Aos 42 anos, Antoine é um publicitário de sucesso, casado com Cécile, de quem tem dois filhos, vive numa bela casa e tem tudo para ser feliz.
Mas, num fim-de-semana como outro qualquer, Antoine sente que nada faz sentido e inicia um processo de autodestruição, arrasando com tudo o que tinha construído até aí: desde a sua vida profissional até cada uma das suas relações afectivas. Para surpresa de todos, durante um jantar na sua casa de campo, mostra-se rude e intransigente, insultando cada um dos presentes. Acaba por expulsá-los e, depois de uma terrível e definitiva conversa com a mulher, abandona a sua casa e tudo o que ela significa.
Em apenas dois dias, Antoine, um homem comum, destrói todas as bases da sua vida. Será esta apenas uma crise de meia-idade?
Este é o tema de um belíssimo filme de Jean Becker,” Dois dias para esquecer”, muito bem interpretado por um excelente Albert Dupontel e que de algum modo estabelece pontos de contacto com o filme de François Ozon “Le Temps qui reste”.
Faz-nos pensar e de que maneira, na precarieridade da vida e também nas difíceis opções que por vezes se verificam num relacionamento baseado no amor.
No final, comovente, ouvimos esta belíssima canção na voz magnífica de Serge Reggiani, precisamente com o mesmo nome do filme de Ozon: “le Temps qui reste”.
Quanto tempo ...
Por quanto tempo mais
Anos, dias, horas, como?
Quando penso nisso, o meu coração bate tão forte ...
O meu país é a vida.
Quanto tempo ...
Quantos
Eu o amo tanto o tempo que resta ...
Quero rir, correr, falar, chorar,
E ver, e acreditar
E beber, dançar,
Gritar, comer, nadar, saltar, desobedecer
Eu não terminei, eu não terminei
Voar, cantar, ir, deixar
O sofrimento, o amor
Eu amo tanto o tempo que resta
Eu não sei onde eu nasci, ou quando
Eu sei que não há muito tempo ...
E que o meu país é a vida
Também sei que meu pai dizia:
O tempo é como o pão ...
Guarda-o para amanhã ...
Eu ainda tenho pão
Eu ainda tenho tempo, mas quanto?
Eu quero jogar ainda ...
Eu quero rir montanhas de riso
Eu quero chorar inundações de lágrimas,
Eu quero beber barcos carregados de vinho
De Bordeaux e da Itália
E chorar, dançar, voar, nadar em todos os oceanos
Eu não terminei, eu não terminei
Eu quero cantar
Eu quero falar até ao fim da minha voz ...
Eu amo tanto o tempo que resta ...
Quanto tempo ...
Por quanto tempo mais?
Anos, dias, horas, quantos?
Quero histórias, viagens ...
Eu tenho tanta gente para ver, tantas fotos ..
Crianças, mulheres, homens grandes
Pequenos homens, engraçados, tristes,
Alguns muito inteligentes e outros idiotas,
É engraçado, os idiotas, isso acalma,
É como a folha no meio das rosas ...
Quanto tempo ...
Por quanto tempo mais?
Anos, dias, horas, quantos?
Eu não ligo meu amor ...
Quando a música parar, eu vou dançar ainda ...
Quando os aviões não voarem mais, eu vou voar sozinho ...
Quando o tempo parar ..
Eu ainda te amarei
Eu não sei onde, não sei como ...
Mas ainda te amarei ...
Concordas?
Tenho que procurar esse!
ResponderEliminarAssustaste-me com o titulo desgraçado! ;)
Félix
ResponderEliminaré um filme lindo, lindo, e muito forte.
O amor por vezes é tão estranho...
A tradução do poema é minha, livre, portanto.
Abraço grande.
A música Fabulosa!!!
ResponderEliminarAbraço
Realmente! com esse titulo ainda pensei algo grave...
ResponderEliminarjá estou "arranjar" os dois filmes para ver...
Já agora um excelente filme que vi ontem "remeber me".
Um abraço!
assustei-me com o título:-)
ResponderEliminaro argumento parece ser extremamente interessante...vou procura-lo.
abração
Nossa... e esta destruicao toda em dois dias... é proposital (como se ele quizesse ferir-se) ou nao? Quero ver este filme...
ResponderEliminarHá quem faça mais em dois dias, ou menos, ou quem o faça...
