Comecei por folgar nos comentários, não deixando no entanto de lado algumas excepções, aqui e ali.
E agora a folga alarga-se às postagens.
Vou parar. Até quando? A resposta está no título...
Mas vou continuar por aí, lendo-vos, seguindo-vos, sabendo dos vossos anseios, das vossas curiosidades, dos vossos amores, das vossas vidas e dos vossos gostos.
E vou continuar, sem aquela obrigação de o fazer, a "cometer" excepções e deixando um comentário que a sensibilidade não me deixe calar.
A blogosfera é algo que é impossível eu largar definitivamente; ao longo destes anos, "apadrinhei" vários blogs e empurrei várias pessoas para entrarem neste mundo.
Aqui fiz muitos e alguns grandes amigos.
Para esses, não há folgas...
Deixo-vos com um vídeo muito belo, deixo-vos com a Bethânia, com o Pessoa e com o Menino, em quem continuo a acreditar, apesar de ter deixado de acreditar naqueles que se servem d'Ele e não o servem.
Did I disappoint you or let you down?
Should I be feeling guilty or let the judges frown?
‘Cause I saw the end before we’d begun,
Yes I saw you were blinded and I knew I had won.
So I took what’s mine by eternal right.
Took your soul out into the night.
and may be over but it won’t stop there,
I am here for you if you’d only care.
touched my heart you touched my soul.
you changed my life and all my goals.
And love is blind and that I knew when,
My heart was blinded by you.
I’ve kissed your lips and held your head.
Shared your dreams and shared your bed.
I know you well, I know your smell.
I’ve been addicted to you.
Goodbye my lover.
Goodbye my friend.
You have been the one.
You have been the one for me. (bis)
I am a dreamer but when I wake,
You can’t break my spirit – it’s my dreams you take.
And as you move on, remember me,
Remember us and all we used to be
I’ve seen you cry, I’ve seen you smile.
I’ve watched you sleeping for a while.
I’d be the father of your child.
I’d spend a lifetime with you.
I know your fears and you know mine.
We’ve had our doubts but now we’re fine,
And I love you, I swear that’s true.
I cannot live without you.
Goodbye my lover.
Goodbye my friend.
You have been the one.
You have been the one for me. VOLIMTE Déjan! See you soon, my love See you always, in my mind!
It's been seven hours and fifteen days
Since you took your love away
I go out every night and sleep all day
Since you took your love away
Since you've been gone I can do whatever I want
I can see whomever I choose
I can eat my dinner in a fancy restaurant
But nothing I said nothing can take away these blues,
Because nothing compares
Nothing compares to you
It's been so lonely without you here
Like a bird without a song
Nothing can stop these lonely tears from falling
Tell me baby where did I go wrong
I could put my arms around every boy I see
But they'd only remind me of you
I went to the doctor guess what he told me
Guess what he told me
He said girl you better try to have fun
No matter what you do
But he's a fool
'
cause nothing compares
Nothing compares to you
All the flowers that you planted mama
In the backyard
All died when you went away
I know that living with you baby was sometimes hard
But I'm willing to give it another try
Nothing compares
Nothing compares to you
Sim, o Déjan está aqui comigo e vão ser duas semanas de cumplicidades e de ternuras; mas também há coisas a conversar principalmente sobre o seu futuro pois ele está numa fase muito importante da sua vida.
Iremos rever Lisboa, iremos rever e conhecer amigos e iremos dar um salto a Aveiro e a Gaia, voltar a jantar olhando o casario da Ribeira...
Sim, o Amor vale a pena, mesmo quando sofrido, porque..."Nothing compares 2U".
Eu nem sou um grande apologista do acto a que chamamamos casamento, seja ele entre heterossexuais ou homossexuais, a não ser por facilidades legais; prefiro o "casamento" de sentimentos e de vivências, sem a necessidade de um "papel".
Apoiei sem reservas a legalização do casamento entre pessoas do mesmo sexo, pois qualquer pessoa deve ter as mesmas oportunidades e regalias, independentemente das suas afirmações sexuais.
Tenho várias pessoas que conheço que já deram esse passo, embora ainda não tivesse ido a nenhuma cerimónia, e não o lamento, pois essas cerimónias, quando acontecem devem ser intimas.
Mas, acima de tudo, conheço e tenho uma imensa felicidade nisso, muitas pessoas de ambos os sexos que estão "casad@s" há muito tempo, numa comunhão de amor.
Mas, porque esta cerimónia que aqui mostro no vídeo é toda ela muito bonita, sendo um hino ao amor, mas também à amizade de quem a partilhou com os noivos (familiares e amigos), aqui a partilho e não posso deixar de mencionar que também eu pertenço aos felizardos que amam e são amados.
E pronto, terminou mais um Queer Lisboa, o 17º, e que se tem vindo a afirmar de ano para ano, como um dos melhores festivais de cinema em Portugal e também um importante festival no panorama internacional dos festivais de temática LGBT.
Sou um assíduo frequentador deste festival e só falhei um, num ano em que estava na altura em Belgrado.
Por isso, quando sai a programação é com alvoroço que durante umas horas consulto todos os filmes, tentando ver o maior número de filmes que me interessam.
Este ano, assim foi e como é impossível ver tudo, por uma questão de critério, deixei de fora os filmes de temática lésbica, muitas das curtas que tinham um carácter demasiado experimentalista, e por opção deixei de fora as sessões tardias de forte componente pornográfico, pois cada vez me interessam menos.(e cada vez há mais sexo explícito em filmes não pornográficos).
