segunda-feira, 16 de julho de 2007

Nós como povo




A crença geral anterior era de que Santana Lopes não servia, bem como Cavaco, Durão e Guterres. Agora dizemos que Sócrates não serve. E o que vier depois de Sócrates também não servirá para nada. Por isso começo a suspeitar que o problema não está no trapalhão que foi Santana Lopes ou na farsa que é o Sócrates. O problema está em nós. Nós como povo.
Nós como matéria-prima de um país. Porque pertenço a um país onde a ESPERTEZA é a moeda sempre valorizada, tanto ou mais o que o euro. Um país onde ficar rico da noite para o dia é uma virtude mais apreciada do que formar uma família baseada em valores e respeito aos demais. Pertenço a um país onde, lamentavelmente, os jornais jamais poderão ser vendidos como em outros países, isto é, pondo umas caixas nos passeios onde se paga por um só jornal E SE TIRA UM SÓ JORNAL, DEIXANDO-SE OS DEMAIS ONDE ESTÃO.
Pertenço ao país onde as EMPRESAS PRIVADAS são fornecedoras particulares dos seus empregados pouco honestos, que levam para casa, como se fosse correcto, folhas de papel, lápis, canetas, clips e tudo o que possa ser útil para os trabalhos de escola dos filhos... e para eles mesmos.
Pertenço a um país onde as pessoas se sentem espertas porque conseguiram comprar um descodificador falso da TV Cabo, onde se frauda a declaração de IRS para não pagar ou pagar menos impostos.
Pertenço a um país onde a falta de pontualidade é um hábito. Onde os directores das empresas não valorizam o capital humano. Onde há pouco interesse pela ecologia, onde as pessoas atiram lixo nas ruas e depois reclamam do governo por não limpar os esgotos.
Onde pessoas se queixam que a luz e a água são serviços caros.
Onde não existe a cultura pela leitura (onde os nossos jovens dizem que é "muito chato ter que ler") e não há consciência nem memória política, histórica nem económica. Onde os nossos políticos trabalham dois dias por semana para aprovar projectos e leis que só servem para caçar os pobres, arreliar a classe média e beneficiar a alguns.
Pertenço a um país onde as cartas de condução e as declarações médicas podem ser "compradas", sem se fazer qualquer exame. Um país onde uma pessoa de idade avançada, ou uma mulher com uma criança nos braços, ou um inválido, fica em pé no autocarro, enquanto a pessoa que está sentada finge que dorme para não dar-lhe o lugar. Um país no qual a prioridade de passagem é para o carro e não para o peão. Um país onde fazemos muitas coisas erradas, mas estamos sempre a criticar os nossos governantes. Quanto mais analiso os defeitos de Santana Lopes e de Sócrates, melhor me sinto como pessoa, apesar de que ainda ontem corrompi um guarda de trânsito para não ser multado. Quanto mais digo o quanto o Cavaco é culpado, melhor sou eu como português, apesar de que ainda hoje pela manhã explorei um cliente que confiava em mim, o que me ajudou a pagar algumas dívidas. Não. Não. Não. Já basta.
Como "matéria-prima" de um país, temos muitas coisas boas, mas falta muito para sermos os homens e as mulheres que nosso país precisa. Esses defeitos, essa "CHICO-ESPERTERTICE PORTUGUESA" congénita, essa desonestidade em pequena escala, que depois cresce e evolui até converter-se em casos escandalosos na política, essa falta de qualidade humana, mais do que Santana, Guterres, Cavaco ou Sócrates, é que é real e honestamente ruim, porque todos eles são portugueses como nós, ELEITOS POR NÓS. Nascidos aqui, não em outra parte...
Fico triste. Porque, ainda que Sócrates fosse embora hoje mesmo, o próximo que o suceder terá que continuar trabalhando com a mesma matéria prima defeituosa que, como povo, somos nós mesmos. E não poderá fazer nada... Não tenho nenhuma garantia de que alguém possa fazer melhor, mas enquanto alguém não sinalizar um caminho destinado a erradicar primeiro os vícios que temos como povo, ninguém servirá. Nem serviu Santana, nem serviu Guterres, não serviu Cavaco, e nem serve Sócrates, nem servirá o que vier. Qual é a alternativa?
Precisamos de mais um ditador, para que nos faça cumprir a lei com a força e por meio do terror? Aqui faz falta outra coisa.
E enquanto essa "outra coisa" não comece a surgir de baixo para cima, ou de cima para baixo, ou do centro para os lados, ou como queiram, seguiremos igualmente condenados, igualmente estancados....igualmente abusados!
É muito bom ser português. Mas quando essa Portugalidade autóctone começa a ser um empecilho às nossas possibilidades de desenvolvimento como Nação, então tudo muda..
Não esperemos acender uma vela a todos os santos, a ver se nos mandam um Messias.
Nós temos que mudar. Um novo governante com os mesmos portugueses nada poderá fazer. Está muito claro... Somos nós que temos que mudar. Sim, creio que isto encaixa muito bem em tudo o que anda a nos acontecer: desculpamos a mediocridade de programas de televisão nefastos e francamente tolerantes com o fracasso. É a indústria da desculpa e da estupidez. Agora, depois desta mensagem, francamente decidi procurar o responsável, não para castigá-lo, senão para exigir-lhe (sim, exigir-lhe) que melhore seu comportamento e que não se faça de mouco, de desentendido. Sim, decidi procurar o responsável e ESTOU SEGURO QUE O ENCONTRAREI QUANDO ME OLHAR NO ESPELHO.
AÍ ESTÁ. NÃO PRECISO PROCURÁ-LO EM OUTRO LADO.
E você, o que pensa?.... MEDITE!






