quarta-feira, 5 de dezembro de 2012

"OS SEXALECENTES"

"OS SEXALECENTES"
 Se estivermos atentos, podemos notar que está surgindo uma nova faixa social, a das pessoas que estão em torno dos sessenta/setenta anos de idade,
Os Sexalescentes , é a geração que rejeita a palavra "sexagenário", porque simplesmente não está nos seus planos deixar-se envelhecer.
Trata-se de uma verdadeira novidade demográfica, parecida com a que em meados do século XX, se deu com a consciência da idade da adolescência, que deu identidade a uma massa jovens oprimidos em corpos desenvolvidos, que até então não sabiam onde meter-se nem como vestir-se.
Este novo grupo humano, que hoje ronda os sessenta/setenta, teve uma vida razoavelmente satisfatória. São homens e mulheres independentes, que trabalham há muitos anos e que conseguiram mudar o significado tétrico que tantos autores deram, durante décadas, ao conceito de trabalho. Que procuraram e encontraram há muito a actividade de que mais gostavam e que com ela ganharam a vida.
Talvez seja por isso que se sentem realizados .......... Alguns nem sonham em aposentar-se.
E os que já se aposentaram gozam plenamente cada dia sem medo do ócio ou solidão. Desfrutam a situação, porque depois de anos de trabalho, criação dos filhos, preocupações, fracassos e sucessos, sabe bem olhar para o mar sem pensar em mais nada, ou seguir o voo de um pássaro da janela de um 3.º andar, ver o por do sol ..........
Neste universo de pessoas saudáveis, curiosas e activas, a mulher tem um papel destacado.
Traz décadas de experiência de fazer a sua vontade, quando as suas mães só podiam obedecer, e de ocupar lugares na sociedade que as suas mães nem tinham sonhado ocupar. Esta mulher Sexalescente sobreviveu à bebedeira de poder que lhe deu o feminismo dos anos 60. Naqueles momentos da sua juventude em que eram tantas as mudanças, parou e reflectiu sobre o que na realidade queria. Algumas optaram por viver sozinhas, outras fizeram carreiras que sempre tinham sido exclusivamente para homens, outras escolheram ter filhos, outras não, foram jornalistas, atletas, juízas, médicas, diplomatas .... Mas cada uma fez o que quis. Reconheçamos que não foi fácil e, no entanto, continuam a fazê-lo todos os dias. Algumas coisas podem dar-se por adquiridas. Por exemplo, não são pessoas que estejam paradas no tempo: a geração dos "sessenta/setenta", homens e mulheres, lida com o computador como se o tivesse feito toda a vida.
Escrevem aos filhos que estão longe e até se esquecem do velho telefone para contactar os amigos, mandam e-mails com as suas notícias, ideias e vivências.
De uma maneira geral estão satisfeitos com o seu estado civil e quando não estão, não se conformam e procuram mudá-lo.
Raramente se desfazem em prantos sentimentais.
Ao contrário dos jovens, os Sexalescentes conhecem e pesam todos os riscos. Ninguém se põe a chorar quando perde: apenas reflecte, toma nota e parte para outra .........
Os homens não invejam a aparência das jovens estrelas do desporto ou dos que ostentam um fato Armani, nem as mulheres sonham em ter as formas perfeitas de um modelo. Em vez disso, conhecem a importância de um olhar cúmplice, de uma frase inteligente ou de um sorriso iluminado pela experiência.
Hoje, as pessoas na década dos sessenta/setenta, como tem sido seu costume ao longo da sua vida, estão estreando uma idade que não tem nome. Antes seriam velhos e agora já não o são. Hoje estão de boa saúde, física e mental, recordam a juventude mas sem nostalgias parvas, porque a juventude ela própria também está cheia de nostalgias e de problemas. Celebram o sol em cada manhã e sorriem para si próprios ..........Talvez por alguma secreta razão que só sabem e saberão os que chegarem aos 60/70 no século XXI..!!

 Mirian Goldenberg

(recebido hoje por mail, enviado por um sexalescente, apenas um ano mais velho que eu...)

28 comentários:

  1. Um texto muito bem escrito! E muito assertivo.

    Reflecte efectivamente a 'novíssima' geração dos 'Sexalescentes' (adorei a palavra, bem criativa), que não se deixa 'incapacitar', que vive a vida com paixão, que se assume na diferença com alegria, que capta tudo o que de novo aparece com entusiasmo, que mantém uma vida activa,inquieta e prazerosa.