Já fiz três postagens sobre filmes exibidos neste festival, uma sobre o curioso filme de abertura “Continental”, outra sobre o melhor filme que vi em todo o Queer, “E agora, lembra-me” e finalmente sobre a sessão dupla de filmes do Travis Mathews, e que estranhamente não mereceu quase nenhum reparo de quem me segue…
De uma forma global, e referindo-me apenas aos filmes que vi, foi um festival muito positivo, com alguns picos de alto nível e uma que outra decepção, que não ofusca em nada o brilho do mesmo.
Na principal competição, das longas metragens, vi quase tudo, tendo pena de não ter visto um dos filmes que mais interesse teve, pelo que ouvi dizer e que até ganhou o prémio do público, “Facing Mirrors”, um filme iraniano de Negar Azarbayjani.
Houve para mim dois filmes muito bons: “Free Fall”, filme alemão de Stephen Lecant, vencedor do Teddy Bear, em Berlim, este ano e que pode ser uma espécie de “Brokeback Mountain”, mas passado numa instituição especial, a polícia e que nos mostra que a homofobia também existe em alto grau em países mais evoluídos, como é o caso da Alemanha.
O outro filme foi o polaco “ In the name of…”, com um conteúdo sempre muito polémico do confronto entre as regras religiosas e o intimo de um homem que é padre. É um filme realizado por uma mulher, Malgoska Szumowska (curiosamente já outra realizadora tinha mostrado um filme sobre o mesma tema – Antónia Bird, com “The Priest”), muito forte, muito belo e que faz pensar muito.
Os restantes filmes que vi nesta secção foram “Silent Youth”, de Malcolm Ingram, com demasiados “silêncios”; “Floating Skyscrapers”, interessante filme polaco, com um tema agora muito na berra – o dilema de um homem bissexual, entre a sua relação heterossexual e a descoberta do seu “outro lado” (que já tinha acontecido em “Free Fall”); um outro filme com o mesmo dilema, mas neste caso o relacionamento heterossexual era não sexual foi o excelente “The Comedian”, filme inglês de Tom Shkolnick (israelita), e que deu merecidamente o prémio do melhor actor a Edward Hogg.
Fraco foi o filme do português Tiago Leão, realizado numa co-produção com a Espanha, “Noches de espera”, sobre a vida de uma série de jovens, gays e lésbicas, na noite madrilena – muito sexo e drogas e pouco cinema.
Também não vi o filme chileno “Joven y Alcolada”, que deu a Alícia Rodriguez o prémio da interpretação feminina.
Deixei para o fim o filme que nos chegou da Geórgia, “A Fold in my Blanket”, de Zaza Rusadze, uma das maiores desilusões do festival, na minha opinião, que apenas tinha como interesse a beleza dos dois intérpretes e com um argumento bastante ambíguo, mesmo quanto ao interesse LGBT. Para surpresa minha, e parece que não só minha foi o vencedor do festival…
Quanto a documentários, em concurso, vi apenas três filmes: o já falado “Interiors. Leather Bar”.
Um filme português de Rui Mourão, com uma ideia muito original e interessante, mas desbaratada pela forma como foi filmada, mas mesmo assim interessante – “O Carnaval é um palco, a ilha é uma festa”, filmado na ilha Terceira nos Açores.
E um decepcionante “Uncle Bob” do americano Robert Oppel, talvez o pior filme que vi no festival.
O prémio acabou por ir para um filme que não vi – “Born Naked” de Andrea Esteban, da Espanha.
Como referi, vi poucas curtas a concurso; além de “In their room, London”, de que já falei, uns desinteressantes “Frisk”, “Open Letter”, “Gasp”, e “Sebastien’s Night Out” e dois filmes muito curiosos, o brasileiro “Vestido de Laerte” e principalmente “O nylon da minha aldeia”, baseado num conto do escritor português Possidónio Cachapa, que também realizou o filme.
Não vi o filme vencedor que foi uma animação sueca “Benjamim Flowers”.
Ainda em competição, um novo tipo de curtas, denominado “filmes de escola”, em que competiam alguns filmes portugueses, dos quais vi três; um muito mau, “As flores do mal” e os outros dois deveras interessantes, um deles ganhou o prémio nesta categoria para filmes portugueses, “Depois dos nossos ídolos”, de Ricardo Penedo
e o outro vai merecer-me um comentário mais alargado num próximo post.
Trata-se de “O segredo segundo António Botto”, da dupla Rita Filipe/Maria João Freitas,
sobre o relacionamento entre António Botto e Fernando Pessoa; era um dos grandes interesses para mim, neste festival, e gostei muito (apenas lamento não ter assistido ao filme sobre Gore Vidal, projectado à mesma hora).
Outros filmes que vi, desta secção foram “Si j’étais un homme”, interessante, e “Atomes” que venceu o prémio desta categoria.
Uma outra secção muito interessante com filmes não a concurso é a secção “Panorama”.
Vi, além do já referido noutro post “E agora, lembra-me”, as curtas metragens portuguesas “O Corpo de Afonso” do João Pedro Rodrigues, uma encomenda da “Guimarães 2012” e revi o premiado (no Indie Lisboa deste ano e noutros festivais) “Gingers”, de António da Silva, o qual muito me agradou.
E ainda nesta secção um dos grandes pontos altos deste festival, um filme maravilhosamente belo, que só vai estrear nos EUA agora em Outubro, mas que eu vou comprar o DVD quando ele existir; trata-se de “Five Dances”, passado no mundo do ballet, com uma pequena companhia de 5 elementos e uma maravilhosa história de amor. Excelentes bailarinos e uma banda sonora fantástica fazem deste filme algo imperdível.
