Esta postagem fala ainda de salas de estreia, mas não das mais
conhecidas, ou das mais centrais.
Devido a algumas delas terem tido um período de duração
curta, e outras terem mesmo sido demolidas (caso dos Alphas), há alguma
dificuldade de obter fotos.
Começo por um cinema criado como resposta a outro. Foi o
caso do cinema Estúdio
que o Império criou lá no último piso, em 1972,com uma
programação cuidada, quase elitista e que tinha a particularidade de quando
ainda não havia a projecção, as cortinas laterais abriam-se e ficava aquela
ampla janela debruçada para a Alameda? Aliás já o referi na primeira postagem.
Pois o Monumental tinha também o seu estúdio, também no
último andar do amplo edifício e que se chamou “Satélite”
e que tanto em
programação como em público rivalizava com o Estúdio do Império. Mas foi criado
um ano antes, em 1971
e antes era um salão de chá.
No Campo Grande, havia o “Caleidoscópio”, com uma curiosa
decoração externa, num pequeno edifício, perto da Biblioteca Nacional, cuja
programação foi de início da responsabilidade do conhecido crítico Lauro
António e onde havia um pequeno bar e uma ou duas lojas.
Hoje é uma dependência
de uma editora e parece que há planos camarários para transformar o local e
outros locais do Campo Grande em espaços úteis quer social, quer culturalmente.
Logo a seguir ao Areeiro, junto às bombas de gasolina que ali
estão situadas, abriu um multiplex de três salas, chamado os “Alphas”; o que é
curioso é eles terem feito sucessivas obras internas transformando as 3 salas
existentes em 5, a mais pequena com apenas 27 lugares e depois uma sexta, com
nove lugares apenas, imagine-se! O edifício foi demolido e é hoje um moderno
prédio de escritórios.
Encostadinho a um dos lados traseiros da Igreja de Fátima,
abriu um cinema pequeno e talvez dos mais feios que Lisboa já teve – o “Berna”.
Ainda resistiu uns anos, mas acabou por se transformar primeiro nos estúdios da
então nova TVI
e hoje é uma dependência da Junta de Freguesia.
Numa transversal da Av. Fontes Pereira de Melo, mesmo em
frente ao Palácio Sotto Mayor havia outro interessante cinema, o “Mundial”, com
uma programação interessante e com duas salas. Deixou de funcionar há anos.
Bem longe, no muito agradável bairro de Campo de Ourique e perto da igreja
do Santo Condestável existiu um cinema de apreciáveis dimensões e de bom porte
arquitectónico – o “Europa”.
Nele vi um filme que jamais esquecerei, e que
passou desapercebido, chamado “O Ídolo”, com uma Jennifer Jones em fim de
carreira, fazendo o papel de uma senhora que se apaixona pelo melhor amigo do
filho, um belo actor (Michael Parks, que fez de Adão no filme "A Bíblia" do John Huston): o que me entusiasmou foi que numa
cena “quente” do filme é posto a rodar no gira-discos uma belíssima música e o
jovem pergunta o nome dessa melodia. Eu que nunca a tinha ouvido fixei o nome
também e no dia seguinte estava na Valentim de Carvalho do Chiado a pedir o “Inferno”
de Vivaldi. Que não, devia ser engano, e seria talvez o “Inverno” desse
compositor que eu quereria – posto o disco a tocar e era esse mesmo; foi-me
então explicado que era um dos quatro andamentos de uma composição musical chamada
“Quatro Estações” e assim trouxe o long play em vez do 45 r.pm.
Devo a minha
imensa paixão por Vivaldi ao cinema Europa, eheheh…Hoje, e depois de ter sido o
estúdio das produções televisivas de Carlos Cruz, é um departamento do IPPAR.
E, num beco, muito perto do viaduto ferroviário da Av.da República
existiu o “7ª.Arte”
onde vi o célebre “Thelma e Louise”. Fechou como quase
todos os outros e hoje é o IMTT, onde vamos fazer fila não para comprar bilhete
mas para pagar multas de trânsito; por cima fica a embaixada de Angola.
Há dois outros cinemas de que encontro referência, mas não
qualquer foto, embora me recorde vagamente deles e até nem eram longe um do
outro: o “Zodíaco”, na Rua Conde Redondo e o “Cine-Bloco”, na Av. Duque de
Loulé.
No próximo post falarei dos variados cinemas que funcionaram
em centros comerciais e hoje desaparecidos.