Texto de Eduardo Prado Coelho, publcado no "Público", há três semanas atrás, que vem na sequência do post anterior, e, de alguma forma serve de "ponte" para o próximo...

30 comentários:

  1. Pinguim,

    Já tenho vindo aqui espreitar o teu espaço e não posso deixar de comentar este post.

    Concordo contigo que temos que mudar todos já. Bem temos o sintoma escandaloso que foi a eleição para presidente da nossa capital de uma pessoa que declara que um condominio privado de luxo é de utilidade pública. Mais escandaloso ainda é o sintoma de abstinência à vontade própria.

    Não concordo que sejamos todos como descreveste na primeira parte. Existe muita gente com classe no nosso país, muita gente com grandes capacidades. Está atenta e muito cansada deste processo de "desmocratização".

    Urge a canalização de esforços em prol do nosso bem comum.

    P.S. não sou comunista nem nada que se pareça.

    Fica bem

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  2. ah...

    agora é que li as letras pequeninas...

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  3. Obrigado por divulgares o texto do E. Prado Coelho!
    Se há alguém que pode ser considerado excepção na nossa elite cultural é ele. E bem poucos mais. A maioria demitiu-se ainda antes de meados dos anos 80, foi a sua vidinha e esteve-se (e está-se!) nas tintas para «isto»! Esta foi a verdadeira catástrofe portuguesa pós-25 de Abril! Tudo o mais é consequência da ausência de intervenção por parte daqueles que poderiam ter realmente mudado as mentalidades enfeudadas ao asqueroso passadismo do Estado Novo.
    Agora, torcemos a orelha e não sai sangue...
    A propósito, li Saramago no DN: «Portugal acabará por se integrar na Espanha.» Pensei um bocado e disse para comigo: tem razão, faz todo o sentido...
    Já chega de sebastianismos idiotas que servem apenas a uma minoria de oportunistas que SE vão governando. E os políticos não podem ser coelhos saídos de uma qualquer cartola de milagres: são gente como nós, feitos da mesma massa.
    E a história de andarmos à procura de um paizinho salvador já deu o que tinha a dar: o pior que neste momento há em nós!
    Abraço! :-)

