sexta-feira, 13 de junho de 2014

Feira do Livro

Na passada segunda feira, eram três horas quando cheguei ao Marquês de Pombal para a minha visita anual à Feira do Livro.
Este ano iniciei a visita pelos alfarrabistas, onde gasto sempre muito tempo, a "farejar" tudo e a não encontrar nada do que procurava; depois é a habitual pergunta se tem este, aquele ou aqueloutro e sempre debalde.
Aliá, haver, havia; havia "O Medo" do Al Berto, ao qual tiveram a ousadia de me pedir em duas bancas seguidas 110 e 120 euros e havia os "Textos Malditos" do Luís Pacheco a um preço também proíbitivo.
Apenas comprei numa babca que há logo no início da Feira e que não é de alfarrabistas mais um livro que jamais lerei (compro um por ano) e faltam-me apenas dois...
Trata-se do vol.XV da "História de Portugal" do Veríssimo Serrão
que eu tive a má sorte de começar a adquirir há largos anos, e que se até ao Estado Novo, é razoável, se torna intragável a partir daí, com uma ideologia do autoe perfeitamente fascizante, que me recuso a ler e mesmo a possuir. A obra tem 18 volumes e destes, pelo menos um terço é gasto neste período. Já comprei o último e com este que adquiri agora, faltam-me o XVI e o XVII, pelo que daqui a dois anos, tenho a obra completa e já a poderei vender - não faltarão compradores, presumo...
Depois lá fui subindo e entrei no "universo Leya"; comprei 7 livros, mas ao pagar informaram-me que em cada quatro, o mais barato era grátis, pelo que fui buscar um outro livro.
Tive a sorte de apanhar como "Livro do Dia" num dos seus pavilhões, um livro fabuloso, os "Contos" de Miguel Torga
que inclui todos os seus livros de contos publicados: "Os Bichos", "Contos da Montanha", "Novos Contos da Montanha", "Rua" e "Pesras Lavradas", por uma pechincha. Maravilha!!!
Também aqui comprei vários livros de Mário Cláudio




todos a um bom preço, aliás como um romance de Armando Silva Carvalho


e ainda um clássico de Jack Kérouac que há muito desejava possuir


O livro que fui buscar para completar os oito foi um que pode ser eventualmente interessante



Quando cheguei ao cimo, isto é, com meia feira ainda para ler, já não podia "com uma gata pelo rabo" e eram sete e meia.
Comi uma bucha e tomei um café e ataquei a descida pelo outro lado.
Comprei aqui e ali, mais um Kérouac

uma longa entrevista de Jean Genet, em forma de livro


um interessante Mishima que ainda não tinha

e num pavilhão onde tenho encontrado algumas boas surpresas de temática LGBT, um livro um pouco "às escuras"

Depois e antes de entrar no outro gigante da feira, a "Porto Editora", descobri uma série de livrinhos que terão tanto de obscuros como de interessantes, dum autor curiosamente meu conterrâneo, Manuel da Silva Ramos, e que os escreveu em parceria com o já conhecido Alface, e que foram uma pechincha



Havia por lá outros títulos deste autor, que se gostar destes, procurarei mais tarde.
Confesso que não tinha qualquer vontade de comprar mais nada e a visita à "Porto Editora" foi a correr, pois eram quase 10 horas e eu estava "quase a falecer", como diz o Ricardo Araújo Pereira...
Mas ainda tive uma grata surpresa, pois encontrei uma nova edição...de " O Medo" do Al Berto...a 32 euros, quase um achado!

 Mas, ainda melhor, o empregado, muito atencioso, disse-me que este livro será "livro do dia" no domingo, dia de encerramento da feira, ao preço de 20 euros.............
Assim , depois de amanhã, cedinho vou dar lá um pulo e trazer o livro.
Ufaaaaaaaaaaaaaaaa!!!

18 comentários:

  1. excelentes aquisições, João. Os Contos de Torga são fabulosos, tenho o Kerouac há anos e agora, aproveitando a tua informação, também irei comprar o Al Berto no domingo à tarde. :)
    bjs.

