Não imagino que epitáfio gostaria Luís Pacheco gostaria de ter na sua sepultura, mas estou certo que seria o mais corrosivo, em todos os cemitérios.
Isto porque o homem e escritor que faleceu ontem, foi entre muitas outras coisas , sobretudo um homem corrosivo.
Foi alcooólico, surrealista, tinha problemas de visão que lhe deram uma imagem ímpar com aqueles óculos de graduação impossível, foi escritor, foi andrajoso, provocador, foi pedinte, foi ouvido e foi considerado, foi um homem como há poucos; nele se misturava o génio e o asco.
Foi desde sempre um opositor à ditadura e ecreveu, fartou-se de escrever: livros, folhetos, comunicados, provocações e simples folhas de papel.
Muitas vezes me cruzei com ele, velho antes de o ser, na rua, num café, com aquele ar de louco fugido do manicómio, mas sempre vi nele alguém que ia muito além da imagem que fazia passar.
Houve duas obras suas que me marcaram muito: o incontornável "Comunidade" (1964) e uma publicação, à altura quase clandestina que era "O Libertino passa por Braga, a Idoláctrica, o seu Esplendor"(1970).
Um ano e pouco depois de Cesariny, o surrealismo morreu de vez...
ola Pinguim
ResponderEliminaré interessante como o Pacheco marca tantas pessoas e de gerações tão diferentes. acho que para muitos de nós ele foi uma lição de rebeldia e subversão, de que é possível não se ser um 'bem-comportado' mesmo nesta sociedade que nos escraviza de uma forma tão subtil quanto eficaz.
abraço
Mais uma marca que se apaga...
ResponderEliminarÉ triste...
Também gostei muito de "O Libertino...". Contudo, quando nos últimos anos lia alguma coisa (nomeadamente as entrevistas) sobre ou com Luís Pacheco,dei-me realmente conta que o surrealismo morrera. E Luís Pacheco era um cadáver esquisito.
ResponderEliminarBoa semana.:)
Ainda me lembro de ver o Luiz Pacheco a uma mesa do Café Central (reconstruído), em Setúbal. De resto, e se me permites, faço minhas as tuas palavras. Abraço!
ResponderEliminarMais uma vela se apaga!:/
ResponderEliminarAbraço!
Caro Miguel
ResponderEliminarfalando um pouco à moda dele, é que ele sempre se esteve cagando para os bons ou maus comportamentos...
Abraço.
Começa cedo, este ano, a partida de gente de que se falou e de quem se falou, no prosseguimento aliás, do ano anterior, amigo Tonghzi.
ResponderEliminarAbraço.
Caro João Manuel
ResponderEliminarverdadeiramente um achado esse qualificativo para O LP nos últimos tempos.
Quanto à semana que de vai iniciar, penso que será mesmo "muito boa".
Abraço.
Ele adorava cafés, amigo Rato, mas pensei que ele andasse sempre aqui por Lisboa; mas devia ter familiares para esses lados, aliàs faleceu no Montijo.
ResponderEliminarAbraço.
Caro Hydra
ResponderEliminarespero que não sejam muitas as velas, pois ainda se sente o cheiro das muitas ardidads no findado ano.
Abraço.
Tenho um "livro" de poemas (penso que de edição de autor) assinado por ele. Chama-se "Amantes"(?)
ResponderEliminarEra um escritor bem original!
Puta que o pariu!
ResponderEliminarEntão e o Herberto Hélder não conta?
(sem falar dos pintores)
Amigo Ez
ResponderEliminaroriginal será o mínimo...
Abraço.
Caro Rui
ResponderEliminarnão serei eu a pessoa mais indicada para falar sobre o Herberto Helder, pese embora tenha as melhores referências não só sobre a sua escrita, mas também sobre a sua conduta humana; mas parece-me, salvo melhor opinião, que não será um escritor tão "libertino" e daí o chamar-lhe penso que apropriadamente surrealista, o que não diria do Herberto Helder, mas, como disse não tenho bagagem suficiente para o dizer convictamente.
"puta que o pariu" foi uma constância na escrita de Pacheco, amigo...
Abraço.
Conheço muito pouco da sua obra, confesso, mas o suficiente para lamentar a sua perda.
ResponderEliminarAbraço, Pinguim!
Foi outra faceta da sua vida, foi um escritor "escondido"...
ResponderEliminarAbraço, amigo Oz.
Não conhecia bem a sua obra. Já li um pouco noutro blog. Intenso. Sincero. Vou tentar conhecer a sua obra devido aos vossos comentários.
ResponderEliminarEra uma sugestão de epitáfio...;-)
ResponderEliminarDuvido que ele gostasse de ser reverênciado, mesmo após a sua morte.
Herberto Helder não terá sido um surrealista da 1ª linha mas a influência do surrealismo na sua obra é notória, mas concordo contigo que não tem esse cunho libertino, nem a obra nem o homem pelo que sei.
Um abraço pinguim!
Amigo Socrates
ResponderEliminaré esse um dos grandes méritos da blogosfera, chamar-nos a atenção sobre pessoas e coisas desconhecidas até então; tenho aprendido bastante desde que por aqui ando.
Abraço.
Caro Rui
ResponderEliminardesculpa-me não ter entendido, mas estou bastante de acordo que não lhe desagradaria tal epitáfio.
Abraço.