domingo, 20 de julho de 2014

Dimitris Papaioannou

Dimitris Papaioannou, nasceu em Atenas em 1964 e é um encenador, coreógrafo e artista visual que começou a ser conhecido quando apresentou a coreografia da cerimónia de abertura dos Jogos Olímpicos de Atenas, em 2004.
Mas o seu percurso artístico começou muito antes.
Começou por ser um artista visual, ilustrador e criador de “comics”, tendo apresentado o seu trabalho em numerosas exposições, produziu ilustrações para diversas revistas e coeditou um “fanzine” (1986-1992), que foi das primeiras publicações com artigos abertamente gays a aparecer na Grécia, tendo colaborado noutras publicações de índole gay e publicou cerca de 40 “comics”, muitas delas de teor gay, algumas com desenhos bastante explícitos.
Em 1986 começou a interessar-se pela dança e pelas artes “per formativas”.
Esteve nesse ano em Nova York, e chegou a interpretar e coreografar uma ópera em Baltimore.
No seu regresso a Atenas fundou com Angeliki Stellatou a “Edafos Dance Theatre” (1986-2002), tendo nesses 16 anos coreografado e produzido todas as 17 obras desse grupo.
Em 1989 esteve na Alemanha onde trabalhou numa obra com Tom Waits e Robert Wilson.
As suas mais conhecidas coreografias são pois desse tempo, não só na sua Companhia, mas também noutros projectos, entre eles, duas óperas e coreografias para peças de teatro apresentadas pelo Teatro Nacional Grego; ao mesmo tempo colaborou com a Ópera Nacional Grega e com diversas companhias de dança, como coreógrafo, dançarino e também no guarda roupa.
E também teve algumas ligações ao cinema.
 Não surpreendeu que tivesse sido convidado para Director Artístico das cerimónias de abertura e encerramento das Olimpíadas de 2004, realizadas em Atenas e pelas quais ficou mundialmente famoso. Posteriormente, em 2006 apresentou a sua obra de maior “fôlego”, denominada 2 (“Two”), com um imenso sucesso, com muitas referências à homossexualidade e em que também participou como intérprete.
Continua a trabalhar em novas coreografias nas quais se distinguem “Nowhere”(2009) e “Still Life”(2014).
Tendo apenas 50 anos é hoje uma das maiores referências da coreografia mundial e muito há ainda a esperar da sua futura obra

Gostaria muito de apresentar aqui vários vídeos das suas obras, o que tornaria esta postagem longa e de demasiada duração; mas elas podem ser procuradas ou no "You Tube" ou no "Vimeo".
No entanto aqui deixo três vídeos.
Um, fundamental, apesar da sua duração (cerca de 30 minutos), contém extractos das suas obras dos últimos 10 anos e é imperdível.
No entanto e para quem não tenha a paciência de o ver, fica aqui um apontamento, lindíssimo,de"Nowhere",
NOWHERE (2009) / central scene / for Pina from Dimitris Papaioannou on Vimeo.

E finalmente para aguçar o apetite para o filme de longa metragem 2("Two"), que eu tirei pelo "e-mule", fica também uma amostra desta obra invulgar.


Espero que gostem, pelo menos tanto, como eu gostei de conhecer Dimitris Papaioannou e a sua obra.

quinta-feira, 17 de julho de 2014

E eis o dia D...


   

E eis o dia D!
O livro, até me custa dizer “o meu livro”, está à venda.
Tenho algum receio de me repetir, mas este livro tem como base umas crónicas publicadas ao longo de um tempo já recuado, neste blog e que tiveram como título “ A tropa cá do João”, nome de um poema saloio que escrevi lá em África e que foi a primeira dessas crónicas.
Na altura, os comentários de quem as leu foram bastante positivos havendo algumas pessoas com quem me ligo mais em termos de trocas de impressão sobre livros (Miguel Nada e Margarida Leitão, entre outros), que me questionaram porque não publicava “aquilo” como livro.
Nem tal coisa me passava pela cabeça.
Entretanto passado algum tempo vim a conhecer o João Máximo e o Luís Chainho, que têm entre eles um projecto deveras interessante, que é a INDEX ebooks, uma editora de livros digitais vocacionada essencialmente para obras relacionadas (de algum modo) com temas LGBT.
Conhecedor dessas minhas crónicas, o João, também me começou a falar em eventualmente estar interessado na publicação de um livro meu sobre esse tema.
Mais recentemente e como resultado do encontro virtual ( a Net é um mundo) com pessoas que estiveram na Ilha de Metarica em períodos anteriores a mim, publiquei aqui um post sobre uma publicação do Carlos Alves, chamada “A Metariclândia” – As aventuras em África (que por acaso só agora estou a ler).
E voltou o “cerco”, acerca do “meu livro”; tanto me forçaram, que acedi. E quando tomo uma decisão, é meu feitio empenhar-me nela. Assim depois de um primeiro contacto com o João em que definimos o que fazer – reescrever os posts já publicados, escrever alguns mais, ordenar os textos, fazer uma introdução e uma conclusão, escolher fotos, fazer dois ou três anexos – o livro começou a ser concebido.
E aqui veio para mim uma surpresa: se eu já conhecia e admirava como pessoa e como amigo, o João, depois de duas ou três “reuniões de trabalho” com ele, fiquei completamente rendido ao seu profissionalismo como editor. Eu nada conhecia sobre uma edição de livros e mais uma vez aprendi coisas o que é sempre muito compensador.
Não esqueço que o João não está só na INDEX, e portanto englobo aqui o Luís e a Patrícia.
E o livro nasceu!

