Não gosto muito de escrever postagens sobre a situação
política, mas o que aconteceu em Portugal, a nível político é tão patético, tão
surreal, que merece uma referência.
Numa pincelada rápida, o que se passou foi que segunda
feira, Vitor Gaspar pede a sua demissão da pasta das Finanças numa elaborada
carta enviada ao primeiro ministro. Nela não aponta uma causa directa mas
farta-se de mandar pistas e não estarei muito longe da verdade se disser que a
razão desse pedido de demissão assenta num somatório de pressupostos: ele já
não acreditava na eficácia da sua política que falhou em todos os campos; ele
tinha uma crescente oposição dentro do próprio governo, não só do outro partido
da coligação, o CDS, mas de vários ministros do PSD.
Os grupos parlamentares que sustentam a coligação estão cada
vez mais “rebeldes” e chegam a aprovar no Parlamento 6 medidas apresentadas
pelo PS; a desconvocação da greve dos professores só foi conseguida com
concessões que criam um perigoso precedente nos regimes de mobilidade da função
pública aprovados sob pressão da troika. E ainda foi apanhado na armadilha
montada por Teixeira dos Santos que o “entalou” com a questão dos Swapps.
Razões pois de sobra para Gaspar se ir embora, e como não
deixa saudades, há a possibilidade de Passos Coelho resolver vários casos de
uma vez só com a escolha de um novo ministro que implemente uma política
orçamental e económica diferente, como por exemplo Paulo Macedo.
Mas o primeiro ministro mostra uma vez mais que é tudo menos
um político e nomeia a pior pessoa possível, Maria Luis Albuquerque
que não só
é a garantia de uma política inalterada, como é uma pessoa marcada por fortes
suspeitas de políticas financeiras de risco quando gestora da Refer.
Portas, líder do outro partido da coligação, vai aos arames
e pede a demissão, havendo uma grande confusão sobre o timing em que a
apresentou, mas o facto é que essa demissão é comunicada ao silva de Belém, em
cima da hora da tomada de posse da nova ministra das Finanças, acto
verdadeiramente triste e bem demonstrativo de como é ridícula e apavorante a “pequena
política portuguesa”.
Findo esse chocante episódio, PC reúne com o Governo em
S.Bento e vai num instantinho à reunião da comissão política do seu partido a
comunicar que no seu discurso ao país irá dizer que não de demite.
Num inacreditável palavreado, comunica essa sua decisão ao
país e cúmulo dos cúmulos diz que não aceita a demissão de Portas, pelo que não
pediu a sua exoneração ao silva e Belém, e que fará TUDO para que este governo
não caia porque isso blá, blá, blá, blá, já sabemos de cor e salteado as
consequências que ele invoca.
O que faz PC tomar esta atitude? Ele sabe que se ele se
demitir, haverá eleições antecipadas, provavelmente a 29 de Setembro,
coincidindo com as autárquicas e sabe que sendo assim, o PSD quase desaparece
na contagem dos votos. Não se demitindo, procura ganhar tempo, para inviabilizar
a coincidência de datas e vai procurar culpabilizar Portas e o seu partido da
crise política.
Aguardam-se os próximos capítulos que prometem ser tão
escandalosos como estes aqui relatados.
E o silva? O que faz? NADA!!!!!
O silva é um zero à esquerda, perdeu toda a decência mínima
para ser PR. E pode ser, e deve ser, acusado de ter uma imensa quota parte neste
“imbróglio” político.
Para piorar a situação, Seguro não é um homem que dê
garantias de “salvar o barco”, embora possa ou pelo menos o tente, bater o pé
na EU para que Portugal não seja o primeiro país a sair do euro e provocar com
isso um efeito dominó de consequências dramáticas.
E nós, ficaremos melhor? De forma alguma e os tempos que aí
vêm serão não só difíceis como têm sido, mas também extremamente incertos.
Mas resta-nos a consolação que fizemos o que devíamos ter
feito para mandar estes bandalhos para a “p*** que os p****”.
Muito bem!
ResponderEliminarBeijo
Maria Teresa
Eliminarque tristeza ter esta mediocridade de políticos em Portugal.
Com todos os seus defeitos e virtudes, que saudades dos 4 líderes dos quatro maiores partidos, a seguir ao 25 de Abril: Mário Soares, Sá Carneiro, Álvaro Cunhal e Freitas do Amaral.
Beijinho.
Também acompanhei (não diria com grande admiração, mas sim preocupação...) o desenrolar dos acontecimentos do dia de hoje. Chegámos à mesquinhez total na política. Paulo Portas e Pedro Passos Coelhos brincam como se o país fosse um campo de terra batida onde jogam à batata quente. Para agravar tudo isto, temos um Presidente da República TERRIVELMENTE incompetente, que assiste a tudo impávido e sereno quando deveria tomar uma posição agora mais do que nunca.
ResponderEliminarEstá instalado o caos.
abraço, querido João.
Mark
Eliminarclaro que é um momento preocupante e quanto mais se adia o inevitável, mais preocupante se torna.
Quanto ao silva de Belém, chamar-lhe palhaço é quase um elogio - é um PR que vai ficar na História pelos piores motivos e peço desculpa se incorro em alguma falha inconstitucional, mas não me merece o mínimo respeito institucional.
Abraço amigo.
excelente análise, João.
