sexta-feira, 25 de fevereiro de 2011

Política e políticos portugueses


" Foram tomadas medidas draconianas esta semana em Portugal pelo Governo liberal de José Sócrates, um caso de um outro governo de centro-direita pedindo ao povo Português a fazer sacrifícios, um apelo repetido vezes sem fim a esta nação trabalhadora, sofredora, historicamente deslizando cada vez mais no atoleiro da miséria.

E não é por eles serem portugueses.
Vá ao Luxemburgo, que lidera todos os indicadores socioeconómicos, e você vai descobrir que doze por cento da população é portuguesa, o povo que construiu um império que se estendia por quatro continentes e que controlava o litoral desde Ceuta, na costa atlântica, percorrendo a costa africana até ao Cabo da Boa Esperança, a costa oriental da África, no Oceano Índico, o Mar Arábico, o Golfo da Pérsia, a costa ocidental da Índia e Sri Lanka. E foi o primeiro povo europeu a chegar ao Japão....e Austrália.
Esta semana, o Primeiro Ministro José Sócrates lançou uma nova onda dos seus pacotes de austeridade, corte de salários e aumento do IVA, mais medidas cosméticas tomadas num clima de política de laboratório por académicos arrogantes e altivos desprovidos de qualquer contacto com o mundo real, um esteio na classe política elitista portuguesa, no Partido Social Democrata e no Partido Socialista, baloiços de má gestão política que têm assolado o país desde anos 80.
O objectivo? Para reduzir o défice. Por quê?
Porque a União Europeia assim o diz. Mas é só a UE?
Não, não é. O maravilhoso sistema em que a União Europeia se deixou levar é aquele em que as agências de Ratings, Fitch, Moody's e Standard and Poor's, todas elas estabelecidas nos Estados Unidos da América (onde havia de ser?) virtualmente controlam as políticas fiscais, económicas e sociais dos Estados Membros da União Europeia através da atribuição das notações de crédito.
Com amigos como estes organismos, quem precisa de inimigos? Sejamos honestos. A União Europeia é o resultado de um pacto forjado por uma França tremente e com medo, apavorada com a Alemanha depois que as suas tropas invadiram o seu território três vezes em setenta anos, tomando Paris com facilidade, não só uma vez mas duas vezes, e por uma astuta Alemanha ansiosa para se reinventar após os anos de pesadelo de Hitler. França tem a agricultura, a Alemanha ficou com os mercados para sua indústria.
E Portugal? Olhem para as marcas de automóveis novos conduzidos por motoristas particulares para transportar exércitos de "assessores" (estes parecem ser imunes a cortes de gastos) e adivinhem de que país eles vêm? Não, eles não são Peugeot e Citroen ou Renault. Eles são Mercedes e BMWs. Topo-de-gama, é claro.
Os sucessivos governos formados pelos dois principais partidos, PSD (Partido Social Democrata, direita) e PS (Socialista, de centro), têm sistematicamente jogado os interesses de Portugal e dos portugueses pelo esgoto abaixo, destruindo a sua agricultura (agricultores portugueses são pagos para não produzir) e sua indústria (desapareceu) e sua pesca (arrastões espanhóis em águas lusas), a troco de quê?
O que é que as contra-partidas renderam, a não ser a aniquilação total de qualquer possibilidade de criar emprego e riqueza em uma base sustentável?
Aníbal Cavaco Silva, agora Presidente, mas primeiro-ministro durante uma década, entre 1985 e 1995, anos em que estavam despejando biliões através das suas mãos a partir dos fundos estruturais e do desenvolvimento da UE, é um excelente exemplo de um dos melhores políticos de Portugal. Eleito fundamentalmente porque ele é considerado "sério" e "honesto" (em terra de cegos, quem tem olho é rei), como se isso fosse um motivo para eleger um líder (que só em Portugal, é) e como se a maioria dos restantes políticos (PSD/PS) fossem um bando de sanguessugas e parasitas inúteis (que são), ele é o pai do défice público em Portugal e o campeão de gastos públicos.
A sua "política de betão" foi bem concebida, mas como sempre, mal planeada, o resultado de uma inepta, descoordenada e, às vezes inexistente localização no modelo governativo do departamento do Ordenamento do Território, vergado, como habitualmente, a interesses investidos que sugam o país e o seu povo.
Uma grande parte dos fundos da UE foram canalizadas para a construção de pontes e auto-estradas para abrir o país a Lisboa, facilitando o transporte interno e fomentando a construção de parques industriais nas cidades do interior para atrair a grande parte da população que assentava no litoral.
