quarta-feira, 2 de fevereiro de 2011

"Shortbus"

Só hoje vi este tão aclamado filme  do realizador John Cameron Mitchell, datado já de 2006.
Deste realizador já tinha visto há tempos um outro interessante filme sobre um transsexual, realizado em 2001 e cujo nome era "Hedwig - A Origem do Amor".

Situado na cidade de Nova York, um grupo heterogéneo de heteros, gays e transsexuais encontra um terreno comum no Shortbus, um salão subterrâneo onde as pessoas são livres para explorar os seus mais carnais desejos sexuais com conexões aleatórias e orgias ao longo da noite - às vezes até encontrar pedaços de sabedoria ao longo do caminho.

O excelente elenco de personagens de "Shortbus" atrai poderosamente o espectador em cada uma das vidas dos personagens e problemas. Sofia (Sook-Yin Lee), uma terapeuta sexual que nunca teve um orgasmo, busca maneiras de superar o seu "pré-orgástico" dilema, que afecta profundamente o seu casamento. James (Paul Dawson), tem uma depressão antiga e vai ao extremo da tentativa de suicídio quando não consegue sentir a felicidade com o seu parceiro amoroso e dedicado, Jamie (PJ DeBoy); foram monogâmicos durante os cinco anos da sua relação, mas resolvem trazer um terceiro elemento para compartilhar o sexo com eles.E há um voyeur do outro lado da rua que vai registando todas estas fases da sua vida.Há também  Severin (Lindsay Beamish), que ganha a vida a trabalhar como “dominadora”, mas que pretende ter um relacionamento significativo com alguém - qualquer um.

Sim, o sexo na tela é real. E há muito. Mas em vez de exibir cenas sexualmente explícitas para o bem da excitação barata, "Shortbus" é provocativo com um propósito real. Nós não estamos  em Hollywood.

Enquanto o sexo é um ponto de foco principal no filme, não é o único. "Shortbus" lida com todas as formas de relações humanas.
Não salientando uma forma sobre outra, mostra como a amizade, sexo e amor sempre se misturam.
Numa conversa interessantíssima, um homem velho que se identificou como o ex-prefeito de Nova York, diz ao jovem e ingénuo Ceth (Jay Brannan): "As pessoas vêm a Nova York para fazer sexo mas as pessoas também vêm a Nova York para ser perdoadas ". Isto também pode ser válido para quem optar por ver este filme.
"Shortbus" permite-nos saber que gays, heterossexuais, transexuais, bissexuais, qualquer que seja a nossa orientação sexual, nós todos só queremos é sentirmo-nos aceites.
É "Shortbus" provocador? Sim. É explícito? Sim! Mas isso é extremamente positivo e libertador nos tempos “politicamente correctos” que hoje vivemos.
Eu chamaria a este filme, numa imagem adequada à temática dele, um orgasmo de Vida!
Aqui está o trailer do filme
E também um vídeo da magnífica cena final do filme

Além deste trailer, há um outro, não censurado, com cenas explícitas, e que por razões óbvias aqui não publico. Deixo no entanto o link em que o podem visionar, caso queiram e claro, a responsabilidade desse visionamento é vossa...

38 comentários:

  1. É um excelente filme sim senhora... já o vi a algum tempo!

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  2. um filme excelente, sem dúvida. pena que o JCM faça tão poucos filmes. eu acho que ainda gostei mais deste do que do Hedwig. talvez um filme menos indignado, menos zangado, mais mais acutilante e subversivo. lembraste-me que tenho de o rever um dia destes, pois já lá vão uns tempitos.
    abraço

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  3. Eu o assisti há alguns anos e o considero maravilhoso. Principalmente por tratar "sexo" como qualquer outra coisa... explícitamente, sim, mas de uma forma tao natural que nao é em nenhum momento "chocante" ou "ofensiva". Recomendo muito este filme que desenvolve ao meu ver uma nova linguagem para o cinema. Bravo!

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  4. Nuno
    eu é que cheguei atrasado ao filme. Há anos que o tinha aqui, mas só agora o vi.
    Abraço amigo.

