segunda-feira, 18 de maio de 2009

Passado e presente 13: "Amigos 3"


Tu foste o primeiro "amigo"…

A ti devo a descoberta de sentimentos até então apenas sonhados.

Deste-me muito de ti e do teu mundo.

E um dia,  enviaste-me um enxerto de um poema de Eugénio de Andrade,  lembras-te,  Miguel?

Foi um soco,  belo como só um poema de Andrade pode ser,  e forte,  pelo que então significou para ti e para mim.

Hoje,  estás perto,  como sempre estarás,  mas estás algo longe ao mesmo tempo,  devido à Vida...

Porque nunca o vou esquecer e porque o belo se deve sempre compartilhar,  relembro-te esse excerto.

 

"...Já gastámos as palavras.

Quando agora digo:  meu amor...

Já se não passa absolutamente nada.

E no entanto,  antes das palavras gastas,  tenho a certeza

de que todas as coisas estremeciam

só de murmurar o teu nome

no silêncio do meu coração.

Não tenho já nada para dar.

Dentro de ti

não há nada que me peça água.

O passado é inútil como um trapo.

E já te disse:  as palavras estão gastas.

Adeus.

 

(Post publicado na parte “apagada” deste meu blog em 29 de Novembro de 2006.

Apenas a foto é diferente, pois em certos posts, foi impossível recuperar fotos ou vídeos)

48 comentários:

  1. muito bem recuperado, Pinguim!
    uma entrada e homenagem ao 'amigo' belíssimas! faz todo o sentido!

    este poema é dos mais belos do EAndrade e o belo deve ser sempre compartilhado para que outros possam dele usufruir!


    abraço

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  2. Paulo
    eu tive 257 entradas na parte apagada do blog; claro que não vou publicá-las todas e por várias razões: algumas estão demasiadas datadas, outras são aquelas entradas que pomos por vezes, porque não temos assunto, outras acho-as hoje algo inúteis e finalmente aquelas que tinham vídeos, estes perderam-se mesmo.
    Por outro lado, muitos dos posts perderam as fotos e nestes, como é o caso deste, arranjo fotos alternativas.
    Desta série que iniciei e que intitulei "Amigos", não publiquei os dois primeiros, mas publiquei este que acho importante...
    E assim vai sendo a republicação dos excertos mais marcantes dessa parte do blog, da qual poucos se devem recordar (talvez o Lampejo e o Tong...), embora pelos comentários que havia, nesta parte inicial do blog (Novembro de 2006) nem eles ainda conheciam o "Whynotnow"...
    Estou a utilizar este espaço para dar uma explicação desta série "Passado e presente".
    Abraço amigo.

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  3. Olá, obrigado pelo comentário, é mesmo uma obra com muito significado para mim. boa semana, abraço.

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  4. Olá Bruno
    não me agradeças; se comento e o faço positivamente é porque me agrada.
    Boa semana para ti também.
    Abraço.

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  5. Acho que apesar de triste foi das mais belas formas de dizer adeus que já vi. A foto aplica-se à história mas torna-se forte demais para a singularidade do excerto, devias ter posto uma "murraça" mais soft, eh eh eh eh (lol)!
    Abraço!

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  6. Pinguim, obrigada: Eugénio sempre, sempre, sempre!

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  7. sempre que leio este poema, mesmo que seja só um excerto, vêem-me as lágrimas aos olhos ...e é o que me está a acontecer agora, eis que venho pa aqui, todo lampeiro ver as novas e PIMBAS!! isto não se faz...:-) é dos textos mais lindos, mais intensos...amo...

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  8. Caro Amigo Pinguim
    Eugénio de Andrade é único.
    É dos meus favoritos. E este poema é lindíssimo, quase me faz chorar como diz o Emanuel, pois faz-me reviver coisas antigas...
    Um abração

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  9. Lindo, LINDO!

    Como dizia lá no meu Blog em resposta ao cometário do Lampejo, penso, existe uma certa Beleza na tristeza, na dôr, na melancolia, na nostalgia... quando é por AMOR.
    Parece contraditório, mas não é...

    Beijo

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  10. Félix
    podes crer que, apesar da beleza do poema, o "soco" foi ainda mais violento do que a foto mostra. Mas é assim que se vai aprendendo e depois os poucos relacionamentos havidos, vieram a ganhar com isso...
    Abraço grande.

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  11. Justine
    Eugénio sempre, dou-te toda a razão e nunca me canso dele; mas ser "despedido" através dele, apesar do belo das palavras, é doloroso...
    Costumo dizer que para pôr fim a uma relação é preciso acima de tudo, dignidade; e nessa dignidade está incluída uma condição básica: olhos nos olhos!!!
    Beijinho.

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  12. Emanuel
    o problema é que eu também "amava"...
    Abração.

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  13. Carlos
    como imaginarás, este poema ficou para sempre gravado na minha memória; há muito leio e releio Eugénio de Andrade, mas apenas conheço de cor este poema.
    Abraço grande.

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  14. Percebo-te perfeitamente, Natacha; e isso está implícito no que escrevo antes da transcrição e nos comentários que aqui tenho deixado.
    Beijinhos.