Na secção “Queer Art” vi uma boa curta, “10 Men”, exibida como complemento do “Five Dances” e uma outra curta algo surrealista do brasileiro Gustavo Vinagre, sobre o poeta cego e sadomasoquista Glauco Mattoso e que se chama precisamente “Filme para poeta cego”.
Vi ainda uma longa metragem francesa, algo onírica, “Rencontres d’aprés minuit”.
No último dia, depois da proclamação dos vencedores, que foi para mim decepcionante, foi exibido como filme de encerramento um muito bom e forte filme israelita sobre o relacionamento entre um jovem estudante palestiniano e um também jovem advogado israelita, com um conteúdo muito político, foi um excelente final para um excelente festival.
Uma nota para um Workshop a que assisti, sobre duas diferentes situações: uma delas é realização de uma série, sobre “bears”, realizada pelo André Murraças e com a participação do meu amigo Luís Mota e mais dois bears e que se chama “Barba Rija”.
E a outra é a produção de dois novos filmes do António da Silva: “Artistas – objectos de desejo” e um outro sobre homens gays de S.Francisco acima dos 40 anos.
O que têm de comum estas obras é que se tratam de obras para as quais é necessário fundos monetários; se no caso dos filmes do António da Silva, ele cobre as despesas por meio de “donates” da visão “on line” desses filmes, já na produção do André é necessário angariar o montante necessário para realizar o primeiro episódio da série.
Travis Mathews (nascido em 1975) é um realizador e argumentista americano, principalmente trabalhando dentro do género do cinema documental.
Abertamente gay, Mathews vive e trabalha em S. Francisco e até agora realizou a curta “I want your love” que eu mostrei há dias aqui no blog, e que foi filmada em 2010, tendo posteriormente feito uma longa metragem dessa curta, em 2012,
sendo os seus únicos filmes de ficção, tendo anteriormente apresentado vários documentários: em 2004, “Do I Look Fat?”, a série “In Their Room”, primeiro de S.Francisco (2009), depois Berlim (2011) e agora Londres (2013).
Mas o seu filme mais conhecido é aquele que codirigiu este ano, com James Franco, “Interior. Leather Bar”, sobre uma sequência suprimida do polémico filme de William Friedkin “A Caça”, com Al Pacino (1980), passada no interior de um bar gay.
Foram estes dois filmes, a curta “In
Their Room – London” e “Interior. Leather Bar” que foram apresentados na terça
feira no Queer Lisboa, com a presença do realizador Travis Mathews, que teve
uma curta intervenção, bastante divertida, antes da apresentação dos filmes,
numa sala quase lotada.
Sem dúvida que o Queer Lisboa
deste ano tem tido noites muito especiais e é cada vez mais um acontecimento
cinematográfico culturalmente muito importante do nosso país.
Foi apresentada em primeiro lugar, a curta metragem "In Their Room - London".
“In Their Room” é uma série de documentários sobre gays, quartos e
intimidade.A
série mostra os quartos dos homens, onde se veem fazendo de tudo, desde o mais
banal ao (a maior parte das vezes) erótico.Complementando
a natureza reveladora de suas atividades diárias há entrevistas confessionais
sobre fantasias, que excitam, e
vulnerabilidades.O
throughline da série destaca as maneiras pelas quais os homens gays em culturas
diferentes lidam com conexão, intimidade e solidão no mundo moderno.
“Numa época de acelerada aceitação de gays e
visibilidade, é chocante que muitas destas histórias estão sendo deixadas ficar
numa situação irregular.A
minha inspiração para a série veio em grande parte dessa frustração.Se
as representações da minha vida e da vida dos meus amigos são em grande parte
invisíveis na media eu pensei que eu deveria
gravar essas histórias antes de serem perdidas ou esquecidas.Eu
faço isso da melhor maneira que possa concentrar-se em algo pareça autêntico,
moderno e sem censura”, afirma Travis Mathews.
A série é concebida como um projeto de longo prazo, com episódios
recentes filmados em San Francisco e Berlim, e agora, Londres. O
episódio de Berlim foi apresentado no Queer do ano passado. Depois, o prato forte, a longa metragem.
Este
documentário tem tido grande êxito e é a pré-imaginarão desses 40
minutos suprimidos ao filme que servem de ponto de partida para uma exploração
mais ampla da liberdade sexual e criativa.
Note-se que este filme “Interior. Leather Bar” vai ser apresentado brevemente nas salas do país, no que se prevê seja algo polémico, pois há sexo explícito no filme, o que é salutar no cinzentismo nacional…
"Viver com HIV e VHC (hepatite C) não é uma novidade para Joaquim Pinto, que contraiu os vírus há cerca de 20 anos.
Será, no entanto, com espanto de novidade que percorremos as quase três horas de "E Agora? Lembra-me", filme autobiográfico em que acompanhamos um ano da vida de Joaquim, entre o campo onde vive, os ensaios clínicos em Madrid, o amor por Nuno, os cães, os amigos, as memórias e, como que condensando todos, o seu mundo interior, que espoleta em tantas direcções quantas consegue a consciência humana.
Um filme que é uma partilha.
"Quando me estava a preparar para este tratamento (em Madrid), percebi que praticamente não havia filmes actuais sobre o HIV feitos na primeira pessoa. Eu achei que era altura de alguém fazer um filme na primeira pessoa", conta-nos Joaquim.
