segunda-feira, 16 de julho de 2007

Nós como povo




A crença geral anterior era de que Santana Lopes não servia, bem como Cavaco, Durão e Guterres. Agora dizemos que Sócrates não serve. E o que vier depois de Sócrates também não servirá para nada. Por isso começo a suspeitar que o problema não está no trapalhão que foi Santana Lopes ou na farsa que é o Sócrates. O problema está em nós. Nós como povo.
Nós como matéria-prima de um país. Porque pertenço a um país onde a ESPERTEZA é a moeda sempre valorizada, tanto ou mais o que o euro. Um país onde ficar rico da noite para o dia é uma virtude mais apreciada do que formar uma família baseada em valores e respeito aos demais. Pertenço a um país onde, lamentavelmente, os jornais jamais poderão ser vendidos como em outros países, isto é, pondo umas caixas nos passeios onde se paga por um só jornal E SE TIRA UM SÓ JORNAL, DEIXANDO-SE OS DEMAIS ONDE ESTÃO.
Pertenço ao país onde as EMPRESAS PRIVADAS são fornecedoras particulares dos seus empregados pouco honestos, que levam para casa, como se fosse correcto, folhas de papel, lápis, canetas, clips e tudo o que possa ser útil para os trabalhos de escola dos filhos... e para eles mesmos.
Pertenço a um país onde as pessoas se sentem espertas porque conseguiram comprar um descodificador falso da TV Cabo, onde se frauda a declaração de IRS para não pagar ou pagar menos impostos.
Pertenço a um país onde a falta de pontualidade é um hábito. Onde os directores das empresas não valorizam o capital humano. Onde há pouco interesse pela ecologia, onde as pessoas atiram lixo nas ruas e depois reclamam do governo por não limpar os esgotos.
Onde pessoas se queixam que a luz e a água são serviços caros.
Onde não existe a cultura pela leitura (onde os nossos jovens dizem que é "muito chato ter que ler") e não há consciência nem memória política, histórica nem económica. Onde os nossos políticos trabalham dois dias por semana para aprovar projectos e leis que só servem para caçar os pobres, arreliar a classe média e beneficiar a alguns.
Pertenço a um país onde as cartas de condução e as declarações médicas podem ser "compradas", sem se fazer qualquer exame. Um país onde uma pessoa de idade avançada, ou uma mulher com uma criança nos braços, ou um inválido, fica em pé no autocarro, enquanto a pessoa que está sentada finge que dorme para não dar-lhe o lugar. Um país no qual a prioridade de passagem é para o carro e não para o peão. Um país onde fazemos muitas coisas erradas, mas estamos sempre a criticar os nossos governantes. Quanto mais analiso os defeitos de Santana Lopes e de Sócrates, melhor me sinto como pessoa, apesar de que ainda ontem corrompi um guarda de trânsito para não ser multado. Quanto mais digo o quanto o Cavaco é culpado, melhor sou eu como português, apesar de que ainda hoje pela manhã explorei um cliente que confiava em mim, o que me ajudou a pagar algumas dívidas. Não. Não. Não. Já basta.
Como "matéria-prima" de um país, temos muitas coisas boas, mas falta muito para sermos os homens e as mulheres que nosso país precisa. Esses defeitos, essa "CHICO-ESPERTERTICE PORTUGUESA" congénita, essa desonestidade em pequena escala, que depois cresce e evolui até converter-se em casos escandalosos na política, essa falta de qualidade humana, mais do que Santana, Guterres, Cavaco ou Sócrates, é que é real e honestamente ruim, porque todos eles são portugueses como nós, ELEITOS POR NÓS. Nascidos aqui, não em outra parte...
Fico triste. Porque, ainda que Sócrates fosse embora hoje mesmo, o próximo que o suceder terá que continuar trabalhando com a mesma matéria prima defeituosa que, como povo, somos nós mesmos. E não poderá fazer nada... Não tenho nenhuma garantia de que alguém possa fazer melhor, mas enquanto alguém não sinalizar um caminho destinado a erradicar primeiro os vícios que temos como povo, ninguém servirá. Nem serviu Santana, nem serviu Guterres, não serviu Cavaco, e nem serve Sócrates, nem servirá o que vier. Qual é a alternativa?
Precisamos de mais um ditador, para que nos faça cumprir a lei com a força e por meio do terror? Aqui faz falta outra coisa.
E enquanto essa "outra coisa" não comece a surgir de baixo para cima, ou de cima para baixo, ou do centro para os lados, ou como queiram, seguiremos igualmente condenados, igualmente estancados....igualmente abusados!
É muito bom ser português. Mas quando essa Portugalidade autóctone começa a ser um empecilho às nossas possibilidades de desenvolvimento como Nação, então tudo muda..
Não esperemos acender uma vela a todos os santos, a ver se nos mandam um Messias.
Nós temos que mudar. Um novo governante com os mesmos portugueses nada poderá fazer. Está muito claro... Somos nós que temos que mudar. Sim, creio que isto encaixa muito bem em tudo o que anda a nos acontecer: desculpamos a mediocridade de programas de televisão nefastos e francamente tolerantes com o fracasso. É a indústria da desculpa e da estupidez. Agora, depois desta mensagem, francamente decidi procurar o responsável, não para castigá-lo, senão para exigir-lhe (sim, exigir-lhe) que melhore seu comportamento e que não se faça de mouco, de desentendido. Sim, decidi procurar o responsável e ESTOU SEGURO QUE O ENCONTRAREI QUANDO ME OLHAR NO ESPELHO.
AÍ ESTÁ. NÃO PRECISO PROCURÁ-LO EM OUTRO LADO.
E você, o que pensa?.... MEDITE!