O resultado concreto, foi que as pessoas agora tinham os meios para fugirem do interior e chegar ao litoral ainda mais rápido. Os parques industriais nunca ficaram repletos e as indústrias que foram criadas, em muitos casos já fecharam
Uma grande percentagem do dinheiro dos contribuintes da UE vaporizou-se em empresas e esquemas fantasmas. Foram comprados Ferraris. Foram encomendados Lamborghinis e Maseratis. Foram organizadas caçadas de javali em Espanha. Foram remodeladas casas particulares. O Governo de Aníbal Silva ficou a observar, no seu primeiro mandato, enquanto o dinheiro foi desperdiçado. No seu segundo mandato, Aníbal Silva ficou a observar os membros do seu governo a perderem o controlo e a participarem. Então, ele tentou desesperadamente distanciar-se do seu próprio partido político. E nisso ele é um dos melhores.
Depois de Aníbal Silva veio o bem-intencionado e humanitário, António Guterres (PS), um excelente Alto Comissário para os Refugiados e um candidato perfeito para Secretário-Geral da ONU, mas um buraco negro em termos de (má) gestão financeira. Ele foi seguido pelo diplomata excelente, mas abominável primeiro-ministro José Barroso (PSD) (agora Presidente da Comissão da EU, "Eu vou ser primeiro-ministro, só que não sei quando") que criou mais problemas com o seu discurso do que o resolveu, e passou a batata quente para Pedro Lopes (PSD), que não tinha qualquer hipótese ou capacidade para governar e não viu a armadilha. Resultando em dois mandatos de José Sócrates; um Ministro do Ambiente competente, que até formou um bom governo de maioria e tentou corajosamente corrigir erros anteriores. Mas foi rapidamente asfixiado por interesses instalados.
Agora, as medidas de austeridade apresentadas por este primeiro-ministro, são o resultado da sua própria inépcia para enfrentar esses interesses, no período que antecedeu a última crise mundial do capitalismo (aquela em que os líderes financeiros do mundo foram buscar três triliões de dólares de um dia para o outro para salvar uma mão cheia de banqueiros irresponsáveis, enquanto nada foi produzido para pagar pensões dignas, programas de saúde ou projectos de educação).
E, assim como seus antecessores, José Sócrates, agora com minoria, demonstra falta de inteligência emocional, permitindo que os seus ministros pratiquem e implementem políticas de laboratório, que obviamente serão contra producentes. A Pravda entrevistou 100 funcionários, cujos salários vão ser reduzidos. Aqui estão os resultados:
Eles vão cortar o meu salário em 5%, por isso vou trabalhar menos (94%). Eles vão cortar o meu salário em 5%, por isso vou fazer o meu melhor para me aposentar cedo, mudar de emprego ou abandonar o país (5%). Concordo com o sacrifício (1%) um por cento. Quanto ao aumento dos impostos, a reacção imediata será que a economia encolhe ainda mais enquanto as pessoas começam a fazer reduções simbólicas, que multiplicado pela população de Portugal, 10 milhões, afectará a criação de postos de trabalho, implicando a obrigatoriedade do Estado a intervir e evidentemente enviará a economia para uma segunda (e no caso de Portugal, contínua) recessão. Não é preciso ser cientista de física quântica para perceber isso. O idiota e avançado mental que sonhou com esses esquemas, tem resultados num pedaço de papel, onde eles vão ficar. É verdade, as medidas são um sinal claro para as agências de ratings que o Governo de Portugal está disposto a tomar medidas fortes, mas à custa, como sempre, do povo português. Quanto ao futuro, as pesquisas de opinião providenciam uma previsão de um retorno para o PSD, enquanto os partidos de esquerda (Bloco de Esquerda e Partido Comunista Português) não conseguem convencer o eleitorado com as suas ideias e propostas.
Só em Portugal, a classe elitista dos políticos PSD/PS seria capaz de punir o povo por se atrever a ser independente. Essa classe, enviou os interesses de Portugal no ralo, pediu sacrifícios ao longo de décadas, não produziu nada e continuou a massacrar o povo com mais castigos. Esses traidores estão levando cada vez mais portugueses a questionarem se deveriam ter sido assimilados há séculos, pela Espanha. Que convidativo, o ditado português "Quem não está bem, que se mude". Certo, bem longe de Portugal, como todos os que podem, estão a fazer. Bons estudantes a jorrarem pelas fronteiras fora. Que comentário lamentável para um país maravilhoso, um povo fantástico, e uma classe política abominável.