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  4. Não concordo, de todo.
    Estamos muito bem como estamos e não acho que tenhamos de mudar.
    Quem nos governa é que tem de nos saber governar, com as nossas virtudes e defeitos.
    É mais ou menos como uma equipa de futebol, não adianta ter muitas estrelas, fundamental é saber organizá-las e incutir-lhes um objectivo, para que, como equipa, produzam os resultados que se esperam.
    O defeito não está em nós. Para mim, está em quem escolhemos para nos governar.
    É por isso que somos tão bons a trabalhar fora de portas e, tenho a certeza, não andamos por lá a fanar jornais.
    Depois, só para acabar, inumerar os nossos defeitos e comparará-los com as virtudes dos outros é um exercicio de demagogia barata.
    HAAAAAaa, que isto dava pano para mangas.............

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  5. Não poderia concordar mais com o texto aqui publicado... até porque a culpa teria sempre de ser nossa já que, numa primeira instância, quem está no poder está porque nós não fizemos a escolha certa ao votar em quem não deveríamos...

    Olha, toma o exemplo da câmara municipal de Sintra: a Edite estrela foi, quanto a mim, uma das melhores presidentes que já tivemos... tinha os seus defeitos como pessoa (um feitiozinho muito Sui Géneris e um gosto medonho para sapatos) e tinha os seus defeitos enquanto autarca (a vila de Sintra era a menina dos olhos dela e sempre foi colocada em primeiro lugar em detrimento de outras zonas) mas o que eu acho mais engraçado é que todos a criticavam, ela não prestava para nada, ela isto, ela aquilo... mas foi-se embora deixando uma das 10 câmaras municipais mais ricas do país e, hoje... na alçada do prf. Seara (um excelente homem) temos uma das 10 câmaras mais endividadas do país e chega-se ao ridículo de contrair empréstimos para efectuar o pagamento de vencimentos aos funcionários... da boca do prof. Seara já se ouviu por várias vezes que “aquilo que eu tenho feito tem sido dar continuidade ao que a edite deixou por fazer e que se fizer 10% do que ela tinha planeado para sintra já seremos o executivo com mais obra feita num mandato" agora vos pergunto... se as pessoas tivessem dado um voto de confiança e tivessem pensado que as coisas não se fazem de um momento para o outro, sendo necessário o tempo para que os projectos maturem, teriam reeleito a edite e todos estariam feliz com ela... cortaram-lhe o trabalho a meio e tudo estagnou! de quem é a culpa? nossa ou de quem está no poder? vou olhar ao espelho a ver se tenho a resposta... já lá fui... é minha!

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  6. João, o Eduardo Prado Coelho não é deste filme, este texto circula há uns anitos na net, é uma adaptação de um outro brasileiro e isso até se nota.

    Mas tem um sentido, e eu acho que estou de acordo com o que aqui foi escrito pelo mrtbear e pelo ric, que não é contraditório.

    O nosso maior defeito é o sebastianismo, é o confiarmos em terceiros vindos do nevoeiro para nos tirar dele, em vez de arregaçarmos as mangas. E esta crendice faz-nos esperar demais dos políticos, que falham todas as promessas porque sabem que podem falhar e nem sequer se dão ao trabalho de mostrar serviço, apenas o indispensável à permanencia no lugar. E lá vem o desencanto uma e outra vez, nunca aprendemos a ser 'epicuristas' e a limitar as expectativas para limitar as desilusões.

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  7. Como eu te compreendo amigo Pinguim...
    Se a sociedades está podre e doente, se o país está pobre e doente, afinal não será nossa também a culpa (como tu muito bem dizes), pois a sociedade e o país, não é mais do que somatório de cada um de nós...
    Criticar os outros é fácil, difícil é apresentar soluções...
    As normas e o deveres foram feitos para os outros, a nós ninguém nos obriga a cumprir (pensam muito boa gente)...
    Lá diz a sabia "doutrina" popular, "faz o que eu digo, não faças o que eu faço!".

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  8. A meditação individual...

    Gosto deste texto ao mesmo tempo que me deprime. Em bom rigor é isto mesmo que se passa.