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  5. Miguel
    acima de tudo, o que me surpreende mais é que depois do "Shortbus" ele não tenha feito senão um filme, "Rabbit Hole" (aliás muito bom, segundo parece), em 2010.
    Foi o seu primeiro filme em Hollywood, onde fugiu ao "underground", que caracterizaram os seus dois primeiros filmes.
    Abraço amigo.

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  6. Ricardo
    é isso que me maravilha no filme: as cenas de sexo, mesmo as orgias, e algumas bem explícitas e detalhadas, estão lá não gratuitamente, mas porque é necessário que assim seja; temos que nos habituar a ver o sexo, não como um tabu, mas como uma das coisas mais fundamentais da vida humana.
    É o que este filme consegue fazer, e de uma forma natural.
    Beijo.

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  7. Paulo
    em vossa casa, mostraste-me o DVD do filme e tenho ideia que ainda vimos uma ou outra cena; e já foi há uns anos, recordas-te? Mas falavas do filme com um enorme entusiasmo.
    Abraço amigo.

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  8. sim, de facto é um dos meus filmes preferidos (e se puder falar pelo Zé, também é dos preferidos dele), um dos filmes da vida justamente por ser, como dizes, um "orgasmo da vida".

    abraços

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  9. Eu vi-o no cinema e adorei-o.
    É uma visão muito progressista da sexualidade moderna, que só escandaliza os puritanos.

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  10. Paulo e Zé
    perguntei a mim mesmo se estaria correcto chamar ao filme um orgasmo da Vida; ainda bem que me vejo apoiado.
    Abraços.

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  11. Maldonado
    os puritanos e os mal intencionados!
    Abraço amigo.

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  12. Não fazia ideia que ainda não tinhas visto o filme, podia ter levado o dvd numa das minhas visitas.

    Já o vi possivelmente umas 7 vezes já que faço questão de o mostrar e emprestar a quem não conhece. É o único filme que conheço que apesar de conter cenas de sexo explícito, mostra bem que está longe do teor pornográfico e mais próximo da forma educacional, sem descurar no interesse e humor.

    E depois ainda fica mais interessante porque conheço um dos rapazes no filme. ;)

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  13. Félix
    eu tinha, e tenho o CD com o filme, em casa há muito tempo já, mesmo antes de te conhecer.
    Mas só agora o vi no Telecine.
    Gostaria de o ter visto contigo, até porque me contarias qual o rapaz que conheces e em que circunstâncias o conheceste.
    Abraço amigo.

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  14. É de facto um grande filme. Pessoalmente, filmes experimentais não são muito o meu gosto.

    Mas ele trabalha as personagens do filme muito bem e não sei sabes a forma pouco usual como ele tratou as personagens e fez o casting. É muito inspirador.

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  15. Filipe
    eu não chamaria a este filme um filme experimental, mas sim um filme independente.
    Um filme experimental é do tipo daqueles do Bruce La Bruce, chatos, abstractos e a armar em "intelectualóides".
    Shortbus é tudo menos isso, tem um tema, é concreto, não tem é os grandes estúdios de Hollywood por de trás dele, nem nomes sonantes na interpretação.
    Desconheço o que contas sobre o casting e fiquei curioso.
    Abraço amigo.

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  16. Speedy
    já estava a ficar angustiado pois já toda a gente tinha visto o filme menos eu.
    Já o vi, agora é imperioso que o vejas tu.
    Abraço amigo.

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  17. então se desconheces como foi feito, com o original, os extras têm um filme elucidativo do processo (o Sinest3sico, ou nós - acho que foi esse te vos mostrámos!!!). também vale a pena, claro.

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  18. Vi na estreia. É um filme bastante interessante, sobretudo pelas cenas explícitas, muito pouco comuns em filmes mainstream.
    Abraço

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  19. Paulo
    sim, eu lembro-me que vocês tinham o DVD original; se o Félix quando cá vier não o trouxer peço-te o DVD emprestado...
    Abraço amigo.

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  20. Luís
    tens toda a razão, e sem complexos de espécie alguma.
    Abraço amigo.

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  21. Desculpa, sim é de facto independente.

    Chamo-lhe experimental por causa da narrativa que não é linear... tem traços linear e depois vai experimentando.