Timothy Bancroft-Hinchey (director do jornal russo Pravda para a língua inglesa e portuguesa.

quinta-feira, 24 de fevereiro de 2011

terça-feira, 22 de fevereiro de 2011

O Encontro


O homem está diante do espelho. Acaba de fazer a barba e tomar duche. Com uma mão agarra o pequeno michelin da cintura, olha-o no espelho e faz estalar a língua.

Hesita quanto ao que vestir. Como hesita, pensa que adiantará serviço se vestir a camisola interior e os slips. Procura uns brancos, com riscas azuis. Comprova que
não têm nenhum buraco. Veste-os. Por outro lado, quando tem a camisola interior na mão parece-lhe que talvez seja melhor não a usar, e guarda-a na gaveta. Abre outra porta do armário e contempla as camisas. Há uma branca, italiana, de algodão, que comprou há umas semanas e que lhe agrada especialmente. Pega no cabide pelo gancho e observa a camisa; o tacto agrada-lhe. Mas o branco fá-lo mais gordo. Devolve-a ao seu lugar. Com os dedos, como quem passa as páginas de um livro, acaricia as mangas de todas as camisas. Decididamente, as que lhe assentam melhor são a cinzenta e a preta. Mas ultimamente usou-as tão frequentemente que está farto delas. Se no fim se decidir por uma dessas duas camisas, poderia vestir as calças cinzentas, ou os jeans pretos.

À hesitação já tradicional de não saber como vestir-se para ficar mais favorecido, acresce que não tem a mínima ideia de como irá ela. Virá com um vestido especialmente ostensivo, ou de um modo simples? Se, suponhamos, viesse vestida desportivamente, ele, com os jeans pretos e a camisa cinzenta ou preta, estaria bem. Porque o casaco é outra das dúvidas: usará o blazer cinzento, o mais clássico, ou o de quadradinhos esverdeados? Se escolhesse a camisa preta, o blazer de quadradinhos serviria para quebrar um pouco a seriedade da camisa e das calças, que poderá ser excessiva. Claro que, com uma gravata, também se pode quebrar a austeridade cinzenta e negra da camisa e das calças. Usará gravata ou não? Com a mão aparta as camisas e tira o cabide das gravatas. Qual colocará? Uma lisa, de riscas, aos quadradinhos? Com o blazer de quadrinhos, a gravata de padrão idêntico poderá ficar de mau gosto. Ou, precisamente, pôr quadradinhos sobre quadradinhos resultará num choque interessante, brutal.

Claro que também poderia não usar gravata. Mas se não a põe e ela se apresenta muito bem vestida, não ficará demasiado reles? A mescla de gravata e jeans dar-lhe-á um ar ambíguo, que talvez lhe permita resolver a situação, vá ela como for. O problema é se essa combinação de gravata de quadradinhos, jeans e blazer de quadradinhos não resultará demasiado irónica, dependendo do que ela vestir. E se usar as calças de cheviote? Com as calças de cheviote, a força da camisa escura e a ironia do choque dos quadradinhos da gravata e dos do blazer não arrastaria, além disso, o toque burlesco dos jeans; um toque burlesco que a ele lhe parecia bem, mas que, como já se disse repetidamente, tem medo que choque com a vestimenta dela.

Irá, pois – repete mentalmente, para ver se o conjunto escolhido o satisfaz –, com camisa cinzenta, gravata de quadradinhos acastanhados, blazer de quadradinhos esverdeados e calças de cheviote, também acastanhadas. Talvez o que lhe faça falta, agora, seja passar de teoria à prática. Assim faz: veste a camisa cinzenta, as calças de cheviote, a gravata de quadradinhos acastanhados e o blazer de quadradinhos esverdeados. Olha-se no espelho. Os pés, ainda por calçar, contrastam escandalosamente. Tem que decidir que sapatos calçar, e toma a determinação de escolhê-los rapidamente, não seja que os sapatos gerem uma nova cadeia de dúvidas. Calça os castanhos, de pele, sem pensar no assunto.

Mas, e se ela comparece ao encontro com um vestido de cheviote de uma cor parecida à das suas calças; parecida mas não exactamente igual, que é quando pior jogam estas combinações? Isto para não falar da possibilidade de que se apresente com um vestido aos quadradinhos. Uma coisa é ele brincar, deliberadamente, a fazer chocar dois tipos de quadradinhos diferentes – os esverdeados do blazer e os acastanhados da gravata –, porque considera que este choque pode ser atraente. Mas se ela também for de quadradinhos, tanto choque tornar-se-á ridículo. Como saber de que modo se vestirá ela? Não lhe disse a que tipo de festa iam. Agora que pensa nisso, ao telefone pareceu-lhe com pouca vontade de atenções. Quando lhe ouviu a voz, opaca e requebrada, e lhe perguntou se estava constipada, ela respondeu com uma evasiva e desligou à pressa. Assim, perante a evidência de que não há forma humana de saber como ela irá, talvez o que tenha que fazer seja jogar com os quadradinhos. Assim, pelo menos, não se aventurará ao perigo de que, se ela se apresentar com alguma peça de quadradinhos – se viesse com um blazer de quadradinhos seria caso para suicidar-se –, se exponham ambos ao ridículo. Mas deixará o blazer ou a gravata? Enquanto pensa no assunto, prepara um café. Serve-o num copinho de vidro e toma-o sem açúcar. Finalmente decide-se: deixará o blazer, já que não só é muito mais provável que ela se apresente com blazer de quadradinhos que com gravata de quadradinhos, como, caso coincidam neste ornamento, uma gravata sempre é muito mais pequena – e muito mais discreta, portanto – que um blazer. Que blazer usará, então? O preto, enrugado? O cinzento, mais clássico? Prova o cinzento e torna-se-lhe evidente que não é o que lhe assenta bem. Tira-o e veste o preto. Mas, apesar de enrugado, parece-lhe que fica demasiado clássico, já não apenas se ela se apresentar vestida de maneira mais simples, mas inclusive por si só, abstracção feita de como possa ela vir. Se se veste com blazer preto, camisa cinzenta, gravata de quadradinhos, calças de cheviote e sapatos de pele, não ficará estranhamente clássico ao lado dela, se ela aparecer vestida, suponhamos, com jeans, um jersey e uma gabardina? Claro que podia usar um ardil: espreitar pelo buraco da porta e, segundo ela se vestisse, decidir no último instante se deixar a gravata posta ou, num segundo, tirá-la para ficar vestido tão informalmente quanto ela.