Uma palavra que é imperiosa – este não é, de todo, um livro gay; nem nada que se pareça! Tem sim, um capítulo, que já era uma das crónicas publicadas no blog, sobre a homossexualidade na guerra colonial e eu faço uma alusão, que é muito verdadeira, à influência que o meu período africano teve na minha “auto saída” do armário.
Razões que chegam para fazer parte das publicações da INDEX.
Espero que quem o leia, goste e tenho sempre algum receio de que uma ou outra expectativa (não minha) demasiado alta, saia gorada.

Fica aqui a referência aos locais onde o livro pode ser adquirido.
Comprar ebook:
Google Play – Amazon (Portugal) – Amazon (Brasil) – Apple (Portugal) – Apple (Brasil) – Kobo by FNAC – Kobo Brasil – WOOK – Livraria Cultura.
Comprar em papel (impressão a pedido):
Bubok, Createspace, Amazon


segunda-feira, 14 de julho de 2014

Geoffrey Laurence

Geoffrey Laurence é um pintor realista americano, que nasceu em 1949, em New Jersey, filho de pais sobreviventes ao holocausto, naturais da Silésia mas naturalizados americanos.
Foi criado e educado em Inglaterra (Londres), e ali viveu 38 anos.
Foi lá que estudou pintura em três escolas de arte durante sete anos e depois de terminados os estudos começou a trabalhar como free lancer em diferentes campos da sua arte: ilustrador de revistas, designer gráfico para empresas de moda e multinacionais, fotógrafo de jornais.
Na década de 90, tornou-se designer de interiores, mas sempre que tinha tempo disponível desenhava e pintava, principalmente figuras, tendo feito algumas exibições.
 Entretanto voltou de novo a dedicar todo o seu tempo ao estudo de técnicas de pintura clássica e em 1992 voltou aos EUA, onde em Nova York concluiu os seus estudos.
Desde 1996 que vive e trabalha no Novo México.
Gosta de explorar a relação entre a figura contemporânea e pinturas clássicas específicas.



















quarta-feira, 9 de julho de 2014

"Ilha de Metarica: Memórias da Guerra Colonial"

Ainda sem grandes pormenores e porque o editor publicou um apontamento no Google+, aqui vai a notícia formal.
Vai sair em breve, no formato digital (e-book), mas com edição em papel possível por encomenda, um livro da minha autoria cujo nome é “Ilha de Metarica: Memórias da Guerra Colonial”.

A sua origem tem como base a publicação neste blog, ao longo de vários meses e com começo ainda na parte extinta do mesmo, de uma “saga”, à qual dei o nome de “A tropa cá do João”.
Nela contei episódios sobre a minha vida militar, de uma forma cronológica e com especial destaque para a guerra colonial, como é óbvio.
Muita gente, desde logo se referiu à possibilidade de daí advir um livro, mas confesso nunca pensei nisso a sério.
Todavia, recentemente fui contactado por algumas pessoas que estiveram na Ilha de Metarica, duas comigo e outras numa altura diferente, tendo há semanas aqui publicado uma postagem sobre um livro que uma dessas pessoas publicou entretanto.
Logo o Miguel, a Margarida e principalmente o João Máximo, editor (com o Luís Chainho), da Index me começaram a pressionar de novo e eu desta vez fui em frente.
Depois de conversar com o João, reescrevi os textos, acrescentei outros, escrevi uma introdução e uma conclusão, arranjaram-se mapas (fotos eu tinha) e após algumas trocas de impressão muito profícuas com o João – fiquei a saber coisas muito interessantes sobre a edição de um livro -, o livro aí está e vai ser lançado muito brevemente.
Deixo além desta foto que nem é a capa nem a contra capa, antes uma mistura de ambas, um trecho que o João escolheu para figurar penso que na contra capa.


