quarta-feira, 10 de dezembro de 2014

Regresso às origens em boa companhia...


É óbvio que eu sou demasiado suspeito, em tudo o que rodeia a Covilhã.
Como não deixa de ser natural, enquanto ali vivi, primeiro como criança e adolescente, e depois de voltar, passado largos anos, como adulto e para trabalhar, a minha relação com a cidade não foi fácil, pois a minha ânsia de vida, em diversos aspectos, sentia-se espartilhada num local suficientemente grande para pensarmos que estamos bem, mas afinal ainda tão pequena, que toda a gente se conhece e sabe os passos que damos.
Agora, que vivo longe, a minha ligação afectiva com a cidade é muito mais fácil, quando ali retorno em curtos espaços de tempo e em que maioritariamente estou na companhia da minha Mãe.
Mas a Covilhã de hoje é também objectivamente diferente do que era antes e sobretudo em dois aspectos: os lanifícios morreram e foram substituídos por novas e diversificadas indústrias situadas em dois parques industriais, mas também e principalmente por uma Universidade (UBI), que a dinamizou e que se espraia por variadas zonas da cidade
 O outro aspecto tem a ver com o desenvolvimento urbano que levou a cidade para o vale, onde nasceu uma nova urbe, moderna, desenvolvida
 e que tem como único defeito despovoar o antigo centro, mas mesmo essa consequência está a ser combatida com um ressurgimento de locais de interesse, o que é agradável.

E após este prólogo que seria indispensável vamos lá relatar de uma forma sucinta os factos essenciais de um excelente fim de semana, ali passado, com um tempo que pareceu encomendado a S.Pedro – frio houve, sim, mas não tanto como se temia, e é sempre um frio seco e saudável que recebemos no rosto, desde que estejamos bem protegidos; e houve sempre sol durante os dias em que nem uma nuvem aparecia no céu azul e com noites de lua cheia e estrelas, de bonita claridade.

Parti de carro por volta das 5 da tarde de sexta-feira, com o Duarte, e quando chegámos fomos ter com o Miguel que tinha chegado um pouco antes, vindo de Coimbra no seu carro.
Levámo-lo ao hotel, no centro da cidade, junto ao Jardim Público e depois fomos a pé a um restaurante próximo, que tinha aberto recentemente, de um casal de espanhóis e de um argentino, com uma comida deliciosa e onde encontrei um velho amigo que como eu, ali estava a passar o fim de semana e que não via desde 2001, quando noutra ocasião nos encontrámos também na nossa cidade.
Sucede que entretanto esse amigo foi uma figura muito conhecida em todo o país pois foi o procurador do mais badalado processo judicial que já houve em Portugal – o caso Casa Pia.
Mas o João é uma simpatia e foi um prazer conversar com ele apenas sobre a nossa terra e de gente amiga.
Fomos depois dar uma volta de carro até serem horas para ir buscar a Margarida à estação, pouco depois das 23 horas.
Ainda antes de levar o Miguel e a Margarida ao hotel fomos a um local muito interessante, meio tasca, meio restaurante, para ela petiscar algo e todos bebemos uma jarra de sangria.
Um curto passeio a pé numa zona que agora começa a ser revitalizada, por detrás da Câmara e fomos todos descansar por volta da uma hora da manhã; o Duarte ficou comigo em casa da minha Mãe.

Sábado, pelas 10 horas da manhã lá partimos para a Serra, com uma primeira paragem para conhecer a magnífica Pousada que aproveitou o belíssimo edifício do Sanatório, agora maravilhosamente recuperado – dá mesmo vontade de ir ali passar um par de dias!
 Já nas Penhas, fomos também ao “velho” (já é centenário), mas sempre renovado Hotel das Penhas
agora rodeado de quase uma centena de bungalows, e também muito acolhedor (tem lá um restaurante medieval que merece uma posterior visita gastronómica).
Depois foram todos os recantos da Serra, com inúmeras paragens, até à Torre

e com as habituais buzinadelas no “túnel”
mas com uma paragem mais demorada na mais bela zona de toda a montanha – o Covão da A'metade – onde nasce o Zêzere e que é base do monumental Cântaro Magro

