terça-feira, 30 de setembro de 2014

Balanço do Queer da maioridade

Porque o Queer me monopolizou na passada semana e também outro acontecimento, porque tive gente em casa até hoje e porque estou com uma estranha preguiça para com tudo o que se refere à Blogosfera, resolvi fazer um "assalto" á muito bem elaborada crítica que o meu querido amigo Luís Veríssimo, com quem tantas vezes partilho ideias durante os vários Queer, e em que estamos quase sempre de acordo, e pegar no seu artigo do "Dezanove", e pespegá-lo aqui, até porque estou quase em 100% de acordo com o que nele está inserto (o que falta para os 100% são alguns filmes que não vi).
Assim aqui vai a crónica do Luís:
"O Queer Lisboa na sua maioridade foi uma das edições mais curiosas dos últimos anos. 
E acentuou aquilo que tem vindo a ser hábito nas últimas edições: os filmes mais comentados não receberam prémios. 
No meio de algumas desilusões lá pelo meio se pode assistir a boas histórias. 
Entre o Queer Focus dedicado a África e a retrospectiva a John Waters, o público teve ainda a possibilidade de ver e rever histórias e visões abrangentes de outros mundos menos vistos.

 Comecemos então pelos vencidos: "Rosie" (Alemanha, Suíça, 2013), de Marcel Gisler, venceu o prémio do público e era apontado como um forte candidato a ganhar o patinho para melhor filme ou o prémio de melhor interpretação feminina para Sibylle Brunner. A história do escritor gay a sofrer de um bloqueio literário que tem que lidar com a sua mãe idosa, doente e a perder a sanidade e com a descoberta de um novo amor mais novo não convenceu o júri e saiu do S. Jorge com o prémio de consolação.



O filme que não teve consolação nenhuma foi "Stand" (França, 2013), de Jonathan Taieb. Este drama que fala da homofobia que se vive na Rússia é visto como uma pelicula oportuna, sem ser oportunista, fazendo o balanço entre o que é ser gay numa sociedade governada por um Putin e o que é que leva alguém a lutar contra ataques que violam os direitos humanos.



Competição de Longas-Metragens

 "Something Must Break" (Suécia, 2014), de Ester Martin Bergsmark recebeu dois prémios, melhor filme e um dos prémios de melhor interpretação para Saga Becker.
O Verão sueco deixa de ser pacato quando eclode a história de amor entre dois rapazes, um, o andrógeno Sebastian e o outro, Andreas, que não é gay.
Segundo o júri, o filme recebeu o prémio "pela sua desafiante originalidade e visão pungente.
Este é um filme eminentemente físico que mexe com os nossos sentidos de forma inesperada – é um filme do qual quase sentimos o sabor e o cheiro.



O segundo prémio de interpretação foi para Kostas Nikoulionde, que é o jovem Danny de 16 anos em "Xenia" (Grécia, França, Bélgica, 2014), de Panos H. Koutras, onde com o seu irmão decidem (re)encontrarem-se num país sem pátria, numa família identidade.
O terceiro prémio de interpretação foi entregue a Angelique Litzenburger em "Party Girl" (França, 2014), de Marie Amachoukeli, Claire Burger e Samuel Theis, onde faz de si própria, uma empregada de bar de 60 anos que ainda gosta de se divertir.

 Este ano o júri decidiu dar uma Menção Honrosa a "Atlántida" (Argentina, França, 2014), de Inés María Barrionuevo, a descoberta de algo novo das irmãs Lúcia e Elena, numa tarde de Verão de 1987, onde os desejos florescem e poderão explodir.


Competição de Documentários

O prémio para melhor documentário foi para "Julia" (Alemanha, Lituânia, 2013), de J. Jackie Baier. O que leva exactamente um estudante a deixar a sua casa na Lituânia e tornar-se uma rapariga a vender o corpo nas ruas de Berlim, em pestilentos backrooms e nos assentos pegajosos de um cinema
porno?