"Tive tempo, muito tempo mesmo, enquanto estive em África, principalmente na Ilha de Metarica, durante as horas mortas no aquartelamento, ou nas operações de dias e dias pela mata, para pensar na minha vida e nos meus problemas, e cheguei à conclusão que era necessário relativizá-los, por muito grandes que eles me parecessem, perante a gravidade de certas situações com que me deparei na guerra. Não quis definir metas para a minha vida para quando regressasse a Portugal, mas tinha a certeza de que voltaria um “homem” novo e em variados aspetos – humano, social, político e principalmente sexual - foi ali, em África, que cheguei finalmente à conclusão de que, apesar da minha orientação sexual não ser a mais comum, eu era um homem normal."

A seu tempo, mais notícias surgirão.

sexta-feira, 4 de julho de 2014

Poesia Matemática


Poesia Matemática

Às folhas tantas
do livro matemático
um Quociente apaixonou-se
um dia
doidamente por uma Incógnita.
Olhou-a com seu olhar inumerável
e viu-a do ápice à base
uma figura ímpar;
olhos rombóides, boca trapezóide,
corpo retangular, seios esferóides.
Fez de sua uma vida
paralela à dela
até que se encontraram
 no infinito.
"Quem és tu?", indagou ele
em ânsia radical.
"Sou a soma do quadrado dos catetos.
Mas pode me chamar de Hipotenusa."
E de falarem descobriram que eram
(o que em aritmética corresponde
a almas irmãs)
primos entre si.
E assim se amaram
ao quadrado da velocidade da luz
numa sexta potenciação
traçando
ao sabor do momento
e da paixão
retas, curvas, círculos e linhas sinoidais
nos jardins da quarta dimensão.
Escandalizaram os ortodoxos das fórmulas euclidianas
e os exegetas do Universo Finito.
Romperam convenções newtonianas e pitagóricas.
E enfim resolveram se casar
constituir um lar,
mais que um lar,
um perpendicular.
Convidaram para padrinhos
o Poliedro e a Bissetriz.
E fizeram planos, equações e diagramas para o futuro
sonhando com uma felicidade
integral e diferencial. 
E se casaram e tiveram uma secante e três cones
muito engraçadinhos.
E foram felizes
até aquele dia
em que tudo vira afinal
monotonia.
Foi então que surgiu
O Máximo Divisor Comum
freqüentador de círculos concêntricos,
viciosos.
Ofereceu-lhe, a ela,
uma grandeza absoluta
e reduziu-a a um denominador comum.
Ele, Quociente, percebeu
que com ela não formava mais um todo,
uma unidade.
Era o triângulo,
tanto chamado amoroso.
Desse problema ela era uma fração,
a mais ordinária. 
Mas foi então que Einstein descobriu a Relatividade
e tudo que era espúrio passou a ser
moralidade como aliás em qualquer
sociedade.

Millôr Fernandes

segunda-feira, 30 de junho de 2014

Cet Amour

O poema maravilhoso de Jaques Prévert (do seu livro "Paroles"), na voz rouca e inconfundível de Jeanne Moreau só pode ter um destinatário - o Déjan!

THIS LOVE
This love
So violent
So fragile
So tender
So desperate
This love
Beautiful like the day
And bad like the weather
When the weather is bad
This love so true
This love so beautiful
So happy
So joyous
And so pathetic
Trembling with fear like a child in the dark
And so sure of itself
Like a calm man in the middle of the night
The love that freaks everyone else out
That makes them talk
That makes them turn pale
This scrutinized love
Because we were scrutinizing it
Hunted hurt impeded finished denied forgotten
Because we hunted hurt impeded finished denied forgot it
This love in its entirety
So vibrant still
And completely radiant
It’s yours
It’s mine
That which had been
This thing always new
And that hasn’t changed
As real as a plant
As shaky as a bird
As hot as lively as summer
We can both of us
Leave and come back
We can forget
And then go back to sleep
We reawaken suffer grow old
We fall asleep again
Dreaming of death
We awake smiling and laughing
And grow young again
Our love remains there
Stubborn as a mule
Lively as desire
Cruel as memory
Stupid as regret
Tender as remembrance
Cold as marble
Beautiful as the day
Fragile as a child
It watches us as it smiles
And it speaks to us without saying anything
And me
I listen to it and shake
And I scream
I scream for you