    O problema é que não se muda um povo do dia para a noite, tal como não se enriquece honestamente assim. (Salvo se sair um grande prémio num desses concursos...totolotos e/ou euromilhões.

    Era preciso a coragem de se preparar a mudança que só iria, muito lentamente, ter resultados na próximas gerações. No entanto, mais do que o egoísmo que leva as pessoas a um total desrespeito pelas gerações futuras (mesmo que afectem os seus próprios filhos) há uma preguiça e um desleixo generalizado.

    Apesar de me ver como um optimista por natureza, caro Pinguim, apesar de muito apreciar o texto que transcreveste devo confessar que não acredito que a mudança possa acontecer.

    Concluo ainda dizendo que, independentemente do que escrevi, "raios partam estes políticos" que não são mais que vigarístas ( perdoe-me a minoria de gente honesta que, como em todas as classes, existe)

    Bom senso, aqui neste país, não há.

    E só para terminar... não é só cá! Mas com o mal dos outros podemos bem

    Um abraço e desculpa o longo post mas, temas como este tocam-me.

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  9. Yellowastronaut, cara amiga
    primeiro que tudo uma saudação e um obrigado pela tua visita.
    Tinha a noção de que este texto seria polémico, pois ele exprime, por vezes, com exemplos carregados, comportamentos de parte importante do povo português, mas não vamos cair no ridiculo da generalização.
    Mas, e agora pergunto eu?
    Quem nunca tomou alguma destas atitudes, ou pelo menos não assistiu ou teve conhecimento de que alguém o tivesse feito?
    Estou profundamento convicto que, sem uma enorme modificação do nosso civismo, o problema do "atraso" português nunca se resolverá. Não é um problema político, é um problema social.
    Enquanto continuarmos a contentar-nos com o nosso "bestial desenrascanço", não passremos, com honrosas excepções, de eternos esperançados, não num D.Sebastião, mas de alguém diferente, e os políticos, aqueles com carisma ou estão mortos ou reformados.
    É a triste realidade, minha amiga.
    Beijinho.

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  10. Amigo Ric
    puseste o dedo na ferida; além da falta de civismo, temos um défice cultural enorme, filho esse sim, de erradas políticas de edugação que andamos a experimentar anos a fio, quais cobaias, sem resultados palpáveis.
    A propósito, ou talvez não, eu tenho uma teoria muito minha, de que numa relação a dois, essa relação falha quase sempre por motivos que são genèricamente apontados como sexuais, vivenciais, etc, e raramente se invoca uma fortìssima razão,as diferenças culturais.
    A cultura, não é, ao contrário do que muita gente pensa, uma caracteristica apenas das elites, a cultura tem que estar também no povo, e no nosso país, definitivamente, ela está muito ausente, e daí, esta situação.
    Abraço.

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  11. Amigo Mrtbear
    como afirmei no primeiro comentário, generalizar, nestes casos é perigoso. Mas generalizar ao contrário, como tu fazes, ainda será pior; poderá depreender-se daquilo que dizes, que estamos a viver num mar de rosas, e não há problemas, mas já te ouvi, e bem , fazer criticas a isto ou aquilo; em que ficamos?
    Quanto aos exemplos da nossa diáspora, parece que ninguém põe em causa a nossa conhecida capacidade de trabalho, mas também sabemos a forma como o nosso povo tem sido, muitas vezes, principalmente há anos, tratado nesse mundo, sujeitando-se aos serviços que restam, depois dos cidadãos dos países que nos recebem, os recusarem.
    Aliás fazemos hoje o mesmo aos imigrantes que vamos tendo...
    Mas, como dizes, caro amigo, isto daria pano para mangas.
    Abraço.

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  12. Sem querer armar-me em arauto da moralidade e da ética, porque não sou e cometo os meus pecadilhos diários e nem sempre com grande remorso, há uma coisa de que me orgulho: a de não me colocar acima de suspeita e de achar que os nossos políticos são uma espécie de casta à parte que nos calhou em sorte ou azar. Acho que essa visão muito paternalista do Estado nos ficou como herança dos anos de salazarismo e que ainda não nos conseguimos libertar dela. Os nossos governantes são apenas, e tão-só, um reflexo de nós enquanto povo.
    Abraço.

