Assim aqui vai a crónica do Luís:
"O Queer Lisboa na sua maioridade foi uma das edições mais curiosas dos últimos anos.
E acentuou aquilo que tem vindo a ser hábito nas últimas edições: os filmes mais comentados não receberam prémios.
No meio de algumas desilusões lá pelo meio se pode assistir a boas histórias.
Entre o Queer Focus dedicado a África e a retrospectiva a John Waters, o público teve ainda a possibilidade de ver e rever histórias e visões abrangentes de outros mundos menos vistos.
Comecemos então pelos vencidos:
"Rosie" (Alemanha, Suíça, 2013), de Marcel Gisler, venceu o prémio do público e era apontado como um forte candidato a ganhar o patinho para melhor filme ou o prémio de melhor interpretação feminina para Sibylle Brunner. A história do escritor gay a sofrer de um bloqueio literário que tem que lidar com a sua mãe idosa, doente e a perder a sanidade e com a descoberta de um novo amor mais novo não convenceu o júri e saiu do S. Jorge com o prémio de consolação.
O filme que não teve consolação nenhuma foi "Stand" (França, 2013), de Jonathan Taieb. Este drama que fala da homofobia que se vive na Rússia é visto como uma pelicula oportuna, sem ser oportunista, fazendo o balanço entre o que é ser gay numa sociedade governada por um Putin e o que é que leva alguém a lutar contra ataques que violam os direitos humanos.
"Something Must Break" (Suécia, 2014), de Ester Martin Bergsmark recebeu dois prémios, melhor filme e um dos prémios de melhor interpretação para Saga Becker.
O Verão sueco deixa de ser pacato quando eclode a história de amor entre dois rapazes, um, o andrógeno Sebastian e o outro, Andreas, que não é gay.
Segundo o júri, o filme recebeu o prémio "pela sua desafiante originalidade e visão pungente.
Este é um filme eminentemente físico que mexe com os nossos sentidos de forma inesperada – é um filme do qual quase sentimos o sabor e o cheiro.
O Verão sueco deixa de ser pacato quando eclode a história de amor entre dois rapazes, um, o andrógeno Sebastian e o outro, Andreas, que não é gay.
Segundo o júri, o filme recebeu o prémio "pela sua desafiante originalidade e visão pungente.
Este é um filme eminentemente físico que mexe com os nossos sentidos de forma inesperada – é um filme do qual quase sentimos o sabor e o cheiro.
O segundo prémio de interpretação foi para Kostas Nikoulionde, que é o jovem Danny de 16 anos em "Xenia" (Grécia, França, Bélgica, 2014), de Panos H. Koutras, onde com o seu irmão decidem (re)encontrarem-se num país sem pátria, numa família identidade.
O terceiro prémio de interpretação foi entregue a Angelique Litzenburger em "Party Girl" (França, 2014), de Marie Amachoukeli, Claire Burger e Samuel Theis, onde faz de si própria, uma empregada de bar de 60 anos que ainda gosta de se divertir.
Este ano o júri decidiu dar uma Menção Honrosa a "Atlántida" (Argentina, França, 2014), de Inés María Barrionuevo, a descoberta de algo novo das irmãs Lúcia e Elena, numa tarde de Verão de 1987, onde os desejos florescem e poderão explodir.
Competição de Documentários
O prémio para melhor documentário foi para "Julia" (Alemanha, Lituânia, 2013), de J. Jackie Baier. O que leva exactamente um estudante a deixar a sua casa na Lituânia e tornar-se uma rapariga a vender o corpo nas ruas de Berlim, em pestilentos backrooms e nos assentos pegajosos de um cinema
porno?
Já o prémio do público foi recebido por "São Paulo em Hi-Fi" (Brasil, 2013), de Lufe Steffen. Os anos 1960, 70 e 80 da noite paulista, vistos pelos que os viveram, onde a ditadura militar brasileira e a eclosão da SIDA ditaram as regras.
