sábado, 9 de agosto de 2014

"Habanera"

"Habanera" é talvez a mais conhecida ária da ópera "Carmen", de Bizet.
Apresento aqui duas versões "ligeiramente" diferentes dessa ária: uma, a clássica, aqui interpretada por uma lasciva Carmen (Ana Caterina Antonacci),
 e a segunda, uma variante completamente louca, eu diria antes saudavelmente louca.

Como adenda e como continuação da loucura, fica o link do "making off" - http://www.directorsnotes.com/2013/08/08/dn295-metube-daniel-moshel/

terça-feira, 5 de agosto de 2014

Winslow Homer

Winslow Homer (Boston, 24 de Fevereiro de 1836) – (Prout’s Neck, 29 de Setembro de 1910), foi um importante pintor e gravurista dos Estados Unidos.
Era filho de Charles Savage Homer e Henrietta Benson Homer, ela sendo aguarelista amadora e a primeira professora do filho, com quem manteve uma relação forte por toda a vida.
Winslow Homer desde cedo manifestou talento artístico, e começou a trabalhar como ilustrador comercial, persistindo no ramo gráfico durante vinte anos, e essas características lineares impuseram-se no seu trabalho de pintura.
Mas ao mesmo tempo passou a trabalhar num estúdio com pinturas a óleo, explorando as suas capacidades de textura e densidade.
Também pesquisou a aguarela, criando obras de aspecto fluido e espontâneo.
Em 1859 abriu um estúdio em Nova Iorque e até 1863 teve aulas na Academia Nacional de Desenho.
Sua mãe queria que ele se aperfeiçoasse na Europa, mas a revista Harper’s enviou-o para a frente de batalha da Guerra Civil, onde desenhou cenas de combate e a vida militar.
Voltando para o seu estúdio, iniciou uma série de pinturas sobre a Guerra, que tiveram imediata aceitação. Depois desse período, voltou a sua atenção para cenas familiares e tranquilas.
Por fim conseguiu ir a Paris, permanecendo aí um ano, trabalhando como desenhista da vida parisiense para a Harper’s, e produzindo apenas pinturas pequenas sobre a vida camponesa.
No seu regresso à América, continuou a retratar cenas campestres numa visão idílica, que foram recebidas com muito gosto.
Na década de 1870 começou a retirar-se da vida social, vivendo num farol e despertando um amor pelo mar que daria origem a uma importante série de obras sobre pescadores e cenas litorais.
Entre 1881 e 1882 viveu na vila de Cullercoats, na Inglaterra, pintando o cenário local e suas figuras características, num estilo sóbrio, vigoroso e directo, em telas maiores que o seu usual, e com uma abordagem mais universal do que típica.
Voltando aos Estados Unidos em 1882, os críticos imediatamente perceberam que ele havia mudado, e que suas obras recentes se alçavam a patamares superiores de qualidade e significado.
Mudando-se para o Maine em 1883, começou a sua série de marinhas monumentais e dramáticas, isolando-se cada vez mais do mundo.
Era descrito como um Robinson Crusoé yankee e como um eremita com um pincel.
Apesar do respeito conseguido junto à crítica, as suas obras nunca se tornaram realmente populares.
Nos anos seguintes visitou a Flórida, Cuba e as Bahamas, mudando a sua paleta para cores vivas em aguarelas de belo impacto, que tiveram o efeito de rejuvenescer a sua mente e refinar a sua técnica aguarelística, que até hoje é altamente elogiada pela crítica, ao mesmo tempo em que se aventurava para temas de animais.
Homer jamais deu aulas regulares, mas as suas obras influenciaram as gerações seguintes pela sua honestidade no retrato das relações do homem com a natureza, e hoje é considerado um dos maiores pintores norte-americanos.





