    Muito bom. Uma divulgação de louvar, João :-)

    Boa semana!

    ResponderEliminar
  2. Fragmentos
    eu sou um deles e portanto comungo estes ideais...
    Claro que nem toda a gente, infelizmente, tem possibilidades de se tornar um "Sexalescente", por questões económicas e até culturais.
    Mas era bom que, ao contrário do que se faz actualmente no nosso país, houvesse uma política que permitisse a toda a gente tornar-se um "Sexalescente".
    Beijinho.

    ResponderEliminar
  3. gostei muito do texto. neste ano, ano internacional do envelhecimento activo e da solidariedade entre gerações, decorrem eventos muito interessantes. infelizmente, como referes, ainda existem muitos idosos que vivem sozinhos e com muitas dificuldades. mas outros, muitos (tive a ocasião de testemunhar com a presidente da 'coração amarelo, ela tem mais de 80 anos e tem cá uma vitalidade!), com 60, 70 e 80 anos, são exactamente como está escrito no texto que divulgas. e que palavra tão apropriada essa :)
    bjs.

    ResponderEliminar
  4. Excelente texto! Bastante perspicaz na abordagem desta nova faixa social que não se deixa derrotar pelos estereótipos da idade e que aprendeu a desfrutar tudo o que aprendeu na vida com alegria e tranquilidade. Mas como dizes, e muito bem, nem todos têm essa possibilidade por questões económicas e culturais.
    Abraço.

    ResponderEliminar
  5. Margarida
    eu também tive a prova disso, aqui mesmo em Massamá, onde há várias associações que promovem iniciativas de variada ordem para pessoas desta idade se ocuparem, quer culturais, quer físicas e têm uma receptividade bastante grande. E não é gente de grandes posses e de uma cultura muito evoluída: simplesmente gente que quer continuar a viver...
    Beijinho.

    ResponderEliminar
  6. Arrakis
    vou-te dar um exemplo curioso; a senhora que me vem aqui a casa, semanalmente a dar uma limpeza, tem cinquenta e tal anos, é viúva já há tempos e é uma pessoa extraordinária. Tem o seu carrito, para as deslocações e a semana passada disse-me que não podia vir no sábado seguinte, porque era dia da apresentação ao público de uma peça que ela com outras pessoas da mesma idade iam representar aqui em Massamá. E a mentalidade dela, mulher muito simples é fabulosa: nunca se disse nada sobre o que eu e o meu companheiro de habitação somos, mas ela sabe de tudo, por pormenores que sempre há numa casa como a nossa - fotos, por exemplo.
    E chegou a ir durante tempos a prestar serviço na casa daqueles meus três amigos que têm o bar gay "Tr3s Lisboa" e chegou a limpar o bar para a sua inauguração.
    Afinal ainda há gente que nos faça acreditar que algo está a mudar, em todos os aspectos, para melhor.
    Abraço amigo.

    ResponderEliminar
  7. Olá, João!
    Que maravilha de texto e que bom saber que me enquadro dentro desse contexto de pessoas classificadas como «Sexalecentes».:)
    A luta pela independência económica e pelo direito à liberdade de opções pessoais e profissionais não tem sido fácil para muitas mulheres da minha faixa etária, mas a resignação e submissão a vontades despóticas têm sido o grande obstáculo que muitas de nós conseguimos ultrapassar, felizmente!
    Obrigada pela partilha de um texto tão animador e interessante.

    Beijinho.

    ResponderEliminar
  8. Amei! Adorei! Estou feliz! Fiquei muito bem disposta!...
    Abracinho meu sexalescente!

    ResponderEliminar
  9. Janita
    estando eu também nessa faixa etária e conhecendo meia dúzia de seguidor@s também pertencendo a esta nova qualificação de uma idade que é tudo menos conformismo, resolvi partilhar este texto que está realmente muito interessante e muito verdadeiro.
    Beijinho.

    ResponderEliminar
  10. Francisco
    ainda bem, e quando lá chegares, a "sexalecente", ainda irás gostar mais.
    Abraço amigo.

    ResponderEliminar
  11. Maria Teresa
    então e eu não sei????
    Acredita que quando li isto pela primeira vez, pensei imediatamente em ti. Desde a primeira vez que te conheci, correspondes 100% a esta nova tipologia.
    Beijinho.

