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segunda-feira, 19 de agosto de 2013

Cinemas de Lisboa - 7

Continuo hoje a falar de cinemas de reprise, talvez os mais famosos, e decerto alguns muito importantes como cinemas de bairro liboetas.
O Chiado Terrasse
na conhecida rua da PIDE, vizinho do S.Luís  foi o primeiro cinema de Lisboa a ser construído para passar cinema, em 1908 tendo sido considerada uma das mas importantes salas lisboetas. Passou por várias fases, com espectáculos de vária ordem
mas desde os anos 30 que passou a exibir filmes de reprise, tendo encerrado portas em 1972 e é hoje uma agência bancária

O cinema Pathé tem uma história atribulada com uma constante mudança de nomes. Quando abriu, perto de Arroios, noa anos 20, chamava-se Pathé; mas na década de trinta com a introdução do cinema sonoro, teve importantes obras e passou a chamar-se Imperial
Foi durante muitos anos uma das melhores salas de reprise de Lisboa, mas na década de 70 foi tomada a decisão de demolir o edifício e construir outro novo e modernizado, voltando ao nome de Pathé
e curiosamente passou a ser cinema de estreias, mas nos anos 80 começou a perder público tendo encerrado em 1987. No início dos anos 90 funcionou como discoteca, mas acabou por fechar. Encontra-se actualmente abandonado tendo servido para acolher os sem-abrigo.

No princípio dos anos 30 foi construído o Cinema Paris
na rua Domingos Sequeira, que liga a Estrela a Campo de Ourique, um belo cinema em Art Deco, para projecção de cinemas de reprise. Foi dos mais importantes cinemas de bairro de Lisboa, mas como tantos outros acabou por encerrar portas no final dos anos 70 estando hoje num estado de degradação total.

O Lys
numa das esquinas da Av.Almirante Reis, não longe dos Anjos foi um magnífico cinema de reprise que teve um percurso algo semelhante ao do Pathé/Imperial. Foi inaugurado em 1930 e nele eram exibidos em sessões de reprise os grandes êxitos logo após terem deixado as salas de estreia
Depois de grandes obras, passou a chamar-se Roxy e abriu em 1973 como cinema de estreias
Depois foi a normal decadência tendo fechado em 1988. Hoje é um edifício que alberga escritórios e uma sapataria

Na Av.Pedro Álvares Cabral, logo a seguir ao Rato havia um dos meus cinemas preferidos dos primeiros tempos que vivi em Lisboa, por ser o mais perto de minha casa, por ser barato, (via dois filmes por “tuta e meia”) e era muito original por causa das suas cadeiras, que eram de verga, pelo que o Jardim Cinema
que era este o seu nome, era também conhecido pelo “Palhinhas”
nos últimos tempos parece que chegou a chamar-se Monte Carlo, sendo posteriormente sido um enorme salão de jogos
depois serviu de estúdio de televisão e agora parece vir a ser uma leiloeira…

O cinema Rex
localizava-se na Rua da Palma tendo iniciado as exibições cinematográficas em 1929, tendo encerrado nos anos 60, sendo depois sido reaberto em 1968 como Teatro Laura Alves, o qual por sua vez encerrou portas em finais dos anos 80, embora ainda reabrisse novamente noa nos 90 tendo estado em actividade durante alguns anos. Depois do seu encerramento definitivo, foi uma pensão, chamada Noite Cristalina
que foi destruída em 2012 por um incêndio. Hoje o edifício foi recuperado e é esta a sua imagem actual.

Situado no bairro da Graça, o Cinema Royal foi considerado um dos mais belos cinemas de Lisboa
e foi inaugurado no final de 1929, tendo encerrado no início dos anos 80, sendo hoje uma loja da cadeia Pingo Doce
mas mantendo a fachada original e penso ainda lá existir o famoso e belo relógio que o cinema tinha.

quarta-feira, 14 de agosto de 2013

Cinemas de Lisboa - 6

Hoje faço uma ronda por cinemas um pouco diferentes, alguns dos quais tiveram outras actividades além do cinema.