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  13. Olá Pinguim,

    Agradeço a tua visita e retribuo o teu gesto.

    Concordo, é hora de mudar,
    estamos todos convocados.

    A classe política podia fazer um esforço para não ser tão arrogante e autoritária. Porque ao fim de 8 anos de "serviço", que inclui sestas e viagens, têm uma reforma vitalícia, ainda que continuem a trabalhar em cargos de administração em empresas e institutos públicos e privados. Estes tachos não são de barro.
    Esta fatia de bolo deve ajudar a equilibrar o défice, não sei.
    Já para não falar na renovação sistemática de toda a frota automóvel de alta cilindrada.
    Os exemplos vêm de cima e afinal temos de apertar mais o cinto, não é?

    O trabalhador por sua vez também tem de mudar.
    Algumas pessoas trabalham só 4 das 8 horas que o patrão lhe paga, entre cafés, cigarros, palheta e internet, somos uns campeões.
    Tudo está mal, mas nada fazemos para que mude. A nossa primeira atitude é o voto, mas a olhar pela abstenção em Lisboa, são poucos os que a tomam. A segunda atitude é nunca usarmos a esperteza saloia, que só nos fica mal. E a seguir é viver e deixar viver, contribuindo
    para o país como contribuem para as elevadas taxas de audiência de programas para atrasados mentais e telenovelas super-mega e ri parvas.

    Não defendo ninguém, todos temos culpa.
    Como podemos exigir aos outros aquilo que não lhes retribuimos, respeito.

    Beijinho

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  14. Sabes João
    esse é um outro problema, os votos autárquicos.
    Porque razão começam a surgir aqui e ali candidaturas independentes?
    Claro, algumas são totalmente oportunistas, como os casos de V.Loureiro, I.Morais e F.Felgueiras.
    Mas porque iremos nós votar num partido, mesmo que nos seja simpático, se temos consciência de que há outro candidato melhor?
    Eu nunca votei em autárquicas, subordinado a partidos, sempre nas pessoas.
    Por exemplo, foi com alguma relutância que votei J.Soares em Sintra, pois sabia que não seria o bom presidente que foi em Lisboa; mas à falta de melhor..., até acho o Seara, simpático, mas é um teórico, falta-lhe estofo... (e até é do Benfica, como eu, eheheheh)
    Também tive , no cômputo geral, uma ideia positiva do mandato da E, Estrela, mas o partido não a escolheu, eles é que são os "doutores" e no meio dos partidos o "compadrio" é enorme...
    Abraço.

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  15. Olá, Mar_maria
    confesso que será surpresa se o texto não é de E.P.C., pois então a "adaptação" está muitíssimo boa, pois não só os nomes encaixam muito bem, como as caractrísticas apontadas são tipicamente as nossas.
    Concordo contigo quando dizes que os comentários do Ric e do Mrtbear até poderão não ser antagónicos; neste tipo de análises, é difícil um consenso, mas como já afirmei, pior será ir atrás de generalizações.
    Quanto ao sebastianismo, quando nos iremos convencer que o "rapaz" morreu mesmo por lá, ou se calhar encantou-se por outro jovem (afinal "sebastião" é um nome um pouco ligado a isso, e segundo dizem, ele até era geitoso).
    Não estou a gozar com a situação, acredita, apenas procuro, põr uns pózinhos de boa disposição num debate que está aceso, e ainda bem...
    Beijinhos.

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  16. Amigo Lampejo
    uma pequena correcção; eu não digo, limito-me a transcrever um texto alheio, com o qual concordo no essencial, senão não o tinha publicado.
    De resto, tens razão, é evidente que todos temos culpa, e não devemos ter medo, nem vergonha de debater estes temas, pois eu tenho muito orgulho em ser português.
    E por isso, não posso concordar com Saramago, na sua apologia ibérica. Ele próprio, independentemente dos seus méritos, se olhar para o seu passado, quando no Prec, foi director do D.N., se devia envergonhar de muita coisa...
    Abraço.