É todavia tão importante que as vestimentas de ambos, digamos, estejam conjugadas? Não é uma vontade de perfeição desmesurada? Que problema há se ela for de um modo e ele de outro bem diferente? Inclusive pode ter certa graça que um vista de uma maneira e outro de outra. Ou pensa que o facto das indumentárias de um e do outro se sintonizarem é um bom augúrio para a relação? Em vez de queimar os fusíveis meditando como tem que arranjar-se para que o vestido dela não choque com o seu, o que tem que fazer é vestir-se como achar que ficará melhor. Mas, como havia decidido que ficaria melhor?

Recupera a ideia dos jeans e do blazer de quadradinhos. Tira os sapatos, as calças de cheviote e veste os jeans pretos e, outra vez, os sapatos. E troca de blazer. Vê-se ao espelho: agora que repara bem, parece-lhe que ficará melhor de blazer preto. Tira o de quadradinhos e volta a pôr o preto. Mas, os sapatos castanhos, de pele, com os jeans pretos? Fatal. Procura os sapatos pretos com atacadores, mas estão sujos. Os mocassins pretos, por outro lado, estão limpos. Mas desde há dois anos que os acha tão foleiros que nem os toma em consideração. Apressa-se a sentar-se, arregaça a camisa e engraxa os sapatos pretos.

Troca de sapatos e olha-se ao espelho. Está bem, mas há qualquer coisa que não encaixa. E se repudiasse a teoria das camisas escuras e procurasse, por exemplo, a camisa vermelha, que sempre favoreceu a cor da sua cara? Tira o blazer preto e a camisa cinzenta e veste a camisa vermelha e, outra vez, o blazer preto por cima. Contempla-se no espelho. Não. Volta a tirar o blazer e a camisa. Sem tempo para teorizar, experimenta todas as variantes possíveis: a camisa bege com o blazer preto; a camisa verde com o blazer de quadradinhos; a camisa amarela com o blazer preto; a camisa verde com o blazer cinzento; a camisa cinzenta com o blazer cinzento; a camisa branca com o blazer de quadradinhos; a camisa amarela com a gravata verde e o blazer preto; a camisa fúchsia com a gravata de riscas azuis e amarelas e o blazer de quadradinhos; a camisa castanha com o blazer bege – que não tinha considerado antes –; a camisa branca com o blazer cinzento…

Quando soa a campainha está vestido com um anoraque azul, uma camisa branca, um lacinho abominável, umas calças de lã salpicadas de castanho, bege e verde, e meias pretas. Ainda não escolheu os sapatos. Para não se ver afogado num novo mar de dúvidas, no último instante decide abrir a porta sem antes ter olhado pelo ralo. Encontra-a diante dele, vestida com uma simples túnica negra e uma gadanha na mão. O homem olha-a, entre decepcionado e surpreendido.
– Não me digas que é um baile de máscaras – diz.
– Não.

Visto aqui.

quinta-feira, 17 de fevereiro de 2011

Human Planet

Com a chancela de qualidade da BBC eis um vídeo imperdível, magnífico.
Aconselho a que o vejam, se possível, em ecrã largo, usando o link que deixo ao fundo.


quarta-feira, 16 de fevereiro de 2011

terça-feira, 15 de fevereiro de 2011

A "nova" Covilhã

A minha cidade mudou muito nos últimos anos. Da velha cidade dos lanifícios, outrora a "Manchester portuguesa", restam alguns edifícios fabris transformados em pólos universitários ou seus apoios (à excepção de uma só grande empresa). A cidade é agora uma das mais conhecidas cidades universitárias, com a UBI (Universidade da Beira Interior), que tem uma nova Faculdade de Medicina e que dá vida à urbe.
As indústrias diversificaram-se e quer no Parque Industrial, quer no Parque Urbis há grande desenvolvimento industrial.
E agora com o recente acordo com a PT, para a instalação na cidade do mais importante Data Center da Península, a cidade vai ainda progredir mais.
E a sua topografia mudou também radicalmente: antes eram as ruas e ruelas distribuídas em anfiteatro, desde o vale até ao início da serra; agora é o vale plano, que, como um milagre, nos últimos 20 anos cresceu exponencialmente.
O velho Pelourinho continua a ser o centro da cidade e a sua sala de visitas; mas a população escasseia mais, como nos grandes centros e pela noite há uma certa nostalgia do passado.
A Covilhã recuperou dois locais importantes, transformou-os e alindou-os: as ribeiras da Carpinteira e da Goldra.
Criou um belíssimo espaço verde, o Jardim do Lago. Construiu uma ponte pietonal unindo a zona do Jardim com o Bairro dos Penedos Altos, que é considerada uma das mais inovadoras arquitecturas na Europa e projecta um teleférico.
A cidade estende-se tanto pelo vale que não admira que daqui a uns curtos anos, constitua com o Tortozendo, já agregado e o Fundão, cada vez mais perto, uma grande urbe do interior do país.
Como filho da terra, é com orgulho que aqui deixo um vídeo da "nova" Covilhã.