Vamos às Curtas?
"Mondial 2010" (Líbano, 2014), de Roy Dib foi eleito como a melhor curta-metragem por, entre outras coisas, "nos fazer pensar: pode uma cidade ser queer?".
"Frei Luís de Sousa" (Portugal, 2014), de Silly Season, a pior curta-metragem portuguesa que estava este ano em exibição no Festival, foi considerada a melhor curta-portuguesa pelo júri desta secção. "Gabrielle" (Bélgica, 2013), de Margo Fruitier e Paul Cartron mereceu uma menção honrosa.
O público deliciou-se com o genial "Cigano" (Portugal, 2013), de David Bonneville, com um maravilhoso Tiago Aldeia e atribui-lhe a sua preferência.
O júri decidiu ainda atribuir uma menção honrosa a "Gabrielle" (Bélgica, 2013), de Margo Fruitier e Paul Cartron.
Já na secção In My Shorts a eleita foi "Bonne Espérance"(Suíça, 2013), de Kaspar Schiltknecht, segundo o Júri, "Pela sua energia e subtileza na abordagem de um tema de intimidade e desejo."
Agora esperemos que os portuenses usufruam do bom cinema de John Waters no ano zero do Queer Porto."
Não vi os filmes aqui referidos: "Party Girl", "Atlântida", "Júlia", "S.Paulo em Hi-Fi", "Mondial em 2010", Gabrielle"
Excelente artigo, fiquei com uma ideia do conjunto. Só espero que alguns passem nos cinemas dentro de pouco tempo...
ResponderEliminarUm abraço
Hummmm, Justine, duvido seriamente...
EliminarO meu favorito era dos três primeiros, o "Stand", não porque fosse o melhor, mas o que está mais actual, com um tema pleno di interesse, a homofobia governamental e não só da Rússia de hoje. Era um prémio oportuno, mas talvez o filme também tenha a sua quota parte de oportunismo
"Rosie" ganhou o prémio do público com toda a justiça, é um filme maravilhoso e com uma actriz fabulosa.
Mas o filme vencedor é também excelente, com uma total desmistificação dos géneros, e nesse campo é brilhante mesmo; o actor que ganhou o prémio de interpretação deveria ter ganho sozinho.
No campo dos documentários, vi poucos filçmes, e não vi o que venceu. Dos que vi, "American Vagabond" foi o melhor.
Gostei muito da curta portuguesa "Cigano".
E foi, na generalidade um festival muito bom.
Beijinho.
||||| Foi bom ler o teu post, fiquei com uma ideia de como decorreu o festival.
ResponderEliminarAbraço
João
Eliminaré uma pena que a quase totalidade destes filmes não tenham exibição comercial assegurada e isso não acontece só entre nós, acontece também noutros países. São filmes que têm um percurso de festivais e que quando muito serão exibidos posteriormente em ciclos retrospectivos da obra de um realizador ou qualquer coisa do género.
Eu tenho conseguido "sacar" muitos deles e tenho uma excelente colecção deste tipo de filmes.
Inclusivé, o filme vencedor já o tenho aqui comigo. E são filmes que por meio de uma pen ou até por mail podem ser enviados a um amigo...
Abraço amigo.
Por pena minha, eu não consegui ir ver muitos filmes, que eu queria ver...
ResponderEliminarFicam as sugestões
Obrigado pela partilha
Abraço amigo
Francisco
Eliminareu, esta semana é "sagrada". Cada doido com a sua mania...eheheh...
Abraço amigo.
Muito boa reportagem. É pena que quase nenhum filme / documentário chegue aos cinemas e tenhamos de esperar ao dispor dos nossos programadores de TV para ver algum deles.
ResponderEliminarLeonardo
Eliminaré isso mesmo, tens toda a razão, infelizmente.
Ou então temos que recorrer à net, onde a oferta é cada vez maior...
Abraço amigo.