ResponderEliminara forma como o governo se desmorona (em duodécimos, como dizia acho que a Margarida ontem no Facebook) demonstra que Gaspar era o único no governo que tinha uma "missão", que sabia o que queria (ainda que isso representasse um prejuízo imenso para a economia e o trabalho em Portugal), e que era, enfim, o verdadeiro primeiro-ministro! o Portas é o que sempre foi, uma cadela sem dono e cheia de cio, o Passos Coelho é um imbecil, uma abécula, e o Silva também é fiel a si próprio, ou seja o embuste que sempre foi.
de tal maneira, que um tipo quase chega a ter saudades do Gaspar (eu disse 'quase'...) um dia depois de ele se demitir!
lembro-me de que quando o Sampaio despediu o Santana, comemorei com um jantar com champanhe. Desta vez, e como diz o outro, não sei se ria, não sei se chore, não sei se reze...
Miguel
Eliminarlá venho eu de volta com o Sócrates de que ninguém gosta; mas se compararmos,(e não falo de políticas, embora mesmo aí eu lhe dê um ganho substancial no "deve/haver"), na postura institucional Sócrates com Passos Coelho, a diferença é abissal.
Sócrates pode ser apelidado de tudo, menos de imbecil e estúpido, adjectivos que caracterizam muito bem este desgraçado que tem posto a minha morada actual nas ruas da amargura.
Quanto ao silva, é melhor eu calar-me pois repugna-me falar deste idiota.
Abraço amigo.
era previsível. portas estava pelos cabelos e a nomeação da senhora foi a gota de água. tudo faria a crer que seria o paulo macedo o novo ministro. mas como é que ele a nomeia se o segundo saber? está tudo louco e eles a brincarem com as nossas vidas.
ResponderEliminarPortugal já bateu no fundo, mas como ainda pensam que não é suficiente, que aguentamos, ai aguentamos, vamos amargar ainda muito mais até haver eleições, seja agora, seja no próximo ano. Grécia, aqui vamos nós...
bjs.
Margarida
Eliminarque eles estão todos loucos é verdade e daí não viria mal ao mundo se isso não nos afectasse gravemente.
Eduardo Pitta afirma com toda a sua subtil ironia que em Atenas se grita "nós não somos Portugal!"
Beijinho.
Gostei da tua análise.
ResponderEliminarAcho que o Portas, apesar de tudo, está a querer sair bem na fotografia, e melhorar a sua imagem, para no pós-eleições (sim, acredito que elas acontecerão com ou depois das autárquicas), poder cozer a panelinha com o Seguro.
Cavaco Silva não merece sequer um comentário. Comparando a sua postura de Sócrates para Passos Coelho, não parece a mesma pessoa. Sócrates tem 1001 razões de Cavaco Silva. E tinha mais dignidade que Passos Coelho, pois soube quando tinha que sair (não que seja seu apoiante). Quanto mais vejo a postura de Cavaco (ou a falta dela), mais monárquico me torno...
Horatius
Eliminarnão podia estar mais de acordo, com o que dizes de Sócrates, de Passos Coelho e do silva de Belém.
Apesar de tudo não consigo ser apoiante, jamais, de uma monarquia.
Abraço amigo.
Isto só demonstra a responsabilidade destes sujeitos e a convicção que têm quando tomam uma atitude. Já disseste tudo, vamos aguardar os próximos episódios. Beijinhos
ResponderEliminarMary
Eliminaristo que escrevi já está desactualizado; esta de um ministro se demitir e 24 horas depois ser mandatado para negociar um acordo com o principal responsável da sua demissão é qualquer coisa de inacreditável.
Entretanto, só hoje, na Bolsa, Portugal perdeu 2,6 milhões de euros, duas vezes o que perdeu com o chumbo do TC.
Já não há palavras para tanta irresponsabilidade e para tanta imoralidade...
Beijinho.
Este país está pior que a América Latina, somos latrina mesmo...
ResponderEliminarAbraço amigo
Agora é que tu acertaste em cheio, Francisco.
EliminarO cheiro a merda é nauseabundo.
Abraço amigo.
O título diz tudo... Só para dizer que já ouvi aqui, por duas vezes, o novo e brilhante álbum dos Deolinda, por completo... e é tão bom!
ResponderEliminarUm abraço, João!
João
EliminarSim, os Deolinda estão aqui no lugar certo...
Assim estivesse o silva.
Abraço amigo.
Inaceitável, estas expressões de total falta de decência moral! Desprezíveis!
ResponderEliminarSinto-me indignada perante tanta manipulação, tanta mentira, tanta tentativa de enganar o país!
É uma vergonha, para quem a tem...
Justine
Eliminareste post está constantemente desactualizado conforme os episódios desta lamentável telenovela. Agora é o inacreditável Portas a desdizer-se (mais uma vez).
Em que ficamos, afinal?
Beijinho.
Na minha raiva, esqueci-me de te desejar um bom fim-de-semana:))))))
ResponderEliminarUm bom fim de semana para ti também, com um calor sufocante e alta temperatura política.
EliminarHoje à noite vou dar um salto ao Arraial Gay, e passear à beira Tejo.
Beijinho.
Não gostamos de escrever sobre política porque a realidade é que afasta o leitor, e os post's deixam de ser populares. O bloguer tradicional não gosta muito de se expôr políticamente,lê mas não comenta.
ResponderEliminarO pior que pode acontecer, é colocarem o blogue de parte por uma ideia política exposta por quem lhe dá vida.
Ser bloguer é uma gota num oceano de comentadores credenciados, mas é a opinião individual e única. E uma coisa é certa, se ninguém expôr as suas ideias e as suas opiniões, seja pela escrita ou por outra forma, é aniquilar o voz, é sufocar o grito de quem vive num país em que a liberdade de expressão ainda existe.
Por isso escrevemos e vamos para a rua clamar e reclamar o que está errado. O contrário é rendermo-nos.
Concordo com tudo o que escreveu aqui.
Mz
Eliminare eu concordo inteiramente com essa análise muito lúcida da relação do bloguer tradicional com a política.
Mas afinal o mais importante num blog, além da partilha, é a expressão do que sentimos...
Beijinho.