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  15. Bom que forte texto, lindo e ao mesmo tempo muito tão triste...

    Esse texto traduz uma amizade que se perdeu? Um amor que foi transformado em amizade? ou pode ser as duas coisas?

    Abraço
    Miguel BA

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  16. Muito bonito. E a tal evolucao do amor de que falamos.
    um abraco

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  17. Miguel
    não exactamente qualquer delas, mas sim uma variação da segunda hipótese: foi um amor que "acabou" por se transformar numa Amizade, não por vontade própria, pelo que alguém saíu bastante ferido - eu!!!
    Mas a Amizade e o tempo sarou totalmente esse amor cortado de uma forma tão triste, apesar de bela...
    Abraço.

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  18. Caro Músico
    é evidente que foi uma evolução, mas não foi totalmente pacífica, já que foi unilateral, imposta portanto...mas não deixou, a médio prazo, de ser uma evolução.
    Abraço amigo.

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  19. Textos tão belos devem realmente ser 'repostados'.
    Bela recuperação!
    Continue fazendo isso.
    Bjos

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  20. Amigo Autor
    sim, continuarei, pois na altura o blog estava no início e os leitores de agora são por assim dizer todos diferentes, além de poder reintegrar algumas entradas importantes de onde elas são originais: do próprio blog.
    Forte abraço.

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  21. Que bela homenagem! Gostaria meu primeiro amigo tivesse sido mais assim - e esperei anos para que aparecesse alguém! No fim, peguei o primeiro que deu bola porque não aguentava mais! :-) E onde está seu amigo agora? Continua amigo (fraterno)?

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  22. Já senti o poema nos "dois lados da barricada", mas só quando fui alvo dele é que a destruição provocada arrancou pedaços de mim, de uma forma quase telúrica, como os destinos fiados pelas Parcas (irrecuperáveis, mais que as entradas que desgraçadamente perdeste!), e foi bem pior que a imagem apresentada (pensando em retrospectiva, teria preferido que me acontecesse o que está na foto, porque não sou masoquista, bem ... sobretudo porque não sou masoquista!).
    Creio que o facto me roubou a capacidade de algum dia senti-lo outra vez!
    Se me deixou algo? Deixou ... um grande vazio ... que continua por preencher (talvez seja por bem).
    Abraço e obrigado por nos trazeres Eugénio de Andrade

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  23. Amigo Pinguim

    Na verdade, nada é mais triste do que constatar que sentimentos que julgávamos intensos, avassaladores, imensos, afinal não passavam de algo passageiro e comum que se pode pôr de lado. Inúteis como trapos!
    Nada mais cruel do que amar alguém que olha para os nossos sentimentos com desconforto e incómodo.
    Que o “amor seja infinito enquanto dure” é algo que se aprende com a vida, com as suas desilusões, com as suas dores. As dores do nosso crescimento!
    Este poema de Eugénio de Andrade é um dos mais belos poemas de desencanto que eu conheço.
    Sempre que o releio (ou ouço pela Simone de Oliveira ou pelo Mário Viegas) não deixo de me arrepiar, pois ele é tão belo quanto amargo e duro.
    Ele é, para além de pura poesia, uma bela lição de vida. Todos sofremos e todos acabamos por sofrer de forma muito idêntica. E às vezes… muitas vezes, ainda que conheçamos bem essa lição, de cor e salteado!

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  24. Edu
    mantive com esse Amigo uma amizade intensa., desde que o tempo me permitiu esquecer a dor; foi há muito tempo e a nossa Amizade mais se solidificou quando ele esteve numa luta feroz contra a morte, que logrou vencer.
    Mas, foi-se deixando sucumbir pela noite, pelo sexo e principalmente pelo álcool; hoje, mete pena e quase não consigo falar com ele, pois está alcoolizado de manhã à noite; ainda é mais triste e duro do que o soco do poema, que ao menos era belíssimo...
    Abraços.

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  25. Manel
    tive até agora três grandes relações: esta que foi a primeira e que acabou como relato (foi duríssimo...); uma segunda que ainda se "mantem" hoje, ao fim de quase 23 anos, pois continuamos a compartilhar tudo menos a afectividade amorosa e sexual, pois evoluímos naturalmente ao longo dos anos de amantes a um amor fraterno, tendo cada um, hoje, o seu companheiro; e o Déjan, meu Amor derradeiro e que penso eterno, que dura há quase 4 anos de intensa e difícil felicidade, devido à distância que nos separa.
    Pelo meio houve outras "afectividades", algumas com mais entrega, outras durando meses, mas não Relacionamentos que superassem a prova suprema e que é a passagem da paixão ao Amor total.
    Dessas, houve cortes, de parte a parte, mas não dolorosos por não haver laços demasiado fortes; mas houve sempre dignidade em saber dizer a palavra difícil: ADEUS!
    Abraço grande.

