No comentário que ali lhe deixei, referi que tinha tido o prazer de assistir ao vivo a um espectáculo de Merce Cunninhgam aqui em Lisboa, no Coliseu dos Recreios, quando aqui estudava, salvo erro na década de 70.
Já há pouco tempo, em conversa com alguém, referi também a oportunidade que me foi dada em ver na mesma sala Stravinsky. E se quiser, posso ir buscar outros grandes nomes da música clássica, e do bailado que tive a possibilidade de aplaudir, sempre no velhinho Coliseu, após horas de espera nas filas para apanhar bons lugares naquelas terríveis e incómodas bancadas, pois dinheiro não havia para plateias e camarotes (nunca fui a S.
E assim delirei com Karajan e Rubinstein, com Fonteyn e Nureyev,
E recordo de novo aquela noite com Béjart após o seu “
Tudo isso, integrado num acontecimento anual cujo programa, era sempre ansiosamente aguardado, para ver que óperas, grandes orquestras, fabulosos solistas e magníficos bailarinos poderíamos ver cada ano, e que era o Festival Gulbenkian de Música, que era supervisionado por uma Senhora a quem o nosso país muito ficou a dever no campo da cultura e que era a esposa do Presidente da Fundação, Maria Madalena Azeredo Perdigão, e a quem a Fundação numa homenagem mais que merecida, resolveu dar o seu nome ao Centro de Arte Moderna (CAM), que está integrado nas instalações da Fundação em Palhavã.
Queria aqui deixar algumas notas sobre esta Senhora espantosa, mas nas minhas buscas no Google ou na Wikipédia, nada encontrei de relevo (apenas inúmeras referências aos grandes nomes que já ganharam o meritório prémio que tem o seu nome).
Devido a Madalena Perdigão, aprendi a gostar de coisas belas e mais importante que isso, foi devido a ela que o nosso país, nesses anos de isolacionamento internacional, foi apesar de tudo ficando com alguns dos maiores vultos mundiais nesse campo cultural
Ah :s sou tão ignorante.
ResponderEliminarMas realmente a música clássica e afins eruditos não me apaixonam.
Mas reconheço-lhes importância, é o mínimo.
hug
A marca que a senhora deixou na cultura portuguesa é tão grande que não se esgota... pena é que a nossa cultura não esteja ao alcance de todos...
ResponderEliminarAbraços
Pinguim,
ResponderEliminaré impressão minha ou as coisas parecem retroceder em vez de progredirem?
(Boas memórias essas.)
Não podemos recordar esse tempo,como «belos tempos», porque esses eram também os anos de chumbo deste País.
ResponderEliminarMas a nossa geração teve a oportunidade e assistir a todas essas maravilhas que citaste, porque os programas passavam no S. Carlos e depois iam ao Coliseu , a preços mais acessíveis a magras bolsas.
Por estranho que pareça, hoje, em tempos de Democracia, deixaram de acontecer esses excelentes espectáculos a preços populares e
até a Companhia de Ballet da Gulbenkian, acabou !
Alguém me consegue explicar o porquê de tal situação ?
Um abraço
Nocturna
Ruy
ResponderEliminarcomo te disse outro dia, nunca é tarde para iniciares uma "aprendizagem" pessoal, sem te ser imposta.
Repara como eu acabo o texto: "devido a MP aprendi a gostar de coisas belas..."
Eu não tive nunca uma aprendizagem musical e ninguém da minha família ou amigos me puxaram par este tipo de música (e ópera e ballet); fui um autêntico auto-didacta, e continuo a sê-lo...
Abraço amigo.
Ricardo
ResponderEliminarisso é verdade, mas naquele tempo as récitas, chamadas "populares", no Coliseu, tinham preços muito acessíveis, mesmo para um estudante, como eu.
Hoje, a música erudita, deixou de estar ao alcance de pessoas de baixos recursos, o que é uma pena; resta-nos a possibilidade de através da net acedermos a coisas impossíveis na altura.