Texto de Eduardo Prado Coelho, publcado no "Público", há três semanas atrás, que vem na sequência do post anterior, e, de alguma forma serve de "ponte" para o próximo...

sábado, 14 de julho de 2007

Brandos costumes


A equipa nacional de futebol, na categoria de sub-19 anos disputou na passada 5ª.feira, no Canadá, um jogo, com a congénere selecção chilena, para o campeonato mundial da modalidade.
Portugal, que nas camadas jovens de futebol, já deu provas magníficas do seu talento, tendo até vencido dois campeonatos do mundo, na categoria de júniores, um deles disputado em Lisboa, com uma equipa, de onde emergiu toda uma geração de ouro do futebol português (Figo, Rui Costa, João Pinto e tantos outros), apresentou-se no Canadá com uma equipa medíocre, pouco voluntariosa e ainda pior orientada por um homem que, desconheço a razão, está à frente das selecções jovens, neste momento, José Couceiro.
Assim, não foi surpresa o péssimo rendimento desta selecção e os consequentes maus resultados, os quais, apesar de tudo permitiram a ultrapassagem da fase de grupos, só porque foi uma das quatro melhores das terceiras classificadas (!), dos diferentes grupos.
Nesta partida com o Chile, a eliminar, o jogo praticado foi paupérrimo e só perdemos por 0-1, graças à exibição do nosso guarda redes, a única excepção positiva, dentro do onze português, e aconteceu algo incrível: Portugal fez, ao longo dos 90 minutos um único remate à baliza adversária; de pasmar.
Mas, tudo isto seria de lamentar, é claro, mas não passaria de uma má campanha, como acontece tantas vezes em desporto, onde para uns ganharem , outros terão que perder, ainda que com más prestações, como é o caso. De certo, seria fàcilmente esquecido este facto com uma futura, e acredito que sim, boa prestação, noutras realizações semelhantes.
Infelizmente, não irá acontecer assim, pois aconteceram na parte final do encontro, casos muito graves de indisciplina, que fazem com que, nos meandros do futebol mundial, sejamos visto tantas vezes como arruaceiros, fiteiros e outros adjectivos. Ainda estará na lembrança de todos, o célebre murro no estômago de João V.Pinto a um árbitro argentino durante o mundial do Japão.
Pois, agora, no Canadá, tendo sido um jogador português alvo de uma carga dura, mas desportiva, de um adversário, vem correndo, um “solícito” companheiro da “equipa de todos nós” e agredi-o deliberada e injustificadamente; clara e justa a amostragem do cartão vermelho a esse jogador por atitude tão feia, quando o mais caricato aconteceu: vem um outro jogador português e “rouba” o dito cartão vermelho das mãos do árbitro, no melhor estilo sul americano. Claro que viu, de imediato o mesmo, para a sua mais que merecida expulsão.
Isto é, um exemplo, entre muitos, no desporto e não só de uma certa “nacional esperteza saloia”, e mostra o nível de formação que os nossos atletas exibem ao mundo (recordo mais uma vez que era uma partida de um campeonato mundial e assim estaria a ser vista por muitos milhares de pessoas).
Depois, queixamo-nos que somos descriminados, que os árbitros nos perseguem, enfim, nós até somos um país de “brandos costumes”...
Isto vai muito além do futebol e do desporto, pois revela algo da mentalidade do nosso povo, revela a nossa falta de civismo, na sua plenitude.
Vergonhoso!!!