É, de facto, assim que acontece, com Joaquim a contar a história ao longo de todo o filme.
Narrador presente e participante, que não inibe nunca a câmara: "Acho que o cinema tem a ver com exposição, tem a ver com luz, tem a ver, precisamente, com o mostrar alguma coisa. E também acho que não tenho nada a esconder."
A sequência do filme decorre tal qual um diário de bordo, em jeito cronológico, onde podemos seguir Joaquim ao ritmo do tratamento a que se submeteu, um estudo clínico com medicamentos ainda não aprovados: "O filme foi feito na altura em que eu estava a fazer este tratamento muito complicado, com efeitos psicológicos muito pesados. Muitas vezes, fiquei surpreendido com o material que tínhamos filmado, porque devido a esses efeitos não me lembrava de muitas coisas."
Se "E Agora? Lembra-me" surge também como exercício de memória - onde a narrativa de mistura, sem ordem aparente, entre desabafos quotidianos e episódios da vida de Joaquim -, isso não se deverá nem aos efeitos secundários dos medicamentos nem ao cansaço produzido por eles.
Joaquim explica: "Há muitas pessoas que passam por situações extremas na sua vida que implicam uma reflexão. Muitas vezes, isso tem outro lado, que é o de permitir fazer um certo balanço não só em relação ao passado, mas em relação ao que é a vida, ao que é estar vivo."
É assim que balançamos para cá e para lá, à boleia de João César Monteiro, Kurt Raab, Raul Ruiz, Guy Hacquenghem, Henri Alekan, Serge Daney, Copi, Claudio Martinez, amigos e companheiros de trabalho de Joaquim Pinto que aqui integram, sem dúvida, o seu panteão.
"A doença teve em mim um efeito imediato que foi o de me ajudar a distinguir o que é realmente essencial. Por outro lado, teve o efeito de me aproximar das pessoas com quem, de facto, tenho alguma coisa a ver. E, se calhar, de afastar as amizades que eram só circunstanciais."
Nuno Leonel, marido de Joaquim, é uma das "personagens" constantes no filme, um pilar presente/ausente que dizia ter coisas mais importantes para fazer do que participar no filme. "Cuidar de nós", conta Joaquim no filme. E, a nós, explica-nos: "Nos primeiros meses estive mais ou menos sozinho. Acho que há um momento de viragem que se percebe no filme, um momento em que o Nuno se aproxima e, a partir daí, o filme passa a ser feito pelos dois."
Muitas das filmagens estiveram a cargo de Nuno Leonel, como faz questão de deixar claro Joaquim: "Não fui só eu a fazer o filme. Foi feito em colaboração total com o Nuno."
"E Agora? Lembra-me" é também um filme sobre os sinais num mundo que Joaquim reconhece estar cego, por sermos, como diz, constantemente bombardeados com solicitações.
"Há sempre coisas inesperadas e o mais importante é estarmos atentos aos sinais que diariamente nos iluminam, e não os negar."
Uma crença na simplicidade das coisas, como nos diz, que não apresenta como manifesto ou revolta, mas como partilha:
"O que quis fazer com este filme é dar espaço às pessoas, sem lhes dizer 'eu penso isto ou aquilo'. Quis, sim, partilhar um bocadinho as minhas dúvidas. Se este sentimento de inquietação positiva puder ser transmitido, eu acho óptimo."
Este é um texto do jornal “i”, mas eu quero dizer algo mais.
Este filme marcou-me profundamente e em vários sentidos.
É um filme culturalmente brilhante, com pormenores técnicos fabulosos; é um filme profundamente comovedor e corajoso onde o realizador expõe a sua doença, os seus problemas, mas também as suas dúvidas e o seu amor (a figura de Nuno é fundamental).
Poucas vezes tenho visto cães filmados com tanto amor, sim, não me enganei, e os quatro cães são importantes no filme.
A um nível pessoal, achei uma coincidência a referência a uma pessoa que tão bem conheci, a Jo e a dois filmes que marcaram a minha vida: “A imitação da vida”, o primeiro filme que eu comentei num jornal, no início dos anos 60, quando estudava em Castelo Branco e a espantosa cena de Laura Betti, quando é enterrada viva a seu pedido no filme “Teorema” de Pasolini.
As citações maravilhosas de tanta gente, de Santo Agostinho a Ruy Belo, as referências muito bem “delineadas” a personalidades como Marx, Freud, e tantos outros.
As constantes alusões à Bíblia, à religiosidade do Nuno e a sua (do Joaquim) visão do Catolicismo, tão parecida à minha…
As recordações do passado, desde a infância, às viagens e estadias em países diferentes, a constante alusão aos Pais, aliás o seu Pai, com mais de 90 anos esteve presente na sala.
A actualidade do momento em que vivemos, a crise aqui e no mundo, os fogos, numa palavra, um olhar atento à realidade actual.
Enfim, e eu espero que o Joaquim viva muitos anos, mas este filme é desde já um testamento da sua vida e obra.
Não posso esquecer que este filme ganhou um dos mais importantes festivais de cinema, na sua última edição, Locarno.
É obrigatório que este filme maravilhoso possa ter uma exibição comercial para que possa ser apreciado por muita gente pois é um acto de verdadeira Cultura.
E agora, Joaquim?
Obrigado, a ti e ao Nuno!
Sim vamos lembrar-nos, é impossível esquecer este filme.
Começou o Festival Queer e devo confessar que não me
agradou muito a ideia de ter como filme de abertura um documentário.