sexta-feira, 1 de agosto de 2014

Viagens 12 - Londres

Londres é das cidades que conheço, uma das que mais vezes visitei e também uma das que mais gosto.
E gosto por ser uma cidade com coisas muito bonitas, mas também por ser a grande metrópole europeia, em que podemos encontrar “todo o mundo”, os mais variados locais para os mais variados gostos e é uma cidade cheia de Cultura (museus, igrejas, espectáculos, acontecimentos), enfim, um mundo.
Já falei das minhas primeiras idas a Londres, uma de fugida, a caminho do Yorkshire e daquela semana de descompressão, após ter acabado a vida militar, no início de 1975.
Mas quem mesmo me mostrou Londres, foi o Duarte, que comigo partilhou várias dessas viagens, e porque ele tinha vivido ali quatro anos, tinha ali feito grandes amizades e conhecia bem a cidade.
Em todas as viagens que fiz com o Duarte a esta cidade, ficámos sempre em casa de amigos, e assim alternámos a casa do Dick e do Robert, em Highgate (norte de Londres)
do Roger e do Brian, em Whitton, (arredores de Londres)
e do Barry e do David, em Streatham (sudoeste de Londres)
Todos excelentes pessoas que nos receberam com imenso prazer e em casa de quem estivemos sempre muito à vontade.
Além destes, havia mais um casal amigo do Duarte com quem passámos bons momentos, o Dennis e o Alex, e almoçamos em sua casa, e ainda o simpático Daniel.
Foi nessas viagens que melhor conheci todos os monumentos e locais turísticos de Londres, visitando os museus (British Museum, National Gallery, Madame Tussaud…), mas também a animada vida nocturna, com predominância para os locais gays, desde os mais conhecidos e míticos até aos pequenos bares e pubs, nos anos mais recentes.
Assim entre outros os nomes de “XXL”, “Heaven”, “The Royal Vauxhall Tavern”, “The Black Cap”, “ The King’s Head”, “Admiral Duncan”, “Compton’s”, o saudoso “Salisbury’s” e o que mais gostávamos e mais frequentávamos – o “King’s Arms”, em Poland Street, bem pertinho de Oxford Street.

Também ali assistimos por duas vezes a celebrações do Gay Pride, bastante espaçadas no tempo, em 1990 e já no século XXI, com os desfiles monstruosos de gente a participar e assistir, desde o Hyde Park até Jubille Gardens, o primeiro e o outro a terminar em Strafalgar Square.
 Em 1990, o show que se seguiu foi fabuloso com imensos artistas conhecidos entre eles a Sandie Shaw e o Boy George.
Mas, claro que nas minhas visitas a Londres com o Duarte não havia apenas a componente gay; tivemos boas refeições em variadíssimos restaurantes, recordando duas memoráveis, uma num restaurante nepalês e outra num restaurante que se chamava “Belga’s”, especializado em mexilhões, perto de Camden Town. Deliciámo-nos com os belos parques londrinos, especialmente “Hampstead Head”, quase ao pé da casa do Dick e Robert, onde íamos quase todos os dias quando ali estávamos.
Percorremos os célebres mercados de Camden Town
 e de Portobello. Visitámos locais um pouco mais afastados como Greenwich
e outras localidades da Grande Londres, quando estávamos em Whitton.
Mas também fomos a Oxford
a Stratford upon Aven
e mesmo a Brighton, a praia dos londrinos.
E claro que visitámos Stonehenge, esse maravilhoso e estranho local.
Fomos a castelos reais desde Hampton Court, onde viveu Henrique VIII
até ao Castelo de Windsor, uma das actuais residências reais.
Não podíamos deixar de visitar a Torre de Londres, demoradamente
bem como passeámos pelas margens do Tamisa desde a Tower Bridge
até à New Tate Gallery.
E quando fomos a Greenwich vimos a nova e supermoderna Londres
zona onde recentemente se disputaram as Olimpíadas de 2012.
Mas Londres renova-se constantemente e há sempre algo que ainda não se viu e principalmente muita coisa que se quer voltar a ver.

quarta-feira, 30 de julho de 2014

Do entusiasmo à desilusão

Depois de uma normal reacção de satisfação pela publicação de um livro da minha autoria, e da qual aqui dei testemunho, eis que me atinge uma certa desilusão e tristeza pela forma como o mesmo livro tem sido publicamente apresentado.
Devo agradecer, primeiramente, todas as manifestações de agrado que recebi, quer em forma de crítica no Goodreads, quer nalguns blogs; permito-me aqui distinguir o texto do Miguel no Innersmile.
Ainda ontem, o Ribatejano publicou no seu blog a foto que aqui deixo no início da postagem.
Então, o que me desapontou e entristeceu?
Apareceram publicamente duas notícias sobre o lançamento do livro.
A primeira ontem, no site do “Dezanove”, site gay como a maioria das pessoas deve saber e que apresentava o título da seguinte forma
O livro do capitão homossexual do exército português no Ultramar
E tudo isto porquê?
Porque entre muitas crónicas de que falo no livro, há uma e que eu assumo como importante, não o nego, sobre a homossexualidade durante a guerra colonial.
E há também na conclusão uma alusão à importância que os meus tempos em África tiveram na minha vida futura no campo da vida sexual.
Será que isto transforma o meu livro num livro gay?
Penso que não, e por isso ao ver o abusivo título pus no site o seguinte comentário:

 “Olá. Gosto de ver aqui uma notícia sobre o meu livro, é um facto, e fico agradecido. Mas parece-me um pouco deslocado o vosso título. Eu não sou "o capitão homossexual do exército português no Ultramar", mas apenas um capitão miliciano que fez a guerra colonial e falou dela abertamente, sem medo, mas em que a abordagem homossexual é apenas um capítulo, e parece-me abusivo tomar o todo pela parte. Não tenho qualquer problema em assumir a minha orientação sexual, mas sempre defendi em toda a minha vida que esse facto não me impede de ser uma pessoa normal. E assim ao ser apontado como "o" capitão homossexual, não me identifico como tal, pois não foi nessa qualidade que lá estive. É pena que se tenda sempre a fazer um gueto destas questões; sempre lutei contra esses guetos...”

Claro que o comentário foi publicado e foi mudado o título para “ O livro do capitão do exército português no Ultramar”.

Hoje foi a vez de o livro aparecer na secção gay da revista “TIME OUT” – Lisboa, mais uma vez com um título enganador
HOMOSSEXUAIS NA GUERRA
E assim o meu livro deixou de ser um livro de crónicas para ser encarado como um livro que faz a reportagem da vida gay na guerra colonial e nada mais.
Até parece que eu andava por lá a promover a homossexualidade (salvo o devido exagero, claro)…
Sempre primei a minha vida, desde que me aceitei como homossexual e o fui assumindo normalmente às pessoas importantes da minha vida – família e amigos, na base de que ser homossexual nada muda na maneira de ser das pessoas – elas são gente normal, com defeitos e virtudes, vivem, trabalham, pagam os seus impostos, têm bons e maus momentos, como toda a gente.
E tenho-o conseguido com o exemplo da minha vida.
E é agora com o aparecimento de um livro que me deu gosto escrever e que escrevi, como sempre faço, com sinceridade e de “coração nas mãos”, que sou apontado publicamente como gay, sem haver sequer uma referência às outras partes do livro que são a quase totalidade do livro.
Tenho que concluir que, na generalidade, os gays constituem um grupo de pessoas que parece terem prazer em se autonomizar como tal, formando um gueto, quando eu luto exactamente pelo contrário.

domingo, 27 de julho de 2014

In my place

Roubei o título à canção do dia, dos Coldplay, para mostrar como por vezes as coisas nos parecem tão diferentes, apenas pela forma como dispomos os elementos de um todo.
Cada uma das situações aqui mostradas tem exactamente as mesmas componentes nas duas fotos que servem como exemplo.
Mas o que é curioso é que certas coisas apresentadas de uma forma "desarrumada" fazem sentido ao contrário de tudo disposto numa forma perfeitamente sistematizada.
Vejamos por exemplo os quadros de Miró e de Van Gogh




Penso não haver dúvidas de que a "arrumação" nos dois casos, fica sempre a perder.

Tomemos agora o caso de dois exemplos no campo da alimentação; será que quando vamos comer uma sopa daquelas massas de letrinhas nos preocupamos com a arrumação das mesmas?


E o caso de uma salada? Quando fazemos a salada, temos os componentes, que são naturalmente seleccionados um a um, mas o que realmente nos interessa é o todo, a mistura das partes.



E o que aconteceria se na Natureza as coisas nos fossem apresentadas "descompostas"? Decerto o fim delas seria naturalmente o lixo.


Passará pela cabeça de alguém que vai passar um bocado de tempo a uma piscina (poderia ser uma praia), instalar-se segundo uma ordem programada?


