segunda-feira, 3 de março de 2014

Uma excelente "noite perdida"


Foi esta noite a grande festa anual do cinema – a distribuição dos Óscares, e eu que há muitos anos sigo esta gala, não dei por mal empregue o facto de ter ido para a cama às seis da manhã, pois foi uma cerimónia muito equilibrada e apresentada soberbamente por Ellen Degeners
Ela é uma comunicadora por excelência, tem uma presença impressionante e teve momentos de um ineditismo total e que só com ela poderiam resultar, como o caso das “selfies”, sendo uma delas aquela que talvez seja no momento a foto mais vista de sempre

 como o peditório para um chapéu, de dinheiro para comprar pizzas  depois a distribuição das mesmas, em pedaços, em pratos de plástico e com um guardanapo – fabuloso momento!
Quase me arriscaria que Ellen passou quase tanto tempo na plateia como no palco…

Mas o que mais interessa é quem foram os vencedores e eu não vou aqui citar todos, apenas os das categorias mais importantes, reservando-me o direito de ter uma imodesta satisfação de ter publicado umas horas antes, nas redes sociais (FB e Google+), os meus prognósticos pessoais para as 9 principais categorias e ter acertado 7…(apenas errei e sem grande surpresa o da melhor actriz secundária, pois apostei em Jennifer Lawrence, e no melhor argumento adaptado em que a aposta foi para “O Lobo de Wall Street”).

Quanto ao melhor filme, sem surpresa, o vencedor foi “12 Anos Escravo”
de Steve McQueen, filme que ganhou apenas mais dois Óscares, mas importantes, precisamente o da actriz secundária, Lupita Nyongo’o
e o do argumento adaptado, e eu deveria ter jogado nesta aposta pois como tantas outras vezes o melhor filme coincide com um dos melhores argumentos.

Alfonso Cuarón foi o mais que justo vencedor da melhor realização por “Gravidade”
um filme assombroso com técnicas aplicadas do melhor que já se fez, e que levaram a que o filme fosse o grande vencedor da noite, com 7 estatuetas, por assim dizer todas técnicas.

Na interpretação, estava quase assegurado o Óscar de Cate Blanchett
em “Blue Jasmin”, por muito mérito que tivessem e tinham as outras candidatas (como pode Meryl Streep continuar a dar-nos interpretações deste nível, que a levam sem qualquer dúvida ao estatuto da melhor actriz de há muitos e muitos anos a esta parte?).

E se havia alguma dúvida entre Mathew McConaughey e Leonardo Di Caprio, era por Di Caprio já ter sido tantas vezes um justo candidato e nunca ter ganho, pois Mathew
é impecável em “O Clube de Dallas”, papel que exigiu um emagrecimento de 20 quilos num actor que até nem é pesado, e que quando vi o filme me fez pensar que ele estaria mesmo doente, tal a realidade do desempenho.
Também neste filme o vencedor da estatueta do melhor secundário, o surpreendente Jared Leto
que pôs por lado a música durante uns tempos para representar um assombroso travesti nesse filme.

No argumento original, Sponke Jonze não deu qualquer hipótese à concorrência com a sua história de “Her”, um filme não muito fácil, como acontece geralmente a todos os seus filmes, mas muito interessante e super actual, nesta altura em que a informática “governa” o mundo.

O melhor filme estrangeiro distinguiu o italiano Paolo Sorrentino
pelo seu maravilhoso “A Grande Beleza”, e com inteira justiça.

Uma referência a dois filmes que ganharam os dois Óscares para que estavam nomeados: “Frozen”, da Disney, que ganhou o melhor filme de animação e o da melhor canção, e “O Grande Gatsby”, com dois Óscares técnicos.

Os grandes derrotados foram “ Golpada Americana” (teve o azar de ser nomeado com inteira justiça em categorias onde sobressaíram outros nomes) e “O Lobo de Wall Street” (quando chegará a vez de Di Caprio?).

Momentos da noite, foram vários, além dos já referidos e protagonizados por Ellen Degeneres, entre eles o ressurgimento de duas grandes figuras de Holywood, a bela (mas muito “recauchutada”) Kim Novak
81 anos e o “Senhor” Sidney Poitier

de 87 anos e que foi o primeiro negro a ganhar um Óscar de melhor actor.

Também a sempre emocionante recordação dos que partiram e tantos nomes importantes este ano passado, com destaque para Philip Seymour Hoffman, para o ainda jovem Paul Walker e as grandes estrelas que foram Shirley Temple, Ester Williams, Joan Fontaine, Sid Ceaser, Eleanor Parker ou Julie Harris. A homenagem findou com uma interpretação muito boa de “Wind beneath my wing” por Bette Midler, sentida e como só ela sabe interpretar (ela nunca canta, interpreta sempre uma canção), e o seu vestido era lindo.
Por falar em vestidos, não sou grande especialista, mas achei deliciosa a apresentação de Whoopi Goldberg, com aqueles sapatos vermelhos e as meias listadas (só ela…).