Abração.
Paulo
ResponderEliminarcompletamente de acordo! Até na disponibilidade de tempo as coisas pioraram, pelo menos para mim; claro que a oferta cresceu imenso, mas eu, nesse tempo, via grande número de récitas do Festival Gulbenkian, via a temporada do Ballet Gulbenkian e outras coisas que iam surgindo - agora não vou a nada (mea culpa, mea culpa...)
Abraço grande.
Olá, Nocturna
ResponderEliminarnunca chamaria a esses tempos "belos tempos", mas que neles houve pontualmente momentos muito importantes para a gente da nossa geração, isso é verdade, e eu aproveitei-os muitíssimo bem: além do que digo, via todos os filmes estreados em Lisboa, não perdia uma peça de teatro, e ainda tinha tempo para me distrair com os prazeres normais de todos os jovens, e ...de estudar!
Beijinho.
Amigo Pinguim
ResponderEliminarCresci, com o nome de Madalena Azeredo Perdigão, como uma das principais referências culturais do país.
A criação do Ballet Gulbenkian, e do Coro, do ACARTE, os belissimos concertos à hora de almoço e de vários outros programas culturais, partiram de uma mulher multifacetada, que de formação académica vinda das ciencias exactas, soube alargar os seus horizontes para uma área que igualmente dominava na perfeição: a Música.
Penso que ela e seu marido, faziam a diferença, quer na qualidade artistica com que agigantaram a Gulbenkian, quer pela postura de franqueamento de portas que sempre tiveram enquanto estiveram à frente da instituição.
Mais do que uma vez Azeredo Perdigão deu instruções directas para que jovens que não conseguiram bilhetes para as récitas, fossem acomodados na sala, pelos porteiros, encostados às paredes ou sentados no chão. Ele utilizava a máxima... A Gulbênkian nunca fecha as portas a ninguém.
Madalena soube sempre imprimir imaginação e uma imensa qualidade aos programas que criou.
Foram um casal raro... verdadeiramente os efectivos ministros da cultura deste País.
Com senso
ResponderEliminarque prazer ler o que aqui escreveste e que eu vivi tão intensamente.
Não é por eu o ter feito, mas já era tempo de relembrar esta extraordinária mulher aqui na blogosfera.
E Azeredo Perdigão, seu marido e presidente da Fundação, acho que por indicação expressa do próprio Calouste Gulbenkian, foi também um grande vulto da cultura portuguesa de então.
Com este casal, a Fundação deu a conhecer ao país o mundo!
Abraço grande.
Não posso estar mais de acordo contigo. Madalena Perdigão minorou, e de que maneira, o isolamento a que estivemos condenados durantes décadas. Também estudante nessa altura, em Lisboa, lembro-me de poupar da mesada uns escudos para ir aos espectáculos. E com que prazer estava horas nas filas!
ResponderEliminarBeijinhos
Bem-hajas por no-la teres recordado.
Isabel
ResponderEliminarquantas vezes não nos devemos ter encontrado por ali...
Beijinhos.
Foi um marco cultural deixado em Portugal por um grande senhor Calouste Gulbenkian (creio que era arménio)
ResponderEliminarAinda bem que existem em Portugal pessoas e que nos dias de hoje não são uma minoria que sabem apreciar outras coisas que não o Tony Carreira e a Fnac.
Os meus parabéns a esse casal formidável e ti pelo fabuloso post neste blog.
Continua assim que os portugueses precisam de conhecer outras coisas e já que os politicos não fazem o seu trabalho de casa...
Forte Abraço
Miguel
P.S - Refiro a Fnac porque por diversas vezes (não são assim tão poucas) em algumas cidades europeias e não europeias ouvi portugueses a dizerem ao parceiro/a: - Esta merda é uma igreja. Agora museus, etc vê lá aí o mapa onde está a fnac.
