terça-feira, 16 de agosto de 2011

"Mine Vaganti"

Ferzan Ozpetek é um realizador turco, que muito jovem decidiu ir estudar cinema para Itália, país onde se fixou após terminar os estudos e onde realizou os seus filmes, que são nove, incluindo uma curta metragem; apenas os seus dois primeiros filmes foram filmados na Turquia, embora sejam filmes italianos.
O primeiro deles, “Hamam”, foca a homossexualidade, tema de mais três dos seus filmes, e aqueles que tiveram mais êxito: “Le Fate Ignoranti”, “La Finesta di Fronti”, “Saturno Conto” e o seu mais recente filme e único exibido comercialmente em Portugal – “Mine Vaganti”, que teve o título português de “Uma Família Moderna”;  dois dos outros referidos passaram no Lisboa Queer. Vi estes quatro filmes e gostei de todos eles; mas este último foi talvez dos melhores filmes que vi recentemente e que recomendo vivamente. 
Passa-se numa cidade do sul de Itália, Lecce, cidade pequena em que todos se conhecem, e onde vive uma família burguesa possuidora de uma fábrica de massas, fundada pelo avô e tio do protagonista, um jovem estudante em Roma e que vem à sua cidade por causa de uma reorganização da sociedade familiar em questão. Na véspera do jantar em que se oficializam a entrada de novos sócios, Tomazzo confessa ao seu irmão António que irá nesse jantar contar a verdade sobre ele próprio: que não estuda Gestão, mas sim Letras, que quer ser escritor e não empresário e que é gay.
Para surpresa de todos, principalmente de Tomazzo, António antecipa-se-lhe no uso da palavra e afirma perante a atónita família que ele, António é gay e há trinta anos que cala esse segredo, tendo mesmo despedido um trabalhador da empresa, com quem tinha uma relação e afastando-o da cidade, para manter as aparências.
Após este começo, várias situações se desenvolvem, com o pai a expulsar António de casa, a ter problemas cardíacos e a forçar Tomazzo a manter-se junto dele na fábrica, longe do seu namorado, com quem vivia em Roma. Há mais duas irmãs, uma casada e outra alcoólica, e uma Avó, com um passado sentimental proibido, relembrado desde o início do filme em flashback, e que é uma espécie de matriarca da família.
O conflito interior de Tomazzo é enorme e compartilhado por uma jovem, filha do recente novo sócio da empresa e que com ele vai dando assistência à fábrica; a uma certa altura o namorado vem de Roma visitá-lo com mais três amigos gays e que são convidados a passar uns dias na mansão familiar, onde são muito bem recebidos, mas ocultando, com algum esforço a sua sexualidade.
O falecimento da Avó, pessoa de espírito livre e que sempre apoiou os netos vem reaproximar a família, numa cena final belíssima, onde se mistura o passado e o presente, e onde se vê perfeitamente que Tomazzo prefere ficar sozinho, observando na sua imaginação, talvez o enredo do seu próximo livro.
É um filme que me comoveu e que devia ser divulgado o máximo, pois é fundamental que seja visto por muita gente: pelos homossexuais que se escondem atrás dos tabus sociais e não são capazes de ser felizes (curioso o caso do cunhado heterossexual do protagonista); das famílias dos homossexuais para compreenderem que a homossexualidade não é uma opção, mas sim uma característica de um ser humano; dos homofóbicos, para tentarem(?) perceber toda a hipocrisia das suas vidas, em que tudo é permitido, desde que não seja gay.
E fica uma frase ouvida durante o filme que nunca esquecerei: um amor impossível, não acaba jamais…
Em cima o trailer do filme, e aqui a última cena, quase onírica.


25 comentários:

  1. Filme muito muito interessante!
    Óptima partilha. :)

    ResponderEliminar
  2. YeuxdeFemme
    obrigado pela tua visita.
    Penso que já tenhas visto o filme; caso ainda não tenhas, não podes perder.
    Beijinho.