ResponderEliminarA natureza humana...
Abraço-te
Engraçado o nome do filme. Ontem apanhei um susto e percebi que o tempo que resta pode ser pouco ou nenhum ou de inferior qualidade.
ResponderEliminarDecidi dedicar-me mais à vida e menos aos afazeres...
Bom fim de semana
Adorei o blog!
ResponderEliminarEstarei a seguir e sempre acompanhar suas postagens. Espero que acompanhe as minhas postagens também.
Beijos e um grande abraço!!
Dani.
O filme deve ser muito intenso e fez-me pensar que muitas vezes se está à beira da ruptura e que há momentos em que nada parece fazer sentido para os outros mas, para os próprios, é absolutamente necessário um corte radical com tudo o que os cerca! E é ou isso, ou o suicídio.
ResponderEliminarDepois este belíssimo poema de dúvidas em que a única certeza parece ser o amor.
Tenho que ver o filme e o poema não o conhecia!
Muito bom!
P.
ResponderEliminara música francesa em geral, e a de Serge Reggiani, sempre me encantou.
A tradução não será a melhor, pois eu não sou tradutor, mas preferi publicar o poema em português, pois infelizmente, muita gente hoje, não domina o francês.
Olá Nuno
ResponderEliminare é realmente um assunto muito grave, mas só nos apercebemos disso, da razão daqueles dois dias...para esquecer, quase no fim.
Já no "Le Temps qui reste" o tema era posto logo de início.
Vê os dois filmes se puderes, pois ambos mostram reacções diferentes a um mesmo assunto.
Abraço amigo.
Ima
ResponderEliminaro título parece ser quase de um filme de terror, pelas vossas reacções, eheheheh...
Mas realmente o título original é "Deux jours a tuer" que talvez seja menos assustador (ou mais...), mas é muito mais realista.
Vê o filme e depois dá-me a tua opinião.
Abraço amigo.
Ricardo
ResponderEliminarnão é feito de propósito; apenas chegou a um ponto de "non retour" e resolveu dizer a si mesmo e aos outros "Basta!", pois não aceita que a palavra piedade entre no seu dicionário.
E isso pode ser considerado um acto de amor!!!!
Como se vê no final.
Beijo.
Abraço-te
ResponderEliminaré um ajuste de contas com a vida, em dois dias...
Não é um descalabro, é uma consequência de um facto e a forma como ele é encarado.
Abraço amigo.
Violeta
ResponderEliminarhá pessoas públicas que estiveram na mesma situação que referes e que o retrataram publicamente, como por exemplo José Cardoso Pires fez com mestria.
E há quem reaja de outra forma, que corte com todas as pessoas da sua vida e vá ter com a pessoa que escolheu para o acolher num momento terminal da sua vida: o seu pai, com quem sempre estivera em conflito.
Beijinho.
Danny
ResponderEliminarobrigado pela sua visita; procurarei seguir o teu blog, dentro das possibilidades.
Abraço.
Com senso
ResponderEliminara tua análise é de tal forma lúcida que quase diria já teres visto o filme.
Mas não o percas, se te for possível.
Abraço grande.
quantos milhares não estão presos nessa vida de ilusão por aí por esse mundo.
ResponderEliminarCaro Endim
ResponderEliminarneste caso foi uma desilusão real, provocado por um problema de saúde...
Abraço amigo.
vi o filme duas vezes....perturbante...e que dizer da interpretação de Jeanne Moreau?
ResponderEliminardesculpa, enganei-me no filme....mas claro que vi este filme, que é de facto tão perturbador quanto o que tinha referido...a música é então um hino que arrepia. Obrigado...
ResponderEliminarLuís
ResponderEliminartens razão; o filme com a Jeanne Moreau é o de François Ozon.
Mas este embora com actores não tão conhecidos e de um realizador menos afamado, é também muito bom, e é muito interessante ver as duas diferentes formas de lidar com o mesmo problema. embora o fim seja o mesmo.
A música, se outra coisa não valesse a pena, justificaria a visão deste filme.
Abraço grande.