Nota: Esta foto é o "comentário" do Déjan

terça-feira, 24 de junho de 2014

"A Metariclândia - As Aventuras em África"

Há tempos fui contactado por uma pessoa, de seu nome Carlos Alves, mais ou menos da mesma idade que eu e que me descobrira por meio da net (já nunca poderemos permanecer desconhecidos), como tendo estado a cumprir o serviço militar em Moçambique, mais propriamente na Ilha de Metarica.
E a razão do seu contacto é que ele havia também estado no mesmo local a cumprir o seu serviço militar.
São sempre muito interessantes estas trocas de informação, trocámos fotos, já que o local estava muito diferente, pois a Companhia em que ele estava integrado foi a primeira a ser instalada ali e se já no meu tempo as condições eram péssimas, imagine-se como seriam antes.
Mostro aqui um ou outro caso.






Nunca nos encontrámos pessoalmente, mas fizemos amizade no FB, onde temos trocado impressões e entre elas, o Carlos informou-me que tinha escrito “umas coisas” sobre a sua comissão, tendo eu mostrado natural interesse em conhecer esses "escritos".
Ora ele pediu-me o meu endereço e tive a grata surpresa de ter recebido ontem por correio o seu “livro”.
É uma publicação do autor feita para as comemorações do XLIII aniversário da sua Companhia (CCAÇ 2469 – 1968/1971), que decorreram em Arouca em Março passado.
Está muitíssimo completa, com todos os elementos (documentos, fotos, depoimentos, narrações, listagens), que mostram a vida daquela Companhia desde a sua formação até à sua desmobilização.
Se tem para mim, só por isso, bastante interesse, muito mais tem porque grande parte do livro se refere à Ilha de Metarica.
O livro chama-se “A Metariclândia – As Aventuras em África”
 e só de folheá-lo fiquei deliciado.
Não estou com pressa de o ler, pois “prazer adiado é prazer aumentado”, mas tenho a certeza que vou gostar mesmo muito.
Uma palavra de grande agradecimento ao Carlos Alves, que sei vou conhecer pessoalmente em breve e a quem já dei a certeza da minha presença na confraternização que irá decorrer em Julho do ano que vem, em Fátima e onde estarei com mais três elementos da minha Companhia, com quem mantenho contacto.

sábado, 21 de junho de 2014

Delmas Howe

Delmas Howe é um pintor e muralista americano, nascido em 1935, cujo trabalho é essencialmente figurativo e retrata figuras míticas e arquetípicas, num estilo neoclássico e realista, quase sempre de uma forma fortemente homoerótica.
Após a formatura no ensino médio fez um trabalho de graduação na Universidade Estadual de Wichita e um trabalho de pós-graduação na Universidade de Yale e durante vários anos deu aulas na Students League de Nova York, enquanto trabalhava como músico profissional.  O seu trabalho está nas coleções de vários museus, incluindo o Museu Albuquerque de Arte e História, onde a sua pintura "As Três Graças"
de 1978 está em exibição permanente  e no Museu de Arte do Novo México.

De entre os seus inúmeros trabalhos foi difícil fazer uma selecção criteriosa...



































quarta-feira, 18 de junho de 2014

Les Ballets Trockadero de Monte Carlo

Les Ballets Trockadero de Monte Carlo é uma companhia de bailado americana constituída por dançarinos “drag” que parodia as convenções e clichés do romântico bailado clássico.
Foi fundada por Peter Anastos, Natch Taylor e Anthony Bassae em Nova York em 1974, produzindo pequenos shows nocturnos em locais muito especiais da Broadway.
O seu primeiro show foi em 9 de setembro de 1974, num sótão da Rua 14, no coração da Broadway. O atual diretor artístico é Tory Dobrin.
 Depois de receber críticas favoráveis na “The New Yorker”, foi descoberto por um público mais vasto.
Os "Trocks" começaram a percorrer o mundo, com compromissos prolongados em muitas grandes cidades. Em 2008, eles tocaram no “Royal Variety Perfomance”, na presença do príncipe Carlos.
 Os bailarinos retratam ambos os papéis: masculino e feminino num estilo bem-humorado, que combina paródias de ballet, com peças clássicas destinadas a mostrar as habilidades técnicas dos artistas.
Muito do humor resulta de ver bailarinos travestidos interpretando papéis normalmente reservados para as mulheres, vestindo tutus e dançando em pontas.
Assisti há poucos anos a um espectáculo memorável desta Companhia no CCB.
Deixo aqui dois vídeos, um com aspectos da própria Companhia e outro com um extracto célebre do bailado “O Lago dos Cisnes”