Quando oiço isto nem sequer falo portugês. É triste mas é uma grande realidade
Miguel
ResponderEliminarachei que era uma lacuna, realmente, na blogosfera (que eu conheço), não se ouvir falar de Madalena Azeredo Perdigão; do seu marido, porque ser Presidente da Gulbenkian era, e é, um importante cargo, ainda se vai ouvindo falar, mas a seu cargo, estavam tarefas mais vastas, no âmbito cultural da Fundação, como a organização de exposições, a valorização do belíssimo Museu, a tentativa de "dar" no campo cultural a Fundação, aos portugueses e inúmeros turistas que sempre a procuraram.
Quando a sua mulher tomou conta da área da "Música" da fundação, como bem diz o Com senso, toda a parte musical, que incluía não só a música propriamente dita, mas também a ópera e o bailado, começaram a ter no nosso país um formidável desenvolvimento. Foi uma grande figura da cultura portuguesa da segunda metade do século XX, sem sombra de dúvida.
Pena que nem uma foto sua tivesse encontrado na net...
Abraço amigo.
Pena não conhecer um pouco mais da música clássica! Tenho tido algumas “aulas” isto é, vou a alguns concertos tanto de clássica como de opera, o que é de estranhar para mim, nunca me imaginei sentado no São Carlos durante 2 horas a ouvir alguém aos berros. Contudo aprendi a gostar, deve ter sido por ter de trabalhar para um livro sobre um dos grandes compositores portugueses Tomás de Vaz Borba(http://pt.wikipedia.org/wiki/Tomás_Vaz_de_Borba). Actualmente frequento concertos de música clássica e alguns de órgão, já que conheci alguns elementos tanto organistas, como cantores, ou maestros.
ResponderEliminarPena nos dias que correm apostarem em festivais de verão em que só existe música rock, pop, e afins. Não existir um pouco mais de variedade até mesmo de música mundo, e não estar tudo concentrado em Lisboa! Nem todos têm facilidade de deslocar ou monetária.
Um abraço e continua a postar bons momentos musicais.
Caro Nuno
ResponderEliminarés um bom exemplo de alguém que procura encontrar satisfação num tipo de música diferente...
Atenção que o facto de se gostar de música clássica, ópera ou bailado, não implica gostos musicais mais comuns...
Tens toda a razão no que dizes, principalmente ao facto de quase tudo acontecer na região de Lisboa; mas no que respeita a iniciativas de Verão, aqui tem havido algumas, com destaque para as noites com espectáculos grátis no Largo do S. Carlos (um imenso sucesso), para as noites no Palácio de Queluz, integradas no Festival de Sintra e para outras iniciativas; aí perto de ti, sei que há um local na Figueira, onde de vez em quando há bons concertos, ópera e bailado.
Abraço amigo.
É da maior justiça J., sem qualquer dúvida. Por vezes há a tentação do esquecimento, o que se reflecte nas gerações mais próximas de nós, mas pessoas como tu e quejandos são os marcos que dificultam a tarefa ... Bem haja(s/m).
ResponderEliminarLembro-me que na primeira vez que fui ao Coliseu me disseram: "Os que vencerem aqui vencem em qualquer sítio" (numa alusão às más condições acústicas que na altura aquela sala possuía, sei que, entretanto, aquelas foram alteradas, por sorte para executantes e ouvintes).
En jeito de "flash back" lembro uma fabulosa Maria Stuarda cantada pela Zampieri, que ainda hoje, passados tantos anos, parece que "oiço".
Abraço de reconhecimento pela tua lembrança
Manel
Olá Manel
ResponderEliminarcomo eu gostava de ter encontrado na net, material para ampliar este post: um qualquer programa, uma foto de Madalena Perdigão, uma imagem de um concerto e porque não do espectáculo de que falo, do Béjart (Romeu e Julieta), com a plateia do Coliseu transformada numa imensa arena...mas nada, mesmo nada encontrei; sei que os registos desse tempo não estão tão disponíveis como agora, mas não haver mesmo nada...nem uma foto da Senhora?