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  17. Amigo Jnavarro, que me desculpem todos os outros comentadores, que com os seus pontos de vista, estão a enriquecer o assunto, mas este teu sereno comentário é aquele, dentro de todos, o que mais se coaduna com a minha maneira de pensar.
    Não devemos extremar posições, mas não podemos ficar passivos, embora com optimismo ou pessimismo, julguemos uma solução, pelo menos rápida, como algo utópica.
    Abraço.

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  18. Nem mais, amigo Oz
    essa é a grande mancha que o salazarismo nos legou (entre outras, diga-se...)
    Matar, á nascença qualquer tentativa de sair dos carris.
    Esse paternalismo estatal está de tal forma enraizado na vida e na sociedade portuguesa, que para o limar completamente serão precisas décadas, e contém perigos, entre eles o menor não será ansiar por um renovado paternalismo.
    Deus nos livre...
    Abraço.

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  19. Cara R.porter
    isso é quase um círculo vicioso, não votamos, porque não acreditamos nos políticos, e depois criticamos os políticos porque não agem segundo as nossas ideias; pergunto, e nós que não votámos, teremos direito a criticar?
    Sempre ouvi dizer e concordo que o voto é uma arma. Pois usêmo-la!
    Quem ousará criticar qualquer votação nos candidatos A B ou C, ontem, para a C.M.Lisboa, com tamanha abstenção?
    Tirando o Negrão, que junto com o M.Mendes tirou as devidas ilacções de uma pesadìssima derrota, todos os outros candidatos ganharam, nos seus dizeres, desde aqueles que ganharam mesmo (costa, Carmona(?) e Roseta) aous outros todos, incluindo o pergoso neo nazi, o ridiculo M.Monteiro, o eterno G.Pereira e até o idiota G.C.Pereira, que julgava que a campanha era um "reality show" da Tvi...
    Beijinho.

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  20. sempre achei que ao espelho se desvelava muita coisa... para mudarmos enquanto povo não pode apenas ser a obra de um, mas de muitos em conjunto... não resta sombra de dúvidas que começa logo quando é mais facil apontar o dedo ao colega da carteira do lado do que por o dedo no ar para assumir as responsabilidade por um lapis partido... é facil sacudir a capota para cima dos outros... falta consciencia... o povo adora mal-tratar os seus congeneres quando lhes devia dar a mao e por congeneres falo de egocentrismo em filas de caixa de supermercado em que se servir o proprio interesse muito bem, mas outro na mesma situação até parece que os vampiros sempre existiram e atacam quando se pede uma factura para fins contabilsiticos e fiscais...
    eu cá estou farta que me chupem o sangue sem ter assinado nenhum contrato em pedra para o permitir... faço muita asneirada é verdade, mas quem nao faz?
    talvez a capacidade esteja em reconhecer para continuar, evoluir, mudar.

    um beijo mt grande

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  21. Cris,minha boa amiga
    muito pertinentes as tuas considerações, que não se afastam muito do que está escrito no texto.
    Contudo, gostaria de realçar o final do teu comentário.
    Não é fácil para a maior parte das pessoas reconhecer essa capacidade de que falas; e todos nós, de uma forma ou de outra já passámos por situações dessas.
    Acho curioso que ainda ninguém tenha falado numa situação em que nós, portugueses, somos exímios em nos armarmos em "chicos espertos", que é o trânsito. Queres melhor exemplo do triunfalismo do que de ir na fila errada e forçar "no limite" a entrada na fila correcta, á custa de um "pato"?
    É um belo espelho, em que eu me revejo algumas vezes.
    Beijoquitas.

    (tens andado fugida...eheheheh)

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  22. Mas podes brincar à vontade com a situação, acho que tudo se pode discutir com humor. Não perde rigor e torna as discussões mais interessantes e agradáveis.

