quinta-feira, 3 de janeiro de 2008
"purosex.com"
Aproveitei os curtos dias de ausência, pelo Natal, para ler o livro de Dennis Cooper “purosexo.com”, da editora Bico da Pena, e que havia comprado no S.Jorge, durante o festival de cinema gay.
Já tinha lido um texto do Miguel ( Innersmile), acerca do livro, mas como não conhecia o livro, confesso que me “passou um pouco ao lado”.
Devo desde já dizer que não gostei do livro, de uma forma geral, embora reconheça no autor uma capacidade imensa de jogar com a escrita, e de através dela “jogar” com o leitor. O tema é muito mais do que uma simples história ou conjunto de histórias, sobre conhecimentos travados na internet e nos chats afins; é um olhar muito perverso sobre um mundo muito particular da homossexualidade, e que parece ter cada vez mais simpatizantes, especialmente nos EUA: o mundo do sado-masoquismo levado ao extremo, à morte até, desejada quer pelo “carrasco” quer pela vítima.
Sou muito liberal, aceito qualquer acto que outrem deseje praticar, de sua livre vontade e que não moleste terceiros¸ mas actos que envolvam a morte e formas demasiado fortes de dor, para poderem ser consideradas apenas bizarras, isso não vai muito comigo, confesso.
Estive para abandonar a leitura do livro várias vezes, mas li até ao fim, na tentativa de encontrar algo que me minorasse o incómodo do que já havia lido, mas em vão.
Espero que o outro livro que comprei na altura me proporcione o prazer que este não me trouxe.
Publicada por
João Roque
à(s)
00:09
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Na impossibilidade de o ter feito antes. Um 2008 muito feliz e tudo de bom. Abraço!
ResponderEliminarPara ti o mesmo, caro amigo, e ainda bem que decidiste continuar no blog.
ResponderEliminarAbraço.
Por si só, também é um tema que me passaria ao lado. A menos que seja tratado de uma forma que, de um jeito ou de outro, acabe por me prender e me leve a pensar. E ai, só ai, poderá valer a pena, apesar do desconforto
ResponderEliminarGabo-te a persistência, Pinguim.
Acho que Dennis Cooper até é um escritor com obra feita, sendo este, que eu saiba o único livro dele publicado no nosso país.
ResponderEliminarMas podes gabar-me a persistência, pois algumas descrições são verdadeiramente incriveis,e não me parece que sejam fantasias apenas do autor, pois sei que se praticam muitos actos destes; basta atentar num caso mais comum, dentro da loucura de certos sites e chats, e que é as pessoas quererem praticar sexo com outras infectadas com o vírus da sida; isso já tenho lido que existe, realmente.
O mundo, meu caro Oz, está a ficar mesmo louco...
Abraço.
Hum... nunca o vi (nos escaparates) e não devo chegar a ler. É um tipo de leitura pelo qual não salto muros, tratando-se desse tema. Como é que uma coisa tão boa, que é para dar prazer, se pode transformar no suplício e conduzir ao abismo da morte?! Sinceramente... passo, pronto.
ResponderEliminarNão perdes nada, amigo João Manuel.
ResponderEliminarEu pensava ir encontrar outra coisa, mas enfim...
Abraço.
Sempre foi louco, João. Nós é que não sabíamos...
ResponderEliminarViste o filme '8 Milímetros', com o Nicholas Cage? ARGHHHHHHHHHH !!!
bj
PS: essa música parece as do meu filho.
Sim,Mar-maria, mas vai enlouquecendo cada vez mais.
ResponderEliminarSobre a música, detesto-a; escolhi-a porque era sobre um livro que não gosteim de um grupo de "heavy metal" com um nome bastante relacionado: Sepultura (são brasileiros), e um tema cujo nome tem a ver com o tema do livro: "Orgasmatron" - saíu isso...
O curioso é que o Déjan adora este tipo de música e ficou preplexo quando viu que eu tinha posto esta música aqui, fartou-se de rir; deve ser uma das pouquìssimas coisas em que não concordamos, é no gosto pelo "heavy metal"mas não é motivo para "divórcio", eh eh eh.
Beijinhos.
Não se pode acertar sempre LOL.
ResponderEliminarAproveito para agradecer as simpáticas palavras deixadas no MTB e desejar-te um excelente 2008.
Um grande abraço
Caro Teddy
ResponderEliminarou então "as iludências aparudem"...
Abraço
Espero que tenhas mais sorte, isto de comprar livros que não nos chegam a preencher não tá com nada.
ResponderEliminarbjocas
AH!deixei-te um desafio - desculpa
ResponderEliminarQuerida Outono
ResponderEliminarno que se refere aos livros estás mais do que certa.
Quanto ao desafio, não tens que pedir desculpa, eu é que peço desculpa se não lhe dei o total seguimento, mas as razões já as expliquei no blog.
Beijinhos e um obrigado, claro!
Caro Pinguim, de facto o livro é um bocado incómodo de ler, não apenas pela crueza das descrições, mas sobretudo, acho eu, porque é muito difícil reconstruir a narrativa a partir de uma escrita tão fragmentada e onde a realidade nunca nos é apresentada de forma clara, mas sempre atrav+es da perspectiva distorcida dos personagens. Mas acho que é um livro sério e que pretende abordar aspectos muito importantes do modo de viver actual e de como a condição humana pode ser bizarra mas é sempre muito frágil.
ResponderEliminaro Eduardo Pitta publicou uma crotica sobre o filme no Público, que reproduziu no blog e, se tiveres curiosidade, está neste link: http://daliteratura.blogspot.com/2007/02/dennis-cooper.html
grande abraço e é sempre muito enriquecedor 'trocar' contigo.
