Este é um texto tirado da revista espanhola Zero, e embora o ache eivado de uma filosofia muito subjectiva e talvez utópica, pois a realidade da homofobia não pode ser tratada assim, com tanta benevolência e superficialidade, não quero deixar de o transcrever aqui, dado a sua originalidade.
“Desde já há que afirmá-lo, claramente: a homofobia não existe!
Homofobia é o nome que damos à actuação de algumas pessoas no nosso contexto social. É um nome muito útil para fazer análises sociais - eu mesmo a uso, por vezes – mas não existe como entidade própria.
A homofobia não existe, o que existe são pessoas com actuações homofóbicas; algumas pessoas pensarão que esta distinção é pouco importante, mas estão equivocadas. Se algo não existe, devemos questionar-nos o que é que realmente existe, para saber para onde devemos dirigir a nossa acção.
A homofobia não existe. O que existem são pessoas com comportamentos homofóbicos; portanto devemos dirigir as nossas forças para modificar as pessoas homofóbicas: é a única maneira de transcender a homofobia; e os homofóbicos, como as serpentes, também são perfeitos. As serpentes são perigosas: por isso são serpentes perfeitas; não serve de nada censurá-las por porem em perigo a nossa vida: faz parte da sua natureza, são uma expressão perfeita da natureza. Também os homofóbicos são perfeitos: não podem ser de outra forma dado o seu nível evolutivo. A homofobia é uma conduta que algumas pessoas se vêem obrigadas a exercer porque não podem aceitar um amor diferente do maioritário; encontram-se tolhidas perante uma visão rígida da realidade; são pessoas com um subdesenvolvimento importante, na sua capacidade de amar; dessa pequenez emocional só podem morder para tentarem defender-se, visto que vivem a diferença como algo que os agride. Desta sua visão do mundo, não podem actuar de forma diferente: a sua acção é perfeita segundo o seu nível de evolução.
Os homofóbicos são a oportunidade que as pessoas GLBT têm de transformar a realidade e actualizar o seu potencial; as pessoas homofóbicas são o ginásio quotidiano que nos chama a actuar e assim, actuando, incrementar a nossa musculatura espiritual, o nosso amor, a nossa inteligência e a nossa energia.
Não se trata de negar a existência das pessoas homofóbicas, mas sim de actualizar a nossa inteligência para compreender o seu nível evolutivo, para entender de que maneira vêem o mundo e desenhar inteligentemente uma forma para as ajudar a evoluir.
Tão pouco se trata de aceitar que nos amachuquem; da mesma forma como nos mantemos precavidos aos lacraus e às serpentes, devemos usar a energia que temos para que essas pessoas nos causem o menor dano possível.
Finalmente também devemos usar o amor que possuímos para os transformar; trata-se de actuar inteligente e energicamente, mas de coração aberto para acolher a evolução, a transformação destas pessoas; precisamente porque somos amor, queremos incorporar nele aqueles que nos odeiam – a homofobia é um ódio social muito claro – com a intenção de que consigam transcender o seu actual inferno; quando o conseguirem, serão mais livres, mais conscientes e mais felizes.
Quando este desejo de vê-los libertos do seu inferno, for o nosso motor, a mudança para uma sociedade não homofóbica será possível.”
Infelizmente, a homofobia ainda está bem presente nas sociedades, especialmente na nossa. Mas pronto, penso que com um pouco de luta e de esperança, quer homo quer hetero conseguirão fazer com que isso mude e este conceito se torne completamente aceite.
ResponderEliminarBeijinho
A mentalidade das pessoas ainda está muito pouco desenvolvida, para permitir que a homofobia se extinguisse... É pena. E por vezes até dá pena ver o quão ignorantes chegam elas a ser!
ResponderEliminarAnyway, acho que não deviam baixar os braços... Como assim não têm nada a perder.. :) hehe.
Beijinhos
Parece um texto Espírita (Kardec). Sempre o "aceite, conforme-se, tente educar". Tem validade, mas não quando direitos civis ainda nos são tolhidos, creio eu. Beijos, gatão.
ResponderEliminarMartinha
ResponderEliminaré um trabalho dificílimo, porque quando se trata de modificar mentalidades, a coisa piora mesmo.
Beijinho.
Sandrinha
ResponderEliminarsó tenho um reparo a fazer e não me leves a mal; mas a luta contra a homofobia, é uma luta de toda a sociedade e não só dos homossexuais.
Assim onde escreves "deviam", estaria melhor "devemos", concordas?
Beijinho.