Olá Pinguim, vou dar uma olhada no filme com toda a certeza porque até agora as tuas sugestões têm sido bem fiáveis. Há dias que até a mim me apetece fazer isso como deve haver para toda a gente. Mas, estou a falar sem saber ao certo o contexto do filme. Acabei há 5 minutos de ver um filme de 2003 muito impressionante chamado “Soldier´s Girl”. Aconselho se ainda não viste. Vou fazer um post no meu blog mas quero enquadrar numa temática que estou a pensar. Um abraço
ResponderEliminarA música é muito boa! E pela pequena descrição que fazes eu pergunto-me: será que não tive alturas em que me apeteceu largar tudo?
ResponderEliminarAbracinho
Psi
ResponderEliminareu só não concretizo totalmente o final do filme e a razão para o comportamento do principal personagem, para que quem venha a ver o filme não seja posto perante uma evidência total; mas deixo pistas suficientes para se entender...
Quanto ao "Soldier's Girl", claro que vi e faz parte da minha colecção de filmes de temática gay; é muito interessante, estou totalmente de acordo.
Abraço amigo.
Maria Teresa
ResponderEliminaracho que todos tivemos, num momento ou noutro, vontade de modificar algo, radicalmente na nossa vida.
Mas a forma como,neste filme, isso é mostrado é absolutamente fantástica, mas fortíssima, quer no emprego, quer familiarmente, com a mulher e os filhos(neste caso chega a ser revoltante), quer ainda com os amigos o que acontece numa cena antológica passada num jantar de aniversário...
Só as motivações dessas nossas "vontades" não são tão fortes e assim, não passamos das intenções, e ainda bem.
Beijinho.
Life is a bitch e amor é tramado! :-)
ResponderEliminarFui procurar os filmes e vi alguns trailers.
Os dois com uma história muito forte e daquelas que "batem".
Embora não seja grande apreciador de cinema francês, apreciei muito esta tua partilha.
Um grande abraço.
Miguel
ResponderEliminarse calhar não tens visto muito cinema francês; daí o não apreciares muito.
Mas olha que é uma cinematografia muito boa e vale a pena de vez em quando deixar o monopólio do cinema americano.
Abraço grande.
Olá Amigo. Passei por aqui para agradecer a tua amizade sempre tão presente e deparei-me com este momento tão bonito quanto perturbante. Quantas vezes nos interrogamos sobre o tempo que nos resta... A permanente inquietação do ser humano.
ResponderEliminarUm grande abraço
Ana
ResponderEliminaré sempre um privilégio ter aqui um comentário teu.
E logo no texto e vídeo de um filme magnífico que te aconselho vivamente a ver, se puderes.
Beijinho.
gosto sobretudo de música francesa: Reggiani, Brel, Barbara, Moustaki, Juliette Greco e tantos outros...
ResponderEliminarNão vi o filme , não sei se verei. Mas gostei do teu poema (livre ou não, a tradução , não importa )
Olá Greentea
ResponderEliminarestamos ambos amantes da música francesa; é pena ouvir-se pouco e não haver uma renovação dos grandes nomes dos anos 50 a 80 do século passado.
Ai a Barbara!!!!!
Beijinhos.
O ter-se tudo para se ser feliz pode ser só uma ilusão...
ResponderEliminarDeve ser um bom filme.
bj
MZ
ResponderEliminarnão é o caso, neste filme; no entanto concordo contigo.
Sim, é um belíssimo filme.
Beijinho.
Fiquei com muita vontade de ver o filme, por tudo o que dizes no post e pelo que acrescentas nos comentários. Entretanto, confesso... roubei o poema!
ResponderEliminarBjs
Teresa
ResponderEliminarfoi muito bem roubado!!!!
Mas talvez a tradução não seja a melhor, pois foi quase uma tradução á letra.
Beijinho.
Liberdade!!!
ResponderEliminarLiberdade de andar sem pressas sem horas...
Liberdade de partir sem olhar para trás...
Liberdade de ficar esquecido...
Liberdade de fazer o que se quer sem se ser julgado...
Liberdade da prisão que nos sufoca a cada dia que passa, das coisas e das pessoas que nos rodeiam...
Liberdade que a vida não nos dá.
... e um dia vou dizer que vivi, mas que vivi de forma intensa e plena, sem medos nem temores!!!
Escrevo o que sinto depois de ler, vou procurar o filme para ver.
Adoro o teu blog.
abraço com muito respeito
Com doçura
Sairaf
Sairaf
ResponderEliminare escreves muito bem, no espírito do argumento do filme, que espero venhas a ter possibilidade de ver.
Obrigado pelas tuas palavras.
Beijinho.