domingo, 2 de outubro de 2011

Viagens - 1

Início aqui uma nova rubrica, sobre viagens.
As viagens que eu fiz, desde que me lembro e aquelas que me deixaram lembranças, quase todas boas; vai haver várias postagens, mais ou menos classificadas e vou tentar, dentro do possível, respeitar a cronologia…
Hoje vou referir-me apenas às primeiras viagens, as viagens da minha meninice, que eu fiz, sempre ou quase sempre acompanhado pelos meus Pais.
Há duas categorias de viagens desse tipo que me marcaram muito: aquelas que fiz a Lisboa, e não foram muitas; e as de todos os Verões até à Figueira da Foz, desde muito criança até ter autonomia para ter férias sozinho.
Das viagens a Lisboa, além daquelas visitas habituais ao Jardim Zoológico, ao Aquário Vasco da Gama e a alguns monumentos, recordo-me principalmente da atracção que Lisboa tinha sobre mim, com o seu movimento automóvel, a muita gente nas ruas, os ruídos e os hotéis (como eu gostava dos hotéis!)

Chegava a ficar horas à janela do quarto do hotel, na Baixa, a ver o trânsito na rua, e as pessoas. E uma vez houve que fiz aquilo que para mim foi uma aventura: estávamos hospedados no Hotel Vitória, onde hoje é o PCP, na Av.da Liberdade e os meus Pais foram depois do jantar, ver uma revista ao saudoso Teatro Avenida, mesmo ali ao lado, que seria anos mais tarde consumido pelo fogo, e eu fiquei no hotel, sem autorização para sair, claro. Mas, fiz uma coisa, para mim, extraordinária: saí, atravessei a Avenida e fui ao conhecido Café Lisboa, muito perto do Parque Mayer, ao quiosque, comprar revistas de cow-boys para ler no quarto – senti-me um herói!

Já quanto às idas para a Figueira da Foz, aconteciam sempre no dia 1 de Agosto e ia o carro a abarrotar, connosco e com coisas, pois era um mês inteiro que ali passávamos, sempre numa casa alugada, no chamado Bairro Novo, cerca do Casino.
Esses Verões foram inolvidáveis, já que eu adorava aquela praia e era a praia onde veraneava toda a família (a primalhada toda) e muitas famílias amigas. A praia, os banhos, os passeios de bicicleta alugadas ao Alves Barbosa,os jogos de máquinas automáticas no Casino Oceano, os carrinhos de choque, as saídas em grupo, já adolescente, com uma guitarra a cantar por aí, as idas ao Casino, os cafés na Caravela, os bifes à noite na Agostinha, a ida à pesca, depois apareceu o Tubarão, na marginal, com música para dançar…Enfim, fiquei sempre ligado àquela terra de que continuo a gostar muito.
E há uma outra viagem familiar que não esqueço, e que foi a minha primeira ida a Espanha, com os meus Pais e irmãos; fomos a Salamanca e Madrid. Os Preciados deixavam-me louco e a Gran Via era qualquer coisa do outro mundo.
Curiosamente, nunca mais viajei com a família, excepto uma vez, já depois da morte do meu Pai, que levei a minha Mãe comigo a passar uns dias a Madrid.

(A foto de Lisboa é de 1954 e a da Figueira da Foz é de 1950)

Esta canção de Maria Clara, é quase tão linda como a própria  Figueira. Já se não fazem canções assim.

Este texto foi enviado como participação para o tema proposto pela "Fábrica de Letras"


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36 comentários:

  1. Fantásticas histórias as tuas. Adorei ler tudo isto, como eu gostava de ter fotografado nessa época.

    E lembrei-me que não vou à imenso tempo ao Tubarão comer o belo do camarão com cerveja. ;)

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  2. claro que já sou fã desta rubrica das viagens. adorei as fotos, é claro, mas seduzem-me sempre mais os teus relatos, o seu poder evocativo, a riqueza das memórias e das histórias (reais, de vida) que tu tens para contar. além de que através das vidas dos outros, parece que se enriquecem as nossas. por exemplo, foi enriquecedor olhar a Figueira pelos teus olhos de menino.
    abração

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  3. Félix
    eu fico com uma imensa nostalgia quando me lembro da "minha" Figueira...
    Podia dedicar muitas postagens a relatar mais em pormenor, o que foram esses Verões, e que duraram, desde os 4 anos até aí aos 16...
    Portanto muitas coisas diferentes aconteceram e todas elas, maravilhosas.
    Ainda hoje, sempre que posso, lá dou um salto, a comer uma mariscada no Teimoso e a sentir o cheiro único do Jardim Municipal.
    Hoje, já não há muita coisa; aposto que embora não mores longe, não sabes o que era o Pátio das Galinhas? E o Pena Branca, em Buarcos?
    Abraço amigo.

