No dia 26 de Março de 1827 morreu, em Viena, Ludwig van Beethoven, um célebre alemão, canhoto, surdo, com o rosto marcado pela varíola e a quem chamavam “o espanhol”, devido à sua tez morena e cabelos muito negros.
Tinha nascido em Bona, na Alemanha, no dia 16 de Dezembro de 1770.
Hans von Bülow refere-se a Beethoven como um dos "três Bs da música" (os outros dois seriam Bach e Brahms), considerando as suas 32 sonatas para piano como o Novo Testamento da música.
Ludwig nunca teve estudos muito aprofundados, mas sempre revelou um talento excepcional para a música. Com apenas oito anos de idade, foi confiado a Christian Gottlob Neefe, o melhor professor de cravo da cidade, que lhe deu uma formação musical sistemática, e lhe deu a conhecer os grandes mestres da música alemã.
Neefe afirmava que o seu aluno, de dez anos, dominava todo o repertório de Johann Sebastian Bach, e apresentava-o, orgulhosamente, como um segundo Mozart.
Existem especulações históricas sobre um provável encontro entre Beethoven e Mozart, mas não existe nenhum facto histórico que o possa comprovar. No entanto, existem histórias do seu encontro, como por exemplo, uma que refere um Mozart absorto no seu trabalho, na composição de Don Giovanni, que não terá tido tempo de lhe prestar a devida atenção. Uma outra, bem mais interessante, refere um encontro em que Mozart terá dito acerca de Beethoven: "Não o percam de vista, um dia há-de dar que falar."
Beethoven demonstrou genialidade em praticamente todas as obras que compôs. E foram muitas, entre sinfonias, concertos, quartetos, trios, sonatas, não esquecendo uma ópera.
No ano em que morreu, ainda conseguiu compor cerca de 44 obras musicais.
A sua influência na história da música foi imensa.
Ao morrer, a 26 de Março de 1827, estava a trabalhar numa nova sinfonia e projectava escrever um Requiem.
Conta-se que cerca de dez mil pessoas compareceram no seu funeral, entre elas,Franz Schubert. Ludwig van Beethoven faleceu de cirrose hepática, após contrair pneumonia.
A sua obra-prima, na opinião de muitos, foi a Sinfonia nº 9 em ré menor, Op.125.
Pela primeira vez é inserido um coral num andamento de uma sinfonia.
O texto é uma adaptação do poema de Friedrich Schiller, "Ode à Alegria", feita pelo próprio Beethoven. Otto Maria Carpeaux, na sua obra “Uma Nova História da Música”, afirma que Beethoven assistiu à primeira apresentação pública da sua 9ª Sinfonia, ao lado de Umlauf, que a regeu, mas abstraído na leitura da partitura e já com uma surdez avançada, não percebeu que estava a ser ovacionado até que Umlauf, tocando-lhe no braço, lhe chamou a atenção para a sala, e então Beethoven inclinou-se diante do público que o aplaudia.
E agora faço uma proposta ousada a quem me lê e que sei não vai ser seguida por quase ninguém; a proposta é que arranjem um bocadinho do vosso tempo e que oiçam esta versão da "nona".
É muito tempo? Sim, é algum, mas é tão arrebatador e ao mesmo tempo tão relaxante que será tudo menos entediante. Vá lá, não custa nada...
Sinfonia nº 9 “Ode à Alegria”, de Beethoven
Soprano: Anna Samuil
Mezzo-soprano: Waltraud Meier
Tenor: Michael König
Baixo: René Pape
Coro Nacional da Juventude da Grã-Bretanha
West-Eastern Divan Orchestra
Maestro: Daniel Barenboim
terça-feira, 2 de abril de 2013
A "nona"
Publicada por
João Roque
à(s)
17:12
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Etiquetas:
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BRAVO!!! Obrigado João! Que forma emocionante de terminar este dia!
ResponderEliminar"O" hino à Humanidade, à União da mesma - o Louvor ao criador! Sim! Sermos Irmãos - na Alegria!
E o poder da expressão e do gesto na condução do Barenboim, a harmonia de tão larga orquestra e coro...
Confesso que não conhecia os primeiros andamentos e sim, são necessários para entender o porquê de ser uma obra prima! Que é a vida nas suas tensões e contemplações da beleza deste mundo, que nos dá a plenitude!
Mais uma vez, Obrigado!
E "aquele abraço"!
João
Eliminareste é um daqueles posts que vai ter muitos poucos comentários e é pena, pois tem pano para mangas para dissecar.