Enfim, os discursos da noite foram para mim os de Jared Leto (falou até da Ucrânia e Venezuela) e Lupita Nyongo’o (comovente) e a satisfação incontida de Steve McQueen.
Uma excelente “noite perdida”.

16 comentários:

  1. Concordo completamente, também acho que o DiCaprio é assolado pelo fantasma do Óscar que ainda não ganhou mas não há uma sem duas nem duas sem três (grande gaffe estou eu a cometer se ele já foi nomeado três vezes) mas não conseguia competir. Na melhor actriz estava em dúvida se seria a Blanchett ou a Streep já que a interpretação dela também foi soberba.

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  2. Eolo
    o Di Caprio vai acabar por ganhar um óscar porque ele é muito bom, mesmo. O Scorsese também esperou anos e anos...
    Quanto a Meryl, ela nem precisa ganhar, pois cada nomeação já é um óscar.
    Abraço amigo.

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  3. eu gostei muito desta edição dos oscars, acho que a Ellen lhes pegou pelo lado certo: divertido e descontraído, a brincar com as estrelas. quanto aos prémios, nada a dizer. fiquei contente com a chuva de prémios do Gravity, que achei um filme fora de vulgar, até pela maneira como usa os efeitos especiais. detestei o discurso do MM. mas gostei muito dos dos outros três actores vencedores.

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    1. Miguel
      sim, o discurso do Mathew é algo presunçoso, ao contrário do "encantamento do McQueen.
      A Ellen devia ser nomeada apresentadora vitalícia.
      Abraço amigo.

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  4. Não ligo nada aos Oscars. Nunca vi uma única edição, assim como não acompanhei os filmes ou os nomeados. É algo que sempre me passou 'ao lado'. Vale a Ellen, pessoa de quem simpatizo. Acho-a engraçada e divertida.

    um abraço, João.

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  5. Mark
    por isso o mundo não cai...
    Eu, pelo contrário sou um fã inveterado e vi já quase todos os filmes, aliás excelentes filmes.
    Sobre a Ellen, já disse tudo - é excepcional!
    Abraço amigo.

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  6. Olá João
    Concordo com tudo o que dizes. Também é uma noite que gosto de perder (embora nem sempre consiga aguentar tudo! Felizmente que já há aquela coisa de puxar os programas para trás!)
    Gostei que o óscar fosse para a Lupita Nyongo, teve uma interpretação extraordinária. E acho que o Leonardo diCaprio já merecia o Óscar!
    Beijinhos

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    1. Olá Teresa
      este é um assunto muito interessante de "discussão" pois são variadas as prespectivas pelas quais se observam os acontecimentos de esta noite. Gosta-se mais deste ou daquele filme, prefere-se sete ou aquele outro actor ou actriz, mas aceita-se sempre uma opinião diferente, porque eles e elas são, na generalidade, todos muito bons.
      Depois há o espectáculo, as surpresas, enfim, é uma noite que nunca perco...
      Beijinho.

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  7. Não vi, porque no dia seguinte tenho que ir trabalhar.

    Obrigado pela partilha

    Abraço amigo

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  8. Francisco
    tens razão, ao domingo à noite, não dá muito geito. Claro que lá começa ao final da tarde e acaba relativamente cedo...
    Abraço amigo.

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  9. Grande reportagem, João! Digna de sair nas páginas do "Actual" do Expresso, onde eu vou saber as "ultimas sobre os filmes! Abençoada noite perdida!!! (eu era lá capaz de estar acordada até ás 6h da manhã...)

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  10. Vim agradecer presença amiga em 'fragmentos'. E claro, não podia deixar de ler a tua visão dos Oscars, já que escrevi antes da noite. Bem perdida e animada noite, por sinal..
    Mas estou de acordo com quase tudo. Leonardo di Caprio faz-me lembrar Tom Cruise. Tantas nomeações, nenhum Oscar. Há actores e realizadores mal amados pela Academia.

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    1. G.Souto
      É um prazer ler um blog dos de antigamente, com sumo e não com duas ou três pata coadas e "está a andar". É o caso do teu blog, mas eles são cada vez mais raros.
      Quanto aos Óscares já foi tudo dito e se o meu favorito para o melhor actor foi realmente o Mathew McConaughey, depois de ter ouvido o seu discurso de agradecimento, preferia que ele tivesse sido atribuído ao Leo, que há muito o merece.
      Beijinho.

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  11. Eu também não vi em directo e tive pena, até porque adoro a Ellen e sempre que posso vejo o programa dela. Espero ver alguns dos filmes vencedores, são todos muito bons!
    Abraço amigo :)

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  12. João
    foi excelente, e o nível dos filmes, este ano foi bastante bom. Poucos dos principais candidatos me faltam ver.
    Abraço amigo.

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