    A figura do Sebastião é um tanto nebulosa como convém para quem aparece no nevoeiro, se se tivesse encantado por algum mouro de olhos misteriosos a lenda perderia em patriotismo mas ganharia lugar nos Grandes Amores. Mas acho que talvez não, era beato até à última potência, a menos que a febre mística o fizesse ver um anjo a conduzi-lo à salvação.

    Quanto ao texto, eu própria já ouvi o Prado Coelho a queixar-se de, juntamente com o M. S. Tavares, já terem sido vítimas de falsas paternidades na net.

    bjinhos

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  23. Poucas vezes concordo com a almôndega barbuda a.k.a EPC, mas não deixa de ser uma reflexão interessante.
    Acho, contudo, que o carreirismo político (os políticos partidários profissionalizados) dos últimos vinte anos, lançou Portugal num marasmo entediado da prática e da participação política, onde os trepadores natos campeiam.

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  24. Sabes, Mar_maria
    faz-nos falta uma personagem histórica, fora do armário...
    Podia ser o D.Sebastião (místico ou não), podia ser o Infante (mas esse seria sado-masoquista, com aquelas vestes...).
    Enfim alguém que rivalizasse com reis de Inglaterra e de França.
    Beijinhos.

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  25. Amigo João M.
    achei piada a essa de "almôndega barbuda" para o EPC, mas o homem emagreceu tanto e está sem barbas...
    Quanto aos políticos dos últimos 20 anos, eles bem tentam trepar, mas falta-lhes carisma.
    Apesar de tudo, tivemos no imediato pós 25/4, uma trilogia interessante, goste-se ou não; eram políticos a sério: Soares, Cunhal e Sá Carneiro.
    Abraço.

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  26. Por muito armarizados que estejam, existem, só que a nossa historiografia sempre foi de vistas curtas e asséptica. Todos são heróis e santos, tudo fizeram pela pátria e pela grei, não há um reizinho, um principezeco que não tenha enfrentado pelos menos 10 espanhóis a uma só vez.

    Os ingleses são outra loiça, e mesmo nos muito difíceis tempos isabelinos, Shakespeare falou abertamente das glórias, fraquezas, conluios, conspirações, traições dentro dos palácios.

    Está agora em cena em Lisboa o "Ricardo II" que é um verdadeiro ensaio sobre os jogos de poder em todos os planos: político, amoroso, pessoal e como tudo está interligado.

    Por cá, contentamo-nos com suposições, porque quem sabe fecha-se em copas e os poucos que afirmam algum pequeno desvio à verdade congelada são estrangeiros, logo 'gente que nos quer mal'.

    Enfim, não mudamos mesmo e continuamos a brincar às casinhas.

    bjiinhos

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  27. Eu li o artigo no Público e concordo com ele. Eu revejo-me totalmente na parte dos políticos que não servem, assim pensava do Cavaco, Guterres, Durão e companhia.
    No resto é o retrato típico do português e da sua falta de civismo. O tal chico-espertismo de que EPC fala é bem português.
    Um abraço.

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  28. Amigo Paulo
    neste teu comentário, estão descritas de uma forma correcta e sucinta as razões pelas quais resolvi transpôr para aqui o artigo em questão.
    Concordo 100%. contigo.
    Abraço.

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  29. Concordo plenamente e o problema é que acho que já não tem solução pelo menos a curto prazo. Qualquer um que estivesse no lugar do Sócrtes seria condenado! A não ser que fosse um que fizesse a vontade aos ricos e mantivesse os pobres na ignorância contudo os pobres deste país já não são assim tão burros por isso a solução já não é assim tão facil!

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  30. Amigo Heartvibres
    os problemas de mentalidades e de culturas, têm, como tudo, solução; apenas é um trabalho árduo,paciente e vagaroso, que necessita muito empenho e muito tempo para obter resultados. Os anos de obscurantismo premeditado, durante o salazarismo, ainda estão demasiado evidentes, infelizmente.
    Abraço.

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Evita ser anónimo, para poderes ser "alguém"!!!