Hoje ao preparar o texto aprendi imenso sobre esta obra, e cumulativamente aprendi também coisas interessantíssimas sobre a chamada "música clássica", da qual, a nona é um dos marcos mais conhecidos, principalmente a última parte e que lhe dá o nome - a Coral...
E focas um aspecto importantíssimo. Raras vezes como aqui se pode ver o magnífico trabalho efectuado por um maestro a dirigir uma orquestra, e um coro.
Barenboim é um espectáculo e não precisa sequer de ser exuberante. Só pelo maestro vale a pena deliciarmo-nos com esta obra ímpar.
Por vezes compensa muito fazer parte da blogo...
Abraço amigo.
Muito bom
ResponderEliminarAbraço amigo João
Excelente mesmo, caro Francisco.
EliminarAbraço amigo.
Bem...
ResponderEliminarNão sou muito fã de sinfonias ou grandes orquestras, nem tampouco do periódo romântico ou desta obra pré-romântica da música 'clássica' ou erudita. A minha praia é o periódo barroco e as orquestras de câmara. Mas a obra é magistral, e muito bem eleita para hino do projeto europeu, que me seduz. Do concerto que nos trazes, prefiro vozes corais mais maduras para a interpretação. Os solistas também não me encantaram (já ouvi melhor), mas a direcção de orquestra (e orquestra) merece um enorme 'Bravo'!
Caro Alex
Eliminargostei muito do teu comentário; mesmo na música clássica há géneros diversificados e gostos para todos. Eu, embora aprecie também o período barroco, prefiro os românticos.
Dizes bem, quanto ao hino europeu, pois só uma grande obra poderia ser escolhida como tal.
A tua critica quanto às vozes é pertinente, mas é preciso notar que foi um concerto da "Proms", onde aparecem geralmente novos valores ou solistas à procura de nome. Repara que a orquestra não é uma das grandes orquestras mundiais e é formada essencialmente por gente jovem, que aliás vai muito bem, como tu referes.
Só o maestro é realmente um dos grandes nomes da música clássica e com o seu virtuosismo conseguiu levar a água ao seu moinho.
É um grande Senhor o Daniel Barenboim.
Abraço amigo.
João, lá vens tu com 'este post não será comentado por muita gente...' e etc. :D
ResponderEliminarpor mim falo, gosto de música clássica, gosto de quase todos os géneros de música.
e informo-te já que não há melhor para o que irei fazer esta tarde (concentração, muita concentração), pelo que irei escutá-la a trabalhar.
bjs.
Margarida
Eliminarpor sistema as pessoas são avessas a ver ou ouvir vídeos superiores a 5 minutos e tu sabes que é verdade; este vídeo tem 73 minutos e a música chamada clássica não tem assim tantos adeptos como se pensa.
Daí parecer-me ser correcto o raciocínio de que não haverá muita gente a ver este vídeo, o que não me incomoda nada, pois bastava que uma só pessoa a ouvisse para valer a pena partilhá-lo.
Quando me refiro aos comentários não me refiro ao simples comentário, mas sim a comentários com "sumo" que acrescentem algo ao texto e há tanta coisa a dizer sobre esta obra, sobre Beethoven e sobre a música clássica em geral.
Mas vai-os havendo: o Ophiu, o Alex, o Rough Chef e talvez haja mais. Era a isso que me referia. Claro que quando alguém me diz que esta música vai ser a companhia de trabalho durante o dia de hoje, tenho que me sentir satisfeito por tal facto. É o teu caso.
Beijinho.
quanto a esses comentários com 'sumo', eu sou leiga, por isso deixo-os a quem sabe. confesso que gosto muito de ouvir música clássica, mas não é a minha escola e os conhecimentos aprofundam-se com os anos e só há relativamente pouco tempo é que me dedico com mais atenção a esta área.
Eliminarquanto ao maestro, tive de parar de trabalhar e observá-lo, ele é magnífico, sem dúvida, e aquele coro de jovens um assombro.
bjs.
Margarida
Eliminareu apenas referi os comentários "com sumo" para justificar a previsível falta deles, e que tu no teu primeiro comentário disseste "lá vens tu com este post não será comentado por muita gente"...
E é verdade, pois no nosso país não há uma cultura musical clássica, nem o nosso ensino a privilegia.
Tirando os talentos que seguem as suas carreiras musicais, nos conservatórios, são poucas as pessoas que conhecem realmente este tipo de música e é fácil encontrar pessoas que quando se refere um concerto clássico, uma ópera ou um ballet, te dizem - "não gosto" - porque nunca ouviram ou assistiram.