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  4. Miguel
    estava a tentar dizer algo, que depressa pus de parte, pois a invasão de Agosto, da Figueira, pelos covilhanenses, só era superada pelos conimbricenses, como é lógico.
    Mas esqueci-me que na tua meninice as tuas praias eram outras, à beira do Índico...
    Abraço amigo.

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  5. Estou mais do que encantado... que maravilha dividires estas memórias tao preciosas conosco... Amigo... me emocionastes muito. Lindo, lindo, lindo... um forte abraco daqui de Viena Ricardo

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  6. :)

    que lindo... como se pode recordar e bem!!

    estas férias por andar a catalogar as fotos antigas da família vi pela primeira vez a minha bisavó xD


    abc e parabéns pela nova rubrica (música 5*)

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  7. belas memórias.
    mas ouvi dizer que os covilhanenses deixaram de ir para a figueira e vão todos para portimão :p

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  8. Olá Pinguim! Depois de um sono dos justos (desculpa, outra vez), é bom acordar e ver que as infâncias, apesar das diferenças sociais e tecnológicas dos tempos, mantém os desafios individuais de desenvolvimento. É delicioso ler os pormenores e a catadupa de memórias que também se sobrepõem em associação de ideias.
    Não conhecendo a Figueira com essa profundidade, as tuas Histórias servem para aguçar os apetites para mais paragens pelo caminho (tenho recorrido mais a quiaios). E este verão que se arrasta está mesmo a pedi-las.

    Abraço forte (que não foi desta!)

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  9. Ricardo
    todos temos recordações; de coisas, de pessoas, de acontecimentos...
    Porque não partilhá-los com os outros, talvez como forma de agradecer que essas coisas nos tivessem acontecido e que tanto nos tivessem marcado, para toda avida.
    É isso que faço, de vez em quando...
    Abraço amigo, de Lisboa para Viena.

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  10. Sete
    obrigado pela tua referência a esta música. Foi uma das concorrentes no Festival da Canção e Maria Clara, que penso ainda esteja viva, era uma Senhora muito bela, muito distinta e com uma voz magnífica.
    A canção tem uma melodia linda e o poema é bem digno da Praia da Claridade e da sua serra da Boa Viagem, onde está o Cabo Mondego.
    Abraço amigo.

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  11. Sad eyes
    neste momento, toda a minha gente vai para os Algarves, é moda...
    Mas naquele tempo a Covilhã ia a banhos para Figueira, o que até é lógico, pois é a praia de mar mais perto.
    Abraço amigo.

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  12. Amigo, isso é o que levamos para o outro lado: memórias, bons tempos passados e amizades. Fizeste-me lembrar das minhas viagens com a minha família. Parece que foi ontem... (suspiro)

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  13. João
    naquela altura, havia distinção entre a Figueira e Buarcos e Quiaios (que bela praia) ficava, e fica, ainda mais longe, para lá do Cabo Mondego.
    Nas últimas visitas que fiz à Figueira, já como adulto, nunca mais voltei a ir à praia, junto à marginal (é preciso paciência para se chegar ao mar) e fui ou para Quiaios ou para o outro lado da ponte, para a Gala ou para o pé do parque de campismo da Orbitur, que, e por curiosidade era uma espécie da 19 lá do sítio.
    Abraço amigo...e adiado!

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  14. Catso
    é como disse aí para trás: todos temos recordações destas no nosso baú; e que bem faz tirá-las de lá de dentro e partilhá-las...
    Abraço amigo.

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  15. Adoro estas tuas histórias e a forma descontraída como as contas. E gostei da aventura de saíres e atravessares a rua, apesar de estares proibido de o fazer, rrsss Imagino, um pequeno herói aventureiro... ir à capital nesses tempos já era uma aventura... :)Esses verões fantásticos de um mês na praia, na mesma barraca, com as mesmas pessoas normalmente todos os anos, marcaram uma geração... :) Lindas fotos também! Boa ideia esta rubrica, gostei. Continua! Beijinho e boa semana!

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  16. Olá Eva
    na Figueira, como em muitas outras praias, havia as barracas, que ficavam cá mais para trás e os chapéus, cada um com direito a duas cadeiras de lona (não tipo cama, mas normais), estes mais perto do mar. Era nestes chapéus que ficávamos, sabendo que os chapéus em redor eram todos, ou de família ou de amigos.
    E foi na Figueira que comecei a ir aos filmes para maiores de 18 anos, tendo apenas 11 ou 12 _ no cinema do Casino, o porteiro não nos deixava entrar, mas no Parque Cine, para o 2º.balcão, entrava toda a gente e só custava 4$oo o bilhete, e mais dez tostões de pevides, bem mais interessantes que as pipocas de agora. Aí vi os filmes então muito "ousados" da BB, da Lollobrigida e da Sofia Loren; só íamos às matinés, pois assim os nossos pais não sabiam que tínhamos ido, tinha algo do "Cinema Paraíso"...
    Beijinho.