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    1. Margarida
      eu irei lá cedo, pois embora o rapaz me tenha dito que irão levar muitos exemplares para a feira, não nos podemos esquecer que é domingo, é o último dia, está bom tempo e haverá por lá uma multidão. Não vá o diabo tecê-las...
      Mas vou só mesmo buscar o livro e não quero saber da feira do livro a não ser para o próximo ano.
      Beijinho.

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  2. 7 horas na feira do livro?!?! bom, que resistência. eu há anos que não vou a uma feira do livro, acho que agora em Coimbra nem há. e à de Lx, só fui umas 2 ou 3 vezes e há muuuuitos anos.
    e a tua ida à feira rendeu, compraste que te fartaste. e finalmente vais ter o Medo. como é possível num sítio pedirem 32 euros e noutro 120? tratava-se de uma edição especial?

    e adorei a escolha da canção. é das minhas preferidas do Cetano, e até tenho um blog cujo nome foi tirado de um verso desta canção :)

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  3. Miguel
    mas andei dois dias para me recompor...
    Sobre as edições que vi de "O Medo" a preços exorbitantes eram realmente antigas, mas também as edições mais antigas não são tão completas.
    Acredito que esta reedição seja a mais completa possível e adquiri-la poe 20 euros é um "doce".
    Sim, a música foi um achado; acreditas que eu não a conhecia?
    Fui ao "You Tube" a ver se encontrava algum "som" relacionado com livros e encontrei esta música do Caetano. Foi duplamente bom.
    Abraço amigo.

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  4. Um dia destes mudo os meus hábitos e parto numa busca diferente. Ler e aprender.
    Parece que me criei de barreiras que me marcam as horas do dia e me ditam as ordem do meu tempo. Sabes amigo, tenho fome de ler e de aprender.
    Agradeço as visitas. Desejo um final de semana agradável.

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    1. Luís
      é absolutamente imcompreensível o que se passou comigo neste aspecto.
      Comecei a interessar-me pela leitura bastante cedo e atingi uma tal intensidade na altura do final do secundário, princípio da vida universitária, que a mim próprio me surpreendia, e com uma incidência nos livros em francês, já que era fácil encontrar nos "Livres de Poche" ou na "J'ai Lu", certas obras que demoraram anos e anos a serem editadas cá, ou nunca o foram mesmo. Foi assim que conheci, além de outros, Gide, Sartre, Peyrefitte, Vailland, Camus, Prévert, Fernandez, que misturava com a poesia de Botto, Andrade, Sophia, Pessoa e Florbela.
      Descobri a então nova literatura portuguesa - Carlos Oliveira, Cardoso Pires, O'Neill, entre outros.
      Com a edição de colecções que assinava para ter a certeza que recebia os livros antes de serem proíbidos, coleccionei e possuo ainda hoje completos os "Cadernos D.Quixote", os "Cadernos de Poesia", qua a Snu Abecassis trouxe para essa nova editora.
      Ia a livrarias perto da Politécnica onde tinha acesso ao "porão", ou seja aos fundos, onde em grandes caixotes se encontravam os livros proíbidos pela Censura.
      Enfim, foi todo um período fabuloso de leitura que cessou quando iniciei o serviço militar e a ida para a Guiné e depois para Moçambique.
      Quando voltei, a voragem dos jornais, do querer saber do evoluir da revolução, quase me cerceou por completo a leitura dos livros. E depois caí numa inércia de anos e anos, em que só lia jornais, mas lia-os de fio a pavio...
      Foi há pouco tempo, com o ingresso já reformado no "Círculo dos Leitores" que me comecei a interessar de novo pelos livros e quando deixei de colaborar na venda do CL, comecei a comprá-los eu e a lê-los cada vez mais intensamente numa espécie de "busca do tempo perdido", com uma especial incidência na leitura versando o mimdo LGBT, mas não só.
      Agora é uma corrida contra o tempo; será que vou ter tempo, até ao fim dos meus dias de ler tudo o que quero? Será difícil, para não dizer impossível.
      Desculpa o testamento, mas talvez este meu comentário explique muito do que quis dizer com a última postagem (antes desta), e que certas pessoas não entenderam ou não quiseram entender.
      É esta possibilidade que o diálogo nos comentários fomenta, que me permite expressar ideias e complementar noções...
      Não é e nunca será a ambição de coleccionar comentários, mas a qualidade dos mesmos.
      Obrigado, Luís, por me teres feito falar de tudo isto, e lê - lê o mais que puderes, pois é algo de muito bom e reconfortante.
      Abraço amigo.