Sala cheia, palavras de circunstância e finalmente o
filme; “Continental”, de Malcolm Ingram
foi o filme escolhido e quando acabou
tive de me render e aplaudir este documentário, que me deu a conhecer factos e
pessoas que desconhecia e que foram influentes, na época (finais da década de
sessenta até meados da década de setenta), dando início a uma era de libertação
sexual e estilos de vida alternativos que, até hoje, nunca foi igualado.
OsContinental
Baths eram uma
sauna gay na cave do Hotel Ansonia emNova
Iorque
inaugurados
em 1968 por Steve Ostrow.
Eram publicitados como uma reminiscência da
"glória da Roma Antiga".O
documentáriomostra o clube, desde o
auge da sua popularidade até ao início da década de 1970
Os Continental Baths tinham uma
pistade dança, um salão de cabaret,salas de sauna, uma piscina e tinham capacidade para 1.000
homens, estando abertas 24 horas por dia.
Um guia gay da década de 1970
descreveu os Continental Baths como um lugar que "revolucionou a cena das
saunas deNova Iorque"
Tinham
um sistema de alerta que avisava os clientes para a chegada da polícia. Havia
também uma clínica para doenças sexualmente transmissíveis, um dispensador de
A200 (um shampoo contra piolhos) nos chuveiros elubrificante KYà venda nas máquina automáticas.
Aliás houve várias rusgas da polícia, com
prisões e que só terminaram (por sugestão da própria polícia), com o pagamento
de avultadas quantias por parte do dono, mostrando como a polícia era corrupta.
Steve Ostrow
Quem teve a ideia de abrir estes Continental
Baths foi um homem extraordinário, chamado Steve Ostrow.
Ele e a sua mulher
meteram mãos à obra e fizeram deste local um dos mais míticos locais gay de
Nova Iorque, como o foram o Stonewall ou o Studio 54.
Ostrow é uma personagem fascinante: casado,
pai de dois filhos, após o nascimento deles a mulher não satisfazia sexualmente
e ela própria viveu uma crise que a levou a tornar-se freira.
Não se contentando em explorar as instalações
apenas como local para sexo, e se havia
sexo naqueles banhos…ele criou principalmente aos fins de semana, espectaculos com diversos artistas, já que ele próprio era
um artista (cantava ópera muito bem). E assim passaram por lá grandes nomes,
entre eles destacando-se uma cantora que ali iniciou a sua carreira – Bette Midler.
Pelas suas performances nos
Baths,Bette Midlerera conhecida por Bathouse Betty. Foi
nos Continental Baths, acompanhada ao piano porBarry Manilow(que, como os clientes, por vezes, se
vestia apenas com uma toalha branca à cintura), que Bette Midler criou a sua
persona de palco, a Divine Miss M.
(a qualidade deste vídeo é bastante deficiente) A frequência era variada, entre
gays e heterossexuais, tornando-se o local um dos mais famosos, onde se podiam
encontrar Andy Wharol, Nureyev, que o utilizava essencialmente para encontros
sexuais, Mick Jargger e tantos outros.
Um dos grandes momentos dos Continental Baths
aconteceu quando Ostrow, convenceu uma das grandes divas da ópera na altura, a soprano Eleanor Steber a actuar
ali tendo sido editado um disco com essa actuação e que é hoje uma raridade.
Nesse famoso concerto as toalhas brancas dos clientes foram substituídas por
toalhas negras.
.Os
banhos Continental perderam muita da sua clientela gay em 1974. A razão para o
declínio foi, como um gay nova iorquino disse: "Acabámos por nos fartar
desses shows tontos e exagerados. Todos esses heterossexuais na nossa sauna
faziam-nos sentir como se fôssemos parte da decoração e que estávamos lá em exposição,
para os divertir."
No final de 1974, o número de
clientes era tão baixo que Steve Ostrow decidiu fechar o salão de cabaré.
Concentrou-se, em vez disso, em ressuscitar o negócio que estava na origem da
sauna. Chegou a fazer publicidade na WBLS, mas sem sucesso. Finalmente, Ostrow
teve que fechar os Continental Barhs de vez. As instalações, contudo, foram
reabertos em 1977 como um clube detroca de casaisheterossexual, chamado Plato's Retreat, que se mudou para a
W. 34th St. em 1980 e foi encerrado por ordem da câmara de Nova Iorque, no auge
da epidemia da Sida.
A Continental foi um fenómeno que
saiu de um mundo pré Sida e que provavelmente nunca iremos experimentar de
novo. Mais do que ser apenas uma sauna e uma “vitrine”, os Banhos eram um lugar
onde as pessoas saíram dos seus armários e se descobriram quem eram. Foi o
primeiro estabelecimento gay para tratar os homossexuais como iguais e não
explorá-los e foi fundamental para rescindir as leis contra a homossexualidade.
Depois do fecho da Continental
Baths, Steve Ostrow foi viver para a Austrália, para Sidney, em 1987 onde
finalmente realizou o seu sonho de ser cantor lírico, tendo tido uma carreira
de sucesso, cantando ópera com as principais companhias de ópera de todo o mundo,
incluindo a New York City Ópera, a San Francisco Ópera, a Ópera de Stuttgart, a
Lyric Ópera de Queensland e a Ópera australiana.
Fundou em 1991 uma organização de
reconhecido mérito. O MAG - Mature
Age Gay Men’s Group.
Só
por uma questão de curiosidade, em 1975 o realizador David Buckley realizou um
filme sobre este local e denominado “Saturday Night at the Baths”.