Já o prémio do público foi recebido por "São Paulo em Hi-Fi" (Brasil, 2013), de Lufe Steffen. Os anos 1960, 70 e 80 da noite paulista, vistos pelos que os viveram, onde a ditadura militar brasileira e a eclosão da SIDA ditaram as regras.



Vamos às Curtas?

"Mondial 2010" (Líbano, 2014), de Roy Dib foi eleito como a melhor curta-metragem por, entre outras coisas, "nos fazer pensar: pode uma cidade ser queer?".
 "Frei Luís de Sousa" (Portugal, 2014), de Silly Season, a pior curta-metragem portuguesa que estava este ano em exibição no Festival, foi considerada a melhor curta-portuguesa pelo júri desta secção. "Gabrielle" (Bélgica, 2013), de Margo Fruitier e Paul Cartron mereceu uma menção honrosa.
O público deliciou-se com o genial "Cigano" (Portugal, 2013), de David Bonneville, com um maravilhoso Tiago Aldeia e atribui-lhe a sua preferência.



O júri decidiu ainda atribuir uma menção honrosa a "Gabrielle" (Bélgica, 2013), de Margo Fruitier e Paul Cartron.

 Já na secção In My Shorts a eleita foi "Bonne Espérance"(Suíça, 2013), de Kaspar Schiltknecht, segundo o Júri, "Pela sua energia e subtileza na abordagem de um tema de intimidade e desejo."

Agora esperemos que os portuenses usufruam do bom cinema de John Waters no ano zero do Queer Porto."

Não vi os filmes aqui referidos: "Party Girl", "Atlântida", "Júlia", "S.Paulo em Hi-Fi", "Mondial em 2010", Gabrielle"

8 comentários:

  1. Excelente artigo, fiquei com uma ideia do conjunto. Só espero que alguns passem nos cinemas dentro de pouco tempo...
    Um abraço

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    1. Hummmm, Justine, duvido seriamente...
      O meu favorito era dos três primeiros, o "Stand", não porque fosse o melhor, mas o que está mais actual, com um tema pleno di interesse, a homofobia governamental e não só da Rússia de hoje. Era um prémio oportuno, mas talvez o filme também tenha a sua quota parte de oportunismo
      "Rosie" ganhou o prémio do público com toda a justiça, é um filme maravilhoso e com uma actriz fabulosa.
      Mas o filme vencedor é também excelente, com uma total desmistificação dos géneros, e nesse campo é brilhante mesmo; o actor que ganhou o prémio de interpretação deveria ter ganho sozinho.
      No campo dos documentários, vi poucos filçmes, e não vi o que venceu. Dos que vi, "American Vagabond" foi o melhor.
      Gostei muito da curta portuguesa "Cigano".
      E foi, na generalidade um festival muito bom.
      Beijinho.

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  2. ||||| Foi bom ler o teu post, fiquei com uma ideia de como decorreu o festival.
    Abraço

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    1. João
      é uma pena que a quase totalidade destes filmes não tenham exibição comercial assegurada e isso não acontece só entre nós, acontece também noutros países. São filmes que têm um percurso de festivais e que quando muito serão exibidos posteriormente em ciclos retrospectivos da obra de um realizador ou qualquer coisa do género.
      Eu tenho conseguido "sacar" muitos deles e tenho uma excelente colecção deste tipo de filmes.
      Inclusivé, o filme vencedor já o tenho aqui comigo. E são filmes que por meio de uma pen ou até por mail podem ser enviados a um amigo...
      Abraço amigo.

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  3. Por pena minha, eu não consegui ir ver muitos filmes, que eu queria ver...

    Ficam as sugestões

    Obrigado pela partilha

    Abraço amigo

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    1. Francisco
      eu, esta semana é "sagrada". Cada doido com a sua mania...eheheh...
      Abraço amigo.

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  4. Muito boa reportagem. É pena que quase nenhum filme / documentário chegue aos cinemas e tenhamos de esperar ao dispor dos nossos programadores de TV para ver algum deles.

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    1. Leonardo
      é isso mesmo, tens toda a razão, infelizmente.
      Ou então temos que recorrer à net, onde a oferta é cada vez maior...
      Abraço amigo.

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