domingo, 13 de fevereiro de 2011

As Gerações


"Quando o FMI chegou pela segunda vez a Portugal, em 1983, eu tinha 26 anos. Num daqueles dias de ambiente pesado, quando havia bandeiras pretas hasteadas nos portões das fábricas da periferia de Lisboa, quando nos admirávamos com ser possível continuar a viver e a trabalhar com meses e meses de salários em atraso, almocei com um incorrigível optimista no Martinho da Arcada. Nunca mais me esqueci de uma sua observação singela: “Já reparaste como, apesar de todos os actuais problemas, a nossa geração vive melhor do que as dos nossos pais? Tenta lembrar-te de como era quando eras miúdo…”
Era verdade: a minha geração viveu e vive muito melhor do que a dos seus pais. E eles já viveram melhor do que os pais deles. Mas quando olho para a geração dos meus filhos, e dos que são mais novos do que eles, sinto, sei, que já não vai ser assim. E não vai ser assim porque nós estragámos tudo – ou ajudámos a estragar tudo. Talvez aqueles que são um bocadinho mais velhos do que eu, os verdadeiros herdeiros da “geração de 60”, os que ocuparam o grosso dos lugares do poder nas últimas três décadas, tenham um bocado mais de responsabilidade. Mas ninguém duvide que o futuro que estamos a deixar aos mais novos é muito pouco apetecível. E que o seu presente já é, em muitos aspectos, insuportável.
Começámos por lhes chamar a “geração 500 euros”, pois eram licenciados e muitos não conseguiam empregos senão no limiar do salário mínimo. Agora é ainda pior. Quase um em cada quatro pura e simplesmente não encontram emprego (mais de 30 por cento se tiverem um curso superior). Dos que encontram, muitos estão em “call centers”, em caixas de supermercados, ao volante de táxis, até com uma esfregona e um balde nas mãos apesar de terem andado pela Universidade e terem um “canudo”. Pagam-lhes contra recibos verdes e, agora, o Estado ainda lhes vai aplicar uma taxa maior sobre esse muito pouco que recebem. Vão ficando por casa dos pais, adiando vidas, saltitando por aqui e por ali com medo de compromissos.
Há 30 anos, quando Rui Veloso fixou um estereótipo da minha geração em “A rapariguinha do Shopping”, a letra do Carlos Tê glosava a vaidade de gente humilde em ascensão social, fosse lá isso o que fosse: “Bem vestida e petulante/Desce pela escada rolante/Com uma revista de bordados/Com um olhar rutilante/E os sovacos perfumados/…/Nos lábios um bom batom/Sempre muito bem penteada/Cheia de rimel e crayon…”
Hoje, quando os Deolinda entusiasmam os Coliseus de Lisboa e do Porto, o registo não podia ser mais diferente: “Sou da geração sem remuneração/E não me incomoda esta condição/Que parva que eu sou/Porque isto está mal e vai continuar/Já é uma sorte eu poder estagiar…” Exacto: “Já é uma sorte eu poder estagiar”, ou mesmo trabalhar só pelo subsídio de refeição, ou tentar a bolsa para o pós-doc depois de ter tido bolsa para o doutoramento e para o mestrado e nenhuma hipótese de emprego. Sim, “Que mundo tão parvo/Onde para ser escravo é preciso estudar…”
É a geração espoliada. A geração que espoliámos.
Sem pieguices, sejamos honestos: na loucura revolucionária do pós-25 de Abril, primeiro, depois na euforia da adesão à CEE, por fim na corrida suicida ao consumo desencadeada pela adesão à moeda única e pelos juros baixos, desbaratámos numa geração o rendimento de duas gerações. Talvez mais. As nossas dívidas, a pública e a privada, já correspondem a três vezes o produto nacional – e não vamos ser nós a pagá-las, vamos deixá-las de herança.
Quisemos tudo: bons salários, sempre a subir, e segurança no emprego; casa própria e casa de férias; um automóvel para todos os membros da família; o telemóvel e o plasma; menos horas de trabalho e a reforma o mais cedo possível. Pensámos que tudo isso era possível e, quando nos avisaram que não era, fizemos como as lapas numa rocha batida pelas ondas: enquistámos nas posições que tínhamos alcançado. Começámos a falar de “direitos adquiridos”. Exigimos cada vez mais o impossível sem muita disposição para darmos qualquer contrapartida. Eram as “conquistas de Abril”.
Veja-se agora o país que deixamos aos mais novos. Se quiserem casa, têm de comprá-la, pois passaram-se décadas sem sermos capazes de ter uma lei das rendas decente: continuamos com os centros das cidades cheios de velhos e atiramos os mais novos para as periferias. Se quiserem emprego, mesmo quando são mais capazes, mesmo quando têm muito mais formação, ficam à porta porque há demasiada gente instalada em empregos que tomaram para a vida. Andaram pelas Universidades mas sabem que, nelas, os quadros estão praticamente fechados. Quando têm oportunidade num instituto de investigação, dão logo nas vistas, mas são poucas as oportunidades para tanta procura. Pensaram ser professores mas foram traídos pela dinâmica demográfica e pela diminuição do número de alunos. Sonharam com um carreira na advocacia, mas agora até a sua Ordem se lhes fecha. Que lhes sobra? As noites de sexta-feira e pensarem que amanhã é outro dia…
E observe-se como lhes roubámos as pensões a que, teoricamente, um dia teriam direito: a reforma Vieira da Silva manteve com poucas alterações o valor das reformas para os que estão quase a reformar-se ao mesmo tempo que estabelecia fórmulas de cálculo que darão aos jovens de hoje reformas que corresponderão, na melhor das hipóteses, a metade daquelas a que a geração mais velha ainda tem direito. Eles nem deram por isso. Afinal como poderia a “geração ‘casinha dos pais’” pensar hoje no que lhe acontecerá daqui a 30 ou 40 anos?
Esta geração nunca se revoltará, como a geração de 60, por estar “aborrecida”, ou “entediada”, com o progresso “burguês”. Esta geração também não se mobilizará porque… “talvez foder”. Mas esta geração, que foi perdendo as ilusões no Estado protector – ela sabe muito bem como está desprotegida no desemprego, por exemplo… –, habituou-se também a mudar, a testar, a arriscar e, sobretudo, a desconfiar dos “instalados”.
Esta geração talvez já tenha percebido que não terá uma vida melhor do que a dos seus pais, pelo menos na escala que eles tiveram relativamente aos seus avós. Por isso esta geração não segue discursos políticos gastos, nem se deixa encantar com retóricas repetitivas, nem acredita nos que há muito prometem o paraíso.
Por isso esta geração pode ser mobilizada para o gigantesco processo de mudança por que Portugal tem de passar – mais do que um processo de mudança, um processo de reinvenção. Portugal tem de deixar de ser uma sociedade fechada e espartilhada por interesses e capelinhas, tem de se abrir aos seus e, entre estes, aos que têm mais ambição, mais imaginação e mais vontade. E esses são os da geração “qualquer coisa” que só quer ser “alguma coisa”. Até porque parvoíce verdadeira é não mudar, e isso eles também já perceberam…"
*Público, 4 Fevereiro 2011