Depois o fabuloso vale glaciar (em U) do Zêzere

até Manteigas

Ali almoçámos muito bem, só o Duarte não comeu as sempre excelentes trutas de Manteigas e logo a seguir fizemos uma curta visita a uma pessoa que me é muito querida, a Lurdes, hoje com 88 anos e que me ajudou a criar, a mim e aos meus irmãos durante mais de dezena e meia a servir na minha casa – ela começou ali a trabalhar quando eu tinha apenas 9 meses. 
Ela já conhecia o Duarte, de quem gosta muito e encantou a Margarida e o Miguel com as suas referências à minha meninice e com a sua simpatia. 
Já há muito que a não via, e confesso que não sei se a verei muitas vezes mais, pois é raro ir de carro à Covilhã, o que me impossibilita ir vistá-la a Manteigas. 
Seguimos depois directos a Sortelha, já nas faldas da Serra da Malcata, uma das mais belas aldeias históricas do nosso país



É um local que parece que parou no tempo e calcorrear aquelas ruazinhas sem gente mas com casas bem recuperadas é sempre um prazer renovado; notei no entanto a falta das casas de artesanato que ali vi noutras visitas. 
O Duarte teve ali um autêntico caso de paixão, por parte de um lindo gato, dos muitos que por ali havia...

 Já anoitecia quando ainda demos um pulo a Belmonte para vermos o seu Castelo com a linda janela manuelina

 Regressámos à Covilhã, um pouco cansados, para um brevíssimo descanso antes de nos dirigirmos a uma aldeia situada a cerca de 20 kms da Covilhã, onde jantámos num óptimo restaurante (que bom estava o pernil) e com um atendimento 5*. 
Fomos depois ver as festas de Santa Bebiana que se realizavam ali neste fim de semana com as ruas do centro pejadas de uma pequena multidão que vagueava de tasca em tasca a petiscar e a bebericar geropiga e outros “alcóois”, com uma procissão muito original, em honra dos deuses protectores da bebida

claro que as tascas eram todas casas de gente da terra, nesses dias transformadas em local de acolhimento. 
No domingo, com regresso agendado para depois do almoço, fomos de manhã visitar a pé o centro histórico
pleno de arte urbana muito interessante e em sítios muito bem escolhidos


 visitámos igrejas e capelas

 
e o centro cívico

Depois e de carro fomos dar uma volta alargada por toda a cidade com destaque para o Monumento a N.Sª.da Conceição
cuja imagem está virada para a cidade e pelo qual também é designada como N.Sª.da Covilhã. 

Fomos buscar a minha Mãe com quem almoçámos a meio caminho entre Covilhã e Fundão no “Mário” a já célebre “panela no forno”, prato regional muito afamado, que é um arroz bem condimentado e recheado de bons enchidos, carnes gordas de porco e dobrada

. Fomos pôr a Margarida à estação do Fundão e deixámos o Miguel junto ao seu carro, no hotel, tendo ele seguido viagem. 
Eu e o Duarte depois de uma curta ida com minha Mãe ao shopping, deixá-mo-la em casa e saímos de regresso a Massamá pelas 4 da tarde. 

Concluindo, um excelente fim de semana, passado com gente muito amiga.

14 comentários:

  1. Só para memória futura, e porque estas coisas são muito importantes :)
    o restaurante do espanhol é o Comer & Beber
    a tasca da sangria era a Taberna da Laranjinha
    o almoço em Manteigas, apesar da espera pela sobremesa, foi o Santa Luzia (ai o queijo com marmelada... quero mais!)
    o jantar no Paúl foi n'O Hélder, e tenho a certeza de que nunca mais esqueceremos esse jantar, foi memorável
    e o almoço de domingo, como já referiste, no já famoso Mário.

    pronto, foi mesmo só para dizer que adorei o fim de semana, encantei-me com a tua Covilhã e fiquei ainda mais 'preso' aos amigos.

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    1. Miguel
      fizeste muito bem em mencionar aqui os nomes dos locais onde "abancámos" e é curioso que nem sequer estivemos demasiado preocupados com critérios de escolha...
      Comemos e estivemos sempre muito bem em todos os locais e apenas te esqueceste de mencionar aquela fabulosa entrada de alheiras n'O Hélder, do Paul.
      E não só de comidas e bebidas, tudo o resto foi muito bom.
      Obrigado pela companhia.
      Abraço amigo.