O Cine-Teatro Capitólio é um edifício classificado de importância arquitectónica internacional. Localiza-se no Parque Mayer, um antigo recinto de diversões de Lisboa inaugurado em 1922. Luís Cristino da Silva, um dos arquitectos mais proeminentes do século XX português e considerado por especialistas como o introdutor do modernismo em Portugal foi o autor do projecto deste edifício.
Neste espaço houve de tudo um pouco, desde cinema de estreia, de categoria B, a cinema de reprise e até no seu final nos anos 80, a cinema pornográfico. Mas claro que muitas revistas à portuguesa ali se exibiram, como também zarzuelas e outros espectáculos musicais.
Tinha um terraço superior onde se projectavam também filmes, havia espectáculos musicais e no final da sua exploração foi transformado num rinque de patinagem e discoteca.
Hoje está muito degradado, mas há um plano de recuperação para este belo edifício, hoje denominado Teatro Raul Solnado, que variadas vezes ali actuou.

 Também dentro da mesma traça arquitectónica modernista é o edifício do Cinearte, no Largo de Santos.
Foi inaugurado em 1940 com um célebre filme de Frank Capra e mais tarde passou a cinema de reprise
.Esteve fechado durante a década de 80 e reabriu transformado em teatro, com duas salas e bar, onde funciona com regularidade a companhia de Teatro “A Barraca”, onde se destaca a grande comediante Maria do Céu Guerra

O Cinema Municipal esteve integrado na Feira Popular que funcionou nas décadas de 40 e 50 em Palhavã, onde agora estão os belos jardins da Gulbenkian e o Centro de Arte Moderna. Este cinema foi inaugurado em 1951 num edifício hoje não existente
e passou para Entrecampos, acompanhando a Feira Popular, tendo funcionado com cinema durante a década de 60.
Foi depois transformado em teatro, com a denominação de Teatro Vasco Santana, onde funcionou durante muitos anos uma das melhores companhias de teatro portuguesas, o Teatro Estúdio e onde vi excelentes peças. Mais tarde e com o fim dessa companhia de teatro, o edifício passou a chamar-se Auditório Ana Bola, mas acabou por ser destruído com o fecho da Feira Popular.

Uma sala com um percurso muito curioso situava-se no Rego, mais propriamente na Rua da Beneficiência e começou por chamar-se Cine Bélgica, inaugurado em 1928, passando filmes de reprise.
Em 1968 passou a chamar-se Cinema Universitário, dada a proximidade da Cidade Universitária e em 1973 mudou de nome novamente, para Cinema Universal, passando a pertencer à empresa Animatógrafo, de Cunha Teles e que logo após o 25 de Abril se tornou o templo do cinema revolucionário do PREC. Em 1980 uma nova fase desta sala aconteceu com a sua transformação numa das mais famosas salas de concertos de Lisboa para o público juvenil – o “Rock Rendez Vous” que durou até 1990.
O edifício foi entretanto demolido e hoje naquele local está um edifício moderno onde está instalado um café cujo dono ainda mantém o culto do passado daquele lugar tendo como decoração fotos dos variados usos da sala ao longo dos anos.

Um outro cinema diferente desta nossa Lisboa foi o Cinema Lumiar, no início da Calçada de Carriche, e cujo edifício ainda lá está para venda.
Foi inaugurado em 1968 e tinha ecran para projecções em 70 mm.
Tinha uma programação essencialmente baseada em produções asiáticas e acabou por encerrar em 1977
Ao contrário dos restantes, este cinema não teve outras actividades.

sexta-feira, 9 de agosto de 2013

Cinemas de Lisboa - 5

Hoje vou falar de apenas quatro salas de cinema de Lisboa
Aquelas em que foi ou ainda é exibido cinema pornográfico.
Estes cinemas são quase só frequentados por público masculino e poucos lá irão com o simples intuito de ver um filme porno heterossexual. Transformaram-se talvez nos maiores centros de cruising homossexual lisboeta.
Um exemplo disso é um anúncio deste tipo que se pode ler em certos jornais:  
"Procuro macho activo muito homem para sexo oral em cinema porno. Caso esteja interessado contacte  xxxxxx.hotmail.com"

Comecemos pelo "Animatógrafo do Rossio" que fica situado na Rua dos Sapateiros, imediatamente a seguir ao Arco de Bandeira, pelo que também há gente que o chame por este nome.
O “Animatógrafo do Rossio” abriu no começo do século XX e foi dos mais elegantes cinemas de Lisboa, com uma fachada lindíssima, no estilo Arte Nova, que felizmente, pese embora as variadas funções do espaço, se mantém.
Também teve nas ultimas décadas do século a sua fase de “piolho” e depois de exibições pornográficas (foi ali que me aconteceu “algo”, na única vez que ali entrei, que me fez envergonhar de sair para a rua, e mais não digo…).
Era uma sala pequena, com uma entrada e uma saída diferentes, para lá daquelas cortinas de veludo vermelho.
Desde 1994 que passou a ser uma sex shop com espectáculos de “peep show” femininos.