Pela primeira vez, neste blog, o aviso inicial é
perfeitamente justificado, já que mostro aqui um filme pornográfico. È um filme
pornográfico não convencional, com actores porno, mas protagonizado por dois
homens comuns que chegam ao sexo entre eles de uma forma normal.
Não considero chocante este filme, pese embora aceite que
para determinadas pessoas menos habituadas a estas situações, o mesmo as possa
incomodar, pelo que desde já lhes peço para se absterem de o visionar.
É escusado dizer que esta postagem é uma excepção e não uma
regra neste blog que sempre foi liberal em todos os aspectos e assim o
continuará a ser.
Dois bons amigos, conversam, brincando sobre uma situação que os vai levar a ter sexo pela primeira vez um com o outro.
É uma situação já vivida por muitos homens gays (e até por alguns que não se aceitam como tal) e não tão descomplexada como estes dois amigos preferiam que fosse.
As coisas tornam-se um pouco excitantes a partir dos 4,00 minutos; há sexo oral, penetração e outras variações. Sente-se que é sexo autêntico, intenso.
Neste post final, quero deixar aqui, em primeiro lugar, uma referência a vários blogs, dos quais me servi, mais frequentemente, embora haja outras fontes mais avuisas que fui encontrando na net.
Mais uma vez repito que este roteiro não pretende, nem é de todo, completo, como poderão constatar aqui, nesta fabulosa listagem, que o blog "Restos de Colecção" nos proporciona.
Não fiz referência aos cinemas mais antigos e apenas referi àqueles que de uma forma original ou transformados, eu conheci.
Estes são os blogs mais usados e todos eles merecem a vossa demorada visita: Citizen Grave, Cinema aos Copos, Restos de Colecção, Cinemas do Paraíso, O Rato Cinéfilo.
Finalmente e sabendo que possa haver algumas imagens repetidas, não fui capaz de rejeitar nenhum destes vídeos que encontrei no You Tube
Obrigado a toda a gente que passou por este blog durante esta "odisseia", pelos vossos comentários e opiniões.
Jorgede Sena(Lisboa, 2 de Novembro de 1919— Santa
Bárbara, Califórnia, 4 de Junho de
1978) foipoeta,
crítico, ensaísta, ficcionista, dramaturgo, tradutor e professor universitárioportuguês.
Filho único de Augusto Raposo de
Sena, natural dePonta Delgadae comandante da marinha mercante, e de
Maria da Luz Teles Grilo de Sena, natural daCovilhãe dona-de-casa. Ambas as famílias eram
da alta burguesia, a paterna de suposta linhagem aristocrática de militares e
altos funcionários, e a materna de comerciantes ricos doPorto. Segundo relata no seu conto Homenagem
ao Papagaio Verde, teve uma infância recolhida, solitária e infeliz, o que
fez com se tornasse introspectivo, observador e imaginativo.
Fez a
instrução primária e os primeiros anos do liceu no Colégio Vasco da Gama.
Concluiu os estudos secundários no Liceu Camões, onde foi aluno deRómulo de Carvalho. Era um jovem que
lia avidamente, tocava piano e escrevia poemas. Na Faculdade de Ciências de
Lisboa, fez os exames preparatórios com as notas mais elevadas.
Sena nutria a
ideia algo romântica de se tornar oficial damarinha, seguindo as
pisadas do pai. Em 1938, aos 17 anos, entrou para aEscola Navalcomo 1º do seu
curso. A 2 de Outubro de 1937, iniciou a sua viagem de instrução a bordo donavio escola Sagres. Visitou os portos de S. Vicente, Santos, Lobito,Luanda, S. Tomé e
Dakar, chegando aLisboa no final de
Fevereiro de 1938. O
contacto com a imensidão do oceano, a azáfama da vida a bordo e o movimento e
mudança constantes agradaram ao jovem Sena, mas nem tudo correu bem. Segundo o
relato de um antigo camarada de curso, naquele ano a viagem de instrução foi
excepcional e particularmente dura e exigente em termos de preparação e
destreza física, copiando o modelo da marinha alemã. Na parte teórica do curso
Sena era brilhante, mas em termos atléticos era medíocre e apesar dos muitos
esforços que fez não conseguiu satisfazer as elevadas expectativas do
comandante do curso, que parecia nutrir um ódio de estimação pelo cadete
contemplativo e intelectual. No final da viagem, foi comunicado a Sena que iria
ser proposta a sua exclusão da Marinha por lhe faltarem as "necessárias qualidades"
para oficial. Sena ficou profundamente frustrado e desgostoso com esta rejeição
e o seu afastamento definitivo de um modo de vida que tanto almejava.
Apesar da sua inclinação natural
para a literatura, o sobredotado Sena decidiu frequentar o curso deEngenharia Civil, iniciando-o em
Lisboa e concluindo-o no Porto, em 1944, com a ajuda financeira dos seus amigosRuy CinattieJosé
Blanc de Portugal. O curso pouco o entusiasmou, mas durante todo esse tempo
escreveu bastantes poemas, artigos, ensaios e cartas. Desde os 16 anos que
escrevia e em1940, sob o
pseudónimo de Teles de Abreu, publicou os seus primeiros poemas na revistaCadernos de Poesia, dirigida
por Cinatti, Blanc de Portugal eTomás
Kim. Em1942, publica o seu
primeiro livro de poemas,Perseguição,
que não impressiona muito o seu amigo e críticoJoão Gaspar Simõese Adolfo Casais Monteiroconsidera-o um livro revelador mas
difícil.
