Dou hoje início a uma série de postagens sobre os cinemas de
Lisboa.
Vai ser uma série bastante completa e bem documentada por
fotos, pelo que tem que ser segmentada.
Nesta primeira postagem vou apenas referir os cinemas de
estreia que havia na “baixa” da capital, incluindo a Avenida da Liberdade e
outros dois grandes cinemas de estreia: um no Saldanha, o Monumental e outro na
Alameda, o Império.
Hoje poucas são as salas de cinema que continuam a estrear
filmes, estando quase toda a programação na mão das grandes distribuidoras que
exibem os seus filmes, por assim dizer quase na totalidade em complexos no
interior de grandes superfícies comerciais.
Mas passemos aos cinemas de hoje e em pleno Chiado, ali
mesmo ao lado da PIDE, existia e continua a existir o S.Luís, que foi outrora
um grande palco para as maiores figuras do Teatro (basta ver as lápides do seu
magnífico interior) e depois durante largos anos foi um dos cinemas com melhor
programação de Lisboa.
Hoje é um Teatro Municipal, com uma programação variada de
teatro, Música, Bailado e outros espectáculos e tem ainda no seu interior uma
Companhia de Teatro residente, o Teatro Mário Viegas.
Nos Restauradores, impunha-se o cinema Éden, magnífico edifício
da autoria do grande arquitecto Cassiano Branco, com um complicado sistema de
entradas e saídas
e que é hoje um hotel.
Quase em frente, havia o Condes
agora transformado no
famoso Hard Rock Café.
Logo a seguir, quem vai para a Rua das Portas de S.Antão, o
Odéon, especializado em filme populares
e que hoje está transformado num lamentável edifício em ruínas.
E no seu seguimento, mesmo em frente ao Coliseu dos
Recreios, está o Politeama, antes um cinema de estreia de filmes de série B,
(mas já havia sido Teatro)
e hoje recuperado para as grandes produções musicais
(e não só) de Filipe La Féria, no estilo da Broadway, made in Portugal.
A meio da Avenida, dois cinemas de grande nível, um em
frente do outro: o S.Jorge, que exibia grandes filmes, da programação cuidada
da Rank
e que é hoje propriedade camarária e que regista ao longo de todo o ano
grande afluência de público devido aos muitos festivais de cinema ali
realizados.
E o Tivoli, uma das mais belas salas de Lisboa, e uma das três que
projectava filmes de 70 mm (as outras eram o Monumental e o Império), com uma
programação cuidada
e hoje é uma sala com variados espectáculos, com destaque
para o Teatro, nomeadamente para as companhias brasileiras que se deslocam até
nós.
No Saldanha, uma sala que era uma referência, o Monumental (aliás
eram duas, pois havia o cinema e o teatro, onde pontificava o empresário vasco
Morgado e a grande Laura Alves). As grandes produções de Hollywood eram
geralmente ali projectadas.
Hoje é um edifício moderno de escritórios, com um centro
comercial, onde se exibem em várias salas, bom cinema.
Finalmente, na Alameda, outro “monstro” do cinema lisboeta –
o Império, também com excelente programação e que foi das primeiras salas em
Portugal a ter uma sala alternativa, o Estúdio, com uma programação muito
especial e bastante elitista – quase toda a obra de Bergman ali foi exibida
Hoje foi comprado pela IURD, que tem dinheiro para isso e muito mais…
Hoje foi comprado pela IURD, que tem dinheiro para isso e muito mais…
:) Que post bonito, João! Que saudades destes cinemas... dos que mencionas, na era "dourada" só fui mesmo ao Condes (bem na verdade, fui num dos últimos filmes lá exibidos). E era linda a sala! Os bilhetes encontraste na internet ou são recordações tuas?
ResponderEliminariLove
ResponderEliminartudo da net, mas deu trabalho...
e outras coisas virão, com muitas recordações para alguns e alguma grandes surpresas para a maior parte das pessoas.
Nesta altura, eu não perdia um filme de estreia e muitos mais via nos cinemas de repise.
Abraço amigo.
Bravo João, que belo post. Não são só as fotos das salas magníficas que havia em Lisboa, mas toda a iconografia que estava ligada ao hábito de ir ao cinema, os bilhetes, os programas, etc.
ResponderEliminarTive a sorte de ainda conhecer algumas das salas que mencionas: o Monumental, o Condes, o Tivoli, o São Jorge. E é curioso pois se fizer um pequeno esforço de memória sou capaz de identificar alguns dos filmes que vi nessas salas. O São Luiz e o Politeama só conheci e frequentei como teatro (impossível esquecer a nossa ida conjunta ao São Luiz!) O Império e o Odeon nunca conheci.
Ao Éden fui apenas uma vez no âmbito de uma exposição magistral que foi feita precisamente sobre o Cassiano Branco, e que decorria em todo o edifício, levando-nos a percorrer salas e corredores, a subir e descer as escadarias.