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  5. Tens razão, ir à feira do Livro é uma espécie de caçada :-)))))
    Quanto ao Tomás Eloy Martinez é um excelente escritor argentino, e eu gostei imenso de "O cantor de Tangos". Boas leituras - tens aí para um ano!

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    1. Justine
      olha que sorte tive com a escolha do oitavo livro da Leya. Saí do local de pagamento e logo ali havia um amontoado de livros em saldo: não precisei de 5 minutos, vi este, o preço era de 3 euros e pico e aqui estava...
      Pelo que dizes, fiz bem.
      Beijinho.

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  6. Que bela fornada, João!
    Mishima, Genet, Kerouac, Torga... e fiquei de olho nos Manuel da Silva Ramos, nos Mários Cláudios e no Armando Silva Carvalho.
    A propósito, estou a achar muita piada à Donamorta, que me emprestaste. É uma escrita muito muito original, cheia de referências e trocadilhos irónicos ("histórico-matoso"), por vezes quase "psicadélica".
    Eu só comprei um livro que andava a namorar há muito tempo e que encontrei a metade do preço... o Cânone Ocidental do Harold Bloom, que comecei logo a folhear e que me deixou imediatamente "grudado" pelo desaforo e lucidez das opiniões!

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    1. João
      ando terrível nas compras. Vê tu que comprei por 7,00 euros num leilão na net o último do David Levitt publicado cá, um achado.
      E ando a meter-me a comprar um autor fabuloso que escreve sobre Roma - Steven Saylor...
      Meu Deus, quando vou parar?
      Vou agora mesmo à Feira buscar "O Medo", antes que esgote...
      Abraço amigo.

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  7. Eu também andei por lá, mas não conseguiria passar tantas horas. Como fui nos primeiros dias, apanhei temperaturas amenas. O Veríssimo Serrão é um bom historiador, extremamente parcial no Estado Novo, o que retira o brilhantismo da sua obra. Agora queres terminar a colecção, claro, é compreensível.

    O amigo que me acompanhou comprou os diários de Al Berto. Eu gastei algum dinheiro nos históricos e não resisti a uma pechincha do alfarrobista. Livros a dois euros é uma "oferta" inegável.

    um abraço.

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    1. Mark
      para mim foi uma odisseia, quase.
      Sobre o Veríssimo Serrão, é bom saber que concordas comigo. Gostava de saber a tua opinião sobre uma eventual venda da colecção completa; será fácil?
      Eu tenho cá para ler "Os Diários" do Al Berto e hoje vou finalmente possuir "O Medo".
      Há realmente preços que nos surpreendem e nos "obrigam" a comprar.
      Abraço amigo.

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    2. Não sei. É capaz. Coloca um anúncio no OLX. :)

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    3. Mark
      não é para já. Compro um volume por ano, sempre na Feira do Livro e ainda faltam dois.
      É claro que será na OLX ou algo semelhante que publicitarei a obra, mas não faço a menor ideia do preço que hei-de pedir...
      Abraço amigo.

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  8. Isso é que foram compras! Já não vou há feira do livro em Lisboa desde que era criança, mas mesmo que fosse agora não podia comprar nada, pois a lista de livros por ler que tenho é grande e o tempo não dá para tudo :-S

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    1. No limite...
      não será inferior à minha, mas a diferença é que eu sou meio louco, ou mesmo louco total, nesta questão dos livros.
      Abraço amigo.

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  9. Hum ! Boas escolhas, muito boas. Miguel Torga, Al Berto são autores que muito aprecio.
    Adoro alfabarristas ! Houve tempo que me perdia entre os excelentes alfabarristas aqui da cidade, alguns com reputação internacional.

    Lamentável que a nossa Feira de Livro tenha deixado de se realizar de há dois anos para cá :-(

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  10. G-Souto
    eu não falho; e embora o dinheiro não abunde e tenha resmas de livros para ler, não consigo resistir à tentação e gasto sempre uns "cobres"...
    Beijinho.

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Evita ser anónimo, para poderes ser "alguém"!!!