    ResponderEliminar
  12. De fato a velhice está na alma das pessoas, se não nos sentimos assim não somos. Essas pessoas que vc mencionou são as pessoas do vídeo do meu blog que não estavam conectadas nessa nossa modernidade loucas e viviam em um mundo melhor, evoluímos muito, para melhor em muitas coisas mais para pior em tantas outras também

    ResponderEliminar
  13. Frederico
    de acordo; por isso eu relacionei os dois posts, o teu vídeo e este texto.
    Abraço amigo.

    ResponderEliminar
  14. Gostei do texto. Gosto da nova nomenclatura para denominar gente da minha (e de muitos outros)faixa etária. Abraços

    ResponderEliminar
  15. Carlos
    entre as pessoas que me vão seguindo, e várias delas comentando, mais de uma dúzia pelo menos, somos "Sexalescentes".
    Que tal uma confraternização?
    Abraço amigo.

    ResponderEliminar
  16. Ora aqui está uma abordagem interessante. E a verdade é que há pessoas bem mais novas e muito mais envelhecidas por dentro.

    ResponderEliminar
  17. Backpaper
    coisa que não acontece contigo, felizmente.
    Admiro-te muito pela forma intensa e preenchida como vives a tua vida.
    Claro que estás ainda muito longe de ser considerado um "sexalescente"...
    Abraço amigo.

    ResponderEliminar
  18. Posso considerar-me pré-sexalescente; afinal... só faltam 10!
    Felizmente, há coletividades que investem em atividades culturais, desportivas para os sexalescentes. Infelizmente, muitos necessitariam de ter melhores condições financeiras e de saúde...

    ResponderEliminar
  19. Sérgio
    eu diria mesmo,muito bem observado.
    Abraço amigo.

    ResponderEliminar
  20. Rosa
    não tenhas pressa...
    Mas eu entendo o que tu dizes, embora não sabendo a tua idade.
    Afinal esta nova designação não terá limites rígidos de idade, nem num lado, nem noutro.
    Beijinho.

    ResponderEliminar
  21. Estou quase a chegar aos cinquenta e essa é, ou tenta ser a minha postura: não me interessa a idade a que vou chegar, interessa-me sim viver sempre com qualidade; para isso é necessário manter o corpo e a mente sempre activos. Quanto ao corpo é preciso praticar algum desporto ou exercício físico. No que se refere à mente tentar mantê-la sempre ágil: trabalhar, ter interesses intelectuais e quanto à memória é necessário treiná-la. Por exemplo, por vezes não nos lembramos de um nome de um actor ou de um escritor, sabemo-lo mas não nos lembramos dele. O mais fácil seria ir à net e encontrá-lo. Mas não devemos fazer isso, temos de tentar lá chegar por nós próprios nem que para isso demoremos um dia ou dois.


    Um abraço com amizade


    ResponderEliminar
  22. Lear
    tens toda a razão; eu na parte mental estou super activo, embora descure um pouco a parte física.
    Abraço amigo.

    ResponderEliminar
  23. É um excelente texto! De facto, o envelhecer vai perdendo a conotação trágica que tinha. É perfeitamente possível envelhecer mantendo-se o vigor e o dinamismo.
    Longe vão os tempos da manta ao pé da lareira!; as pessoas de 60's estão cada vez mais activas, usando as novas tecnologias e interagindo como nunca antes visto... e isso é de salutar! :)


    abraço :3

    ResponderEliminar
  24. Mark
    sabes que o Einstein é que sempre teve razão: tudo é relativo, hehehehe...
    Afinal os sexagenários de hoje (melhor, os sexalescentes, são uns novatos ao pé do recentemente falecido Neimeyer, que casou pela segunda vez com 89 anos, com M.Oliveira que continua a fazer um filme por ano, aos 102 e até à minha Mãe, que recuperou num mês de uma pleurisia, com 90 anos, mais rapidamente e melhor do que eu o faço das minhas constantes mazelas a que vulgarmente chamamos PDI.
    Claro que temos instrumentos ao nosso dispor para facilitar a nossa actividade, que as gerações anteriores não tinham, e se assim não fosse talvez eu não estivesse para aqui a debitar baboseiras num blog ou a aprender tanto sobre pintura com o meu novo brinquedo, o Pintrest.
    Abraço amigo.

    ResponderEliminar
  25. Alex
    eu conheço bastantes,ou não fosse um deles...
    Abraço amigo.

    ResponderEliminar

Evita ser anónimo, para poderes ser "alguém"!!!