Miguel
Eliminareu também associo certos filmes a determinadas salas e há inclusivé histórias interessantes; quando os meus Pais vinham a Lisboa, eu e uma irmã minha mais nova que estudava cá enfermagem, íamos jantar com eles e depois o meu Pai pedia-me para escolher um filme. Como ficavam várias vezes no hotel Tivoli, eu escolhi uma noite irmos ao S.Jorge ver o "1900" do Bertolucci e o filme tinha aquela cena de "cama a três" com a Dominique sanda no meio do Depardieu e do de Niro...
Bem, no final ouvi uma "rabecada" do meu Pai, porque tinha escolhido um filme com cenas que o tinham "incomodado" por ter estado ali a minha irmã - resquícios de um conservadorismo que ele sempre teve, apesar de ter aceite muito bem a minha homossexualidade (sabe-se lá com que esforço...)
A nossa ida ao S.Luiz será para ser lembrada como um dos espectáculos mais incríveis a que já assisti.
O Eden era um cinema tão complicado, caramba com aqueles sistemas de escadas só para subir e outras só para subir...
Vai haver muito mais coisas...
Abraço amigo.
Saudades!
ResponderEliminarMinha mãe adorava cinema!
Nessa altura, só ia às matinés infantis e encantava com a "amplidão" das salas e da tela...
Rosa
Eliminareu corria as salas todas, não me escapava nenhum filme, mas a oferta também era mais limitada que hoje.
Beijinho.
Ai que nostalgia, João! Que saudades desse tempo! O teu passeio pelo passado das salas de cinema, eu cinéfila convicta, comoveu-me...
ResponderEliminarObrigada!
Justine
Eliminartempos que não esquecem jamais...
E grandes filmes que eram vistos, embora muitos não passassem cá por causa da censura.
Beijinho.
Foi no Condes que vi o Platoon nos anos 80. Mais tarde fui ao São Jorge, e nos dias de hoje é mesmo o Monumental :)
ResponderEliminarQuanto aos Teatros, gosto do Mário Viegas é do Tivoli :)
Abraço amigo
Francisco
Eliminaro Condes era especialista em passar grandes filmes de acção, quer de guerra, quer policiais quer westerns.
O Teatro adoptou-se bastante bem a certas salas de cinema: Tivoli, Politeama, S.Luiz, Cinearte e outros.
Mas também hei-de chegar aos Teatros...
Abraço amigo.
São Jorge, ainda me lembro de ir... já vivia em Lisboa. recordei-me de um livro que saiu em finais do ano passado e achei muito interessante, mas não o tenho. chama-se 'os cinemas de lisboa', http://www.fcsh.unl.pt/media/noticias/lancamento-de-201cos-cinemas-de-lisboa201d_1
ResponderEliminarbjs.
Margarida
Eliminarsim, ouvi falar no livro, recordo até a capa, mas nunca o li, embora deva ser muito interessante.
O S.Jorge é dos mais movimentados cinemas actuais devido aos muitos festivais que ali se realizam - o Indie, o Queer, o Motex, o doc Lisboa, as semanas do cinema francés, etc.
Beijinho.
Quando era adolescente e vinha a Lisboa com os meus pais não perdia uma ida ao cinema... Fazia parte do fascínio de vir á capital! Que excelente ideia, João!
ResponderEliminarJoão
Eliminarjá andava comela fisgada há tempos. Mas dá algum trabalho pois é algo bastante extenso e tem que ser compartimentado - vai dar para quatro ou cinco postagens.
abraço amigo.
Uma viagem ao passado.
ResponderEliminarE partilho a nostalgia de salas verdadeiramente salas de cinema.
Apesar de eu ser muito novo, comecei a ver cinema aqui em Coimbra, no anfitetaro do Avenida que era uma senhora grande sala de cinema. Penso que Os Sonhadores, de Bernardo Bertolucci, foi o último que vi lá. Hoje moro junto desse antigo cinema, que haveria de ser reconvertido em discoteca, e o velho centro comercial anexo é hoje um deserto. 50% da magia do cinema perdeu-se com a morte dessas salas e com o conforto cubicular das salas modernas.
Alex
Eliminartambém me lembro do Avenida em Coimbra, e parece-me que havia outro bastante perto na mesma avenida, se não estou em erro.
E também fui ao Gil Vicente, ver uma sessão dupla memorável, com dois dos melhores filmes que já vi: "Pixote", um filme brasileiro sobre os miúdos de rua e "Noite e nevoeiro" do Resnais sobre os campos de concentração da 2ªGG.
Abraço amigo.
Gostei do tour...
ResponderEliminarA arquitetura é surpreendente.
Abraços!
Ro
EliminarSim, há edifícios belíssimos, mas o mais belo de todos é o do antigo Éden, agora um hotel.
Abraço amigo.
Concordo com o Ro, a arquitectura é deveras magnífica! É pena que agora já não se construam coisas assim! Só pensam em gastar rios de dinheiro em algo que de arte, pouco ou nada tem! :P
ResponderEliminarAbraço:3
João
Eliminaro cinema hoje está confinado a pequenas salas, com pipocas e coca cola no grandes centros comerciais.
Os écrans diminuiram de tamanho e os dos nossos plasmas aumentaram. E assim eu vou ao cinema quando o rei faz anos, mas vejo bom cinama em casa e em excelentes condições.