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  2. magnífica descrição do nosso fim-de-semana! :)
    e agora, o que vou escrever? ;) bem, terei de pensar.
    obrigada por nos receberes tão bem, por servires de motorista, por nos mostrares a tua cidade e nos 'meteres' na tua vida e nos teus amigos. eu adorei a Senhora Lurdes e a tua Mãe. e a cidade, claro, que não conhecia.
    bjs.

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    1. Margarida
      cada um viu as coisas onde estivemos com olhos muito pessoais e essa descrição tem sempre cabimento. E tu tens alguma "clientela" no teu blog que não vem aqui, pelo que não há qualquer problema com o que quer que digas sobre este nosso passeio.
      Obrigado pela companhia.
      Beijinho.

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  3. Que bom, João. Fotos belíssimas. :)

    um abraço.

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    1. Mark
      é uma zona do país que merece mesmo uma visita e actualmente a zona do Covilhã está exremamente bem servida de unidades hoteleiras para qualquer exigência.
      Para quando uma ida lá cima?
      Abraço amigo.

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    2. Mark
      pensa nisso, que vale a pena. Irás gostar.
      Abraço amigo.

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    1. Foi realmente um excelente passeio, Francisco.
      Abraço amigo.

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  5. Bela reportagem por sítios que também me encantam, João. Obrigado pela partilha. Abraço

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  6. Carlos
    cada vez surpreende mais a revitalização da Covilhã cidade e da região, com destaque, claro, para a Serra.
    Há hotéis por todo o lado, restaurantes agradáveis, uma vida cultural apreciável para uma cidade do interior (Conservatório de Música, o Teatro das Beiras, espectáculos variados) e uma efervescente vida nocturna devido à estudantada da UBI (mais de 10.000 alunos).
    Enfim, o fim de semana agradou a todos, foi variado e merece um enorme agradecimento ao S.Pedro.
    Abraço amigo.

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  7. Magnífico relato e fotorreportagem: é preciso divulgar as belezas do interior e suas gentes, muitas vezes com uma perceção totalmente errada por parte daqueles que vivem nas (grandes!) cidades. Claro que, nunca visitaram os lugares em questão, permanecendo dois ou três dias mas...
    Um passeio que me provoca intensa "dor de cotovelo". Neste período de luto, tendo sido HORRÍVEIS os momentos que antecederam a morte do meu pai, visualizar lugares onde fui feliz e fiz amizades que ainda hoje perduram. Sim, em 1997, começava eu a lecionar em Manteigas, onde regressei em 1999, adorando. Parte significativa dos colegas era da Covilhã e da Guarda. Os restantes, daqui e dali, do país. Também com os alunos se criaram laços.
    Com as fotos podias criar um slideshow no Sapo e aqui o integrar. É que estas têm maior melhor projeção no feedly do que no post. Chatice do template. No Sapo, fazes upload destas para o Sapo Fotos. Depois, fazes uma seleção das mesmas e crias o teu slideshow. Podes ver um que criei, a par de uma iniciativa na cidade da Guarda, em http://ondenaoestou.blogs.sapo.pt . Neste caso, quis divulgá-la, dado terem "vestido" as árvores e bancos de jardim com rendas e outros pontos trabalhados em lã, mas as fotos não eram muito boas!
    Abraço,
    Paulo

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    1. Olá, Paulo
      quero em primeiro lugar deixar-te uma palavra de conforto pelo falecimento do teu Pai. Já passei pelo mesmo, há 27 anos atrás e sei o que custa.
      Quanto ao fim de semana foi magnífico, e a Serra é linda, linda....
      Em Manteigas foi uma visita de médico, mas com um excelente almoço, no Restaurante "Santa Luzia" e com uma visita à minha querida Bu...
      No que diz respeito às fotos, eu sou um zero à esquerda em tudo o que é de informática e não sei fazer nada do que me aconselhas. Agradeço no entanto, as dicas.
      Abraço amigo.

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