Caro Miguel
ResponderEliminarmentiria se te dissesse que não estava a contar com um comentário teu a este post, pois fui recordar o teu post sobre o livro, que na altura, como disse, me passou um bocado ao lado.
Agora agradeço a tua informação do blog do E.Pitta que irei ver, de seguida.
Abraço.
Já li e gostei bastante. Aliás, o Dennis Cooper, também pelo que me disseram outras "fontes geralmente bem informadas", ficou-me debaixo de olho. Também não adiro às práticas, mas gosto de vê-las retratadas cruamente, e a prosa do moço é escorreita e o estilo eficaz. Abraço!
ResponderEliminarMeu caro Rato
ResponderEliminarainda bem que há opiniões divergentes, de vez em quando, é muito salutar.
Abraço.
não conheço nada do tipo, nem do tipo de situação retratada... tenho que investigar... ah!, um feliz 2008!
ResponderEliminarp.s. os filmes do pier paolo pasolini contam?!
abraço
Caro André
ResponderEliminarseria curiosa a tua opinião, sendo tu um homem de letras; quanto ao Pasolini, claro que conta, meu amigo, mas é impossível abarcar tudo; contudo para um amante do cinema europeu, seria absurdo esquecer a sua obra, quer no rigor do "Evangelho segundo S.Mateus", quer na mensagem controversa de "Teorema", quer na super controversa adaptação muito pessoal de Sadenos "120 dias de Sodoma", só para falar nalguns, não esquecendo a famosa trilogia de adaptação dos clássicos (Contos de Canterbury - 1001 Noites - Satiricon) e a fabulosa Magnani de "Mamma Roma". Chega???
Abraço amigo.
Bem, Amigo Pinguim, este meu comment não vai trazer nada de útil à discussão, pois eu não li este livro, e desconheço-o totalmente...
ResponderEliminarMas dado a descrição que fizeste, não fiquei grandemente impressionado.
Assim sendo, a minha passagem reflecte-se apenas no meu Abraço sentido que te deixo:)
Exactamente a mesma situação que tive ao ler há tempos o post sobre o livro no site do Miguel, amigo Hydra.
ResponderEliminarAbraço.
eu não consegui ver a última parte dos 120 dias... suponho que pelo mesmo motivo teria deixado o livro a meio, a não ser que a escrita seja "deliciosa"... há escritores que gosto de ler apenas pelo gosto de ler, independentemente do conteúdo. A beleza das frases para além da beleza (ou não) daquilo que dizem: mas isso é raro, muito raro: os primeiros livros do Eça, o Pessoa - para dar dois exemplos portugueses...
ResponderEliminarO que eu queria dizer, ao referir Pasolini era, obviamente, que o meu único conhecimento de Sado-Masoquismo (em termos de arte) advém deste escritor/realizador... (seria ele próprio um masoquista? será que seu assassinato foi simulado?)...
Abraço.
P.S. "Teorema" - Preposição que, para se admitir ou se tornar evidente, precisa de demonstração... genial o título...
Caro André
ResponderEliminaré evidente alguma semelança entre o filme "12o dias de Sodoma" e o livro, pelo sadismo, mas não pelo masoquismo; eu vi o filme todo, mas houve algumas cenas que vi com os olhos "cemi-cerrados". O caso da morte de Pasolini, pode não ter sido um "suicídio" directo, mas ele sabia bem os terrenos que pisava...
Finalmente, concordo com o fabuloso título de "Teorema"; aliá. na época o filme foi alvo de curiosas interpretações, tendo até recebido um prémio do "Observattore Romano", jornal oficial do Vaticano, que considerava a personagem de Terence Stamp, uma espécie de enviado de Deus, para pôr a nu, os podres de uma família aparentemente feliz.
Abraço.
Caro André,
ResponderEliminarO filme "120 dias de Sodoma" é uma metáfora cruel e degradante da sociedade fascista. Constitui um verdadeiro grito de denúncia e, a meu ver, é, em alguns momentos, demasiado excessivo. Não se recomenda!
Quanto à obra do senhor marquês, aí as coisas chegam a uma rotina fastidiosa e degradante que, antes do meio da obra, já a abandonaste e nunca mais queres nada desse género! Parece-me que foi, por isso, que o Pasolini escolheu esta obra para denunciar o fascismo italiano.
Bom Ano e boas leituras!
face ao que li aqui, não é de facto uma prioridade.
ResponderEliminarUm abraço
Amigo Luís
ResponderEliminarnão é de todo uma prioridade; será, quando muito, uma curiosidade para quem tenha uma dose muito considerável de tolerância por práticas pouco condizentes com sexo agradável.
Abraço e bom fim de semana.
A morte de Pasolini ficou envolta em polémica e mistério.Havia a tese das motivações políticas e a tese do 'suícidio' procurado devido ao masoquismo (não era masoquismo físico) da figura.
ResponderEliminarSobre estas questões nas artes, procuro não ler as obras numa perspectiva moral. Confesso que lendo o teu post pinguim, que agarra a questão nessa perspectiva, não fiquei com vontade de ler o livro, mas a opinião do 'innersmile' despertou-me alguma curiosidade.
Mas tenho outras prioridades de facto. ;-)
Amigo Rui
ResponderEliminarindependentemente da forma como se aborda o tema, moral ou mais racional, do conteúdo objectivamente polémico, da subjectividade como se toma ou não partido, algo é inquestionável, e isso é simples: é um livro perante o qual é impossível ficar indiferente, e mais, não permitirá aquele meio termo do gosto duvidoso; ou se gosta mesmo ou se detesta.
Foram esses os parâmetros que me levaram a postar sobre esta obra. E fico satisfeito com este desdobrar de opiniões, é aí que reside o interesse da partilha bloguista.
Abraço.