quarta-feira, 20 de outubro de 2010

Vestido Nuevo

Este é um pequeno filme, que pode e deve suscitar variadas interpretações.
Questiona-se muitas vezes, principalmente nos meios homofóbicos, a origem da homossexualidade, querendo fazer acreditar que tal não passa de uma opção sexual, e que é uma patologia; ora este filme, mostra bem que tal não é verdade, e que os sinais de uma diferente orientação sexual se manifestam, desde muito cedo, das mais variadas formas.
Este miúdo, que sem qualquer problema se apresenta na sua escola vestido de uma maneira bem diferente de todos, fá-lo com uma naturalidade desconcertante, criando perplexidade em toda a gente, menos talvez no seu pai.
E também aqui se aflora, embora de uma maneira muito incipiente, pois é uma idade muito jovem, e a escola é apenas um jardim de infância, um fenómeno muito comum nos dias de hoje, em idades um pouco mais avançadas e a que se dá o nome de bullying, ou seja uma reacção contra comportamentos diferentes e que é geralmente manifestada por agressões quase sempre psicológicas, mas muitas vezes também físicas, e que tem levado ao suicídio de vários jovens, como por exemplo na semana passada, nos EUA e provavelmente de um jovem, há meses, aqui mesmo em Portugal.

20 comentários:

  1. A mentalidade do ser humano, especialmente nos paises ditos "desenvolvidos" é uma rocha dura, muito por causa de uma certa igreja (uma certa porque não somos todos assim) que tem fomentado ao longo dos anos falsos conceitos em relação a muita coisa.
    A verdade é que ninguém pode dizer o que faria na situação daquele pai. Somos muito abertos, compreendemos tudo, mas as remeniscências de determinados ensinamentos obtusos, dão-nos uma bagagem feia demais.
    Beijinho, adorei o filme

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  2. pinguim deve ser um excelente filme, pelo pouco que nos deste oportunidade de ver. A coragem deste miúdo é um exemplo para muitos adultos que se continuam a esconder com medo da opinião da sociedade e das suas represálias. Se houvesse muitos destes a sociedade já via, com toda a certeza, a homossexualidade naturalmente. Beijinhos

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  3. independentemente de se aceitar ou nao o mais importante é respeitar e se houvesse mais respeito por tudo e todos este mundo era um paraiso.... o silencio q s faz quando ele entre na sala é um momento muito muito forte q nos prende completamente ao filme! tem um bom dia
    abraço
    Joao M.

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  4. Meldevespas
    esse é outro ponto muito importante, quando te referes à reacção do pai. Como dizes, "por fora" as mentes até podem ser bastante abertas; mas quando nos toca "por dentro", é diferente.
    E não será fácil lidar com essa situação tenho que reconhecer. Foi criada recentemente no nosso país uma organização maravilhosa, a AMPLOS, constituída por pais de homossexuais, a exemplo de organizações semelhantes que há noutros países, e que cumpriu há dias o seu primeiro aniversário; se quiseres saber algo mais sobre isso vai a http://jugular.blogs.sapo.pt/2234623.html.
    Beijinho.

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  5. Brown Eyes
    este vídeo é o filme completo, pois trata-se de uma curta metragem; percebo que entendesses dever haver mais, pois realmente, prestava-se para um desenvolvimento, esta cena, que termina com o pai a levar o filho da escola...
    Beijinho.

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  6. João M.
    primeiro que tudo, quero agradecer-te muito o teu comentário; espero que seja o primeiro de vários, e quem sabe, te entusiasme a fazer parte, um dia, da blogosfera.
    Concordo contigo, pois é um momento fabuloso, a entrada do miúdo na aula, perante o silêncio e espanto da professora e dos outros alunos: a sua naturalidade é espantosa.
    Abraço grande.

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  7. Este filme deve ser bastante emotivo. Bom, vamos ao comentário...
    Entre a minha vida e este filme existem algumas correlações. Exceptuando a roupa feminina, a maquilhagem e as agressões verbais, eu também tive, desde bem pequeno, uma postura diferente e delicada. E isso também provocou reacções de espanto em algumas pessoas. Era um menino muito delicado. Todavia, estudei sempre em colégios particulares, de renome, o que me salvaguardou um pouco da maldade da nossa sociedade. Digamos que os meninos era todos de "bem". Mas eu sei o que essa criança sente. Eu, provavelmente, sentia o mesmo. Sabia que era diferente dos meninos. Mas fui uma criança muito feliz e nunca sofri, felizmente. Acho que essa delicadeza levou-me a ser mais perspicaz, inteligente e, porque não dizê-lo, mesmo sensível. :)

    Perdoa o meu extenso comentário. :)

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  8. Mark
    não há comentários demasiado extensos; há comentários interessantes, isso sim, principalmente quando através deles, as pessoas contam um bocadinho de si próprias, como é o caso.
    Como já disse atrás, o filme está todo aqui (é uma curta metragem) e é de uma sensibilidade extrema; por aquilo que conheço de ti, penso que estás a estabelecer uma comparação muito válida entre o Mário e tu (salvo as tais componentes roupas femininas); mas tu tiveste a sorte de poderes ser educado num ambiente que nunca te foi hostil. Só agora, na Universidade estás mais exposto, mas tens outra idade e saberás defender-te de alguma adversidade; afinal é necessário estarmos preparados para os duros combates da vida, pois esta é tudo menos um mar de rosas...
    Abraço grande.

