Hoje faço uma ronda por cinemas um pouco diferentes, alguns
dos quais tiveram outras actividades além do cinema.
O Cine-Teatro Capitólio é um edifício classificado de
importância arquitectónica internacional. Localiza-se no Parque Mayer, um
antigo recinto de diversões de Lisboa inaugurado em 1922. Luís Cristino da Silva,
um dos arquitectos mais proeminentes do século XX português e considerado por
especialistas como o introdutor do modernismo em Portugal foi o autor do
projecto deste edifício.
Neste espaço houve de tudo um pouco, desde cinema de
estreia, de categoria B, a cinema de reprise e até no seu final nos anos 80, a cinema
pornográfico. Mas claro que muitas revistas à portuguesa ali se exibiram, como
também zarzuelas e outros espectáculos musicais.
Tinha um terraço superior onde se projectavam também filmes,
havia espectáculos musicais e no final da sua exploração foi transformado num
rinque de patinagem e discoteca.
Hoje está muito degradado, mas há um plano de recuperação
para este belo edifício, hoje denominado Teatro Raul Solnado, que variadas
vezes ali actuou.
Foi inaugurado em 1940 com um célebre
filme de Frank Capra e mais tarde passou a cinema de reprise
.Esteve fechado durante a década de 80 e reabriu transformado em teatro, com duas salas e bar, onde funciona com regularidade a companhia de Teatro “A Barraca”, onde se destaca a grande comediante Maria do Céu Guerra
.Esteve fechado durante a década de 80 e reabriu transformado em teatro, com duas salas e bar, onde funciona com regularidade a companhia de Teatro “A Barraca”, onde se destaca a grande comediante Maria do Céu Guerra
O Cinema Municipal esteve integrado na Feira Popular que
funcionou nas décadas de 40 e 50 em Palhavã, onde agora estão os belos jardins
da Gulbenkian e o Centro de Arte Moderna. Este cinema foi inaugurado em 1951
num edifício hoje não existente
e passou para Entrecampos, acompanhando a Feira
Popular, tendo funcionado com cinema durante a década de 60.
Foi depois transformado em teatro, com a denominação de
Teatro Vasco Santana, onde funcionou durante muitos anos uma das melhores
companhias de teatro portuguesas, o Teatro Estúdio e onde vi excelentes peças.
Mais tarde e com o fim dessa companhia de teatro, o edifício passou a chamar-se
Auditório Ana Bola, mas acabou por ser destruído com o fecho da Feira Popular.
Uma sala com um percurso muito curioso situava-se no Rego,
mais propriamente na Rua da Beneficiência e começou por chamar-se Cine Bélgica,
inaugurado em 1928, passando filmes de reprise.
Em 1968 passou a chamar-se Cinema Universitário, dada a proximidade da Cidade Universitária e em 1973 mudou de nome novamente, para Cinema Universal, passando a pertencer à empresa Animatógrafo, de Cunha Teles e que logo após o 25 de Abril se tornou o templo do cinema revolucionário do PREC. Em 1980 uma nova fase desta sala aconteceu com a sua transformação numa das mais famosas salas de concertos de Lisboa para o público juvenil – o “Rock Rendez Vous” que durou até 1990.
O edifício foi entretanto demolido e hoje naquele local está um edifício moderno onde está instalado um café cujo dono ainda mantém o culto do passado daquele lugar tendo como decoração fotos dos variados usos da sala ao longo dos anos.
Em 1968 passou a chamar-se Cinema Universitário, dada a proximidade da Cidade Universitária e em 1973 mudou de nome novamente, para Cinema Universal, passando a pertencer à empresa Animatógrafo, de Cunha Teles e que logo após o 25 de Abril se tornou o templo do cinema revolucionário do PREC. Em 1980 uma nova fase desta sala aconteceu com a sua transformação numa das mais famosas salas de concertos de Lisboa para o público juvenil – o “Rock Rendez Vous” que durou até 1990.
O edifício foi entretanto demolido e hoje naquele local está um edifício moderno onde está instalado um café cujo dono ainda mantém o culto do passado daquele lugar tendo como decoração fotos dos variados usos da sala ao longo dos anos.
Um outro cinema diferente desta nossa Lisboa foi o Cinema
Lumiar, no início da Calçada de Carriche, e cujo edifício ainda lá está para
venda.
Foi inaugurado em 1968 e tinha ecran para projecções em 70 mm.
Foi inaugurado em 1968 e tinha ecran para projecções em 70 mm.
Começo a achar que havia um cinema em cada esquina.
ResponderEliminarAlex
Eliminarnão era exactamente assim, mas é um facto que a exibição cinematográfica em Lisboa foi profundamente alterada, com mais de 90% das salas a existirem nas grandes superfícies comerciais.
Nestes casos de hoje, sobrevive o antigo Cinearte, hoje uma sala de sucesso com uma boa companhia de teatro a explorá-la - A Barraca.
O Parque Mayer mete dó, com o Capitólio à espera das obras aprovadas e não sei se os outros teatros ainda lá estão: o Maria Vitória, o Variedades, o ABC...
Abraço amigo.
Caríssimo, parabéns por esta viagem aos cinemas de Lisboa. Pena é, volta a frisar, o descaso que alguns edifícios sofrem... se ao menos servissem para se jogar futebol e teriam orçamentos para obras...
ResponderEliminarCatso
Eliminarpois é verdade, para o futebol vai sempre havendo dinheiro.
É uma dor de alma ver assim o Capitólio, um magnífico edifício, e que tinha (e tem) capacidade para 1400 lugares, fora o terraço.
O que se podia fazer ali, mesmo no coração de Lisboa...
Abraço amigo.
Estou a adorar!