sexta-feira, 13 de julho de 2007

Fabuloso...genial




Não há palavras para descrever isto. Apenas ver, e aplaudir.


A China aparece aos olhos do mundo, emtodos os campos. É o país do futuro, mas o futuro é hoje, já!

quinta-feira, 12 de julho de 2007

Os meus irmões baterem-me

Hoje deu-me para a loucura.

Lembram-se dos "Cebola Mole"?

Este foi o último post do meu blog, e foi lá publicado no domingo, 6 de Julho, pouco antes do "apagão".

Repito-o por duas razões: como que uma homenagem aos posts desaparecidos, e porque quase ninguém, ou mesmo ninguém chegou a ver o post.

terça-feira, 10 de julho de 2007

Whynotnow


Foi com este título e com esta imagem que publiquei em 8 de Novembro de 2006, o meu primeiro texto, neste blog.
Depois disso, mais 256 postagens foram por mim aqui expostas, até, sábado passado, data do último post.
Nesse primeiro post, perguntava a mim mesmo, porque não, nessa altura, não iniciar esta aventura, de dia a dia, ir expondo assuntos, comentar actualidade, opinar sobre polémicas, desnudar os meus afectos e contar factos da minha experiência de vida.
Foram meses muito gratificantes, em que compartilhei tudo isso com pessoas até então desconhecidas, mas que entretanto, em vários casos, se tornaram amizades.
Esse conjunto de dizeres, meus e vossos, foram-me subtraídos de uma forma que não consigo aceitar, mas, quem sou eu, para duvidar de que o erro foi meu...
Agora, que a evidência substitui a dúvida, há que ir para a frente e continuar a fazer o mesmo, com a certeza de que os textos foram apagados aqui, mas não da minha memória e do meu coração. Tentei que a forma do blog não esteja muito alterada e de uma coisa estou certo, de que a estrutura do blog não sofrerá qualquer alteração.
É claro que conto convosco, com o vosso apoio e a vossa Amizade, da mesma forma que os não regateio em relação aos vossos espaços.

segunda-feira, 9 de julho de 2007

O porquê...

Criei, para já, este blog, provisório, para fazer face a um imprevisto que muito me entristeceu, e que, se por um lado, pode ser imputado a um deficiente conhecimento meu sobre informática, por outro revela certas anomalias no mesmo processo.
Sucede que há 2/3 dias criei uma nova conta no Google, desta vez Gmail. Como não lhe achei utilidade especial, resolvi acabar com ela; isso era possível, mas como tinha dificuldades em fazê-lo pedi ajuda a um amigo dos blogs, com experiência informática e ele assim fez, acedendo ao meu pedido. O que ele desconhecia, e eu ainda mais, era que ao fazer isso "apagava-se" o blog, pois esta conta estava-lhe associada (não sei se é assim que isto se explica).
Conclusão, não acabei com o blog, nem NUNCA o quereria fazer, apenas perdi o contacto com ele, pois segundo me disseram o blog não foi apagado, pois isso só acontece depois de expressa vontade nesse sentido, pelo seu proprietário.
O problema foi posto e espero que me digam algo, por mail. Devo confessar que me sinto batante triste, perante a hipótese de vir a perder tudo o que tinha naquele blog, pois foram ali escritas coisas que saíram muito dentro de mim.
Faço votos que tudo se resolva, e entretanto, arranjei, à pressa, sem qualquer preocupação de arranjo, para já, este blog, para poder ter acesso aos blogs de amigos e poder ter um mais fácil acesso à resolução do caso supracitado.