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  17. Gosto muito deste tipo de texto. Regressar ao passado é reviver estes momentos inolvidáveis da nossa meninice. Lembro-me das viagens a Lisboa, com os pais, das visitas tradicionais como as que referes e das compras no Chiado, no Grandela, na Lanalgo, na Dinfer...
    Quanto à praia, ia para a ilha de Faro e por lá ficávamos durante as férias escolares embora o pai viesse diariamente ao trabalho.
    Bem-hajas, João!

    Beijinhos

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  18. Olá Pinguim, viajei com as suas histórias, as fotografias são magníficas, repletas de bons momentos.
    Abraço doce
    Com carinho
    Sairaf

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  19. Isabel
    como o teu Pai, o meu não ficava o mês de Agosto, na Figueira; estava a trabalhar, na Covilhã, só lá ia durante os fins de semana e geralmente passava lá uma semana inteira connosco.
    Beijinho.

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  20. Sairaf
    tenho um carinho muito especial pela foto na praia, já que estou acompanhado com a minha irmã mais velha (mais 15 meses que eu) e que faleceu há dois anos. Era, de todos os meus irmãos (tenho mais três) o que sempre se deu melhor comigo...
    É a vida!
    Beijinho.

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  21. Pois é Pinguim, sabe tão bem recordar. Recordar é mesmo viver outra vez o passado.
    Achei curioso o teu comentário sobre a Gran Via madrilena, porque também eu quando a conheci pela primeira vez fiquei fascinado por ela. Para ser sincero, ainda hoje sou fascinado pela Gran Via e por tudo à volta.

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  22. Lear
    acontece o mesmo comigo; quando visito Madrid aquela avenida cheia de vida a qualquer hora do dia ou da noite, continua a fascinar-me.
    Abraço amigo.

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  23. Sérgio
    sim, vai haver oportunidade de falar em muitos sítios...
    Abraço amigo.

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  24. isso são fotos bastante antigas mas é sempre tão bom recordar os momentos de felicidade!

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  25. Estrela
    são estas fotos que nos ajudam a perdurar a memória dos bons tempos passados.
    Beijinho.

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  26. Esta rubrica promete! Vá, vá, conta todos os segredos...:)

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  27. Dylan
    podes ter a certeza que vão aparecer coisas interessantes, mais lá para a frente. Estás muito cusco...hehehe.
    Abraço amigo.

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  28. Adorei as fotos e a descrição desses tempos. Também conheço bem a Figueira, mas não assim tão antiga... e digo-lhe que a sua coragem em sair do quarto de hotel sozinho para comprar os livros de cowboys... bem... os seus pais souberam?
    Malandreco!
    Bjnhs

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  29. Mz
    a Figueira tinha muito mais encanto do que agora, pois o areal junto à marginal cresceu desmesuradamente e foi sendo preenchido por coisas que não a têm alindado; cresceu para Buarcos e toda essa zona de Buarcos quase até o começo da subida para o cabo Mondego tem-se desenvolvido muito e são as praias mais concorridas actualmente.
    Essa minha primeira aventura, em Lisboa, deu-me muito gozo e claro que os meus pais nem sonharam...
    Beijinho.

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  30. Já estou ansiando a próxima viagem!
    Estas memórias enriquece-nos.
    Obrigada pela visita e pela belas palavras.

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  31. Rosa
    a próxima viagem é no sábado, a Belgrado, via Londres.
    Mas o próximo post sobre viagens sairá mais daqui a uns tempos.
    Beijinho.

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  32. Uma linda postagem. Imagem tão belas e fabulosas. Nos reportam muito ao pasado. Onde tudo era mais dificil, mais tinha mais afetividade entre as pessoas.
    A vida é uma verdadeira Viagem.
    Viajar é tudo bom. Bela participação. Estamos ai contigo.
    http://sandrarandrade7.blogspot.com/
    Vou te esperar na Interação para compartilharmos dessa bela viagem..
    Até mais,
    Sandra

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  33. Olá Sandra
    obrigado pela visita e pelas tuas palavras.
    Beijito.

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  34. Que saudades das minhas vigens de infância. As minhas no entanto eram ao contrário, de Lisboa para a Beira Alta.

    As coisas maravilhosas que eu fazia nessas férias.

    No entanto tudo passa. Crescemos, vêm as obrigações e esses maravilhosos tempos perdem-se para sempre. Para sempre não, pois farão sempre parte das nossas memórias.

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  35. Utópico
    já te ia corrigir, mas foste tu próprio a fazê-lo, no que se refere ás nossas memórias.
    Abraço amigo.

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Evita ser anónimo, para poderes ser "alguém"!!!