    O realizador pediu num site filmes onde as pessoas falavam das experiências sexuais mais importantes para elas. Os actores deram aspectos da própria vida na criação das suas personagens.

    Por exemplo, a personagem da mulher principal, que procurava ter um orgasmo se não estou em erro falou no tal vídeo de como lhe foi difícil descobrir o seu corpo.

    Ou seja, os actores ajudaram a escrever a história do filme.

    BOm, os filmes do Bruce La Bruce também são experimentais... mas é por isso que sou grande fã da narrativa linear de hollywood (verosimilhança acima de tudo ^^).

    Abc

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  22. Filipe
    ainda bem que estamos de acordo.
    Sabes, sou um apaixonado por cinema e poderia estar a horas a falar sobre o tema.
    Este filme não é linear, realmente, mas acaba por, no final conseguir compor o "puzzle" das suas variadas componentes...
    É a característica primeira dos filmes independentes, que não têm que estar sujeitos aos imperativos dos produtores.
    Hollywood já não é assim, e aí a linearidade narrativa é fundamental, com honrosas excepções.
    Já o experimentalismo, de que dei como exemplo o canadiano Bruce La Bruce, não me diz rigorosamente nada. A arte abstracta no cinema resulta mal.
    E há o cinema europeu, que é uma agradável simbiose da tal linearidade narrativa com a perspectiva inovadora e libertadora de saber envolver os argumentos.
    A trindade italiana Felinni, Antonionni e Visconti, deu-nos, na minha opinião o expoente máximo do cinema como Arte.
    É por nos permitir falar em tudo isto, que "Shortbus" é um filme excepcional.
    Abraço amigo.

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  23. Sem dúvida um dos filmes mais libertadores, modernos e refrescantes que já vi.
    Recomendo vivamente.
    Abraço

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  24. Caro X
    acho que depois destas opiniões todos convergentes, quem ainda não viu o filme (se há alguém?) vai mesmo ver o filme.
    Abraço amigo.

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  25. Eu gostei do filme por estar no limbo do documentário, em algumas situações, e sobretudo por não ser moralista. Já o vi seguramente há um ano, mas lembro-me bem de algumas personagens. O que é bom sinal, este tempo todo depois!

    Um abraço!

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  26. Eu vi o filme, mas num gostei lá muitinho não :S num faz mto a minha onda

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  27. Blog Liker
    é daqueles filmes que não esquecem muito facilmente.
    Através do sexo e sem cair no mau gosto, vai-se muito além, nas relações afectivas e até humanas.
    Abraço amigo.

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  28. A.Menina
    é bom encontrar diversidade de opiniões; se toda a gente gostasse do mesmo, era uma chatice, eheheh...

    Tenho a impressão que deixei um comentário no teu blog, no post errado...O comentário refere-se à postagem "Homens"# 1.

    Beijinho.

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  29. Ora bolas! E nem uma linhazinha, ainda que pequenina, sobre a banda sonora!... Então digo eu: comprem, descarreguem, façam o que fizerem, mas ouçam-na!!

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  30. Corre
    tens toda a razão; foi uma falha minha, pois é excelente.
    Também é para colmatar estas falhas que os comentários são importantes.
    Obrigado!
    Abraço amigo.

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  31. Assim que aqui entrei e li o titulo do teu post, percebi logo que tinhas comentado o post errado xD

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  32. A. Menina
    pois eu fiquei na dúvida, porque o sítio para comentar no teu blog é em cima perto do post seguinte...
    Beijinho.

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  33. Ainda não vi. O tempo falta-me cada vez mais para fazer o que gosto. Tenho que arranjar um dia com, pelo menos 48 horas. Adoro cinema e já há muito tempo que não vou. Logo que possa verei. Beijinhos

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  34. Mary
    gostava MUITO de saber a tua opinião sobre este filme.
    Beijoka.

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  35. Vi este filme já há bastante tempo, e adorei cada minuto, desde os chocantes minutos iniciais até ao fantástico apogeu final. É uma boa altura para o rever, e o mostrar ao meu P. ;-)

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  36. Amigo Coelho
    estou completamente de acordo, até porque é um filme para se ver "a dois".
    Abraço amigo.

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Evita ser anónimo, para poderes ser "alguém"!!!