Em1947, Sena inicia a sua carreira de
engenheiro, que durou 14 anos. Trabalhou como engenheiro civil naCâmara Municipal de Lisboa, na
Direcção-Geral dos Serviços de Urbanização e na Junta Autónoma das Estradas
(JAE), onde permanecerá até ao seu exílio para o Brasil em 1959.
Em1940, no Porto, Jorge de Sena conhece
e torna-se amigo de Maria Mécia de Freitas Lopes (irmã do crítico e historiador
literárioÓscar Lopes), começando
a namorar em1944 e casando-se em1949. Jorge de Sena eMécia de Senativeram nove filhos. Mecia, sua
incansável companheira e enérgica colaboradora, apoiando o escritor nas
inúmeras crises que lhe surgiram ao longo de uma vida por vezes atribulada.
Trabalhava
incansavelmente, para sustentar a crescente família. Além do seu absorvente trabalho
diurno na JAE (que lhe possibilitou viajar e conhecer o Portugal profundo),
Sena também se dedicava à direcção literária em editoras, à tradução e revisão
de textos, ocupações que lhe roubavam precioso tempo para a investigação
literária e a para a sua obra. A banalidade e a pequenez do quotidiano no
Portugal deSalazardas décadas de 1940 e 1950
atormentam-no, bem assim como a mediocridade, a mesquinhez e a intriga dos
meios literários, a opressão política, a censura literária, resultando num
ambiente de trabalho sufocante e absolutamente frustrante, mas que não deixam
de o inspirar para o poemaÉ
tarde, muito tarde na noite…
Durante
esses anos publica várias obras:O
Dogma da Trindade Poética – Rimbaud(1942),Coroa da Terra,poesia (1946),Páginas de Doutrina Estética de
Fernando Pessoa(organização), 1946,Florbela
Espanca(1947),Pedra Filosofalpoesia (1950),A Poesia de Camões(1951), etc.
A sua situação como escritor e
cidadão estava a tornar-se insustentável. Como escritor, não tinha tempo livre
para escrever, apenas o podia fazer de modo insuficiente e limitado à noite e
aos domingos. Também o facto de não pertencer a nenhum círculo académico e a
falta de apoio institucional lhe frustrava qualquer pretensão de poder vir a
editar alguma obra mais ambiciosa. Por outro lado, a sua participação numa
tentativa revolucionária abortada em12
de Marçode1959, colocou-o em posição de prisão
iminente, no caso muito provável de algum dos conspiradores presos pelaPIDEdenunciar
os que ainda se encontravam livres.
Em Agosto
de1959, viajou até aoBrasil, convidado pela Universidade daBahiae pelo Governo Brasileiro a participar
no IV Colóquio Internacional de Estudos Luso-Brasileiros. Tendo sido convidado
como catedrático contratado de Teoria da Literatura, em Assis, noEstado de S. Paulo, aproveitou essa
oportunidade e aceitou o lugar, iniciando assim o seu longoexílio. Ele faz amizade com o poetaJaime Montestrela, que dedicou o seu
livroCidade de lama. Por
motivos profissionais teve de adoptar a cidadania brasileira.
Não foi
contudo um exílio libertador. Sentia saudades da pátria, apesar do rancor
perene que nutria pela pequenez, mesquinhez e falta de reconhecimento nacionais
que o atormentariam até ao final da vida.
Em1961, Jorge de Sena foi ensinar
Literatura Portuguesa na Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras deAraraquara. Em1964, depois de vencer alguns
preconceitos académicos pelo facto de ser licenciado em Engenharia, Jorge de
Sena defendeu a sua tese de doutoramento em Letras (Os Sonetos de Camões e o
Soneto Quinhentista Peninsular), tendo obtido os títulos académicos "com
distinção e louvor".
O período
de seis anos que passou no Brasil foi muito produtivo. Finalmente, tinha toda a
disponibilidade para se dedicar à sua obra com a devida profundidade e
profissionalismo. Poesia, teatro, ficção, ensaísmo e investigação. Parte do
romanceSinais de Fogoe a totalidade dos contosNovas Andanças do Demónioforam escritos neste período.
A degradação da situação política
no Brasil, com a instalação de umaditadura
militara partir de Março de1964, fez com que Jorge de Sena, mais
do que nunca avesso a prepotências, aceitasse um convite para ensinar Literatura
de Língua Portuguesa naUniversidade
de Wisconsin, para partir para osEstados
Unidosem Outubro de1965. Em1967 foi nomeado catedrático do
Departamento de Espanhol e Português da referida universidade.
De1970até1978foi
catedrático efectivo de Literatura Comparada naUniversidade da Califórnia, emSanta Barbara. Apesar da satisfação de
ensinar e da amizade que os alunos lhe dedicavam, Sena não foi feliz.
Queixava-se da "medonha solidão intelectual da América" onde não
havia "convívio intelectual algum" e da esterilidade e espírito burguês
do meio académico, que não se interessava pela sua obra.
Quando se
deu o25 de AbrilJorge de Sena ficou entusiasmado e
queria regressar definitivamente a Portugal, ansioso de dar a sua colaboração
para a construção da democracia. Sena visitou Portugal, contudo, nenhuma
universidade ou instituição cultural portuguesa se dignou convidar o escritor
para qualquer cargo que fosse, facto que muito o desiludiu e amargurou,
decidindo continuar a viver nos Estados Unidos, onde tinha a sua carreira
estabelecida.