Este artigo é da autoria de um jornalista de quem, com toda a sinceridade devo afirmar, não gosto mesmo nada. Chama-se José Manuel Fernandes e foi director do jornal onde agora publica crónicas. Pode dizer-se que nalguns pontos tem razão, mas deve ir-se um pouco além de uma leitura simplista.
Se vamos analisar as “heranças geracionais” do passado, não podemos deixar de prestar muita atenção a este texto escrito por João Pinto e Castro no blog “Jugular
“Quando nasci, a travessia do Tejo mais próxima de Lisboa era em Santarém. Pouco tempo depois, foi inaugurada a de Vila Franca.
A única auto-estrada do país ligava Lisboa ao estádio do Jamor. Em 1962, construíu-se a muito custo um troço de Lisboa a Vila Franca. Da primeira vez que fui de carro a Paris, a primeira auto-estrada que encontrei foi em Bordéus.
O aeroporto do Funchal só foi inaugurado em 1964, o de Faro em 1965, o de Ponta Delgada em 1969.
Um em cada dois portugueses era analfabeto. Havia menos alunos universitários do que hoje há professores.
A taxa de mortalidade infantil era umas 30 vezes superior à de hoje.
Ouve-se hoje muitas queixas sobre a herança que vamos deixar às novas gerações. Porém, mesmo sem falar do progresso dos costumes e das liberdades individuais e colectivas, parece seguro que ela é bem mais invejável que aquela que a minha recebeu."