Caro Edu
ResponderEliminartens toda a razão, parece o Dalai Lama a falar sobre o assunto...isso "com jeito" cura-se...
A triste realidade é outra.
Beijo.
Gostei muito deste texto, especialmente quando comparas com um ginásio quotidiano, é a pura das verdades.
ResponderEliminarAbraço
Caro A...
ResponderEliminaro texto não é meu; é uma transcrição de um artigo da revista gay espanhola "ZERO".
Abração.
Como disse alguém e bem:
ResponderEliminarTodos nós gostamos de ter a nossa liberdade e que os nossos queridos também tenham essa liberdade.
Mas existe um Bem maior quando damos essa mesma liberdade às pessoas que tem ideias diferentes das nossa e que elas possam usufruir delas como quiserem e bem entenderem.
Espero ter feito a tradução correctamente para o português.
Abraço
Miguel
Olá Miguel
ResponderEliminareu aceito esse princípio desde que haja tolerância, e não me parece que uma pessoa homofóbica possa ser apelidada de tolerante e daí não poder haver reciprocidade no conceito que enuncias.
O problema reside "só" aí...
Abraço amigo.
Gostei muito do texto.
ResponderEliminarTambém acredito que a homofobia não existe,porque existe AMOR.
Abraço
Concordo claro! desculpa, hehe :)
ResponderEliminarbeijinhos
é uma perspectiva interessante, sim, senhor! ou como tu dizes, original. às vezes, gosto de olhar ao contrário. mas não concordo: por exemplo, não temos de sofrer para evoluir. não posso/não quero endurecer a 'musculatura espiritual' para compreender o nível evolutivo (retrógrada, claro) de alguém homofóbico. e afinal chega ao mesmo ponto essencial de sempre: é preciso mudar as mentalidades.
ResponderEliminarquem é o autor? um idealista puro, não!?
abraço
Carametade
ResponderEliminarsurpreendeste-me um pouco, sabias? Mas folgo em saber que haja quem pense assim; e foi talvez a pensar que haja pessoas como tu que publiquei este texto.
Abração.
Sandrinha
ResponderEliminareu sabia que me irias dar razão, mas não são precisas desculpas, ok?
Beijinho.
Paulo
ResponderEliminarsó o facto da originalidade, como dizes me levou a publicar esta "filosofia da homofobia" com a qual não concordo, claro; mas é sempre bom conhecermos diferentes de abordar um assunto...
Este "idealista", como tu lhe chamas apenas sei chamar-se Daniel Gabarro, e apareceu na revista Zero nº. 110 de Julho de 2008, onde aparece um outro artigo interessante que aqui trarei oportunamente.
Abraço grande.
ok, é um idealista activista... estive a pesquisar quem era o senhor. tem site (http://danielgabarro.cat/ em catalão e castelhano!), há vídeos no youtube (por ex, http://www.youtube.com/watch?v=rO0L7HTXwSc) e tudo. tem outra coisa interessante: a espiritualidade atrelada!
ResponderEliminarao contrário do Daniel Gabarro, eu acho-me desencantado... perdi o meu idealismo cor de rosa!
abraço
Escolheu muito bem o texto. Fiquei até com vontade de ler esta revista toda.
ResponderEliminarAh, quanto ao conto lá..não tem continuação este não..rsrs
Abraço, ótima semana.
Paulinho
ResponderEliminarobrigado pela tua cooperação; vou ver o site e os vídeos...
Como tu, neste aspecto também já não "acredito no menino Jesus"...
Abraços.
Clauco
ResponderEliminara revista ZERO é uma boa publicação espanhola de assuntos GLBT, não pornográfica e que eu assino, quase desde o princípio. Tem assuntos de muito interesse e está muitíssimo bem apresentada.
Tem um problema: não é barata...
Quanto ao teu conto...queria mais, eheheh.
Abraço amigo.
O texto é de facto muito idealista... faz lembrar a célebre frase do Padre Américo - não há rapazes maus...
ResponderEliminarInfelizmente a realidade é bem diferente. É, sem sombra de dúvida, uma questão de mentalidades ao nível da tolerância para o que "se apresenta" diferente do estabelecido. Só que o "estabelecido", segundo me parece, já "não é o que era"...
Tong
ResponderEliminarque apropriado esse velho slogan do Padre Américo...
Tudo está, quanto a mim na questão da intolerância; a palavra homofobia tem em si própria uma enorme carga intolerante e logo é inaceitável...
Voltando ao slogan e "mexendo-o" um pouco, eu diria: não há intolerâncias toleráveis...