Enfim, fica o filme da memória!
Abraço grande.
Pinguim: Se considerarmos que a semana começa no domingo (antes da segunda-feira) então ele morreu nesta semana e não na anterior. Mas só o digo porque sou muito observador e nem sequer me parece errado que considerares o domingo como do final da semana anterior... Mas também serve este comentário para mais duas coisas: 1) É contar que acabo de fazer uma entrada pelo Merce e só não a fiz antes porque estava em época de assinalar um aniversário ;-) que era o meu, mesmo assim com uma compensação no filmezinho que se pôs ao lado; 2) É para te apoiar contando que quando comecei a viajar para Lisboa, durante a minha adolescência, era constante a minha deslocação à Gulbenkian com o meu amigo Fernando, que era um rapaz da minha idade que me recebia em casa dos pais. Foram grandes tempos e deles tenho as melhores memórias. Abraço,
ResponderEliminarOlá pinguim!
ResponderEliminarAntes de mais obrigado pelos teus comentários e por seres um seguidor do meu blog! Serás sempre bem-vindo!
Confesso que já sigo o teu há algum tempo e só posso dizer que tens aqui um belo cantinho!
Continua a surpreender-nos com as tuas sempre astutas e perspicazes palavras!
Abraço!
Confesso que a minha vida sócio-cultural é muito pobre, com muita pena minha, é pobre na mesma proporção que a minha carteira...
ResponderEliminarHouve tempos, quando não tinha outro tipo de compromissos que ainda me dedicava um pouco, agora nem cinema...
Mas é uma pena, mesmo...
Olá Luís
ResponderEliminarsó agora vou ver os blogs e logo verei o teu; na própria Fundação, quer antes, quer depois do 25/4, sempre houve belíssimos concertos, independentemente do Festival Gulbenkian, até aos dias de hoje.
Agora não tanto, mas nos tempos da outra Senhora, a Gulbenkian foi a única ilha de cultura num imenso mar de "nada"...
Abraço amigo.
Já tinha ouvido falar no nome de Madalena Perdigão e sabia-a ligada à Gulbenkian, mas vagamente confesso.
ResponderEliminarGraças ao teu post tomo agora conhecimento do nome e da figura da senhora e o que ela representou no panorama artistico/cultural.
Tomo igualmente conhecimento o quão esquecida parece estar (como de resto Portugal é um ás a fazê-lo) por não encontrar, como também referes, nenhum artigo ou documento que fale dela.
Um abraço.
Olá Eugénio
ResponderEliminarObrigado pela tua visita; realmente comecei a seguir o teu blog há pouco tempo, mas com agrado.
Ainda não o tinha linkado, mas já o fiz...
Por aqui, os amigos são sempre bem vindos. Volta sempre que queiras.
Abraço amigo.
Natacha
ResponderEliminarolha que por aqui o panorama não é muito diferente; de vez em quando, lá aparece uma excepção...
Se reparares, estas postagens de coisas vividas, referem-se sempre ao passado, infelizmente.
Mas tenho pena, pois adoro música, ópera e bailado.
Beijinhos.
Olá Miguel
ResponderEliminarainda bem que esta partilha te foi útil; também eu te estou agradecido por me teres enviado aquele precioso link, que tenho que ir explorando.
E claro que é a Madalena Perdigão naquela foto; vou ver se a consigo isolar e ainda a ponho aqui.
Abraço grande.
Graças à extrema amabilidade do amigo Mike, já posso ilustrar este texto com uma foto do casal Azeredo Perdigão.
ResponderEliminarObrigado Miguel.
Abraço grande.
Ora ora amigo Pingu... sempre às ordens. ;-)
ResponderEliminarAbraço!