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  26. Amigo Com senso
    neste caso e não quero ser presunçoso, acho que não se tratou de sentimentos passageiros, mas sim de alguma imaturidade que alguém soube aproveitar para exigir um fim; por outras palavras, fui trocado...e o que mais me fere, é que isso aconteceu sem nada o fazer esperar, súbitamente!
    Claro que foi uma excelente lição de vida e que me foi muito proveitosa nos relacionamentos seguintes.
    Abraço amigo.

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  27. este poema de Eugénio de Andrade é sempre um Soco para mim...é muito dificil não me emocionar com este belo texto poético, mas cruel, de certa forma...mas a existir crueldade que ela seja expressa desta forma...

    um abraço

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  28. Será que alguém nesta vida um dia possa dizer que gastou todas as palavras? Não creio...

    Abraço,
    Carlos

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  29. Pinguim,
    Já está tudo dito, mas: lindo.

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  30. Belo, forte, intenso e tocante. Como as relações que temos com aqueles que mais amamos devem ser. Abraço

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  31. Um poema muito bonito. Deu-me um arrepio forte e feio na espinha...
    A vida tem os seus desvios e injustiças, só há pouco tempo começei a ter consciência disso.
    Abraço grande

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  32. Pinguim
    Há coisas estranhas...
    hoje nadei com este poea às voltas; até pensei em publicá-lo
    Já não é preciso.
    obrigada
    Bjs

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  33. A beleza deste poema é que há uma altura da nossa vida em que ele nos atravessa na sua verdade avassaladora. Tudo é para sempre, enquanto dura.
    Eugénio de Andrade é uma excelente escolha!

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  34. Luís
    compreendo-te; é como que uma situação em que o belo, de alguma forma, impede que a crueza do poema seja ainda mais evidente.
    Como é possível retratar tão bem, com cuidadas palavras, situações tão tristes e graves, como "o passado é inútil como um trapo..."???
    Abraço grande.

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  35. Carlos
    penso que é impossível, pois as palavras podem ser difíceis de pronunciar, mas jamais serão limitadas; só o medo as fecha e as guarda...
    Abraço muito amigo.

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  36. Querida Popelina
    sim, tudo já está dito, falta o mais importante: a hombridade de enfrentar o outro "olhos nos olhos"!
    Beijinhos.

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  37. Caro X
    de uma forma ou de outra já todos fomos passando por situações idênticas; faz parte da vida e acima de tudo, o que importa é a Vida!!!
    Abração.

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  38. A..a
    a tua pureza, mais que ingenuidade cativa-me tanto...
    Como é bom ir assistindo um ser progressivamente a tomar conhecimento das realidades da vida; estás, dia a dia a tornar-te adulto na verdadeira acepção da palavra, no bom e no menos bom; daí teres que te armar de uma forte carapaça que te proteja, porque a vida não nos dá só coisas boas; o segredo é aproveitar ao máximo as boas e tentar sacar algo de positivo (mesmo mínimo) das más...
    Abração e continua como me pareces ser: alguém que vai devagar, atento, mas seguro - é isso mesmo!!!

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  39. Querida Violeta
    há dias assim, não serão coincidências...mas sim acasos, do destino...
    Beijos.

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  40. BatRitinha
    que bom ver-te por aqui...
    Dizes bem: "tudo é para sempre enquanto dura"; daí o tornar-se imperioso, para sermos felizes, vivermos intensamente o presente, pois o futuro que sempre quisemos, pode transformar-se num momento, num passado que sempre rejeitámos...
    Beijinho e volta sempre que queiras...

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  41. O poema é lindo. Ainda mais quando é portador de sentimentos e vivências pessoais.

    Abraço!

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  42. Esse é simplesmente o meu poema favorito do Eugénio de Andrade...

    beijinho e obrigada por o relembrares...

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  43. Caro Sócrates
    é o exemplo máximo de como algo belo, objectivamente, se pode transformar numa dor insuportável, pessoalmente, num dado momento...
    Abraço grande.

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  44. Carpe Diem
    este é dos tais poemas, que pelo modo como me foi transmitido, jamais posso esquecer e portanto não necessito de o relembrar; mas fico feliz que o relembrem vocês através da partilha.
    Beijinho.

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  45. Este poema é belo e por vezes alguns poemas com tudo o que trazem agarrados a si...pelo momento, pela carga emocional que trazem consigo ficam para sempre gravados em nós( sejam bons ou maus!!!)
    Obras das mais belas ficam associadas a dor para sempre ou obras más e pobres podem ficar associadas a lindo e optimos momentos!!!

    Um beijo e obrigada pela partilha!!!

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  46. Olá Free Soul
    é como dizes; e é necessário saber distinguir o belo do uso que dele se faz...
    A partilha quer do belo, quer do pessoal, é um apanágio deste meu sítio, embora naturalmente abranja outros aspectos da vida, e alguns deles que pouco de belo têm...
    Beijinho.

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  47. Eu tinha escrito um comentário que não apareceu...
    Será que não o publicaste?????
    Ai, k eu faço aqui um p+e de vento!!!!
    lolololol

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  48. Tong
    de ti, publico todos os comentários, mesmo se me chamares "maricas" (livra-te!).
    Será que o validaste?
    Abração.

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Evita ser anónimo, para poderes ser "alguém"!!!