! Vou colocar na minha lista com certeza. Beijo!!

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  18. "The Wild One", claro!

    É precisamente graças a essa cena de "Apocalipse Now" que muita gente associa Wagner e valquírias guerreiras e galopantes a helicópteros. Graham Vick preferiu mostrá-las como vampiras e elas estarão online, amanhã, no site do Teatro de São Carlos.

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  19. Esse lado Bi dele eu não sabia! E ae td bem!? Andei meio sumido mas estou em atualizando aqui táh!

    Abração !

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  20. Edu e Mau
    acho bem que leiam, pois a dois ainda é mais "agradável"...
    abraçoc.

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  21. Paulo
    claro que só poderia ter sido um esquecimento.
    Quanto á cena do "Apocalipse Now", o rosto que associo, é claro que não é a de Brando, mas do excelente Robert Duvall.
    Abraço.

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  22. Alone
    eu diria que esse lado bi é tão marcante que ele por vezes preferia mesmo o sexo com homens; ficou célebre o seu romance com James Dean...
    Por aqui tudo em preparação para 15 dias de férias em Itália, com o meu amor.
    Abração.

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  23. Eu lembro-me da celeuma que deu quando foi publicado em 2005...
    Ele não faz o meu tipo de gajo... :)
    Mas está aqui o link para quem quiser lero livro online:
    Brando Unzipped
    boas leituras! ;)

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  24. Engine
    acho que foi pouco divulgado aqui em Portugal, tirando um artigo num caderno do "Público".
    Quando era jovem (Eléctrico, Lodo no cais, Wild One), era bem o meu tipo; depois...Obrigado por divulgares o endereço do livro on line, mas acho que pouca gente terá coragem de ler este calhamaço on line...
    Abraço.

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  25. João, cuidado.
    Isto parece-me um produto hollywoodesco. Um livro de escândalos para vender bem.
    Não estou a defender Brando, mas tenho as minhas reservas.
    Fez-me lembrar o problema do filme sobre Edith Piaf.
    O que há nesse filme que não seja negro?
    Piaf foi só isso?

    GRITOMUDO

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  26. Gritomudo
    embora com todas as reservas acerca do autor. e todos sabemos como funcionam as biografias dase estrelas de Hollywood, agradou-me bastante, na parte final do livro, as notas do autor, como reconhecimentos, a variadìssimas testemunhas que lhe serviram de fonte.
    Quanto ao livro em si, ele está longe de diabolizar Brando, antes pelo contrário, dá uma visão muito positiva das suas potencialidades de interpretação; por outro lado, justufica determinadas situações com um comportamento doentio para com a mãe, quase mais "incestuoso" que edipiano; uma ausência de sentimentos para com o pai e principalmente uma crença em si próprio que chega a raiar o auto convencimento de génio, principalmente no campo sexual; basta referir a forma como ele designava o seu orgão sexual: "o meu nobre instrumento"...
    Eu acredito que ele tivesse tido sexo com toda aquela gente e não tem qualquer preocupação em querer dar uma ideia de si próprio diferente daquela que ele é, realmente; é incrível é ver como actrizes aparentemnte tão púdicas se lhe entregaram (Grace Kelly, Ingrid Bergman...) e actores e realizadores que nunca sonharíamos ver na cama com ele...
    Suponho que ele nunca amou verdadiramente ninguém e houve 2 ou 3 homens, não grandes nomes, a quem devotou uma grande amizade misturada com sexo; as mulheres com quem casou foram meros acidentes de percurso e os filhos deram-lhe grandes problemas no fim da sua vida.
    por tudo isto, com todas as reservas, para quem é um apreciador de cinema tem que gostar deste livro.
    abraço.

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  27. só tenho pena que não tenhas posto algumas citações a ilustrarem a desenvoltura do escândalo, i.e., putice :)

    abraço

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  28. Paulinho
    o que tu me obrigas a fazer: ir procurar ao livro, uma citação; aqui vai uma dele, Brando, para o realizador Fred Zinnemann, que o dirigiu no filme "Desesperado" e referindo-se a Montgomery Clift:"Fiz dele a minha puta; agora espero que já tenha percebido quem é que está por cima".
    Satisfeito????
    Abração.

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  29. Tenho lido muito sobre este livro e a curiosidade é grande. Infelizmente estou sem tempo para ler coisas que não tenham a ver com estudo. Brando foi um excelente actor e um belo homem na sua juventude, não admira o poder de sedução do actor tanto para homens como para mulheres.
    Um abraço

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  30. Paulo
    sabendo da tua vida atarefada neste momento, mas é por uma boa causa, é muito bom ver-te por aqui.
    O livro, como já fiu dizendo é interessante para dois tipos de pessoas: para os "curiosos" das escandaleiras e esses ficarão mais que saciados; e para os amantes do cinema, pois muita coisa é dita sobre o dia a dia da Hollywood dos tempos gloriosos, dos grandes filmes, e nem tudo é sexo, neste livro, claro.
    Abraço e bom rendimento nos teus estudos.

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  31. Talvez se ele tivesse sido menos promíscuo, esta biografia daria apenas umas 300 páginas que seriam mais fáceis de lêr...
    Mas se me dizes que o livro nos dá uma boa panorâmica da Hollywood doutros tempos (não apenas as histórias sexuais) então ainda sou capaz de comprar o livro.

    nota: pena que o link que o engine pôs não disponibilizar a obra na íntegra. Lá terei que comprar o livro...Ainda assim dá para ter uma ideia bastante alargada do mesmo.

    Um abraço.

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  32. Rui
    o livro é grande porque acompanha detalhadamente a vida sexual de Brando, desde os seus primeiros passos no teatro novaiorquino, mesmo antes da peça "Eléctrico..." até às suas últimas aventuras sexuais, que irão sensívelmente coincidir com a sua única realização "Cinco anos depois"; a época posterior, até à sua morte, analisa é claro, toda a sua cinematografia e não só, a sua conturbada vida familiar, com o drama do filho, etc, mas não tão promenorizadamente.
    Agora, verdadeiramente interessante é ver como era todo aquele ambiente de Hollywood, as guerras surdas , nos bastidores para a escolha de elencos, os ódios e amores entre os grandes astros do cinema; quem, como eu, vi tanto cinema americano desse tempo e que é raro o nome de uma actriz ou actor não ser meu conhecido, e são muitos e muitas, este livro é uma Bíblia; para quem seja apenas un "voyaeur" de escândalos, é interessante; para o resto das pessoas, não imagino que seja muito interessante; claro, e é muito interessante para quem sempre gostou de Brando, como actor e como símbolo sexual, antes de se transformar num "monstro"...
    Abraço.

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Evita ser anónimo, para poderes ser "alguém"!!!