Abraço amigo.
são pessoas com um subdesenvolvimento importante, na sua capacidade de amar
ResponderEliminarAchei o texto interessante embora redutor, como dizes, mas é talvez um dos aspectos importantes nas avaliações que fazemos. E essa incapacidade não se revela apenas em relação aos homossexuais mas também a outros amores menos padronizados, como as diferenças de idade (então se a mulher for mais velha cai o Carmo e a Trindade), o estatuto profissional, etc.
Eu penso que as mulheres são menos preconceituosas do que os homens porque têm tendência a maternalizar as questões afectivas e transportar para as suas análises aquilo que sentiriam se fossem os próprios filhos a sofrer por qualquer tipo de discriminação, fosse por que razão fosse. Tendem a ver com os olhos da alma aquilo que possam não entender pelo raciocínio.
O peso dos séculos e dos milénios, educações diferentes, a divisão dos papéis sociais, fez com que homens e mulheres se manifestem de modo diferente ainda que possam sentir com a mesma intensidade.
Enfim, muito havia a dizer para além da mera 'educação sentimental'.
Um beijinho.
Mar_maria muito interessante e lógica essa tua opinião de uma maior abertura do sexo feminino à compreensão das questões GLBT; também não é por acaso que numa família a reacção da mãe é sempre muito mais positiva do que a do pai, ao ponto de se dizer, e eu apoio, que "as mães sabem sempre"...
ResponderEliminarE também concordo contigo quando alargas a intolerância sexual a outras "minorias de relacionamentos afectivos".
Beijinho.
Qualquer tipo de preconceito social, e também é disso que trata a homofobia( ou o comportamento homofóbico, como queira), assim como o racismo, e outras atitudes de preconceito religioso, etc...revelam sempre o "grau" evolutivo(deficiente) de quem a manifesta...concordo com esta perspectiva. E para nos conseguirmos colocar no seu lugar,e compreender que são fruto da sua educação, meio envolvente, ou eventos vividos, exige também um certo grau de evolução humana. Porque o preconceito...é sempre preconceito...mesmo dirigido aos preconceituosos, :) Talvez por deformação profissional, esta perspectiva de "aceitação" de falhas humanas está sempre presente, mas isso não quer dizer que devamos "desculpar" comportamentos homofóbicos ou outros... mas o que devemos sempre, é procurar a nossa própria evolução...espelhando-a como exemplo aos demais...
ResponderEliminarOlá Eva
ResponderEliminarobrigado pela visita, em primeiro lugar.
Este texto, como refiro e amplamente justifico nos comentários que já aqui deixei, não é meu; tenho uma visão muito menos complacente em relação aos homofóbicos do que o idealista que é seu autor.
Apenas o publiquei para mostrar as diversas interpretações possíveis para lidar com tais pessoas.
Já dei uma espreitadela no teu blog (peço perdão pelo tratamento , mas "normalizei" o tratamento por "tu" aqui no blog, mas poderá haver excepções caso queiram...), e gostei do que li; por isso linkei-o e vou estar atento aos teus escritos.
Bom fim de semana.
Combater preconceitos enraizados na sociedade não é fácil mas desistir é pactuar com mentes bolorentas e mesquinhas que apenas devem cuidar da sua vida. A homofobia existe e é preciso irradicá-la de uma vez por todas.
ResponderEliminarBeijinhos
Bem-hajas!
Olá Isamar
ResponderEliminarclaro que existe!!!! E vai existir enquanto a "terapia" for a advogada no texto.
Não é com "falinhas mansas" que se erradicam conceitos preconceitosos e perfeitamente retrógrados.
Beijinho.
Tenho de te agradecer a correcção do erro ortográfico. Dei por ele mas já nada podia fazer.Erradicar é a grafia correcta.
ResponderEliminarBem-hajas!
Beijinhos
Isamar
ResponderEliminaracredita que nem dei por isso. O que é isso comparado com alguns textos que por aí se lêem...
Beijinho.
"A homofobia não existe, o que existe são pessoas com actuações homofóbicas;" - a meu ver o Homem pode ser caracterizado e definido pela sua forma de actuação e interacção social, antropologicamente nós somos o que fazemos e o que sentimos. Logo e a priori a homofobia existe.
ResponderEliminarMigo, tu eras capaz de escrever beeemmmm melhor do que o autor deste texto...
Ima
ResponderEliminarpelo menos, mais coerentemente...
Mas já afirmei, aí atrás, as razões que me levaram a transcrevê-lo (note-se que o autor é contra as pessoas homofóbicas; caso contrário, nunca o publicaria).
Abração.