Finalmente, um caso prático - quando se vai estacionar o automóvel, o que interessa o parqueamento segundo as cores do mesmo? o que queremos é que haja lugar...

quinta-feira, 24 de julho de 2014

George Bellows

George Wesley Bellows nasceu e cresceu em Columbus, Ohio, filho de um empreiteiro devoto e solidamente republicano, e de uma mãe que esperava que o seu filho se tornasse um bispo metodista.
Ele sempre se sentiu profundamente ambivalente em relação ao pai, que tinha 55 anos quando ele nasceu (a sua mãe tinha 40), sendo filho único.
Era considerado como um maricas por seus colegas, mas George Bellows rapidamente aprendeu a defender-se com os punhos, e compensou a sua falta de jeito desengonçado, tornando-se um atleta de destaque, principalmente no beisebol.
 O seu amor pelo desenho cedo apareceu, desde que ele foi proibido de jogar fora aos domingos, mas permitiu-lhe desenhar enquanto a sua mãe lia em voz alta a Bíblia.
Na Universidade Estadual de Ohio, George Bellows provou ser um extrovertido espirituoso, destacando-se em beisebol, bem como no novo desporto - o basquete, cantando em teatros, e fazia desenhos de meninas para a revista da universidade.
As suas proezas atléticas quase o desviou de uma carreira na arte, mas em 1904 ele decidiu recusar um contato profissional de beisebol e mudar-se para Nova York para estudar pintura.
A cidade de Nova York foi uma revelação para ele após as naturezas puras e as residências limpas de Columbus.
Lá,ele rapidamente caiu sob o feitiço do professor carismático Robert Henri, que o apresentou a Shaw, Ibsen e lhe ensinou o socialismo, e inspirou-o a mudar de desenho, para pintar a vida das ruas. Em 1906 pintou a sua primeira obra-prima, "Cross-Eyed Boy"
a que se seguiram outras pinturas igualmente memoráveis de meninos de rua
e depois expandiu a sua visão com uma série de cenas urbanas magistrais que gravam temas como meninos nadando no East River, vagabundos que pululam em torno de um cortiço solitário, a ponte para a ilha de Blackwell, ou a grande cicatriz criada pela escavação da estação de Pensilvânia. Uma dúzia ou mais dessas telas podem classifica-se como das melhores pinturas americanas.






Talvez a sua obra-prima seja a cena de boxe, "Stag at Sharkey,"


inspirado pelo salão de Sharkey, do outro lado da rua do Lincoln Arcade onde teve o seu estúdio, e onde os amadores se agrediam mutuamente em combates nocturnos.


Tornou se um ícone da arte americana, talvez a única expressão das difíceis e ásperas emoções da cidade moderna desse tempo.

Em 1910, Bellows casou com Emma Story, e tiveram dois filhos, Anne, nascida em 1911 e Jean, nascida em 1915



Após o seu casamento, os temas de Bellow começaram a mudar.
Continuou a pintar cenas urbanas, mas cada vez mais se concentrou em paisagens do Maine e Woodstock



assim como retratos





 Surpreendentemente, o pintor de vagabundos e boxers mostrou ser particularmente adepto de retratos sensíveis de mulheres, incluindo muitas semelhanças magistrais de sua esposa e filhas. Apenas um ano antes de sua morte, ele pintou o mais famoso deles, "Lady Jean"
mostrando a sua filha Jean, com dez anos de idade vestida com um traje vitoriano. 
Apropriadamente, Jean mais tarde tornou-se uma actriz, aparecendo na Broadway ao lado de estrelas como Helen Hayes.
Enquanto o vigor de sua obra transmite um sentimento inconsciente, George Bellows era na 
verdade um notável pintor intelectual, que dominou uma variedade de diferentes sistemas de cor.
Além de ser um grande pintor, George Bellows também foi um dos maiores gravadores americanos,que exploraram a técnica de litografia para fazer impressões que parecem desenhos a carvão.




Infelizmente, George Bellows morreu de apendicite, no auge da sua fama e talento artístico, com a idade de quarenta e três anos. 
Mais tarde nesse ano uma grande exposição de sua obra foi realizada no Metropolitan Museum of Art, em Nova York. 
 A fama de Bellows começou cedo e provou de longa duração. 
Com a idade de vinte e três anos, tornou-se membro da Academia Nacional de Design, e com a idade de trinta e um anos tornou-se um académico completo, o pintor mais jovem eleito para aquele órgão. 
Com a idade de trinta anos já tinha um trabalho seu no Metropolitan Museum of Art. 
Hoje ele ainda é classificado como um dos gigantes da arte norte-americana - uma figura cujo realismo rivaliza com o de Thomas Eakins, e cujo virtuosismo técnico rivaliza com a de John Singer Sargent.
Ficaram também célebres as telas que pintou com motivos de neve 



e principalmente as que dedicou à violência dos soldados alemães durante a 1ª.GrandeGuerra