Abraço amigo.
É um lugar que emana muita paz e cultura. Amo quando valorizam certas tradições.
ResponderEliminarJoão, estou agora no outro blog. Te adicionei na blogroll dele também. Grande abraço.
Olá Douglas
Eliminarmas eu não sei qual é o teu novo blog, pois quando clico no teu nome aparece-me o teu perfil do Google+.
Vê se me mandas o endereço do blog novo, valeu?
Abraço amigo.
Infelizmente, devido à grande diferença de idades e ao facto de não existir nesses anos maravilhosos, não guardo belas memórias das velhas glórias de Lisboa. Pertenço à geração "rasca" (embora, da minha parte, faça um esforço para contrariar a tendência).
ResponderEliminarLi, todavia, uma referência que fizeste em relação ao filme "Pixote". Vi esse filme com uns 13, 14 anos, e marcou-me profundamente. Há tiradas verdadeiramente impressionantes e a pobreza de um Brasil a sair da ditadura militar choca, choca imenso. A cena do aborto, esplendidamente protagonizada pela incrível Marília Pêra; o papel digno de aplausos de pé pelo actor que fez de "Lilica" (Jorge Julião) e até mesmo o pequeno "Pixote", anos mais tarde também ele assassinado nos meandros da rua (Fernando Ramos da Silva), são pérolas do cinema brasileiro.
abraço.
Mark
Eliminarque bom poder trocar impressões sobre esse filme admirável. Por muitos anos que viva nunca mais esqueço a figura daquele miúdo. E habituei-me a ver a Marília Pera como a maior actriz brasileira (a Fernanda Montenegro que me perdoe).
Agora imagina esse filme acompanhado de outro, o mais fabuloso documentário sobre os campos de extermínio que já se fez, numa média metragem com uma fotografia a p.b maravilhosa e toda a imensa arte de mestre Alain Resnais. Chama-se "Nuit et brouillard" e é de 1955.
Estes dois filmes numa mesma sessão, que eu vi para aí nos anos 80, no Gil Vicente, em Coimbra nunca me farão esquecer esse cinema, que parece estava incluído nas actividades culturais da Associação Académica de Coimbra.
Abraço amigo.
Fiquei completamente nostálgico com este post! Adorava o Monumental, o Império , o Éden, o Condes, eram salas magníficas com os seu balcões, as exibições em 70mm, os arrumadores, os programas...eram todo um outro mundo, ia-se ao cinema como quem hoje vai jantar fora. A minha educação cinéfila deve muito a esses magníficos espaços que guardo com muito carinho na minha memória. É uma pena que uma cidade como Lisboa tenha abdicado do charme destes verdadeiros templos da 7ª arte.
ResponderEliminarAbraço.
Arrakis
Eliminarpenso exactamente como tu e decerto vais gostar quando falar dos cinemas de reprise...
Abraço amigo.
Gostei muito deste post.
ResponderEliminarUns renovados outros perdidos.
É assim com os cinemas e com tantas coisas mais...
José
Eliminarvá lá que a maior parte não se perdeu, pelo menos os edifícios.
Dos aqui falados só "desapareceu" o Monumental e o Ódeon mete dó.
Agora renovados como casas de espectáculos, só o S.Luiz, o Politeama, o Tivoli e o S.Jorge.
Abraço amigo.
Olá João,
ResponderEliminarGostei muito de ter passado por aqui e de ter encontrado esta "viagem pelos cinemas de Lisboa". Lembro-me de alguns. Muito bom o teu artigo.
Beijinhos
Vina
Olá Vina
Eliminarsim são cinemas do nosso tempo e é sempre bom recordá-los.
Esta noite vou publicar um segundo texto mas que não esgotará o tema. Espero que também gostes.
Beijinho.
Gostei da tua referência à IURD. Mas contínuo a preferir um edifício recuperado, seja qual for a sua utilização, que um edifício abandonado, em ruínas ou demolido para dar lugar a uma aberração arquitectónica.
ResponderEliminarLisboa ainda tem muito para ser redescoberto e esta publicação é prova disso. Continua que vais no bom caminho... especialmente para os "parvónios" como eu.
;D
Ribatejano
Eliminarclaro que é sempre preferível isso, principalmente quando respeitam a traça do edifício original
Já viste o estado em que está o Ódeon?
Abraço amigo.
Um excelente trabalho de pesquisa, João! Gostei imenso!
ResponderEliminarMary
Eliminarum trabalho que me tem proporcionado um imenso prazer.
Que se passa com o teu blog, onde não consigo comentar???
Só através do Google+, solução que não será a mais interessante.
Beijinho.
Olá João! Eu tive dificuldades em encontrar o filme para download sem ser pelos torrents, mas encontrei esta opção que te permite partilhar o filme no Pinterest:
ResponderEliminarhttp://www.videobash.com/video_show/pay-it-forward-full-movie-407495
Espero que sirva para o que querias! :)
Abraço :3
Olá João
Eliminarjá lá está(no Pinterest) e estou-te agradecido.
Vou ver se arranjo um bocadinho para ver o filme nos próximos tempos.
Abraço amigo.