    ResponderEliminar
  3. Pinguim:
    Já vi o filme, sim. :) Está muito muito interessante como disse anteriormente.
    Costumo visitar o teu blog. Gosto das coisas que publicas e abordas.
    :)

    ResponderEliminar
  4. Obrigado, YeuxdeFemme
    eu também já cusquei o teu blog, que me parece bem interessante e já sou teu seguidor.
    Beijinho.

    ResponderEliminar
  5. Esse filme marcou-me imenso: dos melhores que vi no ano passado.

    ResponderEliminar
  6. Maurício
    é mesmo, para mim, o melhor filme de Ozpetek.
    Abraço amigo.

    ResponderEliminar
  7. Não conhecia o realizador nem os filmes mas vou tratar de conhecer!
    Obrigado rapaz!

    Abraço

    http://rabiscosincertossaltoemceuaberto.blogspot.com/

    ResponderEliminar

  8. acho muito bem; qualquer destes 4 filmes não te irá desiludir.
    Abraço amigo.

    ResponderEliminar
  9. Também eu não conhecia os filmes, e também tentarei de os conseguir. obrigado pelas sugestões

    ResponderEliminar
  10. Kaplan
    quando os conseguires ver, gostaria de ter a tua opinião.
    Abraço amigo.

    ResponderEliminar
  11. Não, não tenho está abandonado, tem sim, estado de férias!!! ahahha

    Em relação ao post, tenho esse filme e ainda não tive coragem de ver!!!lol


    Abraço-te

    ResponderEliminar
  12. Duarte
    ainda bem que a razão foram as férias e espero que tenham sido proveitosas.
    Quanto ao filme,trata de o ver rápido pois quero a tua opinião.
    Abraço amigo.

    ResponderEliminar
  13. Boa pegada que deixaste no nosso G+

    Abraço.

    ResponderEliminar
  14. Paulo
    qual delas? Tenho deixado lá tanta coisa...
    Abraço amigo.

    ResponderEliminar
  15. tb o tenho aqui para ver, mas faltam-me as legendas.
    já agora, se as tiveres agradeço se puderes enviar por e-mail :p

    ResponderEliminar
  16. Sad eyes
    com muito gosto aqui te deixo o link
    http://www.allsubs.org/legendas/procurar-legendas/mine+vaganti+subtitles+pt/20
    Espero que depois de veres o filme dês notícias.

    Abraço amigo.

    ResponderEliminar
  17. Sérgio
    se puderes ver não percas.
    Como já disse, o filme está a passar nos Telecines, com o título em português "Uma Família Moderna"; podes ver ou gravar.
    Há ainda na FNAC o DVD deste filme e penso que do "Finesta di Fronte".
    Os outros só fazendo os downloads, mas todos os sites da especialidade têm esses filmes.
    Abraço amigo.

    ResponderEliminar
  18. Meu caro Pinguim, muito obrigado pela sugestão, mas desta vez... hehehe, já tinha visto o filme! Mas gostei muito, mais ainda que do Hamman.
    Espero que as boas sugestões cinematográficas, atuais e antigas, se mantenham. ;-)

    ResponderEliminar
  19. Um coelho
    De todos os filmes que vi dele, o que gostei menos foi o Hamam e o que gostei foi este.
    Mas procura ver os outros três: Le Fate Ignoranti é muito interessante, mesmo.
    Abraço amigo.

    ResponderEliminar
  20. A minha melhor amiga foi quem mo indicou...o principal interesse dela no filme começou por ser os actores lindos de morrer, mas depois ficou mais profunda com a coisa...no que me diz respeito, já sabes que adorei este filme, muito bom:-)

    ResponderEliminar
  21. Ima
    o actor que faz de António é um espanto de homem!
    E o filme é em si mesmo, espantoso.
    Abraço amigo.

    ResponderEliminar
  22. Fiquei louco de vontade de assistir o primeiro....

    ResponderEliminar
  23. Eu burro agora que vi que era o mesmo filme...ai ai...kkkkkkkkkkkkkkkkk

    ResponderEliminar
  24. Glauko
    claro que são dois vídeos sobre o mesmo filme; como castigo, vais assistir duas vezes e não te vais arrepender.
    Abraço amigo.

    ResponderEliminar

Evita ser anónimo, para poderes ser "alguém"!!!