ResponderEliminarRosa
Eliminarmodéstia à parte, é um trabalho que me está a dar trabalho mas que vai ficar muito completo, quando ficar terminado.
Beijinho.
João, li estas "reportagens" de fio a pavio. Adorei o trabalho e sei que, por trás dele, devem estar longas horas de investigação, mas creio que valeu a pena. Não sei se tens mais material para mostrar, mas vou ficar atenta. Parabéns.
ResponderEliminarSalvina
Eliminarestão algumas horas estão, e mais hão-de estar, mas vale a pena...
Beijinhos.
Não conhecia existência de nenhum :(
ResponderEliminarAdorei, aprendi e fiquei um pouco mais rico
Abraço amigo João
Francisco
Eliminaro Capitólio é uma relíquia que merece ser conhecida e sobretudo, perservada e reformulada dentro de um espaço que já foi conhecido como a Broadway lisboeta - o Parque Mayer.
Abraço amigo.
João estes posts informativos fazem imensa falta para que possamos conhecer os detalhes importantíssimos sobre os temas que abordas. Excelente trabalho. Beijinhos.
ResponderEliminarMary
Eliminarobrigado pelo teu apoio a esta "odisseia" em que me meti...
Por vezes questiono-me se não estarei a ser demasiado "chato" e repetitivo com estas postagens, mas por outro lado sentir-me-ia mal abandonar o projecto sem ele estar concluído.
Por essa razão haverá ainda lugar para mais duas ou três postagens agora referentes a cinemas menos conhecidos e em sítios mais variados, quase uma revisitação de alguns bairros lisboetas.
Beijinho.
destes, somente a barraca conheço. o parque mayer sem dúvida que devia ser reabilitado, não sei, talvez uma broadway lusa, tudo no mesmo sítio, como era há décadas, cinemas, teatro, cafés literários, esplanadas, festivais de rua, como o que está a acontecer na mouraria. revitalizar a zona, ainda por cima está tão central... não percebo como chegou aquele estado :(
ResponderEliminarbjs.
Margarida
Eliminareu ainda cheguei a ir ao Cinearte que era das melhores salas de reprise de Lisboa. E foi uma belíssima escolha para ser a casa da excelente companhia de teatro "A Barraca", onde já vi variadíssimas peças.
Quanto ao Parque Mayer, fico tão nostálgico quando me lembro daquilo tudo a funcionar...
Que pena!
Beijinho.
As primeiras salas que referes só as conheci com espectáculos de teatro! É estranho rever essas fachadas, já perdidas na memória.
ResponderEliminarEsta tua investigação é uma dádiva, João. É nostálgico, mas é bom...
Justine
Eliminartambém vi essencialmente teatro no Capitólio (Revista) e no Cinearte, mas também lá vi algum cinema.
Mas no Cinema Municipal nunca vi cinema, só tratro já como Teatro Vasco Santana, com a Companhia da Luzia Maria Martins e da Helena Félix.
Velhos tempos, minha Amiga.
Beijinho.
Olá, João. Peço-te desculpa pela minha larga ausência. Nada de especial. Coisas minhas que vão passando com o tempo. Senti saudades de ti e do teu espaço, das coisas que tu escreves de uma forma tão "sui generis".
ResponderEliminarAssim sendo, tenho a dizer-te duas coisas. Adorei a música e a alusão ao cinema paraíso de que tanto gosto e que se enquadra, nesta tua postagem, lindamente.
A 2ª coisa que queria dizer-te, refere-se ao teu post. Não conhecia nada disto e estava longe de imaginar tanta transformação. Conhecia, de ouvir falar, " A Barraca" e a sua associação com a Maria do Céu Guerra.
Mais uma vez, estás de parabéns pelo teu trabalho de pesquisa, pelas fotos, por tudo. Não é todos os dias que se vê uma coisa assim. Foi, de facto, uma odisseia em que te meteste e de interesse público. Não devias publicar este trabalho só no teu blog.
Um beijinho para ti
Isabel
Olá Isabel
Eliminarsim, é uma odisseia e não a vou deixar incompleta, pelo que ainda há muita coisa a mostrar e de que falar.
Mas não estou nada arrependido, antes pelo contrário.
Beijinho.
Cinemas lindíssimos, sem dúvida, e que ajudaram a dar um certo carácter à cidade de Lisboa (o Lumiar, que só conheci através deste teu artigo, é qualquer coisa de fabuloso!). Só fui uma vez ao Cinearte, mas para ver teatro com a grande Maria do Céu Guerra. E também fui uma única vez ver revista ao Parque Mayer, mas já não me lembro a qual dos teatros. mas adorei o terraço do capitólio.
ResponderEliminarMiguel
Eliminarse passares na Calçada de Carriche ains podes ver o edifício do Lumiar em bom estado de conservação.
Falas de duas salas onde viste teatro, o Cinearte e eventualmente o Capitólio e vê a diferença no aproveitamento de dois belos edifícios, tão oposta; de um lado a recuperação feliz para uma companhia excelente - A Barraca; do outro em magnífico edifício numa zona nobre da cidade, a cair de podre, aliás como tpdo o espaço envolvente - o famigerado (em planos urbanísticos) Parque Mayer.
Abraço amigo.
Agora sim, consegui actualizar a minha leitura do teu blog. Beijinho e o brigada pelo trabalhão que tiveste, muito importante para quem não vive, nem viveu em Lisboa.
ResponderEliminarMary
ResponderEliminarse por um lado, quem conhece bem Lisboa sentirá uma enorme nostalgia com tudo isto, por outro para quem não é de cá, é uma porta desconhecida, que de certa forma se abre para conhecer melhor esta cidade.
Será o teu caso.
Beijinho.