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  9. entao estamos na mesma fase: encontrando fatos que possam ser interpretados de várias formas. Veja só a tertúlia atual... :-))

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  10. Ricardo
    tens razão; no teu caso a canção interpretada pela Annie Lennox é absolutamente soberba.
    Beijo.

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  11. Embora seja uma curta fica de facto a vontade de ver mais.
    Ao ver este miúdo recordo-me de um outro (que conheço), que hoje, já adulto, sempre lutou e tem tido a coragem de lutar contra esta descriminação, no caso dele mais difícil por estarem os mais críticos e maldosos na própria familia.

    E por falar em filmes, dá uma vista de olhos no teu mail. :-)
    Abraço.

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  12. Miguel
    fica realmente a vontade de ver a sequência desta apresentação do miúdo na escola, principalmente as reacções não imediatas, mas a curto prazo quer na família, quer na escola.

    Já respondi ao teu mail, mas acrescento que o realizador do filme que me sugeres é o turco Ferzan Ozpetek, de que tenho todos os filmes; ele está radicado em Itália e o filme que mais gosto dele é "Fate ignoranti"; se puderes ver estes filmes, não é tempo perdido.
    Abraço grande.

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  13. O texto é um pouco real mas também um pouco verdade, não vou negar. Besiei-me em desilusões que ja tive e coisas do género.
    E tens razão no que disseste. Há com certeza gente MUITO pior que eu :)
    Abraço :P

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  14. Diogo
    peço-te desculpa de ter sido um pouco cru; mas és tu próprio a reconhecer que foram desilusões e não situações dramáticas.
    É bom ver que reconheces que devemos desdramatizar algumas coisas, pois a vida é terrível, meu bom amigo.
    Dramas é perder familiares, ou amigos; não ter trabalho e ser doente ou deformado.
    O resto...é o dia a dia, uns melhores, outros piores.
    Abraço amigo.

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  15. Tens toda a razão :) A vida é isso mesmo, aprender a seguir em frente sem repetir os mesmos erros, aprender a suportar as desilusões e sofrimento como sendo algo comum a todos.
    Abraço :P

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  16. Caro Amigo

    Creio que vão ser precisas muitas gerações passarem para que a aceitação da "diferença" se transforme naquilo que deveria ser: a indifernça sobre a realidade intima do outro!
    Cada um é como é e isso é algo que uma pessoa medianamente inteligente percebe, contudo o preconceito é um factor que retira a tolerância, que cega e que limita, que aumenta a agressividade e a irracionalidade dos comportamentos.
    Para que as coisas possam avançar no caminho correcto precisamos de ter exemplos públicos de verdadeiros líderes que não tenham medo de abordar este problema! Cá infelizmente eles não abundam!
    Entretante o filme parece interessantíssimo!!!!
    Fiquei muito curioso!
    Foi muito bom trazeres este tema à discussão.
    Um abraço amigo
    Luís

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  17. Diogo
    se pensares sempre assim, vais ver que és mais feliz.
    Abração.

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  18. Luís
    foi com muita tristeza que tomei conhecimento deste último recente caso de suicídio de mais um jovem americano devido a esse fenómeno moderno e terrível a que se chama bullying.
    Tenho admirado a campanha "It's get better" que nos EUA se tem feito com os vídeos de pessoas conhecidas e o de Hillary Clinton, que me remeteste e que eu já conhecia por um post do Félix, é realmente importante por ser de quem é e dito com emoção e tristeza.
    Esta curta metragem que aqui apresento, vem de certa maneira a mostrar que o "fenómeno" começa mais cedo, num jardim de infância, claro que sem consequências imediatas visíveis, mas que existem e perduram na mente destas crianças.
    Por outro lado, e até mais central, aqui, é a questão da "normalidade" desconcertante do miúdo, mostrando a todos os homofóbicos que a homossexualidade não é um vício adquirido, tão pouco uma doença, mas uma maneira de ser que se transporta desde que se nasce e que tanta gente reprime, quantas vezes, com manifestações de homofobia...
    É pena ser uma curta e não trazer um desenvolvimento, principalmente no que concerne à reacção familiar continuada.
    Abraço grande.

    É bom ter-te de volta.

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  19. Extremamente tocante e perturbante este filme. Não é uma realidade com a qual fique muito admirado, porque a tónica ainda é a de perseguir quem é diferente ou quem tem a coragem de se mostrar diferente. Pensei que quando mudassemos de século alguns preconceitos deixariam de fazer parte do catálogo, enganei-me o preconceito ficou para chegar...até quando?

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  20. Luís
    a grande questão é essa, até quando?
    Mesmo que se tenham dado passos importantes nos direitos da comunidade LGBT, o problema maior é a forma de pensar da maior parte das pessoas, que continuam agarradas a preconceitos e pior que isso a ideias perfeitamente erradas do que é a homossexualidade.
    Mas como exigir de uma população que aceite a normalidade da diferença sexual se continua a haver personalidades como o Prof.Gentil Martins a afirmar ser a homossexualidade uma doença?
    Abraço grande.

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Evita ser anónimo, para poderes ser "alguém"!!!