Eu, também estaria a integrar esse grupo, pois ninguém na minha família jamais se interessou por estas coisa e como sabes, o nosso sistema de ensino não o contempla. Quando comecei a ouvir alguma coisa, comecei a interessar-me e foi um longo processo auto-didacta e estou longe, muito longe, de me considerar um conhecedor.
Mas são estas trocas de experiências em que se incluem os comentários "com sumo" que me ajudam a perceber coisas novas, entendes?
Tu não imaginas quant aprendi ao elaborar este post e com alguns comentários.
É evidente que não tenho a pretensão de que toda a gente faça comentários desses, e tu és uma felizarda porque gostas de música clássica e és uma mente aberta a saber sempre mais de tudo, o que me satisfaz plenamente.
Mas mesmo para pessoas que não comentm, apenas lêem espero que nalgumas delas que nunca ouviram a nona completa, que nunca pestaram atenção ao trabalho de um maestro, isto seja suficiente para irem dar uma espreitadela.
Percebes agora melhor o que eu quiz dizer?
Apenas isto. E para te elucidar ainda melhor sobre como gosto de partilhar o gosto de coisas belas, no tempo do vinil, um dia, com a família toda na sala, pus a tocar o último andamento da nona, e fiquei feliz da vida quando ouvi o meu Pai dizer "o que é isto? Isto é bonito!".
E ainda mais arriscado, uma noite quando estudava aqui em Lisboa e uma irmã minha também, os meus Pais estavam cá e como habitualmente íamos jantar e depois ver um filme, que o meu Pai me deixava escolher; para essa noite comprei um camarote para uma récita popular de ópera no Coliseu - era o D.Juan de Verdi - e quando disse que não iríamos ao cinema mas sim à ópera, o meu Pai foi, mas muito chateado. No final, já quase toda a gente tinha saído da sala e o meu Pai continuava a bater palmas...
Beijinho muito amigo, Margarida.
A "nona" sendo uma das obras primas da música dita clássica ou erudita, é sobretudo uma das peças mais conhecidas. Eu poderia pôr-me aqui a falar sobre Beethoven, especialmente porque é para mim uma fortíssima influência na disposição, mas tambem porque consegue ser um barómetro da minha mesma disposição. Mesmo assim, e se quiseres descobrir ainda mais, tenta a "Sonata n8" conhecida como a "Patética" que tocada pelo Barenboim ao piano é algo muito envolvente.
ResponderEliminarPara mim, e como preferida, adianto desde já que é a "sétima" pela sua profundidade e movimentos. Tal como tu dizes, Beethoven é todo um mundo por descobrir. Abraço amigo!
Ricardo
Eliminaré este tipo de comentário que eu me queria referir no comentário que deixei à Margarida.
Beethoven dá "pano para mangas", com todas as suas nove sinfonias, com as sonatas, com a sua única ópera, enfim é um dos grandes vultos da música mundial de todos os tempos.
Entretanto não resisto a contar uma anedota sobre músicos clássicos: há quem diga que eles se dividem em quatro categorias: os impotentes, os semi-potentes, os potentes e os potentíssimos (isto sob um ponto de vista sexual, claro).
Como exemplo dos impotentes estaria Schubert, com a sua "Sinfonia Incompleta"; o exemplo dos semi-potentes seria Bach, com a sua "Toccata e Fuga". Já para exemplificar os potentes foi escolhido Stravinsky, com o "Pássaro de Fogo".
E, finalmente Beethoven serve de exemplo aos potentíssimos, pois que depois da 1º, da 2ª,da 3ª, da 4ª, da 5ª, da 6ª, da 7ª, e da 8ª., ainda nos deu a 9ª - e com coros!!!
Abraço amigo.
Mesmo no momento certo. Estou a deitar fumo por tudo quanto é lado (antes fossem minhas gorduras localizadas!). Nada melhor que uma obra clássica para relaxar.
ResponderEliminarAbraço.
Força Vasco (quase me transporto aos tempos do PREC, hehehe).
EliminarPõe o full screen, a música na potência máxima e relaxa......
Abraço amigo.
as sonatas são uma das músicas de fundo cá em casa (tocadas pelo Glenn Gould - obrigado torrents!)
ResponderEliminarquanto às sinfonias, foi bom teres posto a integral desta nona, porque os primeiros andamentos são muito pouco conhecidos, sobretudo se comparados com o hino à alegria. não estou assim muito certo de gostar que ele seja o hino da europa, acho que banaliza um pouco a música e as pessoas habituam-se a ouvi-la como ruído de fundo associado ao projecto político europeu e baldam-se de ouvir mais do que isso.
gosto muito do DB. por ser um maestro fantástico, um excelente pianista, mas também por ser um homem de paz, no processo complicado do médio oriente.