O "Cinema Paraíso", situado perto do Largo Camões, que nasceu no princípio do século XX e teve inúmeras reincarnações: começou como Salão Ideal, depois para Cinema Ideal

passando por Cine Camões e acabando na actual designação de Cine Paraíso.
A sua programação também foi atribulada, pois começou por ser de estreia, depois passou pela reprise, descendo à condição de “piolho” com dois filmes por sessão (mantendo o nome de Cinema Ideal); quando adoptou o nome de Cine Camões exibiu filmes indianos e como Cinema Paraíso rendeu-se ao cinema porno, apesar da tentativa infrutífera da cooperativa Cinema Novo de implementar uma programação normal há alguns anos atrás (recordo-me de lá ter decorrido um excelente ciclo de cinema alemão num dos festivais Queer de Lisboa).
Relativamente ao seu tamanho é uma sala pequena (260 lugares) e que contém cadeiras que pertenceram ao saudoso Cine-Teatro Monumental, o que lhe confere uma certa grandiosidade.
Aproveito para deixar aqui um link, que relata uma ida de uma pessoa a este cinema, avisando desde já que este link tem uma ENORME bola vermelha, pelo que se devem abster de o ler os espíritos mais puritanos.
Curiosamente esta situação aqui relatada é semelhante em quase tudo ao que acontecia no Olympia.

Passemos ao mais famoso dos quatro - o "Olympia"
O Olympia foi inaugurado em 1911.
Era composto por salões para concertos e para exibições animatográficas, um gabinete para leitura e um restaurante.
Até 1975 foi um espaço consagrado ao cinema nacional, tendo também sido utilizado para peças de teatro e conferências.
Após o 25 de Abril começou a exibir filmes pornográficos.
Acabaria por ser definitivamente abandonado em 2001.
O encenador Filipe La Féria comprou o espaço em 2008.
Este foi o mais célebre cinema pornográfico de Lisboa, sendo assim como que um Cine Carretas madrileno, na nossa capital.
Fui lá variadas vezes e não vou entrar em muitos pormenores, pois o link ali de cima diz tudo o que aqui também se fazia, mas não só na sala, também nos WC e à vista de toda a gente.
Não era anormal verem-se caras conhecidas publicamente e uma coisa a que eu sempre achei alguma piada eram aqueles indivíduos trintões, quarentais e até mais velhos, que entravam com o jornal “A Bola” debaixo do braço, mostrando assim alguma “virilidade”, mas o jornal era também usado quando sentados para ocultar as cenas sexuais que ousavam praticar…
E, história verídica – quando alguém perguntou ao gerente porque não passava, naturalmente, a exibir filmes porno homossexuais, tendo em conta aquilo em que o cinema se havia tornado, respondeu o dito: “Nem pensar, eu sou um negociante honesto e um bom pai de família, porcarias dessas aqui, nunca!”

Finalmente um dos que ainda está "activo", é o "Cinebolso"

Sala situada na Rua Actor Taborda, que apareceu já depois do 25 de Abril. Até ao fim da década de 70 teve uma programação interessante (“La Salamandre”, “Joe Hill”, “Belle de Jour”, são alguns bons exemplos dos filmes que por lá passavam),
mas a partir de 1980 voltou-se em exclusivo para o cinema pornográfico. 
Em 1982 ainda passou pelas mão de Pedro Bandeira Freire, que lhe mudou o nome para Quinteto, transformando-o numa extensão do então muito bem sucedido Quarteto. 
No entanto a nova programação esbarrou no público habituado daquele espaço e a sala regressou às suas origens, voltando a chamar-se Cinebolso e de novo com uma programação exclusivamente feita de filmes pornográficos, mantendo-se assim até hoje. 
É curioso que das quatro salas aqui citadas apenas esta teria tido ou tem publico feminino nestas sessões porno; pelo menos tenho uma vaga ideia de ter ouvido falar em “engates” heterossexuais previamente combinados para este cinema… 
E de todas elas foi sempre a mais “soft” das quatro. 
Apenas lá fui uma vez e pude constatar isso.

sexta-feira, 2 de agosto de 2013

Cinemas de Lisboa - 3

Esta postagem fala ainda de salas de estreia, mas não das mais conhecidas, ou das mais centrais.