Ultimamente vi noutros blogs que frequento habitualmente, aqui na blogosfera, debater-se este assunto, que é, concordo, tão aliciante, como complicado.
Sempre houve choques de gerações, mas nunca como agora, em que estamos a viver uma crise aguda e para a qual não se antevêem  soluções a curto prazo, esta discussão se tornou tão fulcral. E será caso para questionar já num plano muito mais restrito, mas também muito mais importante, a questão geracional dos políticos no activo; que me lembre nunca houve no mundo uma tão grande carência de políticos com P grande. Maus ou bons, uns por terem feito grandes obras e serem grandes estrategas económicos ou sociais, outros por manifestas actividades que o Mundo condenou, não deixaram de ser grandes políticos. Hoje, pelo contrário, encontramos pessoas que só estão na política por ambição e por interesse, aprendizes de uma arte que não se estuda, mas que se pratica.
Basta ver em Portugal, e só para referir ao período pós 25 de Abril, onde estão políticos como Mário Soares, Álvaro Cunhal ou Sá Carneiro? Goste-se ou não, eram verdadeiramente políticos.
E o pior, é que não vislumbro, a curto prazo nenhum Messias que venha alterar esta situação.

sexta-feira, 11 de fevereiro de 2011

O Unicórnio de Porcelana

Vi este vídeo no blog " Felizes Juntos" e o impulso foi comentá-lo de imediato a dizer como tinha gostado dele; mas não havia comentários. Então liguei ao Paulo e pedi-lhe autorização para publicar aqui o vídeo, como que fosse um comentário de muita admiração.
Claro que o Paulo anuiu de imediato e ainda tive a grata surpresa de ver depois que os comentários tinham sido reactivados lá no seu blog, dele e do Zé!
Hoje, vi com satisfação que também a Smile, fazendo jus à sensibilidade que lhe reconheço, publicou o vídeo no seu blog.
Ainda bem, pois uma pequena obra de arte como esta merece ser partilhada.

quinta-feira, 10 de fevereiro de 2011

O Gafanhoto



Um gafanhoto esperto tinha a mania de ir ao cu aos pirilampos!
De noite via-lhes a luzinha e pimba... Uma noite queimou a pila...
Fodeu-se! Era uma beata.!.!.!

quarta-feira, 9 de fevereiro de 2011

terça-feira, 8 de fevereiro de 2011

Teste de Alzheimer



How fast can you guess these words ?
1. F_ _K
2. PU_S_
3. S_X
4. P_N_S
5. BOO_S
6. _ _NDOM


SCROLL DOWN



Answers:
1. FORK
2. PULSE
3. SIX
4. PANTS
5. BOOKS
6. RANDOM
You got all 6 wrong....didn't you ?
Well, you don't have Alzheimers, but you are a pervert !

domingo, 6 de fevereiro de 2011

O Fabuloso Mundo dos Gatos

Dedicado aos meus companheiros de todos os dias, a endiabrada Teka e o velhote Boris (cada vez mais magrinho). Eles serão sempre os meus "Pequeninos"!!!

sexta-feira, 4 de fevereiro de 2011

Mulheres # 1


Estou a ler um interessante livro, cujo autor é uma mulher, Agnès Michaux, e que consiste numa interessantíssima compilação de frases sobre a Mulher.
Não me considero minimamente misógino, e portanto estou à vontade para aqui iniciar uma nova rubrica deste blog, com algumas dessas frases e a que chamarei “Mulheres”.
Já agora aproveito para deixar o nome do livro: “Dicionário de Misoginia”!

----------------------------------------------------///-------------------------------------------------



"A amizade entre duas mulheres é semelhante à de dois merceeiros estabelecidos em frente um do outro."
Alphonse Karr

"Os homens ouvem-se uns aos outros; as mulheres espiam-se entre si."
Mme de Maintenont

"Existe um elo secreto entre as mulheres: apoiam-se como padres de uma mesma religião, odeiam-se, mas protegem-se."
Marquesa de Lambert

quarta-feira, 2 de fevereiro de 2011

"Shortbus"

Só hoje vi este tão aclamado filme  do realizador John Cameron Mitchell, datado já de 2006.
Deste realizador já tinha visto há tempos um outro interessante filme sobre um transsexual, realizado em 2001 e cujo nome era "Hedwig - A Origem do Amor".

Situado na cidade de Nova York, um grupo heterogéneo de heteros, gays e transsexuais encontra um terreno comum no Shortbus, um salão subterrâneo onde as pessoas são livres para explorar os seus mais carnais desejos sexuais com conexões aleatórias e orgias ao longo da noite - às vezes até encontrar pedaços de sabedoria ao longo do caminho.

O excelente elenco de personagens de "Shortbus" atrai poderosamente o espectador em cada uma das vidas dos personagens e problemas. Sofia (Sook-Yin Lee), uma terapeuta sexual que nunca teve um orgasmo, busca maneiras de superar o seu "pré-orgástico" dilema, que afecta profundamente o seu casamento. James (Paul Dawson), tem uma depressão antiga e vai ao extremo da tentativa de suicídio quando não consegue sentir a felicidade com o seu parceiro amoroso e dedicado, Jamie (PJ DeBoy); foram monogâmicos durante os cinco anos da sua relação, mas resolvem trazer um terceiro elemento para compartilhar o sexo com eles.E há um voyeur do outro lado da rua que vai registando todas estas fases da sua vida.Há também  Severin (Lindsay Beamish), que ganha a vida a trabalhar como “dominadora”, mas que pretende ter um relacionamento significativo com alguém - qualquer um.