Miguel
Eliminarfoi também uma espécie de teste aqui no blog, ousar pôr um vídeo com 73 minutos.
É que este é um vídeo para ver e não só ouvir. Claro que é a música o importante, mas que admirável é ver o nível com que Daniel Barenboim dirige esta orquestra de jovens e que bem que eles tocam...
Aceito a tua alusão quanto ao hino europeu e claro que não podia estar mais de acordo com a tua opinião sobre DB, como maestro, como pianista e como Homem.
Quando referes e bem a questão do médio oriente, é bom salientar que esta orquestra - a West-Eastern Divan Orchestra - é constituída por jovens judeus e árabes e é um projecto pessoal de Barenboim.
Abraço amigo.
Beethoven é um dos meus preferidos dentro da música clássica. Cada maestro dá-lhe o seu toque pessoal e este é de facto fascinante. Em vinil são necessários 2 LP para esta 9ª Sinfonia, tenho-a na minha casa da aldeia.
ResponderEliminarQuando era adolescente o meu sonho era ser soprano :))))
Mz
Eliminarfascinante é a palavra certa para direcção de DB.
Não imaginava que fossem necessários dois LP para conter a totalidade desta sinfonia.
Imagino uma óperra de Wagner...
Adorei a tua confissão sobre quereres ser soprano - que lindo!
Beijinho.
A nona é linda! Eu tenho uma versão da Deutsche Grammophon no meu mp3 para correr, é uma espécie de 2 em 1: relaxa a corrida e a música. Beethoven era um génio, sem mais palavras: basta ouvirmos a nona, a quinta e as sonatas para ficarmos extasiados.
ResponderEliminarUm abraço com amizade
Lear
Eliminarjunta-lhe lá a Pastoral, que é a 6ª. e o ramo fica completo.
E depois ata com a abertura do "Fidélio"...
Abraço amigo.
Excelente sugestão. Vou arranjar um tempinho para a ouvir, ainda por cima porque não conheço o maestro (mea culpa)...
ResponderEliminarAbraço.
Arrakis
Eliminare fazes tu muito bem.
Baremboim é um maestro argentino e um dos mais conceituados a nível mundial, nos tempos actuais.
Não é um daqueles maestros exuberantes, mas é na suavidade com que exprime as suas directrizes que reside a maior das suas virtudes.
Abraço amigo.
O meu "primeiro amor" na música clássica (na sequência da Laranja Mecânica), mais ou menos em simultâneo com La Traviatta (esta na sequência do filme do Zefirelli)... sim, sim, foi bigamia... ;D
ResponderEliminarJoão
ResponderEliminaracho que foi o "primeiro amor" de muita gente, e não só por causa da Laranja Mecânica...
Na questão das óperas, o meu primeiro "orgasmo" foi com o Coro dos Escravos de Verdi (Nabucco).
Abraço amigo.
Amigo, se não me esquecer ponho-a amanhã ao longo das minhas consultas.
ResponderEliminarAbraço.
Catso
Eliminarserá uma excelente terapia...
Abraço amigo.
que interessante o João M. trazer para aqui a Laranja Mecânica, que, suponho, há-de ter sido a introdução à música clássica de muita gente. eu confesso que o que mais guardei da banda sonora foi a abertura de William Tell, de Rossini.
ResponderEliminarmas, e para usar a tua expressão, o meu principal orgasmo de música clássica com o cinema foi mais tarde, com o Amadeus, do Milos Forman. Adorei o filme (cuja peça vi há uns 2 anos representada no D. Maria II), e o tonto do Wolfgang foi uma paixão que dura até hoje. nada me faz subir o astral e pôr-me nas nuvens como o M; a não ser, é claro, uma outra paixão ;)
Miguel
Eliminarhá já tempos que nada ponho naquela rúbrica que iniciei "Música e Cinema"...e matéria prima não falta.
Sobre Mozart, claro que "Amadeus" é um orgasmo múltiplo, mas curiosamente o trecho musical dele que mais me tocou, via cinema, foi num quase desconhecido filme dinamarquês "Elvira Madigan" (Piano Concerto nº.21), que é sublime.
Abraço amigo.
Não me custou nada. A nona é a minha preferida
ResponderEliminarMary
ResponderEliminargostaria de saber se haverá alguém que possa não gostar desta sinfonia?
Beijinho.