Devido a algumas delas terem tido um período de duração curta, e outras terem mesmo sido demolidas (caso dos Alphas), há alguma dificuldade de obter fotos.

Começo por um cinema criado como resposta a outro. Foi o caso do cinema Estúdio
que o Império criou lá no último piso, em 1972,com uma programação cuidada, quase elitista e que tinha a particularidade de quando ainda não havia a projecção, as cortinas laterais abriam-se e ficava aquela ampla janela debruçada para a Alameda? Aliás já o referi na primeira postagem.

Pois o Monumental tinha também o seu estúdio, também no último andar do amplo edifício e que se chamou “Satélite”
e que tanto em programação como em público rivalizava com o Estúdio do Império. Mas foi criado um ano antes, em 1971

 e antes era um salão de chá.

No Campo Grande, havia o “Caleidoscópio”, com uma curiosa decoração externa, num pequeno edifício, perto da Biblioteca Nacional, cuja programação foi de início da responsabilidade do conhecido crítico Lauro António e onde havia um pequeno bar e uma ou duas lojas.
Hoje é uma dependência de uma editora e parece que há planos camarários para transformar o local e outros locais do Campo Grande em espaços úteis quer social, quer culturalmente.

Logo a seguir ao Areeiro, junto às bombas de gasolina que ali estão situadas, abriu um multiplex de três salas, chamado os “Alphas”; o que é curioso é eles terem feito sucessivas obras internas transformando as 3 salas existentes em 5, a mais pequena com apenas 27 lugares e depois uma sexta, com nove lugares apenas, imagine-se! O edifício foi demolido e é hoje um moderno prédio de escritórios.

Encostadinho a um dos lados traseiros da Igreja de Fátima, abriu um cinema pequeno e talvez dos mais feios que Lisboa já teve – o “Berna”.

Ainda resistiu uns anos, mas acabou por se transformar primeiro nos estúdios da então nova TVI
e hoje é uma dependência da Junta de Freguesia.

Numa transversal da Av. Fontes Pereira de Melo, mesmo em frente ao Palácio Sotto Mayor havia outro interessante cinema, o “Mundial”, com uma programação interessante e com duas salas. Deixou de funcionar há anos.

Bem longe, no muito agradável  bairro de Campo de Ourique e perto da igreja do Santo Condestável existiu um cinema de apreciáveis dimensões e de bom porte arquitectónico – o “Europa”.
Nele vi um filme que jamais esquecerei, e que passou desapercebido, chamado “O Ídolo”, com uma Jennifer Jones em fim de carreira, fazendo o papel de uma senhora que se apaixona pelo melhor amigo do filho, um belo actor (Michael Parks, que fez de Adão no filme "A Bíblia" do John Huston): o que me entusiasmou foi que numa cena “quente” do filme é posto a rodar no gira-discos uma belíssima música e o jovem pergunta o nome dessa melodia. Eu que nunca a tinha ouvido fixei o nome também e no dia seguinte estava na Valentim de Carvalho do Chiado a pedir o “Inferno” de Vivaldi. Que não, devia ser engano, e seria talvez o “Inverno” desse compositor que eu quereria – posto o disco a tocar e era esse mesmo; foi-me então explicado que era um dos quatro andamentos de uma composição musical chamada “Quatro Estações” e assim trouxe o long play em vez do 45 r.pm.
Devo a minha imensa paixão por Vivaldi ao cinema Europa, eheheh…Hoje, e depois de ter sido o estúdio das produções televisivas de Carlos Cruz, é um departamento do IPPAR.

E, num beco, muito perto do viaduto ferroviário da Av.da República existiu o “7ª.Arte”
onde vi o célebre “Thelma e Louise”. Fechou como quase todos os outros e hoje é o IMTT, onde vamos fazer fila não para comprar bilhete mas para pagar multas de trânsito; por cima fica a embaixada de Angola.

Há dois outros cinemas de que encontro referência, mas não qualquer foto, embora me recorde vagamente deles e até nem eram longe um do outro: o “Zodíaco”, na Rua Conde Redondo e o “Cine-Bloco”, na Av. Duque de Loulé.

No próximo post falarei dos variados cinemas que funcionaram em centros comerciais e hoje desaparecidos.