Jorge de
Sena morreu em4 de Junhode1978,
aos 58 anos, decancro. Em11 de Setembrode2009,
os seus restos mortais foram trasladados de Santa Barbara, Califórnia, para ocemitério do PrazeresemLisboa,
depois de uma cerimónia de homenagem naBasílica
da Estrela, com a presença de familiares, amigos e entidades oficiais.
Foi um dos mais influentes
intelectuais portugueses do século XX, com vasta obra deficção,drama,ensaioepoesia,
além de importante epistolografia com figuras tutelares da literatura
portuguesa e brasileira. A sua obra de ficção mais famosa é oromanceautobiográficoSinais de Fogo, adaptado ao
cinema em1995porLuís
Filipe Rocha. Grande parte da sua obra foi publicada postumamente pelos
cuidados da viúva,Mécia de Sena.
Acabei de ler à dias o romance “Sinais
de Fogo” de Jorge de Sena, do qual já tinha lido com muito agrado uma
colectânea de contos sob o título “Os Grão Capitães”.
Este romance, em que a personagem
principal, Jorge, tem muito de autobiográfico, passa-se na sua maior parte na
Figueira da Doz, uma praia onde passei grande parte dos Verões da minha
infância e da minha juventude; e se bem que a época seja diferente (finais dos
anos 30 do século passado), não diferiria muito da Figueira dos anos 50/60 que
eu conheci.
È um livro nem sempre fácil,
devido às muitas considerações filosóficas que o autor vai entremeando com o
decorrer da acção, mas com um elevado valor intelectual, podendo sem qualquer
dúvida considerar-se talvez o mais importante ou pelos menos dos mais
importantes marcos da literatura portuguesa da segunda metade do século XX.
Com uma inesperada e nada contida narração
sexual, tem, ouso dizê-lo, das mais ousadas narrativas sexuais jamais escritas
em português, desde o mundo da prostituição, ao amor heterossexual puro (?), ás
orgias, ao sexo homossexual, enfim, para todos os gostos, mas nunca gratuito ou
deslocado.
No meio de toda a acção está a
Guerra Civil Espanhola, a confirmação da ditadura portuguesa, a ascensão do
nazismo e todos os fenómenos daí advindos na formação humana e política do
Jorge.
O livro pode considerar-se
inacabado, pois haveria várias hipótese finais que nunca chegaram a ver a luz
do dia; apesar de tudo é um longo romance, com cerca de 600 páginas.
Deste
romance foi realizado um filme, por Luís Filipe Rocha, em 1995 tendo Diogo
Infante como protagonista, cujo trailer aqui deixo.
E também deixo o primeiro vídeo de uma magnífica série de cinco episódios, apresentados na RTP 2, sob o título genérico de Grandes Livros, e que merece ser visto na íntegra (está no You Tube). Curiosamente as cenas do filme aqui apresentadas não são do filme do LFRocha.
Um livro memorável que merece a atenção de quem se interessa por ler, mas também por quem se interessa por um período tão interessante da nossa História recente.
Este post pretende homenagear os grandes nomes da dança feminina, no cinema e refiro-me como é óbvio a nomes clássicos, já que no cinema mais moderno, muitos outros nomes poderíamos acrescentar.
E nem sequer estou a pretender que estes serão os nomes mais importantes, pois outros haveria que aqui não estão, como Betty Grable ou Cyd Charrisse por exemplo; e poderíamos mesmo contestar a inclusão de Carmen Miranda, essencialmente uma cantora, ou mesmo de Rita Hayworth, acima de tudo,uma actriz.
São de qualquer forma cinco excelentes vídeos, onde além das já citadas Carmen Miranda e Rita Hayworth, podemos encontrar as realmente fabulosas bailarinas que foram Eleonor Parker (aqui acompanhada pelo genial Fred Astaire), Ann Miller e principalmente Ginger Rogers.
Saborear estas preciosidades é bom em tempo de calor e de crise.
Qualquer dia virão os homens...
Assassinatos homossexuais e necrofilia podem não ser os
assuntos mais apropriados para uma coreografia, mas em Dead Dreams of Monochrome
Men (1990), a companhia de dança DV8* produziu um trabalho poderoso em que
explora estes aterradores aspectos da psique humana.
O ponto de partida é um importante estudo de Brian Master
sobre o serial killer Dennis Nilsen “Killing for Company”, embora não seja uma
adaptação rígida desse estudo.
Esta peça encontrou uma linguagem de movimentos que explora
e expõe uma sequência de estados emocionais…
Como se pode adivinhar é um vídeo forte, carregado de
homo-erotismo, mas nunca pornográfico, e que embora longo, não posso deixar de
recomendar vivamente a sua visão (a cópia, não sendo actual, não será a ideal,
mas a maior parte dos seus vídeos não estão disponíveis).
*Companhia criada em 1985, a DV8 é reconhecida pela sua
postura simultaneamente radical e acessível, e questiona a estética e os temas
tradicionais da dança, apostando na clareza para transmitir ideias e sentimentos.
É uma companhia de Teatro Físico, do País de
Gales, dirigida por Lloyd Newson, que concebe e desenvolve todos os
espectáculos da companhia, e para cada projecto
recruta uma equipa de actores/bailarinos.
O resultado é poesia virtual e
auditiva.
Produziu ao longo destes anos, 15 espectáculos que foram aclamados
pelo público e têm sido apresentados em vários países, e também cinco filmes premiados, para televisão, entre
os quais este que aqui foi apresentado.
Quem estiver interessado pode consultar o site da companhia
DV8 aqui.
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Porém, sempre que a legislação o implique, ou seja devidamente informado, de imediato promoverei as correcções necessárias.