Sim, o sexo na tela é real. E há muito. Mas em vez de exibir cenas sexualmente explícitas para o bem da excitação barata, "Shortbus" é provocativo com um propósito real. Nós não estamos  em Hollywood.

Enquanto o sexo é um ponto de foco principal no filme, não é o único. "Shortbus" lida com todas as formas de relações humanas.
Não salientando uma forma sobre outra, mostra como a amizade, sexo e amor sempre se misturam.
Numa conversa interessantíssima, um homem velho que se identificou como o ex-prefeito de Nova York, diz ao jovem e ingénuo Ceth (Jay Brannan): "As pessoas vêm a Nova York para fazer sexo mas as pessoas também vêm a Nova York para ser perdoadas ". Isto também pode ser válido para quem optar por ver este filme.
"Shortbus" permite-nos saber que gays, heterossexuais, transexuais, bissexuais, qualquer que seja a nossa orientação sexual, nós todos só queremos é sentirmo-nos aceites.
É "Shortbus" provocador? Sim. É explícito? Sim! Mas isso é extremamente positivo e libertador nos tempos “politicamente correctos” que hoje vivemos.
Eu chamaria a este filme, numa imagem adequada à temática dele, um orgasmo de Vida!
Aqui está o trailer do filme
E também um vídeo da magnífica cena final do filme

Além deste trailer, há um outro, não censurado, com cenas explícitas, e que por razões óbvias aqui não publico. Deixo no entanto o link em que o podem visionar, caso queiram e claro, a responsabilidade desse visionamento é vossa...

sexta-feira, 28 de janeiro de 2011

Matthew Bourne

Matthew Bourne é amplamente aclamado como um dos mais populares e bem sucedidos coreógrafos/encenadores do Reino Unido. 
Bourne começou a sua carreira de bailarino, já tarde com  22 de idade. Estudou Teatro de Dança e Coreografia na Laban .  Bourne dançou profissionalmente durante 14 anos a criação de muitos papéis do seu próprio trabalho. Em 1999 ele fez sua última apresentação, como secretário privado da rainha, na produção da Broadway de O Lago dos Cisnes .
Matthew Bourne foi director artístico da sua primeira empresa, Adventures In Motion Pictures, de 1987 até 2002. Durante esses 15 anos a AMP tornou-se muito popular no mundo da dança do Reino Unido e das mais inovadoras companhias de teatro, criando novas audiências para ver  o seu trabalho pioneiro no país e internacionalmente (Spitfire , A Galop Infernal , Town and Country , muito séria , Nutcracker! , Highland Fling , O Lago dos Cisnes , Cinderela e Car…men).
Deixo aqui um trailer da sua obra mais conhecida, em que brilha a grande altura o melhor bailarino da sua 

Companhia, Adam Cooper.

As suas companhias começaram a representar nos principais palcos mundiais, apoá ter, em 2002 fundado a sua própria empresa, New Adventures.

Em 2005, a New Adventures apresentou o seu projecto mais ambicioso até à data: Matthew Bourne produziu Edward Mãos de Tesoura, com base no clássico filme de Tim Burton, com  a sua estreia mundial no Sadler Wells Theatre. Depois debater recordes de bilheteira, a produção viajou pelo Reino Unido, antes da estreia internacional na Ásia e uma tournée de 6 meses nos EUA. O sucesso sem precedentes foi reconhecido em 2006 com o convite para tornar-se companhia residente no Sadler’s Wells Theatre. Matthew Bourne é também um Artista Residente no Sadler Wells.
Bourne também criou coreografias para diversos “remakes” dos musicais clássicos importantes, incluindo Oliver (1994) e My Fair Lady (2002), bem como Pacífico Sul (2001). Em 2004 Bourne co-dirigiu (com Richard Eyre ) e coreografadas (com Stephen Wear ), no West End e na Broadway o musical Mary Poppins , pelo qual ganhou um prêmio Olivier Award de Melhor Coreógrafo de Teatro.
Matthew Bourne foi duas vezes nomeado como Melhor Director no Olivier Awards , e as suas realizações na coreografia foram reconhecidos com mais de 30 prémios internacionais.
O seu mais recente trabalho foi Dorian Gray , baseado na obra-prima do gótico Oscar Wilde, estreado no Festival de Edimburgo em 2008, e tornou-se a produção de dança mais bem sucedida nos 62 anos de história do Festival.
Em jeito de bónus deixo aqui um vídeo, com um dos seus primeiros trabalhos, Spitfire, um bailado curto, que faz 

lembrar nalguns aspectos os Baletts Trockadero, mas sem os bailarinos se apresentarem como travestis.