terça-feira, 1 de abril de 2014

Dois livros de fotografia

O meu amigo Félix, amante da fotografia e bom fotógrafo, esteve recentemente em minha casa e trouxe-me alguns belos livros de fotografia.
Claro que são livros especiais, em que o texto tem a sua importância, mas em que o essencial são as imagens.
Já li (vi) dois deles, ambos muito belos e bastante diferentes.
Um é “Gens du Barroso – Histoire de une belle humanité”
com fotos do fotógrafo francês Gérard Fourel e com textos do português Antero de Alda, em que se faz o registo de algumas das mais típicas aldeias da serra do Barroso (Trás-os-Montes). São fotos cruas, de uma vida dura, cinzenta e fria, mas muito belas.

O texto é bilingue (francês e português) e é um livro muito interessante. Podem e devem ver todas as fotos deste livro aqui.

O outro é da autoria da famosa fotógrafa americana Annie Leibovitz, de ascendência judia e à qual já dediquei há tempos um post neste blog com algumas das suas mais famosas fotos.
Chama-se o livro “A Photografer’s Life: 1990-2005"
e nele,Annie mais que mostrar as suas principais fotos, dedica a maior parte da obra a dois temas muito pessoais – a sua família, nomeadamente os seus pais e o seu relacionamento com Susan Sontag

 uma das mais importantes pessoas da sua vida.
Claro que estão no livro fotos célebres, mas essencialmente são registos muito íntimos, sem a preocupação de fazer uma bela foto, mas e por isso mesmo, muito reais. Pode ver-se o envelhecimento dos pais e pode ver-se a progressão da doença de Susan.
Curiosamente uma das fotos mais conhecidas deste livro foi tirada por Susan Sontag e é um retrato de Annie nua e em adiantado estado de gravidez.
É portanto um livro fundamental para quem se interessa por fotografia e principalmente pela vida e obra de Annie Leibovitz.

Em complemento um acompanhamento musical de canto popular transmontano – “A fonte do salguerinho”.

6 comentários:

  1. O retrato da Annie, nua, é um dos mais conhecidos. Muito se falou quando esta foto surgiu. Mostra uma mulher normal, comum, com estrias no peito, não bela nos parâmetros demasiado agressivos das sociedades actuais...

    O Portugal de Trás-os-Montes ainda é desconhecido por muitos que moram nas grandes cidades, como Lisboa ou Porto. Eu mesmo fico pasmado quando dou de caras com fotos que nem têm muitos anos, mas que retratam um Portugal que julgava perdido algures pelo século XIX. O país ainda é muito rural. É uma realidade tão afastada da que temos presente que lá, nomeadamente em Miranda do Douro, até falam outra língua, o mirandês, que por séculos foi tida como uma "corruptela" da língua portuguesa com mistura de castelhano e, afinal, não. É uma língua completamente independente com origens distintas tanto do português como do castelhano.

    Vidas muito duras, de trabalho árduo no campo. Mais uma herança do "velho abutre", que tudo fazia para manter o país no marasmo em que se encontrava. O atraso de Portugal é anterior a Oliveira Salazar, contudo, as pessoas não imaginam as responsabilidades desse homem nos problemas que Portugal ainda atravessa.

    um abraço, querido João.

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  2. Mark
    fiz uma adenda a este post com um link do livro sobre as fotos do Barroso, em que poderás ver todas as fotos deste livro. Aconselho-te a vê-las pois não darás por mal empregue o tempo.
    Abraço amigo.

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  3. Fotos & Fotos
    Fotografia antiga
    Fotos a preto e branco...

    Maravilha para os meus olhos.
    Excelente esta abordagem no teu Blogue.

    Abraço

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  4. Pois é João Eduardo
    dizes bem, ao chamar-lhe "fotos & fotos", pois são dois diferentes mundos da fotografia que estes dois livros nos mostram.
    Por um lado as fotos, não tão antigas assim, mas de um mundo tão parado no tempo que mais parece antigo.
    Se outro lado, um mundo urbano e muito, muito pessoal sem medo de expor em toda a sua nudez ou velhice, quer o amor quer a família.
    Dois grandes fotógrafos e um mundo fabuloso a explorar infinitamente - a fotografia.

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  5. Muito belo, João! Fico com vontade de folhear o livro :-)
    E, em jeito de informação e desafio, está patente uma exposição de fotografia africana na Gulbenkian, que irei ver um dia destes. Um bom local para nos encontrarmos:-))))))

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  6. É uma boa ideia, Justine.
    Desde que me avises com alguma antecedência, será um prazer, até porque tenho cá uma coisa para ti...
    Beijinho.

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